segunda-feira, 30 de setembro de 2013

E O DUDU QUER RESPEITO...

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre

Eduardo Campos não para de dar pedrada na pomba socialista.
Eduardo Campos, o governador de Pernambuco e que preside e controla o PSB quer respeito... É o que o “socialista” vai dizer nos programas eleitorais do PSB, partido que rompeu a aliança histórica com o PT e o PC do B, bem como foi um dos mais beneficiados pelos governos trabalhistas dos presidentes Lula e Dilma Rousseff. Pernambuco é o estado da Federação, juntamente com o Rio de Janeiro, que mais recebeu dinheiro para investimentos nos últimos 11 anos.

Apesar dessa inquestionável realidade, o candidato a presidente da República, Eduardo Campos, exige “respeito”. O respeito, diga-se de passagem, que o governador pernambucano sempre teve por parte dos governos trabalhistas, tanto é verdade que o atual mandatário do Palácio do Campo das Princesas se tornou um privilegiado em termos de obras de infraestrutura efetivadas e de acesso a programas sociais, que, indubitavelmente, melhoraram a qualidade de vida de centenas de milhares de pernambucanos.

Portanto, quando o governador Campos fala em “respeito” apenas tergiversa e dissimula, pois a intenção é se colocar no papel de vítima ou como uma pessoa que não é compreendida, mesmo quando trai seus correligionários e aliados e se transforma em um quinta-coluna e ainda tem a desfaçatez de afirmar em programa eleitoral que quer “fazer mais, diferente e bem feito”.

Ora bolas, Eduardo Campos recebeu dois prêmios da ONU porque teve acesso ao dinheiro federal administrado por seus aliados do PT. Pernambuco se transformou em um canteiro de obras, além de um estado economicamente forte e progressista por causa da aliança com o Governo Federal. Campos só pensa nele e se alia aos seus adversários históricos, bem como de seu avô, Miguel Arraes, a exemplo do ex-senador e banqueiro Jorge Bornhausen, homem emblemático da ditadura militar e que hoje controla, inacreditavelmente, o PSB de Santa Catarina. 

Além disso, Eduardo Campos expulsou dos quadros do partido o presidente do PSB do Rio de Janeiro e prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, socialista histórico e atuante, bem como forçou a saída dos irmãos Ferreira Gomes, Ciro e Cid, ex-governador e governador do Ceará, que sempre marcaram posição pela manutenção da aliança do PSB com o PT e o PC do B.

O governador pernambucano promete “fazer mais, diferente e bem feito”... Quando? Porque pelo que se observa de suas palavras tal político, que teve apoio incondicional de Lula e Dilma durante uma década, está insatisfeito com a visível e concreta transformação que o Brasil vivencia e por isso ele quer mais. Só que ele se esquece que é parte dos governos trabalhistas e um dos políticos que cooperaram para que o Brasil mudasse e passasse a ser mais poderoso e respeitado pela comunidade das nações como nunca antes experimentado.

Eduardo Campos é a esquerda que a direita gosta. O pior disso tudo é que ele sabe disso, e não se importa. Os magnatas bilionários da mídia de mercado estão entusiasmados com as ações do governador de Pernambuco. E não seria para menos, afinal Campos também é associado à mídia, à imprensa, por intermédio de meios publicitários, com a intenção de ser blindado. Tanto quanto a Aécio Neves, do PSDB, Campos é um dos “queridinhos” da imprensa de negócios privados.

Não poderia ser diferente, porque Eduardo Campos faz em Pernambuco o que os tucanos paulistas fazem em São Paulo há 20 anos, pois são também associados à imprensa local, exemplificada em Globo, Veja, Estadão, Época e Folha de S. Paulo. Alguém tem dúvida sobre o que eu digo? Se há dúvida, então, afirmo: o Jornal do Commercio, o Diário de Pernambuco, a Folha de Pernambuco, a Rede Globo local e a revista Época publicam, sistematicamente, matérias positivas sobre seu governo, bem como é proibido veicular notícias negativas ou simplesmente questioná-lo politicamente, mesmo a ser o governador um agente público eleito pela maioria do povo pernambucano. Tudo isto tem um nome e um objetivo: publicidade do estado nas mídias locais e eleição para presidente da República, pois, evidentemente, que os barões da imprensa de Pernambuco apostam na divisão do Governo Federal e na derrota do PT em 2014. Afinal, os barões midiáticos são do campo da direita. Ao que parece, Eduardo Campos também.

Além disso, para quem não sabe, o governante “socialista” que traiu seus aliados assinou termo de compromisso com a UNE, instituição política ligada ao PC do B, e prometeu destinar 100% dos royalties do petróleo para educação, ciência e tecnologia. Ato contínuo e contraditório, a bancada pernambucana do PSB na Câmara dos Deputados votou contra a destinação de 100% para a educação proposta pela presidenta Dilma Rousseff. Gonzaga Patriota, Ninho e Pastor Eurico, todos do PSB de Pernambuco, foram contrários à proposição da mandatária petista. Por sua vez, 11 deputados “socialistas” de outros estados votaram também contra a proposta da presidenta. Certamente, somente um ingênuo ou alienado acreditaria que o governador Eduardo Campos não sabia da conduta política de sua bancada, em Brasília.

Por isto afirmo e repito: Eduardo Campos é a esquerda que a direita adora! Sua firmeza ideológica é a mesma firmeza de uma gelatina quando cai, acidentalmente, no chão. Seu avô, Miguel Arraes, tal qual a Leonel Brizola, quando foi governador vivia a reclamar de discriminação contra o tradicional e histórico Estado de Pernambuco. Arraes criticava duramente a postura do presidente Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, que, solenemente, boicotava os estados e os governadores considerados adversários políticos e os deixavam à míngua, sem dinheiro e poder para mover a roda da economia. Realidade que jamais aconteceu com o Eduardo Campos, neto de Arraes, um dos políticos mais privilegiados nesses anos todos pelo governo do PT.

Com a conquista da Presidência da República por Luiz Inácio Lula da Silva, o tratamento aos governadores mudou, inclusive para os de oposição, que nunca foram prejudicados pelos governos populares do PT. Ao contrário, os governadores tucanos de São Paulo cansaram de recusar ajuda e cooperação, bem como empreenderam ações de boicote e sabotagem aos programas e projetos dos presidentes petistas. Os tucanos recusaram ajuda até para combater o PCC quando a organização criminosa levou terror à população paulista, como nunca se viu na história deste País. Quem duvida da conduta tucana, tenha paciência para pesquisar e leia as edições antigas da imprensa burguesa de caráter golpista.
  
A partir do Governo Lula, Pernambuco cresceu de forma exponencial, como nunca visto antes neste País. Então, repercuto alguns avanços e conquistas, em forma de desenvolvimento econômico e social, no importante estado nordestino, já que o governador “socialista” Eduardo Campos quer respeito, ao tempo que não respeita os seus correligionários e aliados:

1) Pernambuco recebeu a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. O acordo foi fechado entre Lula e o ex-presidente Hugo Chávez;
2) Pernambuco recebeu o Estaleiro Camargo Correa, graças à influência de Lula junto ao empresário dono da empreiteira;
3)Pernambuco recebeu a Fiat, porque Lula conversou e negociou com o presidente da multinacional italiana, ao contrário do que diz o líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS);
4)Pernambuco recebeu a Hemobras, estatal importantíssima e estratégica, por causa da interferência e desejo de Lula;
5) Pernambuco realiza obras como a transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina porque Lula e sua equipe perceberam que o parque industrial do estado cresceu e produz e vai produzir muito, e por causa disso necessita de estradas, ferrovias e água para atender às demandas que vão girar a economia pernambucana e brasileira;
6)Pernambuco há pouco tempo tinha como ministro da Infraestrutura o político Fernando Bezerra Coelho (PSB/PE), ou seja, o Governo do PT entregou ministério tão importante para o PSB de Eduardo Campos administrar. Afinal, Pernambuco se tornou um estado de empresas e obras de imensa importância;
7)Pernambuco recebeu de Lula o Estaleiro Atlântico Sul (EAS). A indústria construiu o maior petroleiro do Brasil, o navio João Cândido;
8)Pernambuco recebeu, a mando de Lula, as obras de construção e melhoria da BR-101, principal rodovia federal do estado e responsável maior pela circulação de cargas;
9)Pernambuco recebeu, por intermédio do Governo Lula, sete escolas técnicas federais, descentralizou e levou para o interior do estado cinco campus da Universidade Federal Rural;
10)Pernambuco recebeu R$ 30 bilhões do PAC, que financiou inúmeras obras de rodovias saneamento básico e bairros Maravilha; e
11)Pernambuco recebeu a expansão de programas, a exemplo de Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni, Sisu, além do Pronasci, que contribuiu, inegavelmente, com a diminuição da criminalidade no estado, até, então, um dos mais violentos do País.

Todas essas obras e programas geraram milhares de empregos e, consequentemente, fizeram a economia pernambucana dar um salto de qualidade e poder jamais visto pelo povo pernambucano. O governador Eduardo Campos, aquele que se diz desrespeitado e por isto pede “respeito” é um quinta-coluna. Só isso e nada mais.

Não é possível o PT, o PC do B e muitos dos políticos e militantes do PSB engolir desfaçatez e insensatez dessa magnitude perpetrada por Eduardo Campos, que, na verdade, surfou na onda do desenvolvimento social e econômico de Pernambuco, coordenado e colocado em prática, inquestionavelmente, por Luiz Inácio Lula da Silva, presidente trabalhista e socialista, que levou não somente Pernambuco a um novo patamar de crescimento, bem como todo o Brasil.

Um amigo, morador de Recife, disse-me, recentemente, que conversou com um dono de cartório de notas, notório eleitor do DEM, partido dos usineiros e da “elite” pernambucana em geral.  O tabelião, obviamente, não é eleitor do PT. Ele afirmou que, de fato, o ex-presidente Lula governou Pernambuco por oito anos. A verdade é que o líder petista foi o responsável direto por levar um grande número de investimentos para Pernambuco, o que, irrefragavelmente, fez de Eduardo Campos o político do Nordeste com maior visibilidade, bem como o mais cortejado pelos empresários da região, além de passar a ser personalidade contumaz nas manchetes dos jornais da burguesia nordestina e brasileira. E tudo isto o senhor Dudu pode agradecer a Lula.

Eduardo Campos tem direito de ser presidente da República, mas não agora e dessa forma açodada, ingrata e estrategicamente um suicídio político. Antes de o Dudu Campos pensar em enfrentar uma candidatura forte como o é a de Dilma Rousseff, ele vai, primeiramente, ter de disputar votos, no campo da direita, com Aécio Neves, Marina Silva e talvez até José Serra, político tucano que tem voto e experiência. Serra pode roer, inclusive, não somente a corda de Eduardo Campos, bem como o do próprio candidato do PSDB, Aécio Neves. Basta o tucano resolver ser candidato e ir, por exemplo, para o PPS, do rancoroso e matreiro Roberto Freire, ou para o PSD, de Gilberto Kassab, dentre outros partidos, que estão aí para o que der e vier, a exemplo dos recém-criados PROS e Solidariedade.

A política é como as nuvens: muda de forma constantemente e é volátil. Para quem ainda não tem conhecimento, o PT e seus aliados, além do Governo Federal, é claro, publicaram anúncios nos três maiores jornais de Pernambuco sobre as obras de infraestrutura, além de mostrar dados sobre o desenvolvimento econômico e social acontecido nos últimos onze anos no estado.

O Governo Federal quer demonstrar que não é a gestão “socialista”, do PSB, a única responsável pelo crescimento de Pernambuco. É evidente que os governos trabalhistas de Lula e Dilma despejaram um caminhão de dinheiro e de serviços em terras pernambucanas e, por conseguinte, o governador Eduardo Campos e seus secretários surfaram em ondas altas, largas e constantes. As ondas que os surfistas chamam de deslizantes. E contra a verdade dos fatos nem os usineiros e a extrema direita pernambucana podem negá-la. Dudu quer respeito, mas antes tem de se dar o respeito. É isso aí.

ALMA CAPITALISTA

a hora da charge Blog Palavra Livre


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Brizola, o maragato libertário

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre


No dia 21 de junho de 2004, Leonel de Moura Brizola faleceu aos 82 anos. Governador do Rio Grande do Sul e duas vezes do Rio de Janeiro, Brizola foi um dos políticos mais emblemáticos e importantes do Brasil no século XX, e caso único de mandatário eleito para governar em dois estados. Conhecido mundialmente, Brizola, além de ser o responsável maior pela Cadeia da Legalidade que garantiu a posse do presidente João Goulart, em 1961, impediu um golpe militar iminente, que foi “adiado” para o dia 1º de abril de 1964, data considerada como o Dia da Mentira ou do Mentiroso.

Em junho de 2014 completar-se-ão dez anos do desaparecimento do grande político trabalhista gaúcho e brasileiro, presidente de honra da Internacional Socialista, e que, em 1989, quase conseguiu levar o pequeno PDT ao segundo turno das eleições presidenciais, disputa que ficou a cargo do PT, de Lula, contra o candidato da direita, o hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB/AL). Brizola se aliou ao candidato petista, transferiu seus votos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul quase que integralmente, bem como seus eleitores de outros estados votaram também em massa em Luiz Inácio Lula da Silva.

Contudo, a união entre Brizola e Lula não foi o suficiente para derrotar Collor, que recebeu a adesão de diversos partidos, grandes e pequenos, além de ter o apoio da classe média coxinha e do empresariado urbano e rural, principalmente dos magnatas bilionários da imprensa de negócios privados, notadamente a Globo, que apoiou o candidato da direita durante toda a campanha, bem como editou o último debate há apenas dois dias das eleições quando mostrou, no Jornal Nacional, os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.

O episódio foi um verdadeiro escândalo e negado pelas Organizações(?) Globo até há poucos anos, mas reconhecido, posteriormente, pelos profissionais que controlavam na época o jornalismo da televisão de Roberto Marinho, a exemplo de Armando Nogueira e Alice Maria, além do Boni, vice-presidente de operações da emissora, que já deram declarações nesse sentido sobre a edição que favoreceu o candidato dos conservadores e da Globo. O próprio Roberto Marinho anos depois afirmou que interferiu no processo de edição do debate veiculado no Jornal Nacional.

Um crime cometido pela imprensa corporativa, cúmplice efetiva da ditadura, que manipulou e distorceu a informação, a fim de influenciar o eleitorado brasileiro, em um tempo que o Brasil estava a realizar as primeiras eleições diretas para presidente depois de longos 29 anos. Desde o ano de 1960, quando Jânio Quadros foi eleito, os brasileiros ficaram sem o direito constitucional de votar para presidente da República, assim como a maioria das lideranças políticas socialistas, trabalhistas e até mesmo liberais, mas legalistas foi exilada e, consequentemente, afastada do processo político controlado pelos novos donos do poder: a direita e a extrema direita brasileira.

Anteriormente, no ano de 1982, Leonel Brizola foi vítima também de uma conspiração entre a Globo, o SNI e a Polícia Federal do governo do presidente general João Figueiredo. O líder trabalhista quase perdeu as eleições para governador do Rio de Janeiro, no famoso escândalo da Proconsult, cuja intenção era manipular os votos e, por conseguinte, fazer com que o candidato do PDS, Moreira Franco, fosse o vencedor e assumisse o Palácio da Guanabara.

Mais uma mácula na história da Rede Globo, uma empresa privada, de concessão pública, a fazer política e, mais do que isto, a cometer crimes eleitorais com a intenção de interferir no processo eleitoral brasileiro, para que seus interesses econômicos e políticos fossem concretizados. Leonel Brizola percebeu a armadilha e convocou a imprensa para denunciar o jogo sujo perpetrado por órgãos de segurança e pelos jornalistas empregados do magnata bilionário Roberto Marinho.

O escândalo da Proconsult contra a eleição de Brizola pelo povo do Rio de Janeiro e a edição mequetrefe e manipulada do Jornal Nacional que prejudicou Lula há apenas dois dias das eleições presidenciais são os maiores exemplos da ousadia e do atrevimento de empresários autoritários inconformados com a redemocratização do Brasil e que se assemelha ao inconformismo das comunidades de informação e repressão, que, evidentemente, portadores de outros instrumentos de coerção, passaram a boicotar e a sabotar com violência a abertura política, bem como as primeiras eleições diretas da década de 1980.

O trabalhista e maragato Leonel Brizola foi lançado na vida pública pelo estadista Getúlio Vargas, e teve uma carreira política longa, de mais de cinquenta anos. Brizola lutou pelas causas populares e pagou um preço muito alto, pois perseguido pelo establishment, bem como ofendido em sua honra e dignidade, além sua pessoa ser, sistematicamente, desqualificada pelos inimigos partidários e principalmente pelos sabujos da imprensa pagos pelos seus patrões, os barões da imprensa, para desconstruí-lo e, por sua vez, impedi-lo, entre outras coisas, de ser presidente da República.

Brizola foi um titã vocacionado para a luta em prol da liberdade e do desenvolvimento social do povo brasileiro. Político polêmico e nacionalista, considero que o distanciamento histórico para uma análise precisa de sua vida pessoal e política é ainda muito curto em relação ao tempo. A história tem de ser escrita e lida de forma fria e isenta, mas uma coisa se pode dizer do Velho Briza: era um homem muito corajoso, coerente e de valores perenes.

A coragem e a verve ideológica de Leonel Brizola provêm dos rincões do Rio Grande do Sul, que foram banhados de sangue ao longo de sua história, por causa de suas inúmeras revoluções e conflitos armados entre suas elites e facções políticas. Durante a Revolução Federalista, em 1923, seu pai, José de Oliveira Brizola, morreu lutando nas tropas lideradas por Joaquim Francisco de Assis Brasil, que combatiam os republicanos, cujo chefe era o presidente do Rio Grande do Sul, Antônio Augusto Borges de Medeiros.

Os republicanos, chamados de chimangos ou pica-paus, usavam lenços brancos no pescoço. Os federalistas denominados maragatos, usavam o lenço vermelho, que Brizola usou como símbolo de sua luta política por toda sua vida. O legado de seu pai, humilde lavrador, foi sua morte em defesa de suas crenças políticas e sociais. Brizola, de orlgem pobre, perdeu o pai com um ano de idade e recebeu de herança o lenço vermelho, em referência aos maragatos gaúchos ao tempo que uma homenagem ao seu pai.

Foi nesse ambiente ideológico e de guerra entre os gaúchos que Leonel Brizola se fez político. Ele foi o último personagem dos embates riograndenses, que duraram cerca de duzentos anos. O mandatário é considerado o herdeiro do trabalhismo de Getúlio Vargas e de João Goulart, única doutrina política e social do Brasil que, realmente e rigorosamente, se propôs a efetivar as reformas de base, no que tange à industrialização, ao trabalho e à soberania do Brasil, a partir da Revolução de 1930. Até hoje o povo brasileiro é beneficiado socialmente e economicamente pelo legado dos trabalhistas, e por isso reconhece o valor desses homens de alma popular e verve guerreira.

O nacionalismo de esquerda de Leonel Brizola, chamado equivocadamente e cinicamente de populismo pela direita partidária, com a cumplicidade da imprensa burguesa, a fim de desqualificar as ideias do grande político, desagradou às elites brasileiras. A partir de 1964, com a assunção dos militares ao poder, por meio de golpe de estado, o perseguiram cruelmente, calando-o, ameaçando-o de morte e exilando-o por 15 longos anos. Investigaram sua vida, incessantemente, e não acharam sequer uma mácula que manchasse seu nome. Chamaram-no de louco, radical, insano e insensato, e, mesmo com as interpéries e os obstáculos, o gaúcho de Carazinho continuou a marchar no caminho de sua vida e de seu destino.
  
Humilharam sua mulher, seus amigos, sua família, seus correligionários e proibiram que seu nome por 15 anos saísse, sequer, nas publicações impressas, nas rádios e nas televisões brasileiras. Era como se Leonel Brizola nunca tivesse um dia existido. Era como se Brizola fosse um ser invisível. A minha geração somente tomou conhecimento da existência de Brizola em 1977, quando começou a recrudescer a luta pela Anistia, que, enfim, foi concedida em 1979, por meio de muita pressão da sociedade organizada.

Vale lembrar ainda aos que têm amnésia que a distensão política no Brasil e na América Latina aconteceu também por causa do presidente dos Estados Unidos, o democrata Jimmy Carter, que pressionou pelo estabelecimento da política de direitos humanos no mundo, além de efetivar a distensão política na América Latina. Carter cobrou do presidente general Ernesto Geisel, por exemplo, o fim do regime de força, o que ocorreu no início da década de 1980.

O presidente norte-americano, ao que me parece, nunca foi estudado a altura pelos nossos historiadores e muito menos é personagem da imprensa associada à ditadura no que diz respeito ao mandatário ter sido fundamental para que houvesse abertura política no Brasil, além da forte pressão interna liderada pelo MDB de Ulysses Guimarães e de setores da sociedade organizada exemplificados na OAB, na CNBB, na ABI, nas universidades e nos principais sindicatos de trabalhadores do ABCD paulista. 

Leonel Brizola lutou bravamente pelos direitos civis do povo, da legalidade constitucional e institucional, bem como se sacrificou pela democracia. Foi combatido, inapelavelmente, e combateu sem pedir arrego, porque como todo gaúcho de caráter e coragem é bom de peleia, o que o levou a nunca desistir de acreditar em um Brasil solidário, justo e democrático. Pagou um preço alto por sua determinação de enfrentar o status quo estabelecido pelas elites. Morreu sem ver o Brasil como em seus sonhos, ou seja, um País para os brasileiros e também para os estrangeiros, que vieram para as nossas terras viver e oferecer suas mãos para trabalhar.

O líder trabalhista acreditava na educação. Somente por intermédio da educação nós sabemos que o povo se torna digno, livre e emancipado. Um povo educado e informado tem força para fiscalizar os maus governos e reivindicar seus direitos. Com a crise econômica e política que o mundo vive atualmente percebemos, então, como o gaúcho Leonel Brizola faz falta. Quando vivo foi desprezado pelas classes dominantes e agora, morto, saberemos justificar, dignificar e honrar seu legado e sua memória. Brizola é um dos líderes da resistência do povo brasileiro, e homens de seu caráter são imprescindíveis para a formação cívica e cultural de uma Nação única e por isto especial como o é a brasileira. Brizola é o maragato libertário. É isso aí.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ives Gandra: uma no cravo; outra na ferradura

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre

Ives Gandra

Quando li a entrevista do advogado conservador Ives Gandra Martins na Folha de São Paulo ao afirmar que o ex-ministro José Dirceu não cometeu crimes porque eles não foram provados, bem como considerou que os embargos infringentes são justos, além de dizer que o domínio do fato é um absurdo jurídico e que até na Alemanha não é usado, em um primeiro momento pensei que o famoso jurista de direita e por ela admirado tivesse mudado seu pensamento sobre o ordenamento jurídico, mas logo voltei à tona e percebi que não é bem assim que a banda toca no caso das opiniões de Gandra.

A verdade é que não acreditei no que estava a ler. O conhecido jurista e tributarista, adversário tradicional do PT e das esquerdas, além de “tribuno” da imprensa de negócios privados e do Instituto Millenium, é advogado de grandes corporações comerciais e de empresários de diferentes segmentos da economia, muitos deles talvez investigados pela Receita Federal, porque respondem no Judiciário por inúmeros processos de sonegação de impostos, remessas ilegais de dinheiro para paraísos fiscais e todo tipo de transgressões fiscais, que prejudicam a arrecadação do fisco e a sociedade brasileira, que fica sem o dinheiro sonegado que poderia, por exemplo, ser investido em saúde e educação.

Ives Gandra não dá ponto sem nó. Contudo, ele pode perder espaço na imprensa corporativa controlada por magnatas bilionários, que podem retaliá-lo por causa de suas considerações publicadas na Folha de S. Paulo, que, evidentemente, não deu destaque de primeira página para a entrevista da jornalista Mônica Bérgamo. A velha e elitista imprensa é matreira e compreende que poderá ser alvo de peripécias e arranjos jurídicos, como o domínio do fato, ou ter negado o direito aos embargos infringentes, a exemplo do que quiseram fazer com os réus do “mensalão” — o maior mentirão da história do Brasil e que vai ser, indelevelmente, comprovado pelo tempo.

Pensemos, porventura, se um de seus barões algum dia tenha de dar satisfações às suas supostas ilegalidades exemplificadas em crimes tributários e fiscais contra o estado, a economia popular e que, consequentemente, podem ocasionar prisões. Certamente que os áulicos, os bajuladores e porta-vozes das famílias midiáticas de costumes e caracteres lacerdistas e udenistas imediatamente vão mudar seus discursos e dessa forma compor com os interesses de seus patrões, porque sabemos que os empregados dos magnatas bilionários da imprensa alienígena mudam de opinião tal qual o vento muda de direção.

Não acredito que Ives Gandra tenha mudado de pensamento e postura. Pessoas de passado de luta política como José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, por exemplo, e que comportam o núcleo político do mentirão, estão a ser linchadas e execradas publicamente há oito anos, sem culpa comprovada, e o senhor jurista tributarista jamais abriu a boca para defender que eles tivessem o pleno direito de defesa, ao contraditório e que pudessem, ao menos, ter acesso a instrumentos jurídicos, como os embargos infringentes, que servem exatamente para corrigir quaisquer exageros, erros e injustiças na hora final de se fazer justiça quando o juízes do STF batem seus martelos de forma derradeira e aplicam as punições.

Agora, Gandra se diz favorável aos embargos e se junta ao professor emérito de Direito, ex-reitor da Universidade Mackenzie e ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, ambos considerados figuras de proa do pensamento conservador. Contudo, Lembo já deu mostras de ser um homem centrado e sensato em inúmeros episódios exemplificados nos casos da organização criminosa PCC, que amedrontou a sociedade paulista, como nunca se viu antes no Brasil, bem como criticou a “elite” brasileira, em 2006, ao afirmar: "Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa. A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações". Incrível, mas é o que disse o professor Cláudio Lembo, um homem que no passado pertenceu à Arena e ao PDS fazer afirmativas tão contundentes e inapelavelmente verdadeiras.

Depois de o decano do STF, juiz Celso de Mello, ter votado a favor dos embargos infringentes, muitas autoridades e personalidades proeminentes e ideologicamente conservadoras passaram a rever certos fundamentos jurídicos levados a cabo notadamente pelos juízes Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello e os aposentados Ayres Britto e Cezar Peluso. O decano também faz parte da turma pertencente à ala que opinou fortemente contra o PT, seus integrantes e os réus do “mensalão”. Ele deu declarações fortes, pois não condizem com a posição de um juiz que está prestes a punir e condenar à prisão seres humanos e cidadãos que estão a se defender e por isto necessitam que todas suas garantias constitucionais sejam preservadas por juízes que são os guardiões da Constituição.

Além disso, o Regimento do STF estabelece que os réus que tiveram quatro votos a favor da absolvição podem se valer dos embargos infringentes para contestar condenações. E foi o que aconteceu com 11 dos réus, mas os proprietários das mídias, por intermédio de seus empregados que deitam falação e conceitos propositalmente errados e equivocados para gerar confusão e desinformação na sociedade, deturpam a verdade, porque querem fazer crer que está a acontecer impunidade e irresponsabilidade por parte do Tribunal, que apenas há poucos dias era considerado por essa gente da imprensa comercial e privada e por parte da classe média coxinha o Olimpo das virtudes humanas ou o Umbral onde os espíritos vão expiar suas imperfeições. Durma-se com um barulho desse.

O STF se tornou uma Casa política enquanto deveria ser uma Casa de guardar e resguardar as leis e assegurar ao cidadão e à cidadania o acesso ao Direito, além de proteger o estado democrático de direito. Só que juízes do naipe de Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello, Luiz Fux, dentre outros, na ativa ou não, recusam-se a cumprir seus papéis de magistrados, porque se tornaram agentes políticos, que tratam, inclusive, de política partidária, são ideologicamente conservadores e combatem os governos trabalhistas nos últimos 11 anos, de forma sistemática e de forma pública e notória. Só não percebe quem não quer, ou está no mundo da lua.

Ives Gandra, a meu ver, deu uma no cravo e outra na ferradura. Se ele teve boa intenção no que diz respeito a ficar ao lado da Constituição e respeitar o Regimento do STF, parabéns ao jurista. Por seu turno, sabe-se que Gandra advoga para gente rica e poderosa e que, certamente, no decorrer de seus processos, reivindicarão os embargos infringentes, inclusive a Globo, acusada de sonegar cerca de R$ 1 bilhão, bem como os tucanos paulistas, que estão envolvidos na lama do escândalo Siemens e Alstom, dentre muitos outros casos de corrupção que ainda vão responder na Justiça.

Afinal, pau que bate em Chico também bate em Francisco, e é exatamente dessa maneira que o Ministério Público e o Judiciário devem se comportar. Isonomia. Ives Gandra é tributarista conceituado, politicamente conservador e sempre se comportou como adversário do PT. O jurista conhece a classe rica e sabe o que está a afirmar quando se trata de olhar os dois lados da moeda. Os embargos infringentes são um direito e o acesso à ampla defesa também. A Folha de S. Paulo, do Otavinho Frias, sabe disso, e por causa disto o entrevistou. É isso aí. 

sábado, 21 de setembro de 2013

Susana Vieira, a Mimada, dá show de preconceito

Blog Palavra Livre — Por Davis Sena Filho


A atriz das Organizações(?) Globo, Susana Vieira, a Mimada, sempre demonstrou ser arrogante ao tempo que nunca a vi falar em público com tanto preconceito, que, pelo que vi e ouvi, também faz parte de seus caráter e personalidade alienados, bem como de seus princípios e valores, afinal ela mora no Itanhangá, na Barra da Tijuca. 

De temperamento difícil, pois explosivo e mimado, tal atriz que está de luto porque o STF votou pelos embargos infringentes, o que é constitucional e da lei, não se faz de rogada e dá um show de arrogância, deboche e prepotência após errar o texto do grandioso e famoso espetáculo "A Paixão de Cristo", que todo ano é encenado em Nova Jerusalém, localizada nos arredores de Caruaru, em Pernambuco. 

A atriz ora enlutada se irritou com as vaias, e deitou falação, porque, segundo Susana, sua "cabeça e a inteligência estão perfeitas"! Sempre escrevi sobre a alma distorcida e cruel dessa "elite", bem como já recebi agressões e ofensas publicadas por esse colonizado e intolerante grupo social, que derrama seu ódio porque não concorda que milhões de brasileiros, por exemplo, conquistem a emancipação e subam a escada da ascensão social.

Susana Vieira é apenas um exemplo de milhões de exemplos deste País e mundo afora. Acostumada, no decorrer de sua vida, a ser bajulada e dizer poucas e boas a quem é obrigado a conviver com seus caprichos, desejos e neuroses, a atriz que está de luto por causa da Ação Penal 470 não se enluta de jeito nenhum ao usar suas palavras que cortam como navalha aqueles que moram no Nordeste e especificamente em Pernambuco. 

Afinal, ela mora no Itanhangá, na Barra, e neste bairro carioca não tem agreste, sertão, bem como não falta água. Contudo, a "diva" global não deixa de se movimentar pelo Brasil para ganhar dinheiro, inclusive no Nordeste, pois, evidentemente, a moeda, o real, é a mesma no território nacional e neste momento Susana Vieira esquece do seu ar superior, de sua cabeça perfeitamente coxinha e de sua arrogância tão comum àqueles que desejam um mundo VIP e para poucos privilegiados.

Susana Vieira é um show. Um show de preconceito e arrogância. E ainda tem a cara de pau de ficar de luto ou vestida de corvo ou urubu. 




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Atrizes de luto da Globo revivem o Movimento Cansei de Ser Canastrona

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
 
EU NÃO SEI O QUE É MAIS CANASTRÃO: A "INDIGNAÇÃO" OU O "LUTO" DAS ATRIZES.


Atrizes “globais” se encontraram no set da novela “Amor à vida”, e resolveram ficar de luto. Elas “ressuscitaram” o fracassado e ridículo Movimento Cansei, promovido por sindicatos patronais, à frente o empresário João Dória, o presidente da sede paulista da OAB, advogado Luís Flávio Borges D'Urso,além da apresentadora Hebe Camargo, recentemente falecida. Na época, essas pessoas da “elite” paulista contaram ainda com a presença de Ivete Sangalo, Ana Maria Braga, Agnaldo Rayol, Daniela Mercury, Regina Duarte, dentre muitas outras personalidades do mundo artístico, empresarial e político.

O primeiro Cansei aconteceu em 2007, na Praça da Sé, em São Paulo, e teve como propósito protestar contra a “corrupção” e “tudo o que está aí”, como afirmaram, de forma genérica e nada pontual, alguns grupos que no mês de junho deste ano se manifestaram nas ruas do Brasil. Muitos dos protestantes empunhavam vassouras à moda Jânio Quadros, conduta semelhante à da classe média coxinha dos idos de 1960, década que a sociedade brasileira foi vítima de um golpe militar.

Entretanto, percebe-se que tais reacionários e alienados não sabem ou se sabem não se importam em saber que os governos Lula e Dilma foram, por intermédio da Polícia Federal, da Advocacia Geral da União, da Receita Federal e do Ministério Público os que mais empreenderam ações de combate à corrupção na história deste País. Quem duvida do que afirmo, acesse o Portal da Polícia Federal e verifique a verdade que estou a comentar. Agora, algumas pessoas preferem ser informadas sobre as realidades apenas por meio da imprensa de negócios privados, evidentemente que a informação chegará com ruído ou truncada, porque se trata de uma imprensa de mercado, de oposição aos trabalhistas e ao PT, que tem lado, ideologia e preferências políticas e partidárias. Ponto.
  
Contudo, o “protesto” do Cansei tinha um caráter obscuro, porque, na verdade, visava acusar e culpar o ex-presidente Lula pelo acidente aéreo da TAM, ocorrido em 2007 e que ceifou a vida de 199 pessoas. Um absurdo e perversidade a intenção dos “cansados” da vida boa e da imprensa golpista, pois logo ficou comprovado que o acidente com o avião foi um erro técnico de pilotagem, o que acarretou o infeliz desastre, que até hoje machuca os corações das pessoas que tiveram seus parentes e amigos mortos. Lula, anos depois, comentou sobre o terrível episódio, mas a imprensa burguesa jamais se retratou de sua postura irresponsável e que não mede consequências para ter seus interesses políticos e econômicos concretizados.

Voltemos às atrizes. Em silêncio obsequioso, as “divas” que estão em cartaz na televisão protestaram contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de cumprir a Constituição e o Regimento Interno da Corte mais importante do Brasil. Com seus rostos sisudos e olhares decepcionados, demonstraram, “artisticamente”, que são desinformadas, alienadas, bem como sintetizam com seus atos e gestos a essência reacionária e conservadora dos coxinhas ricos e da classe média tradicional. Elas simplesmente retomaram a posição dos artistas do Movimento Cansei, pois engravidam pelo ouvido e se conduzem conforme seus patrões determinam e pensam. Coxinha é coxinha; mas coxinha artista com suas matreirices, caras e bocas é dose pra mamute!

Em pleno estado democrático de direito, tais atrizes, certamente sem saber o que está a acontecer de fato, juntam-se aos jornalistas das Organizações(?) Globo e agradam seus patrões, os irmãos Marinho, que, se pudessem, julgariam os réus do mensalão sem lhes conceder o direito pleno à defesa, ao contraditório, bem como colocariam um camburão da polícia na porta do STF para que os condenados fossem execrados em público. Certamente os fotografariam e os filmariam, além de somente entrevistar aqueles que tivessem dispostos a acusar e condenar os envolvidos com o “mensalão”, principalmente se os personagens são do núcleo político do caso, a exemplo de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.

OLHA AS ATRIZES AÍ, GENTE!!!
Durma-se com um barulho desse. As globais se vestiram de preto e resolveram posar de luto. Porém, um luto direcionado e premeditado. Por seu turno, se as atrizes pensam que seus gestos vão atrair ou comover os brasileiros podem tirar o cavalinho da chuva, porque a maioria dos cidadãos não se sente mais impactada com a opinião publicada dos jornalistas e muito menos com os trejeitos e matreirices de artistas que vivem em um espaço paralelo, porque pensam que o mundo se resume ao bairro do Leblon e à cidade de Miami. Não vai haver reverberação. O STF decidiu pelos embargos infringentes e quanto a isto não há artista, jornalista e patrão dessa gente que possa mudar tal decisão constitucional e, por sua vez, baseada nas leis do Direito.

Agora, vamos à longa pergunta que se recusa a se calar: Por que as atrizes de luto Suzana Vieira, Carol Castro, Rosamaria Murtinho, Nathalia Timberg e Bárbara Paz não protestam e não se vestem de preto por causa do mensalão tucano, dos desvios do rodoanel, da privataria tucana, do príncipe da privataria, do propinoduto de Furnas, do escândalo do Banestado, da compra de votos de FHC para ser reeleito, dos escândalos do metrô e dos trens de São Paulo (Alstom e Siemens), do escândalo Veja-Época-Cachoeira-Perillo-Demóstenes, da sonegação de impostos das Organizações(?) Globo de quase R$ 1 bilhão, dos dois hábeas corpus cangurus concedidos por Gilmar Mendes ao banqueiro Daniel Dantas, além de outros casos policiais e de terror, a exemplo do estuprador e médico Roger Abdelmassih, do banqueiro Cacciola e do mensalão do DEM?

Não. Nem pensar. As atrizes enlutadas não se interessam por política e por isso não sabem que criminosos no Brasil para os membros e representantes da Casa Grande vestem a cor vermelha, muitos deles são trabalhistas ou socialistas, ganharam as últimas três eleições e votam no PT. E isto a Casa Grande jamais vai perdoar. O mensalão para certos grupos conservadores é apenas o do PT. O mensalão nunca foi comprovado e por isto é um mentirão cujo tempo vai provar e esclarecer. Não surtiu o efeito desejado a campanha feroz, insidiosa, manipulada e distorcida da imprensa cúmplice de golpe de estado contra os réus da AP 470.

O Brasil tem leis e Constituição, que garantem os direitos civis do povo brasileiro. O Movimento Cansei das atrizes coxinhas das Organizações(?) Globo é uma paródia mal feita em que a sofrível interpretação delas as colocam em posição de canastronas das realidades sociais e políticas brasileiras. O Movimento Cansei vestido de corvo ou urubu interpretou o jeito coxinha de ser e foi enterrado no próprio luto. É isso aí.