Por Davis Sena Filho — Palavra
Livre
"Os tribunais devem ser movidos pelo dever de fazer
justiça, segundo as leis, o devido processo legal, e prazos que assegurem amplo
direito de defesa. Interditar Lula é casuísmo". (Dilma Rousseff,
presidenta legítima e deposta por um golpe de estado de direita, que teve e tem
a cumplicidade e a aquiescência do Judiciário e do MPF)
Uma
coisa é certa: o dia 24 de janeiro de 2018 é o dia que a democracia será
imolada para depois ser desterrada na cara do povo, que mais uma vez como
cordeiro irá testemunhar também e empalação do Estado Democrático de Direito,
sem reagir e protestar contra a prisão de um dos principais vultos da história
do Brasil, na pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva — o Lula.
Seus
algozes são muitos, a começar pela passividade de um povo que foi beneficiado e
recebeu respeito, mas se calou e, quieto, acumpliciou-se, mesmo de forma não
intencional, aos ferozes golpistas e usurpadores, que tomaram de assalto a
Presidência da República, bem como os arrependidos tardios de inúmeros setores
e segmentos, que compuseram com a direita brasileira e depois perceberam o
grave erro cometido por terem atacado o PT e seus governos democráticos e
desenvolvimentistas, porque "magnetizados" pelas campanhas insidiosas
e odientas promovidas pelos grupos midiáticos sistematicamente durante 13 anos.
Lideranças
populares e historicamente compromissadas com os interesses da população
brasileira que sofreram um golpe de estado tão violento, que o próprio povo
está a ver e a observar o quanto perdeu e ainda perderá no que é relativo aos
seus direitos sociais e garantias fundamentais, porque, prepare-se, a ditadura
de fato está ainda por vir depois da prisão injusta e imoral de Lula. Saíram os
militares e entraram os juízes e procuradores, que transformaram a Lei e o
Direito em párias submetidos às suas vontades e verdades.
Pobre
da nação que tem uma Justiça que se corrompeu e um Ministério Público que se
dedicou a intervir na política para que o inimigo político e ideológico, no
caso o Lula, a Dilma e o PT, não tivesse condições de se defender de forma
republicana e constitucional, a acarretar a desmoralização do processo político
e a derrubada do sistema democrático, a partir da quarta derrota eleitoral
sofrida pelo establishment econômico e financeiro nacional e internacional, que
têm e continua a ter como testas de ferro e porta-vozes o PSDB, o PMDB, o DEM, o PPS e os meios de
comunicação privados, à frente deles o Grupo Globo.
Contudo,
a aliança entre os partidos de direita e a famiglia Marinho, além de outros
bilionários também proprietários do sistema midiático umbilicalmente ligado aos
banqueiros, não era suficiente para derrubar uma presidente legalmente e
constitucionalmente reeleita com 54,5 milhões de votos, bem como efetivar uma
perseguição a um ex-presidente como o Lula, contra quem crime nenhum foi comprovado,
assim como ser uma liderança popular de grandeza internacional e histórica, sem
a participação de segmentos de "elite" do Estado burguês.
Setores
compromissados com o status quo nacional e internacional, a exemplo de STF,
PGR, TSE, TCU, TRF-4, PF e tribunais de primeira instância, a ser a Lava Jato
do juiz partidário, seletivo e tucano, Sérgio Moro, dos procuradores do
powerpoint leviano e mentiroso e dos delegados aecistas a ponta de lança dos
interesses mais prementes da burguesia nacional, dos trustes transnacionais e
dos governos estrangeiros, notadamente o dos Estados Unidos.
Com
a entrada da Lava Jato no processo político e ideológico, os políticos
golpistas do PMDB, do PSDB e do DEM e os magnatas bilionários de imprensa e
seus sequazes passaram a contar com o apoio político e sustentação jurídica do
Judiciário e do MPF, instituição e corporação que passaram a judicializar os
mandatos de Lula e de Dilma e a criminalizar todo e qualquer ato e ação de
governança e administração, no que é relativo a governar o País, porque eleitos
e reeleitos pelo povo para exercer seus mandatos conquistados pelas urnas
soberanas, ou seja, governar.
Os
programas de inclusão social do PT e os projetos de soberania e independência
para o País, inclusive no âmbito diplomático, além do conteúdo nacional exigido
pelo Brasil junto aos seus parceiros comerciais do exterior, realmente
desagradou profundamente a provinciana e colonizada burguesia brasileira proprietária
centenária da casa grande, de forma que se tornou imperativa a participação do
sistema Judiciário no combate aos governos do PT e às suas mais importantes
lideranças. Sem dúvida, as políticas públicas de distribuição de renda e
riqueza ao povo e trabalhadores brasileiros causaram profundos sentimentos de rancor
e ódio por parte da burguesia e da pequena burguesia.
Contudo
e apesar de tudo, não existe outra saída ou opção, pois sempre há um preço a
pagar: os juízes, procuradores e delegados terão, no decorrer do tempo, suas
imagens indelevelmente desgastadas e serão duramente questionados, como aconteceu
e ainda acontece com os militares, principalmente quando eles deixaram o poder
nos primeiros quinze anos e até hoje tentam recuperar a confiança de parte
importante e numerosa da sociedade. E observe que já foi muito pior a rejeição
aos militares a partir, principalmente, de 1968 com a imposição do AI-5.
Não
há, porém, como a sociedade civil organizada e dezenas de milhões de
brasileiros que votaram em Dilma Rousseff, em 2014, e que desejam, sem sombra
de dúvida, o retorno de Lula à Presidência da República, não se sentirem
traídos e expressarem com o tempo profunda rejeição aos servidores golpistas do
STF, do MPF e da PF, porque as pessoas sempre haverão de se lembrar que seus
votos perderam a soberania, pois foram desrespeitadas por uma escória de
bandidos, que tomou de assalto o Palácio do Planalto, com a cumplicidade e a aquiescência
do STF e da PGR.
Golpistas
que resolveram interditar a política e demonizar as esquerdas e os setores
progressistas da sociedade civil, principalmente após as micaretas dos coxinhas
celerados de classe média. O STF e a PGR (MPF), por intermédio da Lava Jato,
seu braço de guerra ideológico e partidário, perceberam ser a crise entre o
Executivo e o Legislativo uma ótima oportunidade para hipertrofiar o Poder
Judiciário, que hoje, de forma sórdida e infame, está a governar ilegalmente o
Brasil.
Juízes
que, como os do TRF-4, usurpam a cidadania, a decisão das urnas e a governança
do eleito ou eleita, a inclusive um de seus membros, o desembargador e
presidente do Tribunal, Carlos Eudardo Lenz, considerar, antes de qualquer
julgamento, que a sentença condenatória do juiz Sérgio Moro é "irretocável",
ou seja, perfeita, apesar de o próprio Moro reconhecer que não há provas contra
o Lula. Lenz, mesmo assim, considera perfeita a sentença, que, evidentemente, entrará
para a história do Direito e da Jurisprudência como uma das maiores aberrações
e injustiças cometidas por um magistrado contra um cidadão, no caso o Lula.
Simplesmente surreal.
Enquanto
a porca torce o rabo, o tenebroso e desditoso juiz do STF, Gilmar Mendes, do
PSDB do Mato Grosso, está a querer implantar a fórceps no Brasil o
semipresidencialismo, que é uma forma canalha de impor a vontade da minoria
golpista e usurpadora sobre a grande maioria que é o povo brasileiro. Esta
jogada infame tem por finalidade manter, indefinidamente, o poder nas mãos da
casa grande, assim como afastar qualquer "perigo" de um candidato de
esquerda e trabalhista conquistar novamente a cadeira de presidente da
República.
Seria
então o golpe do golpe do golpe em apenas dois anos, um recorde mundial da
"elite" cucaracha e bananeira, mas de índole e alma escravocrata.
Pois, vejamos: 1) derrubada de Dilma Rousseff; 2) perseguição a Lula e
impedimento de sua candidatura; e, por fim, 3) o semipresidencialismo de
terceiro mundo, a ter o condestável juiz Gilmar Mendes, o presidente da Câmara
e o presidente (fantoche) eleito a mandarem no Brasil, sem ouvir a população
por intermédio de referendo.
Seria,
portanto, a reedição dos "Três Patetas", apelido dado pelo deputado
Ulysses Guimarães à Junta Militar, em 1969, que assumiu rapidamente o poder
após a morte do presidente-general Costa e Silva, até que o general Emílio
Garrastazu Médici fosse empossado e, com efeito, a se tornar o terceiro dos
cinco presidentes militares do regime militar iniciado em 1º de abril de 1964. Então,
cara pálida, ainda duvida que o Brasil é vítima de um golpe de estado ocorrido
em 2016? E que os golpistas não passam de sujeitos ordinários e sacripantas,
que deveriam ser retirados do Palácio do Planalto a pontapés pelo povo
brasileiro? Não acha?
O
Poder Judiciário é o único poder da República desprovido do voto popular e a se
utilizar, inconvenientemente, do Direito para intervir com mão de ferro no
processo político brasileiro, a criar aberrações jurídicas e judiciárias, a
favorecer assim a permanência dos golpistas e usurpadores no poder central,
além de impedir a candidatura do político mais popular do Brasil e da América
Latina — o senhor Luiz Inácio Lula da Silva.
Togados
e meganhas que estão à frente desse processo kafkiano, que consolidará o golpe
de direita contra os interesses do Brasil e do seu povo trabalhador, com o
afastamento imoral e injusto do candidato preferido da população, cujo nome é
Lula. Entretanto, o jogo bruto continua e Lula irá recorrer, condenado em
segunda instância ou não pelos juízes que sequestraram a democracia e
desconstruíram o Direito, para impor jurisprudências arbitrárias e impróprias à
civilização e ao ato nobre de se fazer justiça.
Por
sua vez, certamente que o povo brasileiro, apesar da letargia que ocorre na
sociedade deste País, estará de olho a observar o Judiciário e sua disposição
autoritária e desrespeitosa de retirar-lhe o direito incondicional e
intransferível de votar no candidato que quiser, a preservar sua autonomia e
autoestima. Porém, o candidato que o povo quer, para o bem da democracia e do
restabelecimento do Estado de Direito é o Lula. A guerra tem de ser travada nas
ruas. Lula tem de ser redimido e os que traíram o Brasil têm de ser severamente
punidos. Chega da Banânia da casa grande. Civilização! É isso aí.