sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Política Nacional de Participação Social resgata o PT, democratiza o Brasil e enquadra os golpistas

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


A alta burguesia brasileira e seu tentáculo mais feroz e reacionário, representado pela imprensa empresarial, mostraram-se, no dia 23 de maio, inconformadas, pois furiosas, deveras, com a assinatura do Decreto Presidencial nº 8.243, por parte da presidenta trabalhista, Dilma Rousseff, política que recentemente derrotou o candidato conservador, o tucano Aécio Neves, e, com efeito, vai governar o Brasil até janeiro de 2019.

O histerismo em forma de “protesto” calculado e oportunista da direita midiática, logo repercutido no Congresso Nacional pelos seus cúmplices ideológicos manipuladores de suas notícias facciosas quando, não, mentirosas, é resultado do total desprezo que a burguesia sente pela opinião do povo brasileiro, porque historicamente sempre lutou contra o desenvolvimento do Brasil, porque compartilha, há séculos, dos interesses dos países que controlam o sistema de capitais em termos mundiais.

O documento assinado pela mandatária petista institui o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS) e a Política Nacional de Participação Social (PNPS). A efetivação do decreto vai permitir um grande avanço para a civilização brasileira, pois democratiza ainda mais a sociedade, além de resgatar a história do Partido dos Trabalhadores que, no primeiro Governo Dilma, afastou-se dos movimentos sociais, dos sindicatos e do próprio PT, realidade esta que não ocorreu no Governo popular e democrático de Lula.

Dilma se dedicou, com maior ênfase, em tocar as obras de infraestrutura, manter e expandir os programas de inclusão social e principalmente tratar de questões econômicas e fiscais, a exemplo de superávit primário, controle de inflação e câmbio flutuante, o famoso tripé tão a afeição dos interesses dos governantes, que pode também se tornar um tiro no pé, se tal trio for efetivado somente para atender às demandas do grande empresariado e dos banqueiros, que têm como porta-vozes os oligopólios privados de comunicação, absurdamente controlados no Brasil por meia dúzia de famílias bilionárias e integrantes da plutocracia.

A classe abastada que se incomoda com os impostos e cria o “impostômetro” em São Paulo (só poderia ser lá), mas não se importa em também criar o “sonegômetro”, a fim de mostrar e denunciar a sonegação — a sangria, e, posteriormente, repercuti-la para o povo desta Nação altaneira, conforme os nossos hinos, saber o quanto as “elites” brasileiras, tão cônscias das “boas intenções” e mascaradas em suas honras roubam do Brasil, por intermédio de remessas de lucros maquiadas, da sonegação de impostos e do confisco ilegal do patrimônio estatal, a começar pela utilização patrimonialista das instituições, órgãos e autarquias do Estado nacional e da grilagem de terras públicas.

Realidades essas inerentes ou peculiares às ações daqueles que controlam os inúmeros mercados e atividades financeiras e querem o Estado subjugado aos seus interesses. De acordo com a Receita Federal, os brasileiros ricos têm depositado em paraísos fiscais, além de patrimônios móveis e imóveis, a quantia estratosférica de R$ 1 trilhão. Ou seja, um terço do PIB brasileiro, e essa gente ainda têm a desfaçatez de reclamar da vida, além de sempre estar disposta a desestabilizar os governantes que não conjugam com suas ideias, pensamentos e propósitos. Os magnatas brasileiros são a quarta maior fortuna do planeta criminosamente escondida em paraísos fiscais.

Depois reclamam, por intermédio da imprensa familiar e sonegadora, do crescimento econômico do Brasil e caem de pau no Governo petista. Um berreiro calculado, hipócrita e de fundo arrivista, porque reage com cólera à redução dos gastos com os juros da dívida pública, fatos estes que deixam nus o mercado financeiro e os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas, pois, irrefragavelmente, a decisão de Dilma Rousseff recalcula o superávit primário e revela, indelevelmente, que a imprensa alienígena e de negócios privados não tem quaisquer compromissos com o Brasil e seu povo, mas, evidentemente, com os rentistas e o sistema financeiro.

Em contraponto aos desejos e interesses do País, a mídia radical e de direita se mostra endiabrada e barulhenta quando se trata de defender medidas que prejudicam a maioria da população, a exemplo de pregar, sistematicamente, preceitos econômicos impopulares e socialmente perversos, que, sem sombra de dúvida, levam à diminuição dos investimentos em infraestrutura e programas sociais, bem como chancelam o desemprego, o arrocho salarial e os cortes, no que concerne às aplicações orçamentárias em educação, segurança, saúde e moradia, pilares de qualquer sociedade que deseje ser humana, democrática e civilizada.    

Eis o retrato 3 x 4 da Casa Grande, cujos inquilinos são adeptos do patrimonialismo e fazem da corrupção seus autos de fé, a exemplo dos bilionários e de seus executivos, que ora se encontram presos na Polícia Federal por terem roubado a Petrobras, ou seja, o contribuinte brasileiro. Por causa disto, a burguesia e os controladores de suas mídias cruzadas e monopolizadas distorcem os fatos, as verdades, os acontecimentos e passam a denominar de corrupto um Governo que investiga e manda prender, porque, na verdade, as castas elitizadas querem a União em suas mãos e, por seu turno, dar sequência à sua história de espoliação e exploração sobre as camadas sociais mais simples e com menos poder de barganha para defender e negociar seus interesses.

São essas as causas do desespero e do ódio dos ricos e dos muito ricos, que têm o apoio de coxinhas de classe média, instruídos e formados em universidades, mas incrivelmente conservadores e rancorosos, porque muitos deles deixam evidentes seus inconformismos e revoltas com a ascensão social e econômica dos negros, dos índios, dos pobres, dos nordestinos e dos nortistas, conforme se verifica, inquestionavelmente, nas redes sociais.

Esse povo pequeno burguês, empregado dos donos dos meios de produção, transformou-se no lúmpen das camadas sociais mais altas, e, ignorante sobre seu próprio papel na sociedade, até porque a pequena burguesia não é considerada classe, alia-se ao que existe de pior em todas as sociedades e civilizações: a exploração simples e pura do homem sobre o homem, com a permissividade dos governos, que se tornam cúmplices da Casa Grande, bem como luta, diuturnamente, para eleger o mandatário que vai atender seus negócios e manter, a ferro e fogo, os muros visíveis e invisíveis do apartheid social e racial, que acontece em todos os países, sejam eles desenvolvidos ou não.

O coxinhas são cúmplices da miséria humana e da violência nas cidades, e a maioria tem consciência política e razão social sobre essas questões. Eles não são ingênuos e nem ignoram os fatos, mas abraçam, voluntariamente, os valores e os princípios da Casa Grande, a maior culpada pelos conflitos sociais e guerras entre os países.

Repercutem e defendem os interesses do establishment e, consequentemente, compram gato por lebre, porque a alta sociedade — o high society — nunca vai franquear seus salões, porque jamais vai abrir as portas a quem lhe serve como subalterno. No máximo a classe média tradicional vai ser sua empregada um pouco melhor remunerada e consumidora dos produtos e serviços vendidos pelo empresariado. Ponto.

Como fazer o povo brasileiro sair da condição de apenas eleitor de uma democracia representativa, burguesa e tão subalterna aos interesses de grupos econômicos que se aboletaram no Congresso Nacional? Porque se trata de representantes eleitos pelo capital, em suas diferentes faces, sendo que grande parte dos parlamentares atuam e agem para defender os interesses de seus trustes diversificados em categorias empresariais urbanas e rurais.

Como dar voz e poder de decisão ao povo? Respondo: por intermédio de plebiscitos e referendos, sendo que o plebiscito é mais abrangente, porque o povo vota diretamente sobre determinado assunto, a exemplo da reforma política, que a burguesia e a imprensa corporativa não querem que seja aprovada, pois são contrárias ao fim do financiamento privado aos partidos, que precisam de dinheiro para arcar com as despesas provenientes das eleições, o que os levam a criar os caixas dois e, por conseguinte, à corrupção. Sem dinheiro, não há eleição; e, sem eleição, não se elege candidato algum. É como a história do ovo e da galinha...

Pois é, meus camaradas, mas rapidamente repercuto esta pergunta: “O leitor compreendeu o porquê de o capital financeiro, os capitães da indústria, os empresários do agronegócio, os políticos conservadores do consórcio PSDB-DEM-PPS-PSB e, principalmente, os magnatas bilionários de imprensa se mostrarem, furiosamente, contra a instituição do Sistema Nacional de Participação Social (SNPS) e a Política Nacional de Participação Social (PNPS), bem como contrários aos referendos e plebiscitos?

É que essa gente preconceituosa, elitista, sectária e inquilina da Casa Grande, que trata o Brasil como um clube prive, não quer, nunca quis e, se puder, jamais ouvirá a opinião do povo. Por isso que os afortunados criam situações que propiciam a manipulação, a distorção das notícias e das informações, de maneira seletiva, e, geralmente, retiradas de um contexto mais amplo e, portanto, explicativo a quem não participa dos bastidores da luta política, como é o caso da maioria do povo brasileiro.

A imprensa de histórico politicamente golpista e aliada dos trustes internacionais desinforma propositalmente e, se possível, mente. Não interessa a ela elaborar o verdadeiro jornalismo, que tem regras, como, por exemplo, ouvir os dois lados para se chegar a alguma verdade sobre os fatos, que se baseiam em versões. Não; de forma alguma. Os magnatas bilionários de imprensa e seus coiotes de confiança aboletados nas redações se dedicam a fazer política, uma política rasteira, convenhamos, pois não oficial, mas oficiosa. Essa gente simplesmente não quer o desenvolvimento do Brasil e a emancipação do povo brasileiro.

A imprensa burguesa odeia a democracia e quando verifica a ascensão social das camadas populares, trata logo de combater aqueles que propiciaram tal processo, no caso, obviamente, os governos populares e trabalhistas de Lula e Dilma, alvos de suas cóleras e de seus preconceitos e intolerâncias raciais, de classe, de origem, de sexo e, até mesmo, religião. “A burguesia fede; a burguesia quer ficar rica; enquanto houver burguesia, não haverá alegria”, já dizia Cazuza, nascido em “berço esplêndido”, mas, com efeito e por isto mesmo, sabia o que estava a falar.

O PT tem a obrigação de resgatar suas lutas históricas e a presidenta Dilma Rousseff tem de voltar seus olhos para a militância, os movimentos sociais, os sindicatos e a todos aqueles que votaram em sua pessoa e a reconduziram à cadeira da Presidência da República. O PT tem de enfrentar a oposição de direita e contrária aos interesses do Brasil em todos os terrenos, seja aonde for, pois o povo brasileiro elegeu a mandatária para governar e, consequentemente, determinar e definir o que deve ser feito em benefício de todos os brasileiros, inclusive os que não votaram na candidatura petista.

Urge a aprovação de um plebiscito para a reforma política, bem como deve haver mais celeridade para se efetivar, com a aprovação do Congresso Nacional, o marco regulatório para as mídias — a Lei dos Meios. A presidenta trabalhista também deveria, sobretudo, exigir da Secretaria de Comunicação (Secom), da Presidência da República, que dissemine nos veículos de comunicação, inclusive os privados, as obras do governo, as prontas e as que estão em andamento, bem como repercuta os avanços conquistados por meio de programas sociais e educacionais, além dos que propiciam as pessoas se transformarem em pequenas empreendedoras.

A Secom tem de entender que a imprensa familiar e politicamente golpista não pode jamais falar sozinha, porque ela sabota a realidade e boicota a verdade. Do contrário, os mandatários trabalhistas apenas terão a oportunidade de se reportar ao povo de quatro em quatro anos, quando tem acesso aos meios de comunicação por força da propaganda eleitoral.

Além disso, torna-se necessário ao Governo Federal fortalecer seu sistema midiático, e, para isso, tem de aumentar seu orçamento, realizar concurso e fazer com que a mídia governamental seja disseminada em todo o País, com a ampliação de canais em estados da Federação e regiões que não têm acesso às informações e notícias do que é realizado pelo Governo.


Cadê a Secom? Qual é seu papel? Pelo que vejo é o de apenas empregar pessoas e se ocupar com seu status. A Secom é inoperante. A Política Nacional de Participação Social resgata a história do PT, democratiza o Brasil e enquadra os golpistas, porque dá voz ao povo e o poder de determinar seu destino. É isso aí. 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Geografia da Palavra

ESPAÇO BICO PENA Blog Palavra Livre



Não sei se tenho o dom da palavra
Mas, através da palavra dou o tom
Palavra simples morada – vida contada
Em instrumento sem músico não há som

Davis Sena Filho — 02/06/1995-BSB

Perdeu o bonde da história...

a hora da chargeBlog Palavra Livre



"Seu cérebro de volta"

a hora da charge Blog Palavra Livre





segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O PT não sabe o porquê do ódio... É a Síndrome de Estocolmo

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


Estou a ler notícias na internet e me deparo, para a minha surpresa, com uma notícia no Brasil 247 na qual anuncia que o Partido dos Trabalhadores, “assustado” e também “surpreso” com a rejeição por parte de milhões de brasileiros, principalmente os de São Paulo, resolveu fazer um levantamento sobre tal questão, que tanta incomoda sua direção, e, consequentemente, seus líderes.

A verdade o que me incomoda não é a rejeição por parte de cidadãos à agremiação política e partidária trabalhista. O que me deixa aborrecido e insatisfeito são as lideranças do PT, que ainda insistem em compor e tentar dialogar com setores conservadores e reacionários, que, apesar de serem beneficiados, estão sempre dispostos a apunhalar pelas costas o governo popular de Dilma Roussef, fato este que aconteceu, reiteradamente, quando Lula assumiu a Presidência por oito anos.

A pergunta que se recusa a calar é esta: “Qual é o problema do PT?” Eu mesmo respondo: “O Partido dos Trabalhadores sofre da Síndrome de Estocolmo”. É isto mesmo. A sigla trabalhista perdeu o punch e o élan, para não mais se recuperar. O PT, simplesmente, desaprendeu a se defender quanto mais atacar. Por isso, tornou-se um paciente da Síndrome de Estocolmo, que significa a vítima se envolver com seu algoz, de tal modo que passa a sentir “amizade”, “piedade” e até mesmo ser cúmplice daquele que o humilha e lhe causa dor e desatino.

Custo a acreditar que o PT precise da ajuda de uma empresa para saber o que está a acontecer no Brasil, sem, no entanto, de acordo com a matérbia do “Brasil 247”, citar a imprensa de negócios privados, que faz uma das campanhas mais longas e sórdidas que se tem notícia no mundo ocidental quando se trata de atacar violentamente um governo autêntico, popular, legalista e democrático, que se recusa a excluir os milhões de brasileiros pobres dos mercados de trabalho e consumo, bem como permitiu o acesso dos mais humildes à educação, por intermédio das cotas, do Enem, do ProUni, do Pronatec, do Fies e do Sisu.

É impressionante a desfaçatez petista, com a exceção de Lula e mais timidamente a presidenta Dilma, quando se trata de afirmar que o sistema midiático privado, desregulado e de DNA golpista está há 12 anos a atacar os governos trabalhistas, a não lhes dar trégua e água, de forma consistente e diuturna, sem falhar um único dia, por meio de mídias cruzadas, no que diz respeito a desqualificar, desconstruir, judicializar e criminalizar a Presidência da República, os ministérios, os órgãos e autarquias governamentais, que ora são administrados pelo PT e seu governo de coalizão.

Não. De forma alguma é necessário o PT contratar uma empresa para saber, por exemplo, por que São Paulo rejeita ou sente ódio pelo Partido dos Trabalhadores. Será que o PT não compreende que São Paulo e sua ideologia e propósitos são similares a estados como o Texas, ou seja, território da União ocupado por moradores politicamente conservadores e voltados para os valores apregoados pelo liberalismo econômico, radicalismo religioso e a crença de que o mercado regula tudo e transforma os homens em seres “livres”.

São Paulo, antes de tudo e, historicamente, considera-se autossuficiente, como sempre demonstrou no decorrer de sua história. Edificado com trabalho escravo, com a imigração de europeus pobres e esfaimados e com a migração de sulistas, mineiros e nordestinos, o Estado mais poderoso e conservador do Brasil possui uma das “elites” econômicas mais perversas do planeta, além de se verificar que a classe média paulista e paulistana, em grande parte, coaduna com as ideias, os valores e os princípios daqueles que têm o domínio sobre os meios de produção.

A tradição conservadora da burguesia e da pequena burguesia de São Paulo e do restante do Brasil, somada ao sentimento a meu ver equivocado de se considerar “especial” e, por sua vez, com o direito de viver em um mundo restrito e dedicado a uma pequena parcela da população, faz com que esses setores da sociedade se tornem arrogantes, prepotentes e até mesmo violentos quando se julgam parte de uma “elite” que não deve conviver com os reles mortais, ou seja, o povo brasileiro, responsável maior pelo desenvolvimento do Brasil e pela riqueza da Casa Grande, que sempre se beneficiou de sua força de trabalho.

Portanto, é incompreensível ao tempo que ridículo observar que o PT e seus líderes ainda não perceberam que as manifestações de junho de 2013 não representam apenas momentos de revoltas da classe média, que foi às ruas, não porque o Brasil está envolto com “as maiores corrupções de todos os tempos ou da história”, como quer fazer crer a mídia corrupta e meramente de mercado, golpista histórica e entreguista por natureza.

De forma alguma. Nota-se, sobretudo, que a classe média, principalmente a que ideologicamente se identifica com o espectro à direita, sentiu-se preterida quanto à atenção do Governo Federal no que é relativo a receber também benefícios, além de se considerar “traída”, no que concerne a se certificar de que as camadas sociais mais pobres ascenderam socialmente, o que se torna um assunto de ordem psicológica, pois se trata de um perverso tabu, que se baseia em preconceitos e intolerâncias históricas enraizadas em sua essência escravocrata alimentada por gerações.

Apesar de a classe média ser tradicionalmente universitária e instruída por causa de sua escolaridade, ela tem enorme dificuldade para enxergar o mundo de forma universal ou completa, porque só consegue visualizá-lo até os limites de seu bairro ou dos lugares que frequenta. Ela não consegue se ver no outro, porque o trata como uma sombra que nunca aparece por causa da ausência do sol. Só que as sombras desenham suas silhuetas e este desenho não define cor, raça, credo, classe e origem social e econômica.

A falta dessa compreensão que a leva a ser intelectualmente obtusa e, por seu turno, incapaz de compreender os fatos e as realidades que lhes rodeiam, de forma precisa e pontual. Eis a classe média, que age como o avestruz da anedota, que enfia a cabeça no buraco para deformar e desvirtuar a verdade, pois se recusa a reconhecer, por exemplo, os avanços sociais e econômicos conquistados pelo povo brasileiro nos últimos 12 anos.
   
A partir dessas considerações e realidades, a Casa Grande, assim como seu principal braço de combate aos governos trabalhistas, a imprensa familiar e corporativa, trataram logo de empurrar o PT contra a parede e sufocá-lo. Começaram a atuar em quatro frentes, que agem de forma sincronizada: o PSDB e seus aliados, a imprensa empresarial, certos juízes do STF (já aposentados e na ativa) e inúmeros promotores, que, além de desejarem aparecer, resolveram fazer política, sem, no entanto, serem titulares de mandatos eletivos, mas, tais quais os coxinhas de classe média, resolveram tomar a frente de questões políticas e de ações administrativas e estruturais a cargo de políticos eleitos legitimamente pelo povo.

Os escândalos do mensalão, o do PT, evidentemente, porque o dos tucanos já está a prescrever, além dos malfeitos na Petrobras são exemplos emblemáticos de combate ao PT e da intenção de criminalizar o Partido e judicializar a política. Quem perde a eleição pelo voto, que é o caso do PSDB, recorre a assuntos de perfis escandalosos com o propósito de desqualificar e desconstruir o adversário, bem como conquistar o apoio de setores da população insatisfeitos com ascensão das camadas mais desprotegidas da sociedade, além de ideologicamente serem contrários a partidos e políticos que elaboram e efetivam programas e projetos de inclusão social.   

Para esses segmentos conservadores, o PT é tudo aquilo que eles detestam e rejeitam, porque se trata de um partido que nasceu do ventre das fábricas, além de dialogar com os movimentos sociais e de trabalhadores desde sua fundação, em 1980. Além disso, a Casa Grande é sabedora que o PT é um partido orgânico, ou seja, está inserido na sociedade, em incontáveis segmentos da vida brasileira, de maneira tal que se tornou imperativo para o establishment que a agremiação popular fosse duramente e sistematicamente desconstruída pelos canais de comunicação desregulados e controlados pela grande burguesia.

E aí, cara pálida, o Partido dos Trabalhadores, equivocado novamente, anuncia que vai contratar uma empresa para saber o porquê de o partido ser odiado. A resumir: algumas pessoas do PT (sempre é sábio não generalizar) gostam de adular certos setores do status quo. Como esses setores se mostraram resolutamente indispostos a dialogar, o PT, depois de muitos anos no poder, resolveu governar e moderadamente enfrentar aqueles que os atacam, os sangram, os caluniam, os injuriam e os difamam.

Essas realidades ficaram claras nas eleições de 2014, e na tentativa de golpe “branco” contra o Lula, em 2005. O PT tem de entender que a comunicação do governo é péssima, bem como quem a chefia não pode ser umbilicalmente ligada ao complexo de comunicação privado, já cansado de demonstrar que não tem quaisquer compromissos com o Brasil e seu povo. Ponto.

Os petistas, autoridades ou não, precisam urgentemente compreender que a Casa Grande, além de dar nó em pingo d’água e não dar ponto sem nó, não tergiversa quando se trata de seus interesses políticos, comerciais e econômicos. A imprensa, diversificada em inúmeras mídias cruzadas, transformou-se no maior partido de oposição de direita da história do Brasil. O sistema midiático familiar tomou a frente do processo político e pauta, sem titubear, a vida brasileira e suas instituições republicanas.

O PT também tem culpa de permitir que esse processo draconiano ou dantesco acontecesse. O principal partido do Governo foi pusilânime, covarde e se dobrou aos ditames de uma oposição enfraquecida, incompetente e entreguista, praticamente derrotada e desmotivada para enfrentar o pleito eleitoral.

Aprendi há muito tempo que se tal pessoa é leniente ou permissiva com acusações infundadas, denúncias vazias e calúnias, injúrias e difamações, que não retratam a realidade é porque não se importa com seu presente e futuro, mesmo se o passado foi glorioso, pois repleto de conquistas e trabalhos realizados. É o que está a acontecer com o PT que se dobrou, e, de joelhos, aceita o jogo da direita após ter vencido uma eleição muito difícil, com o apoio irrestrito e voluntário de sua militância, bem como dos blogs progressistas, também chamados de “sujos”.

Eis da onde veio a vitória do PT, pois a militância e a blogosfera de esquerda travam uma luta sem trégua e incansável contra a imprensa “oficial” e familiar, pois sustentada há mais de século pelo dinheiro público, do contribuinte. O PT sofre da Síndrome de Estocolmo, porque não reage a seus algozes: a Casa Grande, os tucanos, a mídia alienígena e certos setores do MP, da PF e do Judiciário deveriam ser enquadrados, por intermédio de meios legais.


Não cabe ao Governo Trabalhista, ao PT, nesta altura do campeonato, não saber e compreender o porquê de tanto ódio. O ódio, a cólera vem desde os tempos de Getúlio Vargas. Basta ler a história para depois marcar limites e territórios no que tange aos adversários. Quem cala, consente. O PT que trate de melhorar sua comunicação com o povo, efetivar o marco regulatório para as mídias e responder, de pronto, todas as acusações que forem injustas, manipuladas e infundadas. Sempre, sem vacilar. Não sei o que é pior: se a Síndrome de Estocolmo do PT ou o complexo de vira-lata e a veia golpista da Casa Grande. É isso aí.          

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Preconceito pornográfico dos coxinhas, golpe nas ruas e marco para a imprensa

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


“As virtudes que apreciamos já estão enraizadas em nós”. (Goethe)

Existem quatro principais setores que navegam pelo espectro político conservador e que ainda, percebemos, inconformados com a derrota eleitoral do candidato de direita e do PSDB, o senador Aécio Neves. Os recalcitrantes são os seguintes: 1- a imprensa de negócios privados; 2- os coxinhas de classe média lacerdistas; 3- o PSDB; e 4- os setores atucanados da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal, com canais abertos com o STF, a exemplo do juiz político e de direita, Gilmar Mendes.

A revolta e a frustração pela derrota do candidato desses grupos sociais e institucionalizados é tão grande que, após 22 dias das eleições presidenciais, a insanidade tomou conta dessas pessoas, principalmente em São Paulo — o mega bolsão do reacionarismo brasileiro desde os tempos dos bandeirantes. Considero incrível e quase inacreditável que o histerismo político-partidário faz com que indivíduos saiam da realidade e protestem contra a “cubanização”, a “venezuelização” do País, bem como a marcarem territórios como se fossem cães hidrofóbicos e, consequentemente, sem condições psíquicas para avaliar de forma ponderada, pontual e lúcida a conjuntura brasileira e suas realidades.

Chegam a ser ridículos e muitas vezes “cômicos” tais protestos de características conservadoras e golpistas, mas a verdade é que não o são. Esses movimentos têm objetivos nada ingênuos, e um deles é abrir um processo de impeachment contra uma presidenta constitucional, recém-eleita, legalmente, pelos votos de mais da metade do povo brasileiro, e que está a lutar pela reforma política, além de exigir, no momento, o afastamento e a punição dos envolvidos em corrupção, no caso Lava Jato.

Além disso, Dilma Rousseff tem afirmado à sociedade brasileira que vai realizar o marco regulatório para as mídias, a fim de efetivar regras para tão importante setor da economia, sem, no entanto, o Estado interferir no que diz respeito ao conteúdo que essas empresas, no caso as privadas, repercutem à vontade, porque, sem sombra de dúvida, os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas e seus empregados publicam, mostram e falam o que querem, até mesmo, como ocorreu nas eleições, tentar influenciar os eleitores, como o fez a revista Veja — a Última Flor do Fáscio.

Contudo, o visível histerismo e a total rejeição dos fundamentalistas, dos desinformados, dos histéricos de direita, que cooperam para que os interesses do sistema de capitais sejam concretizados se tornaram uma questão preocupante para o Governo Trabalhista, bem como para parte importante e populosa da sociedade brasileira, que acredita no jogo democrático, nos ditames da Constituição e no estado de direito.

A questão primordial é o Governo Trabalhista se fazer ouvir e ser entendido pelo povo brasileiro. Existem meios para se preencher essa lacuna aberta desde os tempos do Governo Lula. E, como assim? Respondo: fortalecer o sistema de comunicação estatal, de forma que ele abranja todo o Brasil, por intermédio de novas sedes regionais e cobrar que a Secretaria de Comunicação (Secom) repercuta sistematicamente suas obras de infraestrutura, além de mostrar os avanços sociais conseguidos com os programas de inclusão do Governo Federal.

Todavia, somente essa estratégia não adianta. Não dá resultado. A Secom tem de rebater, diuturnamente, a imprensa comercial e privada de essência privatista e elitista. Quando há acusações e denúncias, todas elas têm de ser investigadas ou apuradas pelo Palácio do Planalto, por meio do Ministério da Justiça, com o apoio da base do Governo no Congresso, principalmente de suas lideranças, sempre prontas para informar e explicar os acontecimentos, mas nunca deixar de rebater, sistematicamente, as acusações infundadas e as denúncias vazias. Ponto!

Por sua vez, as ilações artificiais e os ataques nada republicanos, criados pela imprensa empresarial e familiar, pinçadas de um contexto mais amplo e complexo, têm de ser rebatidos duramente pelas Secom, Casa Civil e por autoridades de órgãos e instituições que respondem pela segurança do Estado e pela estabilidade da democracia brasileira.

É dessa forma que tem de agir as autoridades e os profissionais de comunicação, a evitar ruídos no que tange à compreensão dos fatos e dos acontecimentos por parte do povo brasileiro, merecedor de respeito, consideração, bem como de receber satisfações de quem é pago e sustentado pelo contribuinte. Agora, vamos à pergunta que não quer calar: “Quando os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas vão ser também investigados, julgados e punidos pelos seus crimes?”

A imprensa alienígena tem de ser colocada em seu devido lugar, pois, talvez assim, tal sistema midiático corporativo resolva fazer jornalismo, desça do palanque político-eleitoral e pare de proceder como uma agremiação política de direita, desregulada, para seu deleite, e que inúmeras vezes agiu fora da lei, como nos casos do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da edição criminosa do debate entre Lula e Collor, em 1989, dentre muitos outros maus exemplos.

Sou sabedor que no Brasil existem muitos grupos de direita e de extrema direita na sociedade civil — no mundo empresarial, político, acadêmico e estatal. Compreendo o porquê de os coxinhas, falo daqueles que são educados, gentis e instruídos quando se trata das relações pessoais e profissionais, mas que, de repente, surpreendem pela intolerância expressada em uma variedade de preconceitos e cóleras que deixariam um fascista estudioso e ideológico com o queixo caído.

Trato da classe média que vai às ruas e brada, em catarse mesclada com ódio, por um impeachment, sendo que grupos ainda mais radicais reivindicam, “simplesmente”, um golpe militar. Surreal. Um histerismo coletivo de tal monta que deveria ser estudado por psiquiatras experientes, porque, sem exagero, considero que se trata de um surto pós-eleitoral, que atingiu muitas pessoas, que até agora não conseguiram sair desse círculo viciado, bem como não compreenderam os fatos e por causa disso não conseguem digerir as realidades apresentadas a elas, pois que lhes causam frustrações e, consequentemente, dores.

Há poucos dias conversava em um bar e restaurante, no bairro do Flamengo, com pessoas da minha geração, entre 50 e 60 anos. A conversa fluía e os temas eram sobre política, eleições, países, futebol etc. Lá pelas tantas, um dos caras, com 58 anos (ele disse a idade dele), estourou e começou a xingar seu interlocutor, porque ele discordou de suas considerações relativas aos EUA.

O homem ofendido apenas disse que os “Esteites” também tinham problemas sociais graves, como pobreza, falta de um sistema de saúde público de boa qualidade, racismo histórico, maior população carcerária do mundo, desemprego, crise financeira internacional, além de ser alvo de inimigos em quase todo o planeta. Pra quê? O cidadão de 58 anos, que até então se mostrava um coxinha gentil e educado, transformou-se no Mr. Hyde, de o Médico e o Monstro.

Testemunhei uma saraivada de insultos e impropérios que deixariam um biltre espantado ou a infâmia com vontade de pedir socorro. Impressionante a boca suja do sujeito. O coxinha bramia; e sua língua parecia um chicote para açoitar escravos. Incrível. O cidadão atacado pela verve absurda e injuriosa do indivíduo que, em um passe de mágica, tornou-se seu inimigo, primeiro ficou com os olhos arregalados, seus lábios ficaram brancos-acinzentados, depois suas faces ficaram vermelhas, para logo esboçar alguma reação...

A discussão ficou feia, mas o sujeito classe média arrogante e desaforado gritava mais alto e conhecia um conjunto de palavrões e insultos mil, que deixou todo mundo atônito e com vontade de ir embora. O homem rugia: “Não fale mal da América”! “Eu morei lá, porra”! “Eu amo a América”! “Eles são os xerifes do mundo”! “O Brasil é uma merda; uma verdadeira bosta”! “Odeio este País”! “Eu quero mais é que o Brasil e esse povinho mulambo, de merda, se foda”! “Não fale mal da América, seu merda”! “Bata na boca pra falar dos americanos”! E por aí vai, porque os palavrões e demais ultrajes não valem à pena relatar.

O mister Hyde brasileiro e carioca revelou seu lado demoníaco e... coxinha. Com ele, o doutor Jekyll não tem a mínima chance de recuperar seu corpo, pois sua alma já pertence ao monstro. Quero dizer que o Brasil vive tempos difíceis, no que concerne à convivência entre os diferentes e à tolerância quando os antagonismos são expressados e considerados como se as pessoas estivessem em uma guerra, quando, na verdade, são apenas posições quanto ao que certo cidadão acredita, pelo menos naquele momento, porque os seres viventes mudam de opinião quando, não, passam para o outro lado da cerca.

Foi o que aconteceu com o dono do bar onde ocorreu a contenda. O comerciante falava mal à beça do PT, e, por fim, votou em Dilma Rousseff, porque a filha dele foi beneficiada pelo programa Ciência sem Fronteiras. C’est la vie, como dizem os franceses. Depois desse bate boca passei a compreender melhor os meus detratores, que enviam desaforos e esculhambações por intermédio de mensagens ao meu blog, o “Palavra Livre”, bem como aos sites “Blog da Dilma” e “Brasil 247”, dentre muitos outros veículos da internet onde meus artigos são publicados e repercutidos.

O Brasil vive um momento psicológico, cívico e político singular. Porém, o Governo Trabalhista de Dilma de Rousseff, as instituições republicanas, a grande parte do povo brasileiro que preza as liberdades civis têm de ficar atenta às tentativas de golpes, ainda mais quando tais crimes se voltam contra a democracia, conquistada com muita luta, suor e sangue, no decorrer de 21 anos. Os grupos radicais de direita estão a brincar com fogo, porque as condições políticas de hoje não são as mesmas que se apresentavam em 1964. Vivemos em outro Brasil, e este fato é inquestionável.

Inúmeras pessoas, a exemplo do cidadão de classe média e com 58 anos, que ofendeu seu semelhante, porque ele apenas teceu comentários sobre os Estados Unidos estão “possuídas” por um despertar de emoções incontidas e omitidas durante muito tempo de suas vidas. De repente, elas explodiram, porque esses indivíduos não aceitam a ascensão social de brasileiros pobres, somadas às crenças ideológicas e opções partidárias, que se transformaram em amarras de suas existências, ao tempo que pontas de lanças de suas verborragias agressivas, esnobes e preconceituosas.  

São valores e princípios enraizados em gerações, e que, em certo momento, vieram à tona de forma incontrolável, ao ponto de a intolerância e o preconceito se tornarem os combustíveis dos que não se conformam com a democracia e o estado de direito, que estão a viabilizar a igualdade de oportunidades para que todos os brasileiros possam ter uma vida de melhor qualidade.


No fundo das almas dos senhores classes médias tão gentis e por isso bons anfitriões moram os monstros Hydes, pois, do contrário, não diriam tantas barbaridades e não mostrariam seus preconceitos e intolerâncias de conotações dantescas, quase pornográficas, nas televisões e redes sociais, nas ruas e praças públicas. O Governo Trabalhista tem de ficar atento para enfrentar golpes, fazer o plebiscito da reforma política, além de efetivar o marco regulatório para as mídias. O tempo urge. É isso aí.      

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Lava Jato: conspiração e política rasteira

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


Então é assim que a banda toca entre policiais, juiz e políticos no Paraná, quando se trata da Operação Lava Jato: o juiz federal, Sérgio Moro, vaza os depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a duas semanas das eleições presidenciais e se torna o eleitor tucano mais influente do Brasil naquele momento, pois não é compreensível e muito menos prudente e aceitável que um funcionário público, com responsabilidades republicanas tente influenciar em uma eleição, de forma que o peso da balança penda para o lado do PSDB. E foi o que aconteceu, sem sombra de dúvida.

Além disso, juntamente com o juiz, servidores públicos da Polícia Federal do Paraná, que ocupam cargos-chave na instituição se deram ao direito de fazer campanha política em prol do candidato derrotado do PSDB, Aécio Neves, da forma mais desrespeitosa possível, sem discernimento das realidades do País e de seu povo, a surpreender a alienação política desses policiais, bem como a virulência e o deboche de suas publicações, que não condizem com tais empregados do público, que deveriam, no mínimo, resguardar suas posições e cargos, além de guardar suas opiniões, que não interessam à sociedade brasileira, para a hora das urnas ou em momentos privados de suas vidas.

O delegado Igor Romário de Paula, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado; a delegada Erika Malik, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos; o delegado Márcio Anselmo, que coordenou a operação que prendeu o doleiro Youssef, além de mais três, que “trabalham” no mesmo “ramo”, bem como o delegado Maurício Grillo, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Organizados. Todos são subordinados ao superintende da PF do Paraná, delegado Rosalvo Franco.

Como todo mundo sabe, até os recém-nascidos, o Estado do Paraná é uma unidade da Federação politicamente conservadora, onde há muitos anos o senador Álvaro Dias e o governador Beto Richa tem vencido eleições. Os dois políticos são partes importantes do PSDB e fazem uma oposição cerrada e sistemática aos governos trabalhistas, que em outubro derrotaram pela quarta vez os tucanos em eleições presidenciais.

Álvaro Dias, o senador, transformou-se em porta-voz e replicador da imprensa de mercado, sendo que após as reportagens de fim de semana veiculadas pela Veja, Época, IstoÉ, Jornal Nacional e Fantástico, da Rede Globo, tal político de direita passa, no decorrer da semana, a repercutir as matérias dos jornalões, a exemplo de O Globo, Estadão, Folha, Correio Braziliense e Zero Hora, dentre outros menos abrangentes em termos nacionais.

A Superintendência da PF do Paraná e o juiz federal, Sérgio Moro, dão a impressão que estão ligados, umbilicalmente, ao PSDB paranaense e resolveram dar uma “mãozinha” à candidatura de Aécio Neves. E por que a crítica a essa ação? Porque não é plausível e sensato “virilizar” na internet e nas mídias comerciais e privadas depoimentos em segredo de justiça conseguidos por intermédio da delação premiada, que, evidentemente, trata-se de acordos entre criminosos e a Justiça, de forma que a pessoa que delatou vai receber do Judiciário benefícios para serem diminuídas suas penas.

A ruptura do segredo de justiça e da delação premiada são fatos ilegais e se tornam ainda mais visíveis quando esse processo daninho aos interesses do Brasil é efetivado em plena campanha eleitoral, a mais acirrada da história republicana deste País, em tempos de democracia, pois prejudicou a candidatura da petista Dilma Rousseff, que, além de ter de enfrentar o PSDB e a imprensa de negócios privados, ainda se tornou alvo de servidores públicos pagos pelo contribuinte. Policiais e juiz que usaram seus cargos influentes para atacar o líder petista, Luiz Inácio Lula da Silva, bem como tentaram desmoralizar e desqualificar a presidenta do Brasil.

E como esse processo draconiano foi realizado? Respondo: Por intermédio de facebook “privado” chamado de “grupo fechado”, como tantos outros que existem nessa rede social, cujos integrantes são delegados e agentes da PF do Paraná e também de outros estados, além de, evidentemente, como já foi dito, por meio do vazamento dos depoimentos de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa concedidos ao juiz Sérgio Moro, autoridade responsável pela Operação Lava Jato.

Sempre afirmei que o Ministério da Justiça deveria ser a instituição republicana mais importante da Nação — do País. Mais importante do que o Ministério da Fazenda, e abaixo da Presidência da República. O ministro da Justiça, juntamente com o da Casa Civil, deveria ser o responsável por fazer a interface política e pragmática do Governo Federal com o Congresso, com a sociedade e com todos os poderes constituídos, governamentais ou não, sejam quais forem os governantes, seus partidos e ideologias.      

Acontece que a democracia brasileira está a confundir liberdade com libertinagem, e foi o que aconteceu nos episódios relativos ao juiz Sérgio Moro e os delegados da Polícia Federal do Paraná, que se partidarizam e passaram a fazer política em favor do candidato Aécio Neves, como bem retrata o facebook “fechado” desses policiais, que se aventuraram além de suas influências e poderes, bem como trataram com escárnio o processo político e democrático brasileiro, porque, nas condições de servidores públicos, atacaram a presidenta da República, Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e desqualificaram o ex-presidente Lula através da desconstrução de sua imagem.

Logo os dois presidentes que mais realizaram operações da Polícia Federal, os que mais combateram a corrupção, os que mais afastaram e demitiram servidores corruptos, os que mais prenderam malfeitores nos setores públicos e privados, os que mais realizaram concursos públicos para a PF, os que mais instrumentalizaram e deram estrutura para que os policiais pudessem agir para realizar seus trabalhos e os que aumentaram o efetivo e melhoraram os salários desses servidores tão importantes para a segurança do Brasil, conforme os índices, os números e os dados do Ministério da Justiça e da própria PF. Quem duvida, que vá pesquisar nos sites dessas instituições.

As críticas deste articulista aos policiais e ao juiz federal não são referentes ao trabalho deles no que diz respeito à investigação, repressão e prisão de criminosos. Critico, sobretudo, a utilização das ações dos policiais e do juiz no que tange a politizar e partidarizar o combate ao crime para favorecer, sim, a candidatura tucana de Aécio Neves, com o conhecimento de políticos influentes do Paraná, que, por coincidência, são do PSDB.

Os ataques de policias com postos de mando, em facebook “fechado”, cujos participantes são homens e mulheres que têm acesso a documentos, provas materiais e depoimentos do caso Lava Jato é um acinte, um deboche à sociedade brasileira, bem como se trata de uma ilegalidade que remonta aos tempos da ditadura, quando agentes do Estado faziam o que bem entendiam, pois agiam fora da lei, como tivessem o direito de delinquir porque passou em um concurso público ou porque conseguiu ascender a cargo de poder dentro de suas instituições.


O que aconteceu é o fim da picada. O ministro da Justiça, José Cardozo Alves, tem de tomar uma atitude republicana, afastar esses policiais federais da Lava Jato e nomear outros para seus lugares, bem como o juiz Sérgio Moro deveria, no mínimo, ser questionado e investigado pela Corregedoria da Justiça Federal. Servidor público, ainda mais quando se trata de graduado, não pode fazer proselitismo político enquanto trata de questões sérias, a exemplo da Lava Jato, em plena campanha eleitoral. Realmente, tais servidores deveriam passar por um processo de ajuizamento e, quiçá, de discernimento, além de responderem, obviamente, pelos seus (maus) atos. A Lava Jato não pode se transformar em conspiração e política rasteira. É isso aí.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Se vier o golpe, Lula e Dilma tem de ir às ruas e submeter a oposição aos ditames da Lei

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre


“Eles {demotucanos e imprensa} não sabiam da força que eu tinha na rua. Eu reuni o governo aqui e eu disse: "Olhe, vocês fiquem aqui porque essa gente vai me enfrentar é na rua". (Presidente Lula aos ministros, em 2005, antes de ir às ruas para evitar um golpe contra seu governo)

Alguns blogueiros, colunistas e articulistas considerados progressistas tem demonstrado muita preocupação com a direita partidária encabeçada pelo PSDB e com o sistema privado midiático controlado por meia dúzia de famílias, que não aceitaram até agora os resultados legítimos das eleições de 2014, que reconduziram, por intermédio do voto popular, a presidenta trabalhista, Dilma Rousseff, à cadeira da Presidência da República.

A preocupação faz sentido e não é à toa. Os jornalistas da blogosfera de esquerda conhecem a história do Brasil, seus antagonismos políticos, bem como seus contrastes regionais. Sobretudo tais profissionais reconhecem a força da direita e sua capacidade de mobilização de caráter golpista, a exemplo das tentativas e consolidações de golpes de estado nos anos de 1932, 1938, 1945, 1954, 1964 e, evidentemente, 2005, que a imprensa burguesa e de histórico golpista tratou logo de abafar o caso e deixá-lo para o esquecimento do tempo.

Contudo, há uma solução para estancar e combater tais crimes de ordens constitucionais e institucionais, geralmente protagonizados por setores das elites brasileiras de passados escravocratas e inconformados por não mais controlar os cofres do Governo Federal, cujas chaves das portas do Banco do Brasil, do BNDES, da Caixa, do Banco Central e do Ministério da Fazenda estão a ser controladas por políticos trabalhistas há 12 anos, sendo que o PT e seus aliados vão ficar mais quatro anos, a perfazer 16 anos no poder.

O antídoto contra golpes criminosos de estado se chama povo. Dilma e Lula se, porventura, considerarem que o mandato legal da presidenta está a correr perigo, a solução é ir às ruas, mobilizar o povo brasileiro, além da sociedade organizada em sindicatos de trabalhadores, entidades estudantis, associações de classes, como a OAB, a Fenaj e a ABI, bem como conquistar o apoio dos partidos de esquerda, de centro-esquerda e até mesmo os de centro, que se submetem aos ditames da democracia e da Constituição de 1988.

Quando magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas e seus empregados de confiança, transformados em pitbulls desses oligopólios, teimam em não aceitar os resultados das eleições livres e legais ocorridas há menos de 15 dias, o melhor que o Governo Trabalhista tem de fazer é colocar as barbas de molho e ficar com um olho no gato e o outro no peixe do aquário.

A palavra impeachment está a ser propositalmente vulgarizada pelos áulicos da mídia de negócios privados. De tal forma que sistematizar tal palavra cantada na imprensa de mercado vai fazer com que parte da população brasileira tradicionalmente influenciada por segmento de alma golpista passe a considerar “normal” derrubar um governo constitucionalmente legal e depositário de 54,5 milhões de votos, conforme decisão independente das urnas.

Todavia, nunca se deve remediar ou tergiversar com a poderosa direita brasileira hoje capitaneada pelo sistema midiático privado, cujos donos são, sem dúvida alguma, os empresários de pensamento político, social e econômico mais atrasado do empresariado brasileiro, a superar, inclusive, setores conservadores que realizam suas atividades no mundo rural, exemplificadas no agronegócio.

Trata-se de um processo perigoso, porque o Brasil e a América Latina foram alvos de golpes belicamente violentos e sangrentos, no decorrer de 130 anos, geralmente perpetrados pela direita, apoiados e financiados pelos Estados Unidos, a terem suas embaixadas transformadas em bases da CIA.

Lamentável, pois, que mal terminaram as eleições presidenciais e a imprensa corporativa continua à espreita, como se fosse um felino à espera de dar um bote na presa. Não cabe mais no Brasil, um País que está a consolidar a democracia e o estado de direito, a efetivação de um processo draconiano, vampiresco, que são as tentativas de conspirações contra o Estado e o Governo.

A verdade é que existe uma fábrica de ilações constantes que visam a criminalização do Partido dos Trabalhadores e do Governo Trabalhista, além de se criar, diuturnamente, escândalos, denúncias e fofocas maledicentes que tem por finalidade demonizar a Presidência da República, porque o que está em jogo para a direita é a instabilidade institucional, e, consequentemente, a desmoralização do Governo.

E como conseguir esses intentos? Por intermédio da demonização de figuras importantes do Governo e de outros setores e poderes do Estado nacional. O alvo agora é a operação Lava-jato, que poderá implicar no envolvimento de figuras de proa, tanto do Governo quanto da oposição, que já sentiu calafrios na campanha de Aécio Neves à Presidência quando disseminaram a notícia de que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, consta na lista da Lava-jato, como um dos beneficiados pela Petrobras.

Por causa de fatos como esses que a direita ainda não se lançou totalmente aos ataques, como o fizera a partir de 2005, por meio do “mensalão” do PT, cujo objetivo era sangrar o presidente Lula até ele ficar inelegível ou ser derrubado por um golpe ao estilo do Paraguai ou de Honduras, quando presidentes de esquerda foram derrubados por intermédio de chicanas judiciais ilegais de fundo golpistas, com o apoio dos Estados Unidos. Nada que surpreenda a humanidade, afinal se trata de uma potência belicamente invasora e financiadora de golpes e guerras.

A verdade é que até hoje o “mensalão” do PT não foi comprovado, bem como não foi ainda julgado o mensalão do PSDB, que neste ano completou dez anos de impunidade, com a cumplicidade de setores politizados à direita do MP e do Judiciário. Um absurdo.

Observemos também que a constante veiculação nas mídias da palavra impeachment é uma forma de preparar os setores mais reacionários da sociedade brasileira para ir às ruas, como já o fizeram agora há pouco quando pediram o impeachment de uma presidenta recém-eleita, que respeitou o jogo democrático e eleitoral.
Não só pediram o impedimento da mandatária trabalhista, bem como histericamente reivindicaram uma intervenção militar, que, segundo os radicais direitistas, não é um pedido de golpe de estado, mas, sim, um “direito” que consta na Constituição. Chamar essa conduta de cínica e infame é pouco para tanta iniquidade e falta de discernimento e compromisso com o País.

Por isso, afirmo: não se brinca com a direita, ainda mais a brasileira, proprietária de escravos por quase 400 anos, e que, em pleno ano de 2014 do século XXI, ainda é flagrada a cometer crimes de trabalho escravo, como confirmam as fiscalizações e os índices do Ministério do Trabalho, bem como algumas notícias nos próprios jornais defensores das “elites”. Covardia maior não há. Pode ter igual, mas não maior.

Lula estava completamente com razão quando deixou o Palácio do Planalto e foi às praças e às ruas falar ao povo e, com efeito, demarcar terreno e limites para a direita golpista, que tem a imprensa burguesa como sua ponta de lança, como ocorreu nos idos de 1964. Dilma e Lula não tem mais o direito de vacilar ou tergiversar quanto à efetivação do marco regulatório para os meios de comunicação — a Lei dos Meios.

O líder de massas e a mandatária brasileira sabem com quem estão a tratar. Não se brinca com escorpiões e tigres selvagens. A história comprova o que eu estou a falar e a lembrar. O marco regulatório, a Lei dos Meios protegerão a sociedade brasileira, as instituições republicanas e até mesmo os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas, que deixarão um pouco de conspirar e tratar de ganhar mais dinheiro. Por seu turno, se houver tentativa de golpe, Lula e Dilma tem de ir às ruas e submeter a oposição aos ditames da Lei. Igual a 2005. É isso aí.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Democratização das mídias, plebiscito da reforma política e comunicação do Estado

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


Vamos direto ao ponto: se a presidenta Dilma Rousseff, o Partido dos Trabalhadores e o Governo Trabalhista não efetivarem o marco regulatório para os meios de comunicação — um dos poucos setores importantes da economia não regulado —, vai continuar a comer um dobrado, porque as tentativas sistemáticas de golpes institucionais e políticos vão ser a tônica, como tem acontecido no Brasil, principalmente a partir do segundo ano de Governo Dilma.

O PT e o Governo Popular que acabam de vencer uma das eleições mais difíceis da história da República tem a obrigação de compreender que a direita partidária, a burguesia brasileira em geral, por intermédio de seu braço midiático ideologicamente conservador e golpista jamais vão amenizar seus discursos agressivos e rancorosos, de conteúdos preconceituosos, vingativos e fascistóides, a exemplo das palavras do candidato derrotado, Aécio Neves, no plenário do Senado. Apesar de o tucano tergiversar, ficou claro que se tem alguma coisa que a oposição de direita não quer e nunca vai querer é ter qualquer diálogo com o Palácio do Planalto.

Não deve o Governo esquecer também dos senhores tucanos, o senador Aloysio Nunes Ferreira e o deputado federal, José Aníbal, que se mostraram contrários ao diálogo com o Governo, bem como apoiaram os movimentos de conotações golpistas de sábado passado, que contestaram os resultados das eleições presidenciais, além de considerarem pertinente a decisão de o PSDB pedir a recontagem dos votos junto ao TSE. A intenção foi prontamente rechaçada pelo tribunal, que se mostrou indignado com a paranoia conspiratória dos tucanos, sendo que alguns desses políticos emplumados falaram até sobre um possível impeachment de Dilma. Absurdo, pois total desfaçatez.

O pedido insensato de recontagem de votos de uma eleição limpa e livre de ocorrências graves, como a de 2014, foi feito por meio de ação do deputado Carlos Sampaio, tucano de Campinas conhecidíssimo por suas diatribes políticas e ações e atos ridículos, como, por exemplo, ter questionado, em 2013, na Procuradoria Geral da República (PGR), as roupas vermelhas usadas pela presidenta Dilma Rousseff. Surreal. Porém, acredite: o episódio mequetrefe e digno de uma comédia pastelão aconteceu.

O PSDB ataca, bate, acusa, denuncia e realiza ações antidemocráticas, porque judicializa a política e criminaliza seus adversários — o PT e seus aliados, além de apoiar e ser apoiado por setores reacionários, que odeiam a democracia e, com efeito, detestam a ascensão social dos pobres e de tudo aquilo que pode libertar o Brasil das amarras do subdesenvolvimento, da dependência e do jugo dos países considerados desenvolvidos e com históricos colonialistas.

Dissimulados e matreiros, os tucanos preferiram chamar a recontagem, que foi negada pelo TSE, de “auditoria especial”, o que é a mesma coisa, pois se trata apenas de uma ilação metafórica e que tem, na verdade, o propósito de colocar o Governo Trabalhista contra a parede, sem dar trégua, mesmo após a decisão do povo brasileiro de reconduzir a candidata Dilma Rousseff ao cargo de presidenta da República.

O resto é história de assombro publicada e veiculada pelos oligopólios e monopólios do setor midiático, que lutam principalmente para manter seus privilégios e seus poderes e influências intactos, mesmo a fazer, de forma sistemática e perene, uma oposição política que ultrapassa os limites do bom senso, da legalidade e da razoabilidade, pois que rasga muitos preceitos do estado de direito, pois é evidente que esses oligopólios familiares interferem, inegavelmente, no processo político brasileiro, às vezes até de forma criminosa.

Crimes investigados como os ocorridos nos casos de Época e Veja, em parceria com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador cassado, Demóstenes Torres, somente para citar apenas um caso, porque existem muitos outros, que nunca foram investigados para valer e seus autores punidos. O bicheiro e o ex-senador estão soltos, enquanto José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, por exemplo, foram para a prisão em que juízes se basearam no “domínio do fato”, sendo que suas respectivas culpas não foram até hoje comprovadas. Uma lástima a Justiça deste País, que necessita urgentemente ser reformada por intermédio de um plebiscito.

A Justiça, o sistema político e os meios de comunicação precisam de uma mini constituinte, cujo oxigênio é o plebiscito, com seus coordenadores legais a falar e explicar, por intermédio de inserções na televisão, sobre o que se trata, bem como o que vai melhorar para a sociedade, no que diz respeito ao País ter uma legislação partidária, política e eleitoral mais moderna e fiscalizadora, livre de interferências e financiamentos da iniciativa privada, onde atua e age a grande maioria dos corruptores.

No Brasil, fala-se muito dos corruptos e pouco dos corruptores. Por motivos óbvios, é claro. É como se fosse assim: aos empresários tudo! Até o direito de corromper livremente. E, de fato, é o que acontece, mas com o plebiscito da reforma política as coisas nesse setor vão melhorar para o povo brasileiro. Só que tem uma coisa: por causa desses motivos elencados é que a reação, por meio dos canais privados e concessionários de televisão, realiza uma propaganda caluniosa, injuriosa e mentirosa contra o marco regulatório para os meios de comunicação.

Esse processo insidioso e difamatório propagado pelas mídias privadas controladas por meia dúzia de famílias bilionárias tem de ser plenamente combatido pelo Governo Trabalhista e Popular de Dilma Rousseff. Os meios para isso são exatamente as mídias conservadoras de históricos golpistas. O Governo tem dar publicidade, realizar inserções sobre o plebiscito da reforma política e também explicar à população brasileira que o marco regulatório é tão importante quanto às reformas política e judiciária. Do contrário, fica tudo com dantes no quartel de Abrantes.

Além disso, o Brasil precisa de mais do fortalecimento, da modernização e da ampliação do sistema midiático do Estado. Os meios de comunicação estatais, através de  televisões, rádios, internet e publicações, tem de chegar aos lares do povo brasileiro, como acontece na Inglaterra, na França, na Espanha, na Suécia e em Portugal, somente para dar cinco exemplos, porque existem muito mais.

Os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas, seus empregados, a burguesia em geral e os coxinhas de classe média consumidores de seus produtos mequetrefes e rastaqueras adoram esses países, os consideram exemplos de administração e referências de sociedades civilizadas. Inclusive “aceitam” que tais países possuem meios de comunicações estatais fortes e abrangentes.

Por que, então, essa gente repetidora das papagaiadas da imprensa de negócios privados fica a falar bobagens maledicentes e matreiras quando se trata do Brasil? Disseminadores de um papo que não cola mais e que teima em evidenciar termos ridículos e propositalmente sórdidos e levianos como “bolivariano”, “venezuelização”, “cubanização” e outras idiotices sem fundamento, porque não retratam a realidade dos fatos e dos acontecimentos de um Brasil independente e que luta para emancipar seu povo, bem como protegido pelo estado democrático de direito.

Contudo, respondo por que tais grupos reagem à democratização total da sociedade brasileira. Primeiro, porque detestam a democracia, pois uma sociedade democrática abre as portas da educação, da saúde, da mobilidade social (ir e vir), do emprego, do consumo e do acesso a bens duráveis, como carros, eletroeletrônicos, casa própria, além de prazeres até então destinados àqueles que pensam até hoje que Deus os abençoou com um mundo VIP, cheios de privilégios e prazeres, como irem ao cinema, teatro, restaurantes, shoppings, aeroportos, dentre muitas outras coisas.

Ressalto ainda que uma das características dos abastados (burgueses e pequenos burgueses) é a territorialidade. Fator de imensa importância para as classes dominantes, que detestam verificar e perceber que os pobres se deslocam para seus bairros não apenas na condição de empregados de certa “elite”. Nos últimos tempos, a burguesia está a dividir suas praias ou lugares de lazeres, entretenimentos, e, evidentemente, também os educacionais, a exemplo das universidades públicas, que hoje tem suas cadeiras ocupadas por negros e pobres, independente de suas naturalidades e origens sociais e regionais.

É muito duro para essa gente egoísta, preconceituosa e muitas vezes violenta dividir o mundo, o planeta, apesar de que depois de morta nem o buraco para ser enterrada escolhe. O Governo Dilma Rousseff não tem mais o direito de empurrar com a barriga, protelar ou fazer ouvidos moucos sobre a efetivação da Ley dos Médios ou do marco regulatório para os meios de comunicação, tão necessários ao povo brasileiro e à segurança institucional do Brasil.


Não dá mais para se fingir de cego, mudo e surdo. Não tem mais cabimento para o Brasil, a sétima maior economia do mundo e onde viceja uma democracia consolidada ser ainda vítima de golpes e trapaças praticados por uma “elite” carcomida pelo tempo, saudosa de ditaduras, nostálgica dos tempos coloniais e corrompida por sua própria iniquidade. A democratização dos meios de comunicação, juntamente com o plebiscito da reforma política, são as ordens do dia. O resto é perfumaria. É isso aí.