quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Marina é o Jânio de saia - A “Sonhática” do pesadelo

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre




Vamos aos fatos. Chega-se à conclusão que nada mais importa a certos grupos da sociedade brasileira. A questão primordial para os setores conservadores é derrotar, sobremaneira, os trabalhistas do PT, cujos líderes venceram três eleições e realizaram uma revolução social e econômica silenciosa.

Uma revolução pacífica, de caráter reformista e muito aquém do desejado para segmentos importantes da esquerda brasileira. A esquerda que não foi cooptada, pois não pulou a cerca, que está no poder, a partir de 2003. A esquerda que quer, desde sempre, que os presidentes Lula e Dilma Rousseff contrariem, com mais tenacidade e voluntariedade, os interesses de oligopólios controlados por apenas seis famílias midiáticas, bem como das famílias brasileiras donas de bancos, além de combater os latifúndios rurais e urbanos também pertencentes a ramos familiares, que apostam, principalmente, na especulação imobiliária.

Como se observa, o Brasil, País que é a sétima economia do mundo, com uma população de 210 milhões de habitantes, que tem um parque industrial gigantesco e cidades que atraem turistas de todo o planeta, ainda continua com uma característica abominável, proveniente do Brasil Colônia e do Brasil Império. Trata-se da subserviência e da subalternidade de importantes e influentes segmentos sociais, que se submetem a crenças, valores e princípios de uma classe dominante riquíssima, de caráter alienígena, aliada e cúmplice do establishment internacional e totalmente divorciada dos interesses do Brasil e do seu povo.

Sabedores dessas questões e realidades, a Casa Grande — morada política e ideológica da burguesia apoiada pelos pequenos burgueses (classe média) — aposta em qualquer candidato para derrotar os trabalhistas, consequentemente, tirá-los do poder. Como anteriormente afirmado, não importa à direita quem vai ser o candidato a ser apoiado por ela. O que vale para os conservadores é que o PT e seus aliados sejam derrotados e a direita brasileira possa, enfim, retomar os princípios neoliberais, que se baseiam no estado mínimo, ou seja, na ausência do estado, bem como na meritocracia, que significa “cada um por si e Deus contra todos”.

Meritocracia é igual individualidade, que é igual à lei da selva, que favorece a Casa Grande — o lar dos beneficiados e privilegiados da sociedade. É o fim da picada, porque a espécie humana desde seus primórdios até hoje sobreviveu e não sucumbiu como espécie por causa da solidariedade, da responsabilidade entre os entes humanos e dos cuidados para que todos os indivíduos não fossem derrotados pelas intempéries que se apresentam ao longo da vida.

É muito fácil para gente como o tucano Aécio Neves e sua trupe, bem como para os seus eleitores ricos e de classe média defenderem a meritocracia quando, na verdade, a maioria das pessoas que conheço, além das que não tenho contato, mas leio suas mensagens e ouço suas vozes nas mídias sociais, tiveram todas as oportunidades e condições sociais, econômicas e de logística em toda vida estudantil, com o apoio dos pais, parentes e do estado (universidades públicas), de forma que pudessem se formar, para logo após conquistar os melhores postos de trabalho, seja nos setores públicos ou privados. É de se lamentar, profundamente, que tenhamos no Brasil uma das piores e mais perversas classes ricas e médias do mundo. Ponto!

Marina Silva representa tudo isto que está posto. Ela optou, e, como evangélica com pinceladas messiânicas, não se furta a fazer assertivas completamente mirabolantes, porque, sem ideologia e despida de programa de governo e projeto de País, poderá se tornar, institucionalmente, um Jânio Quadros de saia, igualmente com linguajar empolado e retórico, hospedeira de um partido que não é seu — ela não conseguiu assinaturas para legalizar a Rede Sustentabilidade —, ideologicamente confusa e frágil, além de ser irresponsavelmente useira e vezeira em negar a política e os partidos políticos, base, insofismável, de qualquer democracia no mundo, seja ela representativa (democracia burguesa) ou direta (democracia popular).

Não sei qual é o problema de Marina Silva, mas sei que ela lembra e repete o fracasso político, administrativo e governamental do ex-presidente Jânio Quadros, raro político popular à direita, que foi em sua época, como Marina Silva o é nos dias de hoje, abraçado pela imprensa de mercado, bem como apoiado efetivamente pelo maior partido de direita daqueles tempos, a famigerada União Democrática Nacional, do (corvo) Carlos Lacerda. A golpista UDN, covil de empresários, militares e políticos reacionários e entreguistas, que, inclusive, traidores da Pátria que são, aliaram-se a forças estrangeiras (EUA) para derrubar João Goulart do poder, presidente trabalhista do antigo PTB, eleito legitimamente pelo povo brasileiro.

Jânio Quadros, além de todas essas questões, não contava com um ministério coeso e muito menos com uma base parlamentar que lhe desse tranquilidade para aprovar os projetos do Governo. Igual à Marina Silva, Jânio também pertencia a um partido pequeno, o PDC. Marina Silva vai pelo mesmo caminho. Pertence a um partido que se tornou aventureiro ao romper uma aliança com o PT que perdurava desde 1989. Seu presidente, o ex-governador Eduardo Campos, não governaria Pernambuco com tantos bons resultados se não fossem os investimentos pesados, em todas as áreas de atividade econômica e social, repassados pelos governos de Lula e Dilma. Depois do Rio de Janeiro, Pernambuco é o Estado que mais recebeu atenção e dinheiro do Governo Federal, nos últimos 12 anos.

Eduardo Campos não governou com grandes dificuldades, pois surfou nas ondas do Governo Federal para concretizar seus programas e projetos em Pernambuco. A ingratidão foi o seu norte; e o destino, infelizmente, e digo de forma sincera, encerrou sua carreira política. Enquanto isso, Marina, no que diz respeito à economia, alia-se ao que tem de pior em termos de macroeconomia, da qual depende o sucesso da microeconomia, ou seja, do povo. As pequenas e médias empresas são as que mais empregam, de acordo com os números do IBGE e do Ministério da Fazenda.

O Governo do PT financiou os pequenos empresários e abriu as portas da CEF e do BNDES a quem desejava ser empreendedor ou melhorar as condições de sua empresa. Essas instituições financeiras de fomento até então eram serviçais dos inquilinos da Casa Grande e o Governo Trabalhista acabou com essa vergonha recheada de privilégios e tida como primazia a bilionários e milionários que socorriam suas empresas e até mesmo suas incompetências com a garantia de empréstimos a juros bem mais baixos do que os praticados no mercado.

Esses são os lúgubres, macabros e pavorosos tempos dos governos entreguistas e vazios de empregos de FHC — o Neoliberal I —, aquele sociólogo que não entende nada de povo e que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado e com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes. Quando bancos estatais passam a servir ao povo, a burguesia e, pasmem(!), a classe média tradicional estrilam, ululam, em um bramido feroz e voraz, que deixam suas vozes roucas de tanto ódio e preconceitos.

Dessa forma passam para a incontinência verbal e resmungam através das mídias empresariais, pelos cantos das cidades e babam a cólera dos que se acham preteridos, porque para essa gente tacanha e sem discernimento compreender que melhorar as condições de vida dos brasileiros é bom para todos é um exercício terrível e doloroso de sensatez e sobriedade. E sabe por quê? Porque essa gente se considera “escolhida” por Deus ou pelo destino que lhe acalenta e apetece. Por isto e por causa disto, tais grupos entendem ser um direito “divino” se dar bem a vida toda e o restante da população que se dane e aguente o rojão, a vida dura, que as classes médias tradicionais e os ricos jamais vão experimentar para ver o que é bom para a tosse.

A realidade de o País vivenciar doze anos de governos populares e democráticos dói e revolta os rentistas, os que fazem dos juros e do câmbio as ferramentas primordiais de suas vidas inúteis, abundantes, faustosas e opulentas, como as dos nababos e paxás. É o mercado a vir com força para eleger seus prediletos, pois que conspiram e se comprometem com a volta do neoliberalismo, doutrina que não deu certo e que afundou os países da Europa Ocidental, além dos Estados Unidos, que há quase sete anos enfrentam uma crise interminável, que causou desemprego em massa, levou à falência estados nacionais e empresas, bem como muitas pessoas desesperadas optaram pelo suicídio.

É uma lástima, além de um processo draconiano e vampiresco o pensamento econômico, em que o mercado de capitais se transforma em Deus, efetivado por gente apenas acostumada a frequentar os salões da plutocracia brasileira e internacional. Eles querem e lutam por um governo para os ricos. Esse pessoal não entende nada de gente, de povo. Em seus vocabulários e dicionários a palavra “social” inexiste.

Afinal, “não há almoço grátis”. Frase preferida dos coxinhas da alta sociedade e que pensam que a vida é uma eterna diversão e passar bem. O almoço só pode ser grátis para a Casa Grande, quando há a necessidade de pedir empréstimos a juros baixos e a perder de vista, bem como fazer do estado nacional a extensão de suas casas, porque se tem uma coisa que a classe dominante é e nunca vai deixar de sê-lo é ser patrimonialista. Ponto!

O resto é balela e conversa para boi dormir. Os economistas, administradores e financistas do PSDB e do mercado defendido com dentes e unhas pelo oligopólio midiático de apenas seis famílias sabem o que querem. E eles querem um Brasil para poucos, VIP, com mão de obra barata, pouco emprego para demitir e contratar rápido, porque sendo assim os salários não aumentam e o trabalhador que vai ocupar o posto do demitido vai aceitar qualquer salário, inclusive ser humilhado, porque vai perder a força para reivindicar até mesmo melhores condições de trabalho.

Medidas amargas e duras já foram anunciadas por Armínio Fraga, do tucano neoliberal Aécio Neves, e por Eduardo Gianetti, da “sonhática” (ela não tem ideologia e nem programa de governo) Marina Silva. Fraga disse o que tinha de dizer. Neoliberalismo na veia. Estado mínimo e bancos e megaempresas máximos. Já Gianetti também está a dizer para o quê Marina Silva veio; e não há espaço para ser “sonhático”, porque suas propostas são verdadeiros pesadelos e similares às do PSDB, a observar: “A oposição vai corrigir os equívocos do atual governo, com a volta do tripé macroeconômico, com um movimento inevitável de correção e ajustes aos desequilíbrios” — disse o neoliberal. “A hipotética vitória da oposição será de ajustes duros que restabeleçam confiança” — concluiu o elitista.

A confiança de quem, cara pálida? Só se for a dos banqueiros nacionais e internacionais e dos governos dos países desenvolvidos, a exemplo da Inglaterra, que hoje só tem bancos, da França, da Alemanha, do Japão, da Espanha e dos Estados Unidos, além de outros países ricos, mas com menor visibilidade. Gianetti e Fraga são absurdamente ligados ao establishment e os considero, juntamente com Marina Silva e Aécio Neves, perigosos para o desenvolvimento do povo brasileiro, porque, indubitavelmente, são contrários aos interesses do Brasil. Esses caras, tal quarteto, são o fim da picada.

Só uma besta quadrada ou indivíduos que são ideologicamente conservadores e detestam a efetivação de simples programas de proteção social a pessoas que tem dificuldades até para conseguir se alimentar, no dia a dia, poderiam considerar “inteligentes, sensatas e humanas” as propostas econômicas fracassadas e derrotadas há sete anos pela crise internacional. Como apoiar e acreditar em economistas sem quaisquer compromissos com a sociedade, a população — o povo? Como?

Esses caras são os fundamentalistas do mercado. Eles são mais perniciosos e venenosos do que os fanáticos religiosos, porque podem administrar o dinheiro público, e, por sua vez, suprimir, tirar e confiscar o direito de o cidadão viver em paz, exemplificado no direito a estudar, a se empregar, a se qualificar e a ter melhores condições de vida. O Estado é, sim, o indutor da macroeconomia em qualquer País, inclusive nos Estados Unidos, cujos governantes socorrem e socorreram com trilhões de dólares a economia estadunidense quando os empresários irresponsáveis e corruptos, com a cumplicidade de agentes públicos de alto escalão se tornaram os principais autores da crise internacional de 2008.

Não se engane o brasileiro quanto às intenções de Marina Silva e Aécio Neves. Marina traiu o PT, o Lula, a sua história e vai trair a quem ela tiver de trair. Marina é o Jânio de saia. Quem sabe um pouco de história percebe a imensa coincidência entre os dois políticos, tanto no que concerne ao linguajar, aos partidos pequenos, ao “abraço” da burguesia e da mídia alienígena às suas candidaturas, à ausência de ideologia, à base política desajustada, à troca de partidos e, principalmente, à ausência de projeto de País e programa de Governo. Marina simplesmente não os tem. Se a “Sonhática” vencer as eleições, quem viver verá. A direita aposta hoje em qualquer um para derrotar o PT. Marina é o Jânio de saia. A "Sonhática" do pesadelo. Prepara-se! É isso aí.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ditadura torturou até o Raul Seixas



Blog Palavra Livre 


E AINDA TEM GENTE QUE DEFENDE A DITADURA. GENTE?

Edgard Matsuki, do Portal EBC - Raul Seixas morreu no dia 21 de agosto de 1989, vítima de complicações de uma pancreatite aguda. Exatamente 25 anos após a morte do pai do rock brasileiro, um áudio do ano de 1988 mostra uma entrevista em que Raul Seixas conta detalhes das torturas que sofreu durante três dias, no ano de 1974.

A entrevista foi concedida ao jornalista André Barbosa, na extinta rádio FM Record de São Paulo. De acordo com Barbosa (que cedeu o áudio de seu arquivo pessoal), essa foi a primeira e, provavelmente, a última vez que ele falou sobre a prisão pelos militares em uma gravação. “Ele nunca tinha comentado sobre o assunto” — diz. 
O áudio mostra o momento da entrevista em que ele foi indagado em relação aos planos que tinha de construir uma sociedade alternativa e sobre a prisão dele. Raul suspirou e começou a contar a história.
Raul relatou, entre outras coisas, que ficou em um local subterrâneo, com limo, que apanhou e levou choques "em lugares particulares". Do local da prisão, ele também conta que foi levado a um aeroporto e mandado para os Estados Unidos.
Só voltou ao Brasil porque o LP Gita se tornou um sucesso: "Veio o Consulado Brasileiro no meu apartamento. Era quase em dezembro de 1974. Bateu na porta do meu apartamento dizendo que eu já podia voltar. Que o Brasil já me chamava, que eu era patrimônio nacional e que tava vendendo disco". Raul disse que voltou só porque "estava com muita saudade".
Ouça o áudio (histórico) de Raul Seixas:
Veja o que disse Raul Seixas sobre a prisão, tortura e exílio, em 1974:

"Em 1974, eu estava com a Sociedade Alternativa, essa ideia estrutural, com os parâmetros todos desenvolvidos. Estava em uma época esotérica, frequentando tudo, participando de tudo, escrevendo para John Lennon. Não sabia que iria me encontrar com ele. Também não sabia que eu ia ser expulso do Brasil. Ordem de prisão do 1º Exército!
Ia ser doado para mim, por uma sociedade esotérica egípcia de Aleister Crowley, um terreno em Minas Gerais. E esse eu acho que foi o cume, culminou aí. Eu ia construir uma cidade, uma anticidade, o antitudo, o antiguarda. Ia fazer uma cidade modelo. Estávamos tão loucos pela ideia. Eu, Paulo Coelho, tinha um advogado, tinha um juiz. Tinha pessoas importantes de cada área na sociedade alternativa.
Então foi tudo desativado porque eu fui expulso para Nova York. Fiquei um ano exilado do Brasil, sem poder voltar. Eu fui pego na pista do Aterro [do Flamengo, no Rio] quando eu voltava de um show. Um carro do Dops barrou o meu táxi e eu fiquei nu com uma carapuça preta na cabeça. Fui para um lugar, se não me engano, Realengo. Eu sinto que foi por ali, Realengo. Um lugar subterrâneo, que tinha limo. Eu tateava as paredes e tinha limo.
E vinham cinco caras me interrogar. Tinha um bonzinho, um outro bruto que me dava murro, um que dava choque elétrico em lugares particulares e tudo. Eu fiquei três dias lá. Sabe, cada um tinha uma personalidade. Era uma tortura de personalidade. Eu não sabia quem vinha. Só sentia pelos passos. Eu pensava, era o cara que batia. Era o cara que tem o...
Após três dias, eu estava no aeroporto. Já tinha deixado o LP Gita gravado e não sabia que ia fazer sucesso sozinho. Não sabia que ia estourar. E ele estourou. Acho que tocou umas seis faixas. Uma por uma. Gita, Sociedade Alternativa, Medo da Chuva... foi um disco que foi muito explorado. Então, eu estava lá nos Estados Unidos. Já tinha encontrado com John Lennon, já tinha corrido o país, era casado com uma americana na época. E tinha cantado com Jerry Lee Lewis em Memphis, Tenesee. Ele me acompanhou de piano.
Tinha transado [feito muitas coisas] um bocado nos EUA quando veio o Consulado Brasileiro no meu apartamento. Era quase em dezembro de 1974. Bateu na porta do meu apartamento dizendo que eu já podia voltar. Que o Brasil já me chamava, que eu era patrimônio nacional e que tava vendendo disco. Cinicamente, o cara falou assim.
É, eu voltei. Tava com muita saudade. Voltei para o Brasil e vi o disco Gita estourado aqui. E foi mais ou menos assim aquele ano de 1974. Mas tudo bem. Eu me refiz, graças a Deus, não fiquei com trauma psicológico nenhum e acho que as coisas se processam dessa maneira”.

*Raul Seixas está com Deus. (DSF)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Fúria do Mauricinho Bonner, arrogância da Patricinha Poeta — Vamos falar de corrupção

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre


Bonner e Poeta: arrogância e prepotência e o desespero dos irmãos Marinho com um futuro Governo Dilma, que poderá endurecer ainda mais contra a sonegação e democratizar o setor midiático com a efetivação do marco regulatório.

A fúria do Bonner e a arrogância da Poeta serviu para uma coisa: mostrar o quão eles são empregados paus-mandados de seus patrões, bem como o quão eles são irrelevantes quanto à importância que eles pretendem ter no que é relativo a influenciar nas eleições em prol do candidato dos conservadores, o tucano playboy do PSDB, Aécio Neves, e a candidata cooptada pela direita, a quase barroca em seu linguajar desconcatenado, Marina Silva.

Contudo, a presidenta trabalhista, Dilma Rousseff, apesar da virulência do William Bonner e da grosseria da Patrícia Poeta, saiu-se bem, porque apesar de ser interrompida pela dupla empregada dos Marinho e subordinada aos ditames políticos do diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, manteve a calma e respondeu às perguntas com precisão e objetividade, mesmo sendo interrompida 21 vezes, o que é um absurdo, pois Bonner, propositalmente, cortava sua fala para que ela não respondesse às interrogações.

William Bonner sempre foi um indivíduo arrogante, além de se considerar mais importante do que propriamente ele o é. Não é a primeira vez que tal jornalista dos interesses dos Marinho se conduz dessa forma. Já bancou o político sem mandato outras vezes, e o fez com o Lula e a Dilma, em 2010, quando, na bancada do JN, atuou mais uma vez como um inquisidor e não como um profissional de jornalismo que quer tirar as dúvidas e repassar os fatos e as realidades como eles o são para os telespectadores.

Todavia, o editor-chefe e âncora do Jornal Nacional, que há muito tempo transformou sua bancada em um partido político de oposição e de direita, recusa-se a entrevistar, porque optou por não ouvir o entrevistado a cargo político que sua empresa midiática considera adversário, o que se traduz em um fato surreal, porque se o jornalista não ouve as propostas de uma candidata, no caso a atual presidenta, o público eleitor também não vai saber o que ela pensa, bem como o que propõe para governar o Brasil.

Por seu turno, a candidata trabalhista, Dilma Rousseff, percebeu a armadilha de entrevistadores que deveriam se comportar apenas como jornalistas, que esperam respostas para suas perguntas, inclusive as mais delicadas ou que possam deixar a candidata na defensiva. Entretanto, quando dois jornalistas, chefes do jornal mais visto e ouvido do País, resolvem ser extremamente grosseiros, sem educação e despidos de qualquer civilidade e respeito à principal autoridade democraticamente eleita do País pelo povo brasileiro é sinal que empresários magnatas bilionários de imprensa mandaram os escrúpulos às favas e resolveram baixar o nível, para que seus candidatos a Presidência da República sejam beneficiados.

Para isso, a família Marinho conta com gente da estirpe de William Bonner e Patrícia Poeta, dois porta-vozes ferozes e furiosos que não entendem nada de economia e muito menos de setores importantes, a exemplo da saúde e educação, como ficou óbvio a quem assistiu o confronto. A "entrevista" de Bonner e Poeta foi uma lástima, de uma ignorância atroz, bem como de uma total falta de sensibilidade, no que diz respeito à cidadania, porque interromperam uma cidadã brasileira no decorrer de toda entrevista, além de se reportarem a ela com voz altissonante e dedo em riste.

É uma maluquice. E ainda tem patrões de jornalistas e colunistas desprovidos de civilidade, que afirmam que o Governo Trabalhista do PT quer censurar a imprensa ou efetivar no Brasil uma ditadura de esquerda. Usam e abusam e ainda chamam o governo mais democrático que eu tive a oportunidade de observar de autoritário e leniente, com todo tipo de mazela e malfeitos, quando a verdade os mandatários eleitos pelo PT foram os que implementaram o Portal da Transparência, fortaleceram e deram independência à Controladoria-Geral da União (CGU), esvaziada no Governo FHC, aumentaram, e muito, o efetivo da Policia Federal, realizaram concursos públicos e deram liberdade ao Ministério Público e ao STF para apresentarem listas tríplices para escolha de procurador-geral da República e ministro do Supremo.

Por sua vez, a corrupção tão decantada e repercutida pela imprensa de negócios privados também atinge essa mesma imprensa empresarial e de todas as mídias, que sonega impostos, não paga dívidas firmadas com os bancos governamentais e preconiza, se tiver oportunidade, golpes de estado, nunca foi tão combatida. Até porque os governantes petistas nunca se intrometeram ou jamais intervieram para que autores de malfeitos não fossem investigados, presos, acusados e por fim julgados.

Lula e Dilma são republicanos, como o foram os trabalhistas Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola. Sempre respeitaram o estado democrático de direito e a Constituição de 1988. Esta realidade é visível e só não enxerga quem não quer, por conveniência partidária e ideológica, luta política ou simplesmente alienação, quiçá, burrice.

Pelo contrário, quem nomeou o procurador Geraldo Brindeiro, chamado de engavetador geral da República, foi o ex-presidente neoliberal do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, que, inclusive, quando sentou na cadeira da Presidência, a primeira ação que fez foi extinguir a comissão de combate à corrupção criada pelo presidente Itamar Franco, verdadeiro pai do Plano Real. Afinal, o sociólogo ídolo da burguesia e da imprensa-empresa era apenas seu subordinado e quem autoriza planos econômicos e programas sociais para serem realizados são os presidentes da República. Ponto!

FHC — o Neoliberal I —, com o intuito de efetivar a alienação ou a venda do patrimônio público brasileiro, tratou de eliminar instrumentos de combate á corrupção por intermédio do Decreto 1376/95, que tinha por finalidade criar a comissão para investigar denúncias de corrupção no governo. O PT fez melhor: fortaleceu e deu liberdade à CGU e é por isto e por causa disto que nunca se prendeu, afastou e investigou tantos funcionários públicos que incorreram em malfeitos, bem como também inúmeros empresários ou corruptores em geral foram afastados de processos de licitação ou simplesmente processados pelo estado para responder à Justiça.

Esta é a realidade dos fatos. Notícias que não cabem dentro dos noticiários de televisões, rádios, internet e outros veículos de comunicação social, como jornais impressos e revistas. Mas, como sempre fazem, todos esses avanços são jogados na lixeira pelos homens e mulheres da imprensa de mercado, que, a soldo de seus patrões, tornam-se piores do que seus pagadores de salários e torcem o rabo da verdade, pois o propósito é fazer com que os interesses políticos e empresariais dos magnatas bilionários de imprensa e a quem eles representam sejam, de fato, concretizados.

William Bonner e Patrícia Poeta, do alto de suas ignorâncias e da ausência de cortesia e respeito devido à entrevistada e candidata, Dilma Rousseff, dedicaram-se a perguntas longas, sendo que a primeira durou um minuto e meio. A verdade é que não foi uma pergunta. Bonner já veio com essa estratégia da redação da Globo e apenas a aplicou para que a presidenta da República não tivesse a oportunidade de responder, pontualmente, às questões formuladas por tal brucutu das palavras, que demonstrou não ter responsabilidade alguma com os telespectadores, porque não permitiu que eles ouvissem, de forma linear, as respostas de Dilma Rousseff.

Propositalmente e claramente atuou como opositor político, à procura do embate, a fim de confundir o público e não ouvir a candidata, como o faria qualquer jornalista que leva o jornalismo a sério. As perguntas podem ser duras e até mesmo inconvenientes, sem, contudo, perder-se o respeito. Isto é jornalismo, pois quem tem o poder de avaliar e ponderar sobre o que vê e ouve é o eleitor — o cidadão brasileiro, o maior interessado em saber sobre o destino do Brasil.

Todavia, não foi o que aconteceu, indubitavelmente. Ocorreu uma saraivada de interrupções, gestos corporais abruptos, mãos frenéticas e nervosas, além de expressões ríspidas, como se fosse algo pessoal contra a presidenta. Deu a impressão de que os dois mal educados estivessem a se vingar de Dilma Rousseff, por ela estar no poder e pertencer a uma vertente política brasileira combativa e histórica denominada trabalhista. E se tem uma coisa que a direita deste País herdeira da escravidão odeia é um político trabalhista a ocupar a cadeira da Presidência da República.

Está aí a história que comprova e que não me deixa mentir ou enganar ninguém. Afinal, basta o leitor pensar em Getúlio, Jango, Brizola e Lula, dentre outros, que foram vítimas de golpes de estado e que pagaram com a morte, o exílio, a perseguição, a infâmia e o maldizer pela ousadia de vencerem eleições, todas democráticas. Políticos reconhecidos e amados pelo povo brasileiro como presidentes ou governador de dois estados, a exemplo de Leonel Brizola, político gaúcho trabalhista, corajoso, que sofreu o exílio mais longo infligido a um brasileiro, pois que durou a eternidade de 15 anos.

Bonner e Poeta, com pontos nos ouvidos, deviam estar muito preocupados sobre o que seu chefe Ali Kamel e a famiglia Marinho pensam sobre suas atuações, afinal eles não poderiam falhar como algozes de uma presidenta que os recebeu, com gentileza e educação, no Palácio do Planalto. Dos 15 e alguns segundos de entrevista, falaram por mais de cinco minutos, a interromperam 21 vezes e no final a mandatária não pôde se dirigir ao público telespectador.

Contudo, Dilma Rousseff poderia ser mais assertiva ao falar de casos de corrupção exemplificados nos escândalos recentes da Alston e da Siemens (trensalão e metrosão), bem como explanar sobre números relativos ao combate à corrupção nos governos Lula e Dilma e fazer comparações com os governos tucanos. Além disso, ela poderia citar o mensalão do PSDB, que Bonner e Poeta, por conveniência política e jornalística, não se lembram, porque sofrem de falta de memória, uma amnésia tão forte e predadora quanto a um bando de leoas quando saem à caça.

O PT, a candidata Dilma e o seu mais poderoso cabo eleitoral, o ex-presidente Lula, têm de fazer essas comparações, porque não é possível que os governos que mais combateram a corrupção no Brasil nos últimos anos fiquem com a pecha de corruptos sem sê-los. É simplesmente inadmissível essa situação mequetrefe imposta pela imprensa burguesa e artificialmente propalada pelas diferentes mídias pertencentes às oligarquias midiáticas. Esse monopólio tem de ser combatido e as comunicações no Brasil têm de ser democratizadas.

Já que é para falar de corrupção, vamos tentar atenuar a fúria e a arrogância do Mauricinho Bonner e da Patricinha Poeta, além de cooperar para que os dois tenham mais subsídios quando entrevistarem o(s) candidato(s) do PSDB ou veicularem notícias sobre corrupção no "Jornal Transnacional", com rebarbas para o "Jornal Terror da Noite" e o "Mau Dia Brasil".

Veja alguns escândalos dos Governos do PSDB:

Caso Sivam: Também no início do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC "punir" o embaixador Júlio César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à FAO, em Roma, "um exílio dourado". A empresa ESCA, encarregada de incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC bloqueou.

Pasta Rosa: Em fevereiro de 1996, a Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de "engavetador geral da República".

Compra de votos: A reeleição de FHC custou caro ao País. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.

Vale do Rio Doce: Apesar da mobilização da sociedade em defesa da CVRD, a empresa foi vendida num leilão por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas, uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos donos anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao lucro trimestral da CVRD.

Privatização da Telebrás: O jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários "grampos" comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que informações privilegiadas foram repassadas aos "queridinhos" de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à "venda", o governo investiu na infra-estrutura do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse investigada.

Ex-caixa de FHC: A privatização do sistema Telebrás foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do Banco, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão. Além de "vender" o patrimônio público, o BNDES destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram o controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas operações, ele injetou R$ 686,8 milhões na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

Juiz Lalau: A escandalosa construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados ao governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma irresponsável: "Assinei sem ver".

Farra do Proer: O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou, já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos filhos de FHC.

Desvalorização do real: De forma eleitoreira, FHC segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de dólares das reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram com a mudança e de outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma de FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso dos bancos Marka e FonteCindam: "Graciosamente" socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão. Houve favorecimento descarado, com empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados pelo mercado.

Sudam e Sudene: De 1994 a 1999, houve uma orgia de fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.

PS: A lista não acaba por aí. Tem outros casos de escândalos que aconteceram no decorrer dos governos do neoliberal FHC. Isto é apenas um aperitivo de casos públicos e notórios, veiculados e abafados pela própria imprensa alienígena que os repercutiu.

É isso aí, Dilma.


Fonte: JB

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Marina traiu o PT, o Lula, a sua história e trairá o PSB

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


De repente, Eduardo Campos, um político promissor, mas pouco conhecido do povo brasileiro, é transformado pela imprensa de direita em um novo Getúlio Vargas. Todavia, Eduardo Campos nunca governou o Brasil, mas apenas o tradicional e histórico Estado de Pernambuco, com a cooperação sistemática e até mesmo generosa do Governo Lula, que investiu pesadamente no importante Estado nordestino e, evidentemente, ajudou, e muito, para que Eduardo Campos se reelegesse governador e se tornasse a força política pernambucana dominante. Tão ganancioso que chegou ao ponto de se considerar politicamente forte para romper com o PT e se lançar candidato a presidente da República.

O PSB, partido de Campos, juntamente com o PCdoB, tem uma longa história de alianças com o PT. Desde 1989, quando aconteceu a primeira eleição presidencial após a redemocratização do Brasil, os “socialistas” acompanham o PT e governam o País em âmbito federal, porque sempre tiveram ministros, diretores de estatais importantes e seus governadores sempre receberam a atenção devida dos presidentes trabalhistas, Lula e Dilma Rousseff.

De repente, não mais do que de repente, o candidato do PSB, Eduardo Campos, morre em um trágico acidente de avião, em Santos. A campanha experimenta uma reviravolta e a direita partidária e seus cúmplices e aliados, os magnatas bilionários de imprensa, esquecem o tucano Aécio Neves e voltam suas baterias para a vice de Campos, Marina Silva, que por não conseguir as assinaturas necessárias para criar a Rede Sustentabilidade e, consequentemente, ficar de fora do processo eleitoral, ingressa no PSB, sendo que em 2010 ela foi candidata a presidente pelo PV, partido que ela deveria permanecer, afinal ela é “verde”, ex-ministra do Meio Ambiente do Governo Lula por seis anos e por isso deveria, no mínimo, demonstrar apreço à sua consciência política e a seus valores forjados por ela em seu passado.

Acontece que todo mundo sabe, até os mortos e os recém-nascidos, que Eduardo Campos não era o “menino dos olhos” da direita, que, com a derrota de Geraldo Alckmin e duas de José Serra, sonhava com a candidatura Marina Silva, política cooptada e que mandou às favas seu passado histórico no Acre, e, como dissidente do PT, aliou-se à direita, porém, desprovida de coerência política, programa de governo e projeto de País. Aliás, bem ao estilo conservador, porque a direita brasileira nunca criou nada ou efetivou desenvolvimento social e econômico. Todos os principais avanços, os mais importantes verificados neste País aconteceram quando os trabalhistas estiveram no poder, por intermédio de Getúlio Vargas, João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e agora Dilma Rousseff.

A direita, capitaneada pelo PSDB, DEM e PPS, bem como pelos grandes latifundiários e capitães da indústria, além dos banqueiros e dos magnatas bilionários de imprensa, ainda tem o apoio de uma classe média tão ou mais reacionária que esses segmentos poderosos da sociedade. A verdade é que esses setores não querem uma coisa: a vitória do PT nas eleições de 2014. Seria para eles a pior coisa de todos os mundos, porque, após Getúlio Vargas, os inquilinos da Casa Grande nunca ficaram tanto tempo fora do poder, como ocorre, agora, neste 12º ano de administrações petistas.

Chega a ser hilário ao tempo que preocupante quando me deparo com o noticiário cínico e manipulado da imprensa de negócios privados, no que concerne às pesquisas eleitorais. São pesquisas realizadas por institutos pertencentes aos barões de todas as mídias, que fazem oposição ferrenha a Lula e à Dilma, realidade esta que me leva a ponderar sobre o porquê de os governantes trabalhistas não terem ainda efetivado, no decorrer de 12 anos, o marco regulatório que regule setor econômico tão importante, como o é o da comunicação social, conforme o estabelecido pela Constituição de 1988.

Sabedores que o candidato tucano, Aécio Neves, não empolga, apesar da máquina eleitoral poderosa do PSDB e de seus aliados, os colunistas, comentaristas, blogueiros e especialistas de prateleiras da imprensa de mercado compreendem que Marina Silva foi cooptada pelos conservadores. Por causa disso, a ex-petista deixou de ter compromisso e responsabilidade com o povo brasileiro, com as esquerdas e também com o PSB. Marina pode até não ser a favorita da imprensa de caráter imperialista e de alma colonizada.

Mas, sobretudo, a política que não teve competência para regularizar a Rede Sustentabilidade, além de ter sido uma ministra fraquíssima, que se dedicou apenas à sua retórica desconcatenada das realidades, bem como às suas ações governamentais anódinas, cai como uma luva para as necessidades da direita brasileira, que, a todo custo, luta para que Dilma Rousseff não vença as eleições no primeiro turno. Segundo o individualista e nada solidário adágio que os direitistas tanto gostam, Marina logo vai saber que “não existe almoço grátis”, a não ser para a burguesia quando toma conta do poder federal e o usa em benefício próprio, pois essencialmente patrimonialista.

A verdade é que ninguém sabe (talvez até ela) o que a Marina pensa. Aliás, não se consegue compreender o que a candidata do Itaú, da Natura e de setores da imprensa alienígena pensa e fala, porque possui um linguajar próprio, sem ordenação de ideias e completamente desprovido de coerência. Marina quando fala lembra o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I, aquele que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes.

Sua verve é escorregadia, propositalmente confusa para que as pessoas não saibam o que realmente a candidata do PSB pensa politicamente, ideologicamente e como ela governaria o Brasil, no que tange à economia, aos programas e projetos sociais, às centenas e centenas de obras de infraestrutura, muitas delas gigantescas, além das relações internacionais, exemplificadas na consolidação dos Brics, do Mercosul, da Unasul e das parcerias Sul-Sul, no que é relativo ao Brasil efetivar novas parcerias tecnológicas e comerciais com os países do hemisfério sul do planeta, afastando-se da condição de um País vagão que tinha o desditoso papel de seguir a “locomotiva” chamada de Estados Unidos.

Como confiar em uma Marina que traiu o PT, o Lula, a esquerda, a sua história e vai trair, certamente, o PSB, partido que abandonou sua coligação histórica para se aventurar em uma candidatura “verde”, incipiente, que não venceria as eleições, mas apenas traria problemas à candidatura Dilma Rousseff, bem como poderia prejudicar um programa de governo e projeto de País que incluiu 21 milhões de pessoas no mercado de trabalho, com carteira assinada, tirou 32 milhões de cidadãos da pobreza e fez com que outros 40 milhões de brasileiros ascendessem à classe média (C).

O PT, o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma têm de mostrar, de forma sistemática, o que os governos trabalhistas fizeram nesses últimos anos para desenvolver o Brasil e melhorar as condições de vida do povo brasileiro. A imprensa alienígena e de caráter golpista não pode ter as rédeas das eleições e muito menos pautar o processo político e eleitoral.

A imprensa corporativa não produz nada, até porque não é sua função. Entretanto, ela não pode e não deve participar das eleições como se fosse um partido político oculto e que manipula, desvirtua e, se precisar, mente, para que seus desejos econômicos, políticos e ideológicos sejam concretizados. O PT tem de comparar, sobretudo, seus governos com os do PSDB, além de jamais esquecer de comparar os seis anos de Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente com os quase dois anos de seu sucessor, Carlos Minc, à frente do Ministério.

Essas comparações são essenciais. O que Marina não fez em seis anos, por causa de sua retórica, que a leva a ser uma administradora inócua, Carlos Minc concretizou inúmeras realizações em menos de dois anos. Realizações como, por exemplo, chegar a um acordo com os grandes fazendeiros sobre preservação de matas ciliares, bosques, rios e nascentes. Coisa que Marina nunca conseguiu, porque tem uma personalidade centralizadora, rancorosa e messiânica — quase histriônica, pois impressionista, caricata e exageradamente teatral. As realizações de ambos têm de ser mostradas para o público, sem pisar em ovos, sem quaisquer sentimentos de culpas, porque o povo brasileiro sabe que o PT fez muito mais que o PSDB e  que os governos anteriores aos dos tucanos. Porém, tem de mostrar, sistematicamente, no horário político e eleitoral. 

Marina sorriu no funeral. Qual é o problema? Nenhum. As pessoas riem até mesmo em momentos trágicos, ainda mais quando tal indivíduo não é parte da tragédia. Só que tem um adendo: ela sorriu bem próxima do caixão. Tirou fotos, por intermédio de selfs e ditou a seguinte pérola: “Essas coisas acontecem em nome de algo maior”. O que a candidata do PSB, que não é PSB, quer dizer com isso? Messianismo na veia. Ela já tinha dito que foi a mão de Deus que evitou que estivesse no mesmo avião de Eduardo Campos.

Além disso, quando se percebe que a direita está toda mobilizada em seu nome é porque, sem sombra de dúvida, Marina é candidata da direita, dos conservadores e que enterrou seu passado sem deixar os ossos. Quando Luiz Carlos Mendonça de Barros, um dos principais formuladores econômicos do PSDB — leia-se medidas sociais amargas, arrocho financeiro e econômico e privatizações do patrimônio público brasileiro para privilegiar os mercados de capitais e a Casa Grande, em geral — afirmou que Marina é o plano B do PSDB, não resta dúvida: Marina traiu, mais do que qualquer coisa, a sua consciência política e a sua trajetória histórica.

Não é à toa que em 2010, candidata a presidente da República, Marina Silva perdeu no Acre, sua terra e colégio eleitoral. Os acreanos conhecem a Marina Silva. Quem não sabe quem ela é são os coxinhas de classe média, principalmente os que moram e vivem no sudeste e no sul deste País. Marina trai e vai trair o PSB, no decorrer da campanha ou no poder, se, porventura, ela vencer as eleições. Afinal, Marina é o plano B do PSDB e o plano A de setores da imprensa comercial e privada, ou seja, da direita brasileira. É isso aí.


PS: A pesquisa da Folha, após a trágica morte de Eduardo Campos, que aponta Marina em primeiro lugar em um virtual segundo turno é realmente um caso muito sério. O MP tinha de investigar seriamente esses institutos de pesquisas e o Governo deveria há muito tempo ter aprovado, com o apoio do Congresso, o marco regulatório para as mídias. Esses grupos privados são autoritários, detestam a democracia, pois secularmente acostumados a benefícios e privilégios, em detrimento da população brasileira. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Marcelo Rubens Paiva: Roger é um ultraje! A rigor



Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre

O Roger é o típico idiota com arroubos de coxinha.
Eu não sei por que a maioria dos veículos de comunicação de negócios privados dá tanta ênfase e atenção a pessoas que não têm influência política e social quase que nenhuma junto ao povo brasileiro. Cidadãos que, certamente, não acompanham as sandices e insanidades, as peripécias e gaiatices de gente deslumbrada, egocêntrica e mequetrefe, a exemplo de Roger Moreira, Lobão e outros, que, recorrentemente, usam diferentes mídias como forma de aparecer para evitar sumir, definitivamente, do mapa da fama conquistado por eles na década de 1980.

Com o passar do tempo, e agora na casa dos 50 anos, vocalistas, artistas, músicos ou roqueiros, seja o que for, resolveram abraçar causas conservadoras, muito à direita do espectro ideológico e além da imaginação deles próprios quando alcançaram grande prestígio na época de seus vinte e poucos anos e que praticamente se esvaiu com o decorrer do tempo.  É de se entranhar, por exemplo, e por mais que o vocalista do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, tenha se sentido ofendido, não é racional e muito menos educado responder com tanta virulência e até mesmo perversidade às palavras que o escritor Marcelo Rubens Paiva disse sobre o roqueiro em recente evento da Flip, na cidade de Paraty (RJ).

O escritor disse que lamentava saber que muitas pessoas não tinham conhecimento sobre o que aconteceu nos tempos da ditadura. O assunto da mesa de debates da qual participava Marcelo Rubens Paiva era sobre os 50 anos da ditadura militar. Paiva apenas citou Roger, porque tal artista tem, por livre e espontânea vontade, participado, reiteradamente, de polêmicas e de discussões duras contra seus opositores de pensamento político nas redes sociais e até em eventos em que ele participou de corpo presente. Só isso e nada mais. Até creio que o escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva não tem tempo para ter ódios, mágoas e rancores contra pessoas como o roqueiro que, a meu ver, conseguiu chegar às raias da ignorância e da pura e genuína cretinice e falta de respeito com o semelhante.

Não conheço pessoalmente o Marcelo Rubens Paiva, mas me coloco no lugar dele e de sua família, no que diz respeito à morte e ao desaparecimento de seu pai, o engenheiro e político trabalhista, Rubens Paiva, que, desde cedo, optou por ficar ao lado do povo brasileiro, dos trabalhadores e dos interesses do Brasil. Rubens Paiva, ainda aluno, foi vice-presidente da UNE, em São Paulo. Político do combativo PTB de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, Paiva participou, como deputado federal, da CPI do Ipes-Ibad, antros ou covis de golpistas da época financiados pela direita estadunidense e brasileira para escreverem, darem palestras e opiniões nos meios de comunicação privados sobre o perigo de o Brasil se tornar comunista ou socialista. Seria cômico se não fosse trágico. E ainda tem gente, em pleno ano de 2014 do século XXI, que enxerga o PT como “perigo vermelho”. Haja paciência...

Paiva era atuante e corajoso. Em discurso na Rádio Nacional, enquanto Jango era deposto, criticou duramente as ações do governador paulista, Adhemar de Barros, por ele ter apoiado e participado efetivamente do golpe militar de 1964. A verdade é que as atividades de seu mandato popular fizeram com que o deputado Rubens Paiva se tornasse um cidadão brasileiro espionado, investigado e monitorado pelos agentes de uma ditadura sanguinária e de extrema direita. Tanto é verdade que o político trabalhista teve de ir para o exílio, pois cassado pelo AI-1 editado pela junta militar, em abril de 1964. Rubens Paiva estava entre os primeiros políticos que foram cassados e logo foi para a Iugoslávia e depois para a França.

Retornou ao Brasil. Evidentemente, o parlamentar cassado retomou seus contatos políticos, sendo que em janeiro de 1971 sua casa foi invadida. Rubens Paiva foi levado para um quartel, no Rio de Janeiro, onde foi barbaramente torturado e, posteriormente, assassinado pelo estado ditatorial. Após 40 anos, ou seja, quatro longas décadas, sua família pôde, enfim, saber de seu paradeiro, mas sem poder recuperar seus restos mortais para lhe dar um funeral e sepultamento dignos de homem que sempre pensou no Brasil e no seu povo.

De acordo com os depoimentos de agentes da repressão à Comissão da Verdade, Rubens Paiva foi enterrado durante dois anos em vários lugares, para, finalmente, seus restos mortais serem jogados nos mares do Rio de Janeiro, em 1973. Até, então, sua família não sabia o que realmente teria acontecido com seu corpo. Contudo, o político trabalhista tem um lugar de destaque na história recente deste País. Rubens Paiva, das pessoas mortas e desaparecidas vítimas da ditadura, talvez seja uma das que mais foram investigadas, porque seu “sumiço” chamou a atenção da sociedade civil organizada, tanto do Brasil quanto do exterior. Afinal, ele era um deputado muito combativo, determinado e conhecido, que nunca tergiversou quanto aos seus propósitos políticos e ao desejo de ver o Brasil se tornar desenvolvido e solidário. Um País que ele e tantos outros brasileiros perseguidos pela ditadura sempre sonharam em edificar. Isto é fato.

Todavia, de repente, o roqueiro neocon, Roger Moreira, no alto de sua arrogância e ignorância política e histórica, vai às redes sociais e faz assertivas grosseiras e sem pé nem cabeça. Elabora frases e pensamentos desconcatenados da realidade em que vivemos e parte simplesmente para a agressão verbal, o que reflete todo seu ódio, porque não aceita o contraditório e tem dificuldade para compreender que existem pensamentos e valores antagônicos aos seus, se algum dia Roger Moreira elaborou algum pensamento que, de fato, seja considerado e levado a sério como tal.

O roqueiro disse ao Marcelo Rubens Paiva verdadeiras “pérolas” de insensatez e ofensas gratuitas, que realmente o transformam em um pensador ou observador simplório, o que é muito diferente de ser uma pessoa simples, mas sábia. Aliás, os sábios são simples. Porém, o simplório, ainda mais quando da condição social e econômica do Roger, não passa de um ser de inteligência diminuta e de percepção quase nula sobre as realidades que lhes rodeiam. E repercutiu tal roqueiro, suas aleivosias e traquinagens: “É compreensível que você considere o comunismo legal. Mas daí a me usar de exemplo na Flip foi canalha de sua parte. E errado”, afirmou Roger, em seu twitter. E completou suas palavras coléricas, a demonstrar nenhum respeito pelo escritor e conhecimento de história: “E tem mais, seu bosta: minha família não foi perseguida pela ditadura. Porque não estava fazendo merda”.

Como pode um coxinha, um burguesinho da estirpe do Roger não ter quaisquer noções sobre o Brasil da época da ditadura, principalmente a partir da edição do AI-5. Qual é o problema dele? Nasceu ontem? O que tem de mais um jornalista e escritor, a exemplo de Marcelo Rubens Paiva, afirmar, em uma mesa de debates durante a Flip, que não espera que as pessoas, principalmente as mais jovens, saibam sobre a ditadura militar, até porque gente como o roqueiro Roger Moreira, que escrevia letras de músicas que questionavam a ditadura militar, bem como apoiava o movimento das Diretas Já, em 1984, e atualmente faz parte das hostes conservadoras, bem como faz questão de se mostrar há anos  uma pessoa de direita, o que é um direito seu, inalienável, porém, objeto de críticas.

Afinal, Roger tem passado e muita gente de sua geração deve estar a estranhar suas opiniões agressivas, intolerantes e desrespeitosas. Ponto! Roger tem o direito de falar o que quiser. Entretanto, o líder do Ultraje a Rigor sabe que quem fala o quer ouve também o que não quer — conforme reza o ditado popular. É assim que funciona a sociedade. Nada justifica as palavras ensandecidas de Roger publicadas no seu twitter quanto à família de Rubens Paiva ao fazer uma comparação com a dele repleta de infelicidade e perversidade. É muita insensatez e burrice em uma pessoa só. Roger não perdeu o bonde da história, porque não a conhece. Marcelo Rubens Paiva: Roger, na verdade, é um ultraje! A rigor. É isso aí.