Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Mês de
novembro de 1984. Estava em um dos pátios internos da Escola de Comunicação
(ECO) da UFRJ, na Urca. Meus amigos e colegas, estudantes da ECO, estavam
agitados e contentes, quase comovidos, pois as férias se aproximavam, bem como
o verão, a estação do ano preferida dos cariocas, amantes do sol, do calor, da
praia e dos barzinhos, onde ficam a beber chopp e a conversar sobre todo e
qualquer assunto.
Contudo,
havia um clima de expectativa e de imensa satisfação entre os alunos, que
sabiam que o mês de janeiro de 1985, especificamente o dia 11, estava a se
aproximar. É que pela primeira vez aquela geração de jovens teria a
oportunidade de ver as estrelas e os astros do rock internacional, que, até
então, nunca tinham se apresentado na América Latina, no Brasil e na cidade do
Rio de Janeiro — a Cidade Maravilhosa.
Era um
tempo em que não se falava em globalização e muito menos existia essa
diversidade de mídias e tecnologias que propiciaram a interligação entre os
diferentes povos e países e as pessoas. Era o tempo da explosão do rock
nacional, que começou, no Rio de Janeiro, no Circo Voador, na Lapa, e se
sedimentou na grande “boate” Noites Cariocas, espaço fantástico que fica em
cima do Morro da Urca e que para chegar lá as pessoas tinham que pegar o
bondinho do Pão de Açúcar.
Barão
Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens; Blitz, Paralamas do Sucesso e o Ultraje
a Rigor; Titãs, RPM, Gang 90 e as Absurdettes; Ritchie, Ira, Engenheiros do
Hawaii e Nenhum de Nós; Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, sem
esquecer de citar o Lobão e seus Ronaldos, com a sua incrível “Rádio Blá”, além
de outros grupos que deixei de citar.
O
Brasil estava a fervilhar na política, porque em 1982 tivemos a primeira
eleição para governadores depois de anos de ditadura militar, além do
monumental evento cívico que foi as Diretas Já, em 1984. Essa geração de artistas
era parte, intrínseca, da minha geração, o me leva a afirmar que nós falamos
tudo o que tínhamos para dizer e para que as pessoas de todas as gerações
ouvissem, no âmbito comportamental, cultural e artístico e também no campo
político. Basta procurarmos ler as letras desses grupos fantásticos do rock
brasileiro.
Somos a
última geração que quando criança, adolescente e jovem não teve acesso às novas
tecnologias de comunicação, trabalho e entretenimento. Somos de um tempo mais
simples de quando as relações humanas eram feitas de forma direta e não
virtual. Por isso, essa geração é lúdica e por ser assim realizou uma verdadeira
revolução comportamental e de ordem política, o que, sobremaneira, ajudou o
Brasil a sedimentar a sua democracia e a estabilizar os poderes constituídos,
ao ponto de ter havido um impeachment de um presidente da República em 1992,
que não causou dano à democracia brasileira. Pelo contrário, o impeachment a
fortaleceu.
E agora
me lembro desse tempo com saudade e contentamento por ter vivenciado uma década
tão revolucionária e por isso movimentada em todos os campos de atividade
humana. Os anos 80 foram especiais. Considera essa década para o Brasil como
foi a de 1960 para os EUA e Europa, porque enquanto eles estava em guerra e a
questionar o establishment por meios
dos estudantes e por parte da sociedade em geral, o Brasil amargou uma ditadura
militar de 21 anos, com a reconhecimento e a ressalva de saber que a geração
anterior à minha lutou contra o estado discricionário e pagou caro por isso.
O Rock
in Rio de 2011 remontou ao primeiro Rock in Rio. É fantástico termos tido essa
grandiosa festa na Cidade Maravilhosa, que recebe gente de todo o Brasil e do
mundo. O Rock in Rio de 1985 quebrou tabus, elevou as expectativas do mundo
musical dos nossos músicos, cantores e compositores e mostrou que o Brasil se
tornaria parada obrigatória do show business internacional, sem dever a ninguém
e com a mesma competência. O tempo comprovou.
Artistas e bandas que participaram do Rock in Rio de 1985
11 de janeiro de 1985
Queen
Iron Maiden
Whitesnake
Baby Consuelo e Pepeu Gomes
Erasmo Carlos
Ney Matogrosso
Queen
Iron Maiden
Whitesnake
Baby Consuelo e Pepeu Gomes
Erasmo Carlos
Ney Matogrosso
12 de janeiro de 1985
George Benson
James Taylor
Al Jarreau
Gilberto Gil
Elba Ramalho
Ivan Lins
13 de janeiro de 1985
Rod Stewart
Go Go's
Nina Hagen
Blitz
Lulu Santos
Os Paralamas do Sucesso
14 de janeiro de 1985
James Taylor
George Benson
Alceu Valença
Moraes Moreira
15 de janeiro de 1985
AC/DC
Scorpions
Barão Vermelho
Eduardo Dusek
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
16 de janeiro de 1985
Rod Stewart
Ozzy Osbourne
Rita Lee
Moraes Moreira
Os Paralamas do Sucesso
17 de janeiro de 1985
Yes
Al Jarreau
Elba Ramalho
Alceu Valença
18 de janeiro de 1985
Queen
Go Go's
The B-52's
Lulu Santos
Eduardo Dusek
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
19 de janeiro de 1985
AC/DC
Scorpions
Ozzy Osbourne
Whitesnake
Baby Consuelo e Pepeu Gomes
20 de janeiro de 1985
Yes
The B-52's
Nina Hagen
Blitz
Gilberto Gil
Barão Vermelho
Erasmo Carl
George Benson
James Taylor
Al Jarreau
Gilberto Gil
Elba Ramalho
Ivan Lins
13 de janeiro de 1985
Rod Stewart
Go Go's
Nina Hagen
Blitz
Lulu Santos
Os Paralamas do Sucesso
14 de janeiro de 1985
James Taylor
George Benson
Alceu Valença
Moraes Moreira
15 de janeiro de 1985
AC/DC
Scorpions
Barão Vermelho
Eduardo Dusek
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
16 de janeiro de 1985
Rod Stewart
Ozzy Osbourne
Rita Lee
Moraes Moreira
Os Paralamas do Sucesso
17 de janeiro de 1985
Yes
Al Jarreau
Elba Ramalho
Alceu Valença
18 de janeiro de 1985
Queen
Go Go's
The B-52's
Lulu Santos
Eduardo Dusek
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
19 de janeiro de 1985
AC/DC
Scorpions
Ozzy Osbourne
Whitesnake
Baby Consuelo e Pepeu Gomes
20 de janeiro de 1985
Yes
The B-52's
Nina Hagen
Blitz
Gilberto Gil
Barão Vermelho
Erasmo Carl
Uô ô ô rô
Uô ô ô rô
Uô ô ô, rock in rio!
Uô ô ô rô
Uô ô ô, rock in rio!
Uô ô ô rô
Uô ô ô rô
Uô ô ô, rock in rio!
Uô ô ô rô
Uô ô ô, rock in rio!
Um comentário:
Davis, eu também fui ao Rock in Rio. Foi demais!!! Realmente, os anos 80 foram quentes e agitados. Abração.
Chico Marcial
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