segunda-feira, 24 de março de 2014

Linchamento de Dirceu, jornalismo de esgoto da Veja e Marcha da Família

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre


O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é linchado moralmente há mais de oito anos, de forma ininterrupta e sistemática, por jornais, revistas, televisões, rádios e redes sociais, além de ser atacado por políticos de partidos conservadores. Estes ajudam a fomentar a campanha insidiosa e sórdida contra Dirceu, cidadão que está preso, a cumprir pena, mas mesmo assim continua a ser perseguido, a enfrentar tão dura realidade por ainda ser alvo das psicopatias da imprensa empresarial e de setores reacionários da sociedade.

José Dirceu já é um homem idoso; e, mesmo com a idade a chegar ao seu outono, continua a lutar para defender sua honra, seu passado de enfrentamento à ditadura militar e preservar os valores e princípios que lhes nortearam em sua trajetória política repleta de vitórias e derrotas, mas sempre sombreada pelo desassossego. A lida diária dos embates partidários e ideológicos, a sobressaltarem sua vida política e pessoal, o que lhes ocasionaram inimigos poderosos e perversos, que hoje se regozijam com sua prisão.

Essas pessoas, grupos políticos e empresariais ainda se jubilam, inadvertidamente, com a prisão de um dos principais ideólogos e estrategistas do Partido dos Trabalhadores. Eles não perceberam, ou fingem não entender, que o encarceramento político e injusto de um dos principais líderes que a esquerda já produziu vai ter desdobramentos políticos, que dão uma nova face a José Dirceu, a de ser um perseguido político, juntamente com José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, em um Brasil democrático de direito, mas que faz vista grossa para tal ignomínia, que é a sua prisão e a conseqüente perseguição ao político injustamente encarcerado.

É absurdo e total covardia o que os magnatas bilionários donos dos monopólios de comunicação privados e seus empregados feitores e porta-vozes de seus interesses fazem com um homem que está preso e que não consegue sair da prisão para ter o direito, constitucional e regimental, que é o de trabalhar. A imprensa de direita elabora matérias de conotações alarmistas e falsamente denuncistas, cujo propósito é forjar notícias para que juízes possam ter motivos para sobrepor às leis e, por conseguinte, protelar o direito de trabalhar do ex-ministro da Casa Civil. É o que está a acontecer.

Juízes exemplificados nos nomes de Joaquim Barbosa, presidente do STF, e de seu cúmplice de ações discricionárias, ou seja, de acordo com suas conveniências (políticas), o juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. Ribeiro é filho de dirigente importante do PSDB de Brasília, e se comporta, na verdade, como um carcereiro de luxo, que mantém preso um homem que foi condenado ao regime semiaberto, conforme reza a decisão autônoma e soberana do Plenário do STF e que até hoje não foi respeitada por tais juízes.

O juiz Joaquim Barbosa, uma pessoa de passado histórico e político irrelevantes, como o será também insignificante, sem sombra de dúvida, o legado jurídico do magistrado, que rasgou a Constituição, o Código Penal e mandou às favas os autos do processo do “mensalão”, a começar pela utilização da teoria do domínio do fato e pelo arquivamento do Inquérito 2474, desdobramento do Inquérito 2245, que se tornou a Ação Penal 470.

A AP foi utilizada de maneira intermitente pela direita brasileira com o claro objetivo evidentemente político e eleitoral, porque sabedora de não ter projeto de País e programa de governo para apresentar ao povo brasileiro, a restar apenas à direita o combate no plano das acusações infundadas, das denúncias vazias e das maledicências exemplificadas nas fofocas de jornais, revistas e televisões.

Esse processo draconiano, obviamente, gerou e ainda gera desdobramentos políticos aproveitados oportunisticamente pelos partidos políticos conservadores e por alguns promotores e juízes que se mostraram politicamente aversos ao PT, aos governantes trabalhistas e à hegemonia política de um partido que tem a aprovação da maioria da população brasileira. É como se a oposição dissesse: “A gente perde nas urnas, mas tentamos virar o jogo democrático no tapetão do Judiciário. Que se dane a vontade do povo!”

Aliás, essa mídia golpista e de alma venal e mercadológica, que não aceita o resultado das urnas, apoia também as manifestações ou marchas “apolíticas” e “apartidárias”, que pedem, dentre outras reivindicações de conotação criminosa, na maior cara de pau e insensatez, a “intervenção” militar. Intervenção é a palavra escolhida pelos filhotes de Mussolini para dissimular ou escamotear a palavra golpe. Porque a verdade é que a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade é essencialmente golpista e, portanto, fora da lei. Realmente é o fim da picada.

É como se, de repente, saíssem de suas tumbas fantasmagóricas pessoas até então que se envergonhavam da condição de fascistas e golpistas. Contudo, ao perceberem que o PT pode vencer a quarta eleição, perderam a vergonha na cara e saíram às ruas, a rememorar uma ditadura que durou 21 anos, e, no decorrer desse tempo, perseguiu, censurou, exilou, prendeu, torturou e matou.

Mesmo a saberem das diatribes da ditadura, esses “cidadãos”, que remontam a um passado dantesco, ainda têm a capacidade de chamar os governos do PT de ditaduras bolivarianas ou do proletariado, quando a verdade é que os governantes trabalhistas fomentaram o consumo e levaram o capitalismo brasileiro a patamares mais elevados, como nunca se tinha visto antes neste País. A burrice dessa gente envergonha até o Pateta de Walt Disney!   Simples assim, para quem não tem discernimento e por isto não se importa com o que aconteceu com o Brasil e também com a América do Sul nos tempos de ditaduras e Guerra Fria.

Não sei se é alienação política ou má-fé mesmo, mas compreendo que essas pessoas marchadoras mais pareciam com loucas varridas saídas diretamente de um hospício, do que propriamente indivíduos de extrema direita. Indivíduos que consideram “muito natural” quebrar a estabilidade democrática, violar o estado de direito e pleitear, sem quaisquer noções do que é legal e moral, um golpe de estado, na maior sordidez e falta do que fazer. Ainda mais no Brasil. Surreal, para dizer o mínimo!

O “mensalão”, o do PT, evidentemente, é o Mentirão, conforme afirmou a jornalista Hildegard Angel. Trata-se da maior farsa midiática, jurídica e política de todos os tempos. Quanto ao Mensalão do PSDB, a peça foi desmembrada, alguns políticos tucanos envolvidos se livraram de responder às acusações, por causa da idade avançada, bem como outros personagens vão se livrar de seus processos porque, acredita-se, que o Mensalão do PSDB vai prescrever. Certamente, tal imbróglio político vai ser resolvido em instâncias inferiores e sem a evidência e a propaganda da mídia imperialista e de direita.

Voltemos a José Dirceu. O político socialista, como todo mundo sabe, contrariou interesses de políticos aliados da base do governo, dos magnatas bilionários da imprensa e de diversos segmentos empresariais. Dirceu, juntamente com o ex-presidente Lula e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, é um dos principais ideólogos e estrategistas do PT e, evidentemente, da esquerda brasileira.

Seu dinamismo político e coragem para dizer “não” a pessoas e grupos empresariais acostumados a ser atendidos pelo poder o levou ao cadafalso, à guilhotina política, bem como à perseguição por parte daqueles que farejaram a oportunidade de derrubá-lo quando perceberam a gritaria histérica e imprudente do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que teve um de “seus” homens pego com a mão na botija ao receber propina nos Correios e Telégrafos.

Jefferson, metido a valentão e de personalidade cabotina, achou que era uma arapuca armada pelo PT e pensou em José Dirceu. Depois verificou que a armadilha foi montada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, que também atuava como pauteiro e editor da Veja, a Revista Porcaria, de extrema direita e que elabora o verdadeiro e genuíno jornalismo de esgoto. Contudo, era tarde para o político que começou sua vida pública no programa o Povo na TV, do SBT, em 1982.

A mídia alienígena de caráter golpista percebeu a grande oportunidade política para flagelar o PT e algumas de suas principais lideranças. Para concretizar suas ambições, resolveu, sem dar tréguas, no decorrer de quase uma década, manter José Dirceu, além de outros petistas, no olho do furacão, ou seja, nas manchetes da imprensa burguesa, que jamais aceitou o PT no poder e, por sua vez, controlar a administração federal, por intermédio do voto popular e da aceitação do jogo democrático.

A prisão de José Dirceu é injusta, uma farsa jurídica inominável e que tem o propósito de combater o PT no que diz respeito às eleições e ao controle do estado brasileiro. As “elites” escravizaram pessoas durante quase 400 anos e nunca fizeram nada em prol da independência do Brasil e da emancipação do povo brasileiro.

A permanência de José Dirceu na cadeia é um acinte e atentado contra as garantias constitucionais. Por seu turno, sua prisão é uma afronta à sociedade brasileira, que pode ficar à mercê de juízes de instâncias inferiores, a exemplo do juiz do Distrito Federal, que, mancomunado com o condestável Joaquim Barbosa, protela por meio de subterfúgios jurídicos, que se baseiam em notícias de uma imprensa manipuladora, quando, não, mentirosa, o direito retirado de Dirceu ao regime semiaberto, para que ele possa, enfim, trabalhar.

Dou como exemplo desses absurdos o caso da “matéria” da Veja, a Revista Porcaria, que conseguiu fotos de Dirceu tiradas dentro do presídio, o que, indubitavelmente, é um crime, que deveria ser duramente investigado pelos promotores, policiais e observado, de forma atenta, pelos juízes. Entretanto, está todo mundo em silêncio, fato este que incomoda demais àqueles que ainda não perderam a humanidade, o discernimento sobre os fatos e os acontecimentos e que prezam o estado de direito e a democracia brasileira.

A Veja, como outros órgãos de imprensa privados e de caráter imperialista, é reincidente em tais crimes e ilegalidades. Tal pasquim de péssima qualidade editorial é recorrente quando se trata de elaborar o verdadeiro jornalismo de esgoto. Há alguns poucos anos, em Brasília, um “repórter” da “Última Flor do Fáscio” invadiu o quarto do hotel onde José Dirceu estava hospedado. O patifezinho foi denunciado pela direção do hotel e até hoje nada foi feito. Está tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Por sua vez, a publicação direitista da família dos Civitas continua o seu ciclo vicioso, pois sempre foi useira e vezeira em plantar matérias em off, além de fazer capas cretinas, com a finalidade de desconstruir, desqualificar e destruir a moral e a imagem das pessoas, porque se tem uma coisa que esse pasquim panfletário sabe fazer é moer reputações, para depois fingir que nada fez. O linchamento de José Dirceu é a maior covardia que eu tive o desprazer de ver após o regime militar. É isso aí.

quarta-feira, 19 de março de 2014

As peripécias de um fascista miolo mole

O que a Folha, a Veja e a Globo não deram sobre os organizadores da "nova" Marcha da Família

Por Miguel do Rosário
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Há cinquenta anos, a Folha de São Paulo assumia-se francamente em favor da derrubada do presidente eleito, João Goulart. Para isso, o jornal, assim como quase todos os grandes meios de comunicação da época, se valiam de uma verdadeira alquimia verbal: os golpistas eram chamados de democratas e o golpe foi chamado de movimento de retorno à democracia.
Foi o maior engodo da história do Brasil. E foi preparado meticulosamente, ao longo de muitos anos, contando com gordo financiamento dos Estados Unidos.
Agora sabemos que a cúpula militar foi subornada. Há relatos de generais recebendo “malas de dólares” pouco antes do golpe.
É curioso que a Folha, que jamais se desculpou pelo apoio ao golpe, agora dê tanto espaço a Bruno Toscano, um dos organizadores da Marcha da Família, a qual defende, entre outras coisas, justamente uma nova “intervenção militar”.
ScreenHunter_3506 Mar. 16 17.54
Entretanto, o problema maior não é dar atenção à Marcha, já que é um evento bizarro o bastante para despertar o interesse público e jornalístico. O problema é não dar ao leitor um mínimo de informação sobre o entrevistado, o senhor Bruno Toscano.
Os internautas nos ajudaram a fazê-lo, embora me pedindo que não divulgue seus nomes, porque, segundo eles, Toscano já os ameaçou de morte várias vezes. Já foi montado inclusive um “Dossier Kipedia” com fotografias sobre o comportamento de Toscano nas redes.
São ameaças de morte à presidente da república e militantes de esquerda de forma geral, incitações ao terrorismo político, homofobia descarada.
Vou reproduzir apenas uma dessas coisas:
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Por que a Folha não pesquisa sobre o personagem antes de jogar tantas luzes sobre ele?
                      Veja o vídeo do alucinado
A reportagem diz ainda que um dos apoiadores da marcha no Rio é Maycon Freitas, “técnico em segurança do trabalho”. A Folha já foi mais profissional. Maycon Freitas trabalha para Globo, como dublê, conforme descobriu este blog. Freitas ganhou notoriedade ano passado, ao aparecer nas Páginas Amarelas da Veja, como a “nova voz que emergiu das ruas”. A matéria compunha uma das tentativas da mídia de manipular as manifestações em favor da direita e contra o governo federal.
maycon-freitas-veja
Um dos nossos amigos da blogosfera fez até um videozinho com a figura. Vale a pena ver de novo:
Tem mais: as mesmas figuras foram identificadas como os agressores de pessoas que participavam do Foro de São Paulo, no ano passado.
A nossa mídia agora se degenerou a tal ponto que vai promover terroristas?
PS do Fernando Brito: Miguel, a Folha poderia aproveitar o ensejo e perguntar sobre o que é a queixa-crime apresentada contra o Bruno Toscano Franco na 1a. Vara Criminal de São Paulo, no processo 00006262820148140401 do Tribunal de Justiça do Pará. 
Ps do Miguel: Tem muito mais coisa, Fernando. A ficha do cara é pesadíssima, mas poupei os leitores, e uns amigos guardaram muitas fotos com suas ameaças. Se precisar a gente publica tudo aqui.

segunda-feira, 17 de março de 2014

AVISO AOS LEITORES

BLOG PALAVRA LIVRE


Prezados leitoras e leitores,

A partir de hoje os comentários enviados ao Blog Palavra Livre vão ser avaliados para depois serem publicados.

O motivo para tal atitude se deve por causa de uma minoria enviar mensagens sem sentido, agressivas, ofensivas e desrespeitosas.

O Palavra Livre em seus três anos de existência sempre franqueou a palavra a todos os leitores, mas ultimamente algumas mensagens enviadas ao blog não refletem a consideração e o respeito necessários para que haja um debate civilizado.

Ataques pessoais, fundamentalmente injustos e que não condizem com a verdade dos fatos e da minha realidade se transformaram em injúria, calúnia e difamação, o que me leva a fazer uma triagem dos comentários antes de publicá-los.

Agradeço-lhes a compreensão,

                                                   Davis Sena Filho

sábado, 15 de março de 2014

Marcha de reacionários prega o golpe e ressuscita a vivandeira de quartel



Por Davis Sena Filho  Blog Palavra Livre

Desde sempre os coxinhas detestam a democracia e a igualdade de direitos e oportunidades.
É sempre assim: a direita tem memória curta. Por conveniência e cinismo, é claro. Raramente vence as eleições presidenciais por intermédio do voto. É histórico. E, no decorrer do tempo, apela para a farsa, a manipulação, a mentira, até conseguir causar uma enorme confusão na sociedade, e, inapelavelmente, partir para a violência, o crime político e a ilegalidade constitucional, na forma de golpe, porque o que interessa ao reacionário é desestabilizar a democracia brasileira, que se alicerça no estado democrático de direito garantido pela Constituição de 1988.

Processo similar de desestabilização política aconteceu antes do golpe civil-militar de 1º de abril de 1964 — o Dia da Mentira ou do Mentiroso. E não é que, após 50 anos, ou seja, um tempo de meio século, os herdeiros e viúvas da ditadura, as vivandeiras de quartéis e os novatos de direita, conhecidos também como coxinhas ou rola-bostas, resolvem marcar para o próximo dia 22 de março, em São Paulo (sempre São Paulo!), a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, acontecida em 1964?

Seria cômica se não fosse trágica e perigosa, porque uma marcha com tal conteúdo tétrico ou sombrio realmente tem de ser denunciada e explicada, primeiramente para Deus, que, certamente, não aprova golpes e o que advém deles, como exílios, torturas e mortes, e depois explicar àquelas pessoas que, porventura, não sabem ou não compreendem como pode acabar uma marcha de conotação política reacionária, conservadora e realizada por grupos que tem profunda rejeição pela democracia e também pela igualdade de oportunidades e de direitos para todos os brasileiros, independente de raça, credo, sexo, ideologia, naturalidade e classe social.

A marcha dos radicais histéricos, dos apopléticos e dos bate-paus de direita, todos aqueles que se sentem bem com as injustiças sociais perpetradas durante séculos por uma das “elites” mais perversas da humanidade e responsável por quase quatro séculos de escravidão. Os "intervencionistas" (metáfora para golpistas) que desejam a volta para o passado de ditadura, que assombra as instituições democráticas e causa repulsa aos brasileiros que acreditam na democracia, forma de governo imperfeita, mas que permite a autodeterminação política dos povos por meio de eleições diretas e do respeito ao jogo democrático.

Contudo, essa gente não tem jeito, recusa-se a aprender, mesmo aqueles que nasceram após o golpe de estado, mas que por índole e instinto possuem uma incrível capacidade para reagir contra tudo aquilo que possa inserir a maioria da sociedade em um processo de bem-estar social. Desrespeitam as instituições republicanas e se insurgem contra os governos populares liderados no passado por Getúlio, Juscelino, Jango e Lula, bem como atualmente fazem uma oposição desleal, de essência golpista, que visa, sobretudo, violar as leis e, por conseguinte, preparar o terreno pré-eleitoral para favorecer os candidatos conservadores, os fundamentalistas de direita e do mercado, que não suportariam ficar mais quatro anos fora do poder federal, pois a direita sabe que, por intermédio do voto, não vai ser autorizada pelo povo para sentar na cadeira da Presidência da República. Ponto!

Os reacionários querem, na verdade, que a roda da história gire para trás. São essencialmente revoltados e ferozes, mesmo os que vivem bem e ganharam muito dinheiro com os governos trabalhistas de Lula e Dilma. São pessoas que têm suas necessidades supridas. São raivosos, exasperados, exaltados e tratam com intolerância os que pensam diferente deles, porque portadores de todo tipo de preconceito, “valores” e “princípios” que aprenderam no decorrer de suas vidas, por meio de grupos sociais dos quais fazem parte, e, evidentemente, através de seus familiares e antepassados.

Por sua vez, todas as pessoas, entidades e governos que eles consideram que possam mexer com seus mundinhos egoístas, tacanhos e, ridiculamente, sectários eles atacam sem dó e piedade. E por quê? Porque o reacionário não quer dividir, democratizar e muito menos permitir que a casta a qual ele pertença ou almeja pertencer possa um dia ter de conviver com as classes sociais que essa gente de caráter demoníaco considera inferior e, consequentemente, sem direito a ter direitos, bem como melhorar um pouco de vida.

O conservador, o coxinha é aquele sujeito que considera normal a injustiça praticada por homens e mulheres com poder econômico e político, que controlam o sistema acadêmico, financeiro e de produção. Por isso, ele acha justo excluir, pois dessa forma, conforme sua cabeça retrógrada e psicótica, vai sempre ter a oportunidade de acumular riquezas e benefícios, sem se importar, de forma alguma, com o preço da dor e da necessidade do restante da sociedade.

Exatamente dessa forma que o reaça funciona. Conheço vários, homens e mulheres, muitos deles pessoalmente educados e até parcimoniosos, mas quando se trata de falar sobre questões políticas e econômicas quando tange à distribuição de renda e aos direitos de cidadania, transformam-se rapidamente, seus olhos saem de suas órbitas, impacientes e intolerantes se tornam, e aquele sujeito de fala mansa e de expressão corporal moderada sai da condição de Dr. Jekyll para a de Mr. Hyde — o Médico e o Monstro. Acontece, incrivelmente, a metamorfose inesperada — imponderada.

Em 1964, grupos retrógrados e reacionários integrantes de partidos, da ala da Igreja Católica conservadora, instituições públicas e privadas, além da classe média tradicional, realizaram a “marcha dos que querem tudo para eles e nada para os outros”. Porque, se pararmos para pensar, a direita se importa mesmo é com o acúmulo de dinheiro e de patrimônio. Ponto! Por isso que é tão fácil para ela se mobilizar, porque sua essência não é social e muito menos voltada ao debate sobre as questões de um país. A direita é prática e pragmática, porque só tem responsabilidade consigo e não com a sociedade.

À direita basta o poder de compra do dinheiro, no que concerne a acumulá-lo, aumentá-lo e a possuir bens materiais e patrimoniais. Por isto e por causa disto é muito difícil vencê-la, pois o direitista se agrega com facilidade, além de ter caráter bastante agressivo, porém, de pensamento simplório e filosoficamente simples. Não é fácil enfrentar a direita, porque ela controla as empresas e as terras, além de ser proprietária de um canhão midiático que propaga seus interesses ao tempo que combate, sem trégua, todo político ou cidadão, instituição e até mesmo empresa que, porventura, não leia por sua cartilha.

A Marcha da Família com Deus pela Liberdade é uma excrescência histórica e que vai ser relembrada e reeditada no dia 22, na Praça da República e seu trajeto termina na Catedral da Sé. Termina apenas seu trajeto, mas, na memória de milhões de brasileiros, tal itinerário da caminhada draconiana, vampiresca durou o tempo de 21 anos, quando, enfim, foi inaugurada a Nova República, com a ascensão e morte de Tancredo Neves e a posse de José Sarney assegurada pelo deputado e presidente da Câmara e da Constituínte, deputado Ulysses Guimarães.   

A marcha de direita e da direita é moralista e, como a do passado, se edifica em um moralismo tirânico e sem sentido; e, o pior, em nome da democracia e, de forma genérica, “contra a corrupção”. E deu no que deu: fechamento do Congresso Nacional e extinção de partidos políticos, censura da imprensa, demissões, aposentadorias forçadas, perseguições a empresários e servidores públicos que não apoiaram o golpe de estado, prisões sem mandados, exílios, torturas e assassinatos. Tudo em nome da família, de Deus  e, pasmem: da liberdade!

Estou acostumado a ler mensagens que me enviam a afirmarem que os governos populares e democráticos de Lula e Dilma são ditaduras. Um absurdo. Esse pessoal não sabe o que é uma ditadura. Pelo menos parte dele, que nasceu após 1964 e, obviamente, por ser nova não percebia com exatidão o que acontecia no Brasil. A outra parte dessa gente sabe o que é uma ditadura e apenas diz que os governos do PT são ditaduras por má-fé, porque, na verdade, algumas dessas pessoas são favoráveis a um regime de força e digo até que têm perfis fascistas, até porque neste mundo há gosto para tudo, inclusive ser um direitista mentiroso e que age com má-fé intelectual e política.

Sem sombra de dúvida é uma evidência que essas pessoas que vão marchar em nome da família, de Deus e pela liberdade, de forma totalmente equivocada e perversa, querem mesmo é que se repita no Brasil o golpe civil-militar de 1964. Muitos dos organizadores dessa marcha ou simplesmente os que a apoiam falam em “intervenção militar”, e, na maior desfaçatez, tentam explicar o inexplicável, justificar o injustificável e defender o indefensável de que a intervenção de militares não é golpe.

Se essas pessoas golpistas e direitistas tivessem que pintar suas caras de paus com verniz, certamente faltaria o produto no comércio, porque são milhares e milhares de pessoas e por isso não daria tempo para a indústria fabricar verniz para atender tal demanda. Todavia, milhões de brasileiros votam na esquerda, mesmo se a maioria nem saiba o que significa ser de direita ou de esquerda. Porém, o cidadão médio ou pobre deste País sabe que sua vida mudou e para melhor, bem como tem a compreensão que os responsáveis pelas melhorias foram os governos populares de Lula e Dilma Rousseff. Ponto!

O reacionário, além de cúmplice, é submisso às ditaduras e odeia a pessoa que não se submete ou discorda ou questiona o regime de força e, por seu turno, antidemocrático. São os coxinhas, os novatos, por instinto, e os veteranos, por nostalgia, que emergem do pântano de um passado recente que deixou como herança a violência, a censura e a perseguição àqueles que ousaram discordar de uma ditadura corrupta, sanguinária, que controlava, inclusive, o Poder Judiciário — o Supremo Tribunal Federal, que apenas ratificava o que os generais decidiam.

Entretanto, com o passar do tempo e a consolidação da democracia brasileira, a direita partidária perdeu espaço e foi derrotada três vezes em eleições presidenciais. É de mais para os reacionários; e por causa disso partidos conservadores e de oposição, a exemplo do PSDB, do DEM e do PPS, dentre outros, têm contado com o apoio incondicional da imprensa de negócios privados controlada por meia dúzia de magnatas bilionários, que tentam pautar a vida brasileira, bem como influenciar nas eleições presidenciais desde quando Lula foi derrotado por Collor em 1989, além de, evidentemente, terem apoiado e se beneficiado do golpe de 1964.

Porém, o que mais chama a atenção dos “marchadores” do dia 22 de março, em São Paulo (Sempre São Paulo!), é a irresistível vontade dessa gente de reescrever a história, a vocação cretina, manipulada e dissimulada para o revisionismo barato, pois “acreditam” que a ditadura civil-militar foi um processo “democrático” cujo propósito era salvar a democracia dos comunistas e sindicalistas "comedores de criancinhas" quando a verdade é que o golpe ilegal, inconstitucional e criminoso foi um movimento orquestrado pela direita empresarial e militar brasileira apoiada pela CIA do governo de John Fitzgerald Kennedy.

Calaram o Brasil à força. Mataram, roubaram e censuram a divulgação dos crimes. Arrebentaram com a ordem constitucional e para isso rasgaram a Constituição por intermédio de atos discricionários como o foram os atos institucionais e a Lei de Segurança Nacional (LSN) imposta a todos os brasileiros para que se calassem, não se movessem e não reagissem a um regime pária e que não tinha a autorização da grande maioria do povo brasileiro para vicejar e existir. Tanto que acabou derrotado e desmoralizado por si próprio, em 1984, com as Diretas Já! e a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, no ano seguinte.

A Marcha da Família com Deus e pela Liberdade é uma farsa e uma chacota sem graça organizada por pessoas que não conseguem viver dentro da legalidade democrática e muito menos conviver com a diferença e a pluralidade social e cultural. São pequenos mussolinis travestidos de democratas, mas que pedem pela intervenção militar. A marcha é a tentativa de um estupro na democracia, realizado por pessoas de má-fé política, alienados e analfabetos políticos e por direitistas que sabem o que querem: a volta da ditadura e o fim do estado democrático de direito garantido pela Constituição de 1988. A marcha dos reacionários prega o golpe e ressuscita as vivandeiras de quartéis. É isso aí.