quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lula ri enquanto a imprensa de mercado não o esquece jamais

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre 

 

 
Eu sou um jornalista que se interessa por história. Por ser um profissional de imprensa da área de Política, sempre pesquisei para conhecer os políticos, não somente pelo o que eles dizem, apregoam, acreditam e discursam. Antes de qualquer coisa, vou saber de sua biografia, ou seja, investigar seu passado, suas origens políticas, ideológicas e partidárias, bem como sua coerência de pensamento, além de verificar sua obra social quando esteve no poder.



Sempre tive essa conduta. Coisa básica, por exemplo, como ouvir osdois lados envolvidos em quaisquer questões, além de ter cuidado com informações meramente declaratórias, sem, antes, certificar-me da veracidade de quem passa as informações. Porque para o jornalista escrever para o público a informação tem de ter pelo menos algum ndício. Do contrário, é melhor não escrever ou falar. Se o fizer, é porque tal jornalista tem algum interesse, nem que seja simplesmente assegurar o seu emprego e assim agradar o seu chefe ou o seu patrão.



Essas atitudes e ações comezinhas, ordinárias, comuns, que qualquer aluno ou foca (jornalista em início de carreira) sabe por meio de qualquer professor de faculdade ou de um colega mais experiente não são realmente observadas e cumpridas por um grande número de jornalistas famosos e veteranos, mas que firmaram compromisso com o patronato, bem como querem garantir que as mudanças sociais e econômicas não ocorram, porque a intenção, de fato, é favorecer a manutenção do status quo, pois que são porta-vozes das elites econômicas e financeiras inquilinas do pico da pirâmide social.



E foi neste contexto perverso que o grande presidente trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva, ascendeu ao poder em 2003, quando, por oito anos, administrou a República Federativa do Brasil e amargou uma oposição promovida e levada a cabo pela imprensa burguesa, comercial e privada, que se transformou em um verdadeiro partido político — o Partido da Imprensa, que realizou no decorrer de seu mandato a mais ardilosa, veemente, traiçoeira, feroz e desrespeitosa campanha que eu já vi contra um político, de perfil trabalhista e ideologicamente socialista, saído das entranhas do povo brasileiro, dos movimentos sociais, dos sindicatos, de setores da universidade pública e da Igreja Católica progressista. 



Lula foi o presidente brasileiro mais politicamente orgânico da história do nosso País; mais ainda que o estadista gaúcho Getúlio Vargas, o fundador, sem sombra de dúvida, do Brasil moderno — industrializado. Como se percebe, os trabalhistas fazem jus ao nome, porque foram eles, no decorrer da história da República, que realmente trabalharam em prol do desenvolvimento e do crescimento do Brasil para que se transformasse em uma Nação moderna e civilizada. Os presidentes conservadores sempre tomaram do povo, e, quando possível, retiraram ou tentaram retirar seus direitos, inclusive os garantidos pela Constituição Cidadã de 1988, como o fez o neoliberal e vendilhão da Pátria, Fernando Henrique Cardoso, e assessores de sua confiança, como o também neoliberal José Serra.



Contudo, a campanha insidiosa e sistemática contra o presidente Lula não foi o suficiente para derrubá-lo apesar da tentativa de golpe em 2005. Apesar das perfídias e das manipulações e até mesmo mentiras veiculadas e publicadas pela imprensa comercial e privada, o político pernambucano de origem pobre e operário de fábrica do ABCD paulista saiu da Presidência da República (apesar de oito anos no poder, o que não é fácil) com o espetacular índice de aprovação de 82%, a superar, nada mais e nada menos, que o mito Nelson Mandela, quando deixou a Presidência da África do Sul.



Lula é um fenômeno político, e, consequentemente, social. O operário, que saiu de Pernambuco e chegou a São Paulo em um pau-de-arara ajudou a fundar a maior confederação de trabalhadores da América Latina e uma das maiores do mundo, a Central Única dos Trabalhadores, a CUT, além de também ser o fundador de um dos partidos mais poderosos e influentes do planeta, que é o Partido dos Trabalhadores — o PT. Somente essas duas criações bastariam para esse político exímio e de uma visão social e política profundamente conhecedora das questões sociais e econômicas brasileiras para que ele ficasse para sempre na história. Mas não foram somente esses dois fatos históricos importantíssimos que aconteceram.



Lula foi eleito presidente da República duas vezes e elegeu sua sucessora, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que nunca teve cargo eletivo e mesmo assim conquistou a cadeira da Presidência da República para se tornar a primeira mulher brasileira assumir cargo de tamanha importância e envergadura. Lula foi às ruas e às praças e também à televisão. Falou muito e mostrou seu legado, que, durante oito anos, foi boicotado e não veiculado pela imprensa alienígena e de negócios privados, que, entretanto, teve de engolir a divulgação das ações do Governo Lula, porque a propaganda eleitoral gratuita se encarregou de mostrar os fatos, as realidades e as conquistas do País e do povo brasileiro.



Se dependesse das mídias hegemônicas e monopolistas, o presidente Lula sequer existiria, a não ser para ser ofendido e taxado até de bêbado. Acontece que o presidente trabalhista entrou e saiu da Presidência sem um arranhão, no que concerne à sua conduta e ao respeito devido ao povo brasileiro. A verdade é quem foram surpreendidos alcoolizados pela PM do Rio e se recusaram a fazer o teste do bafômetro foram dois dos protegidos da imprensa de mercado: o candidato a presidente, senador do PSDB por Minas Gerais, Aécio Neves; e o ex-candidato a vice-presidente e deputado federal do DEM, Índio da Costa. A imprensa oligarca, nesses dois episódios, ignorou os fatos e recolheu seu porrete de moer reputações. Agora, a pergunta que teima em não calar: Imagine, leitor, se fosse o Lula no lugar desses playboys? Seria um cataclismo e manchetes cretinas por seis meses!


Apesar de tudo, o tempo passou e o cidadão Lula não é mais o presidente deste grande País que é o Brasil. Um ano após Lula ter deixado o poder, pesquisa do Instituto Análise ouviu duas mil pessoas  em cem cidades de todas as regiões do País. A pesquisa foi publicada na edição do dia 21 de setembro do jornal "Valor Econômico" e indicou que o ex-presidente Lula era mais popular do que quando saiu da Presidência, e olha que ele tinha 82% de aprovação, sendo que 14% consideraram seu governo regular quando estava no poder. "Regular" é aprovação. Então o índice sobe para 96%. Somente ínfimos 4% consideraram o Governo Lula ruim ou péssimo. Esses 4% representam, indubitavelmente, a imprensa entreguista, de passado golpista e alguns setores ligados aos exportadores e aos bancos, além de, evidentemente, parte da classe média despolitizada e leitora da "Veja", da "Época" e de jornais conservadores de má qualidade editorial e jornalística, como a "Folha de S. Paulo", o "Estadão", o "O Globo", o "Correio Braziliense" e o "Zero Hora", somente para ficar nesses, que são os maiores e mais ricos e que, inegavelmente, fazem oposição sistemática aos governos trabalhistas desde a época de Getúlio Vargas.



Conforme salientei em outros artigos, os barões da imprensa formam a classe empresarial mais atrasada do País. Eles ocuparam os lugares dos antigos cafeicultores paulistas que reagiram contra o fim da escravidão e combateram a efetivação da República. Eles são, realmente, muito atrasados. Chegam a ser toscos e tacanhos. Todavia, o ex-presidente Lula 'está bem na fita' no que diz respeito — volto a afirmar — às pesquisas, inclusive as atuais e que não são repercutidas pelos próprios jornais e televisões que as encomendam. Incrível, não? 



De qualquer maneira, o PT tem dois candidatos poderosos, no que oncerne ao número de votos. A ser assim, percebe-se o porquê de a imprensa privada continuar a bater em Lula depois de deixar a Presidência há mais de dois anos. A imprensa comercial e privada brasileira é tão surreal que é a única do mundo a querer derrubar um ex-presidente. Eles têm um verdadeiro pavor que o político trabalhista o PT volte a concorrer às eleições presidenciais e com isso ficar mais quatro anos, a partir de 2015. Eles preferem até engolir uma vitória de Dilma Rousseff. Trabalhista no poder é sinal de mudanças profundas e por uma administração popular. A direita sabe disso, porque alguns conservadores já abriram os livros de história. Por isso que os partidos de direita precisam do sistema midiático privado como os seres vivos necessitam de oxigênio para viver. Sem a mídia golpista, a direita não teria 20% dos votos.



Colunistas como Reinaldo Azevedo, da Veja, Ricardo Noblat e Merval Pereira, de O Globo, somente para exemplificar esses três, pois iguais a eles existem centenas, criticam diuturnamente e açodadamente e desrespeitosamente o político mais popular da história do Brasil e ainda reclamam que o Governo trabalhista tem a intenção de censurar, tolher a liberdade de expressão e de imprensa. É muita cara-de-pau e desfaçatez. Acredito que até alguns leitores que visitam as colunas desses caras devem às vezes achar um exagero tanta falta de educação e senso crítico, pois o que somente se lê é mau juízo de valor, arrogância e prepotência exacerbados.



A permanência da popularidade de Lula, como informa a pesquisa, incomoda muito os porta-vozes de nossas elites econômicas, que são os jornalões, tanto os das rádios como os das televisões e os impressos. Eles sabem disso, porque jornalistas compromissados politicamente e ideologicamente com seus patrões sabem que o ex-presidente Lula é praticamente imbatível em uma eleição, ao ponto de após um ano de sua saída da Presidência ter superado nos índices de aprovação a presidenta trabalhista Dilma Rousseff, que tem, na minha opinião, realizado um trabalho profícuo a serviço do povo brasileiro, ao dar continuidade ao programa do Governo Lula, que ela, inegavelmente, esteve à frente como ministra-chefe da Casa Civil. Dilma é Lula e Lula é Dilma, apesar de a imprensa imperialista querer dar uma conotação de diferença entre ambos, ou seja, usar como estratégia a separação de um do outro, o que, venhamos e convenhamos, é um absurdo para não dizer infantil e ridículo. Como o é mesquinho a imprensa burguesa não atender ao pedido de Dilma Rousseff para ser chamada de presidenta e não presidente.



O problema todo é que Lula e Dilma são presidentes de governos desenvolvimentistas, o que leva a burguesia ficar irada, porque ela é monetarista até a medula, cujos "deuses" desse capital são os professores Eugênio Gudin e Roberto Campos, com espaço amplo para Mário Henrique Simonsen e Delfim Netto, sendo que este último aparentemente mudou de lado e hoje é um dos maiores críticos do neoliberalismo e dos governos tucanos na esfera federal, bem como no âmbito estadual e há pouco tempo no municipal, no que tange aos tucanos que dominam o poder em São Paulo há 19 anos, com a cumplicidade total da grande imprensa paulista e também dos cariocas O Globo e TV Globo. Como fala sempre o jornalista Paulo Henrique Amorim, "os tucanos de São Paulo não passariam de Resende se não fosse o PIG". E é isso mesmo.



A tendência é que o PSDB diminua e tenha sérias dificuldades para conquistar os executivos estaduais e principalmente a Presidência da República. Eles não têm programa de governo e muito menos projeto de País. E o que tinha para vender, os tucanos venderam. Coitado do povo paulista que não sabe como vai estar o patrimônio público de São Paulo quando o PSDB, enfim, sair do poder. A privatização no estado mais poderoso da Federação foi ampla. E a imprensa, como sempre, nunca publica notícia que possa, ao menos, incomodar os políticos e o empresariado envolvidos com a alienação de bens públicos, no decorrer desses longos 19 anos. O tempo é o senhor da razão. O tempo vai mostrar o que aconteceu em terras paulistas.



Enquanto isso, a grande imprensa brasileira luta contra a volta de Lula, mesmo quando o trabalhista afirma que a Dilma é a candidata do PT. Os barões da imprensa hegemônica preferem a Dilma ao invés de Lula, porque, neste caso, entra um componente enraizado em nossas elites: o preconceito de classe e a negação do trabalhismo. Lula representa exatamente o que a imprensa de negócios privados não quer: a continuidade das políticas desenvolvimentistas e trabalhistas colocadas em prática por Getúlio Vargas, João Goulart, Juscelino Kubitschek, Luiz Inácio Lula da Silva e agora Dilma Rousseff.



É histórico e por isso o que eu afirmo é mais do que verdadeiro. Lula, mesmo fora do poder, de acordo com as pesquisas dos últimos dois anos tem ampla aprovação popular. Este fato significa que a população sente saudade do ex-presidente, porque sua relação com as pessoas é de afetividade e carisma, além do reconhecimento ao seu trabalho enquanto presidente da República. Somente Getúlio teve tanta empatia com o povo brasileiro. O que eu afirmo não é uma questão de simpatia ou de ideologia. São números e realidades analisados pelos empresários donos de institutos de pesquisas.



A relação de Lula com o povo sobrepõe às questões importantes, mas de caráter econômico e financeiro. Milhões de cidadãos, trabalhadores brasileiros se enxergam em Lula, como se o ex-operário representasse suas próprias existências, bem como a virtude de ter vencido na vida e conquistado o respeito ou até mesmo o medo daqueles que também são seus patrões, a burguesia — as elites brasileiras. Lula se tornou a referência do brasileiro e que almeja ter acesso a uma vida de melhor qualidade. Eu vi e percebi essa cumplicidade, que fez com que um retirante nordestino se tornasse presidente por duas vezes e ainda elegesse sua sucessora, mesmo a ter uma oposição muito rica e com apoio de um sistema midiático privado dos mais poderosos do mundo. O migrante nordestino os derrotou e por isso se tornou um mito ainda em vida. Lula ri enquanto a imprensa de mercado não o esquece jamais. É isso aí.

A privataria tucana — O resto é o silêncio ensurdecedor

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

“O Governo tucano e neoliberal de FHC foi o governo “cavalaria de Átila”, ou seja, por onde passava nem a grama nascia. Nunca vi tanta insensatez e ganância no que tange a vender o patrimônio público e a falta de respeito com o povo brasileiro. E eles estão soltos”.




 Lula fortaleceu o mercado interno, criou empregos e pagou a dívida. FHC, o Neoliberal, vendeu o Brasil.

Há quinze anos, no mínimo, milhões de brasileiros sabiam e sabem que a venda do patrimônio público brasileiro no governo do presidente neoliberal Fernando Henrique Cardoso, conhecido também como FHC, foi e continua a ser a maior roubalheira contra os interesses do Brasil e do seu povo trabalhador. Mesmo se as transações fossem legais e éticas, os homens e mulheres do PSDB, do DEM e do PPS não tinham o direito de alienar empresas gigantescas, rentáveis e principalmente estratégicas para a segurança e o desenvolvimento do povo brasileiro.
Sempre afirmei ainda que os tucanos emplumados e seus comparsas aliados de crimes de lesa pátria, o DEM e o PPS, que também participaram da privatização de estatais preciosas para a nossa independência e autonomia, como a Vale do Rio Doce e o sistema Telebrás, deveriam estar presos, na cadeia, e dessa forma expurgados da vida da política nacional, a bem do serviço público, além de a punição ser também uma satisfação ao povo brasileiro e às gerações passadas, que construíram o Brasil e depois ter de aturar pessoas completamente divorciadas dos interesses da Nação.

A alienação do bem público brasileiro, construído com dedicação, estudo, pesquisa, trabalho, suor e investimentos orçamentários no decorrer do século XX, principalmente a partir da ascensão, em 1930, do presidente nacionalista, o estadista Getúlio Vargas, foi uma rapinagem e pirataria, com o apoio, indelével, da imprensa privada brasileira, aquela mesma que até hoje considera os princípios do neoliberalismo a única solução para atender as demandas das sociedades, apesar do derretimento dos mercados de capital e imobiliário e da insolvência de estados nacionais como a Grécia, a Irlanda, Portugal, a Espanha, a Itália, com reflexos terríveis para países poderosos como a Alemanha, a França e a Inglaterra, que foi superada pelo Brasil no que concerne ao tamanho do PIB.

A doação de estatais estratégicas do Brasil foi um processo estudado e depois colocado em prática por aqueles que foram eleitos em meados da década de 1990 e nomeados para administrar e zelar pelos nossos interesses, o que, terminantemente, não ocorreu. A verdade é que esse processo dantesco de entrega das riquezas nacionais e da submissão do Brasil teve seu início no governo do presidente que renunciou para não ser cassado, Fernando Collor de Mello, que começou a abrir com maior vigor o nosso mercado interno, bem como colocar em prática o que foi estabelecido pelo Consenso de Washington de 1989, que começou a impor ao mundo o pensamento neoliberal, que é alicerçado em princípios que diminuem o estado, bem como prega a não intervenção estatal na economia.

Esses “dogmas” foram levados a cabo pelo ex-príncipe dos sociólogos, FHC, que se transformou no sapo do entreguismo e da aplicação nua e crua do neoliberalismo no Brasil, com a assessoria constante e influente do homem da bolinha de papel, o senhor José Serra, que realizou, no ano passado, juntamente com a velha imprensa comercial e privada, a campanha presidencial de maior baixaria de todos os tempos. Mesmo assim não conseguiu convencer o povo brasileiro, que nunca foi trouxa e muito menos alienado ao ponto de não perceber que o Brasil de Lula foi infinitamente melhor do que o Brasil do vendilhão e traidor da Pátria conhecido por FHC — um verdadeiro Joaquim Silvério dos Reis, o Judas do Brasil, o pai do neoliberalismo, sistema que, inclusive, extinguiu empregos em vez de criá-los.

Os governantes tucanos diminuíram as tarifas alfandegárias e retiraram quase todas as restrições comerciais para facilitar a entrada de produtos estrangeiros. A intenção era favorecer os grandes exportadores, o que, sobremaneira, não interessava ao nosso mercado interno, porque quando um País privilegia demais um setor da economia, como foi o caso do comércio exterior, os empregos são criados lá fora e não no mercado interno. As exportações têm de ser fortalecidas e consideradas, pois importantes, mas o mercado do Brasil é essencial para que possamos nos desenvolver. Não é à toa que o aquecimento do nosso comércio e indústria contribuiu, indubitavelmente, para que o Brasil não sentisse muito a crise internacional iniciada em 2008.

Não satisfeito em vender estatais poderosas e rentáveis como a Vale do Rio Doce, as siderúrgicas, a Telebras e as companhias de eletricidade, dentre muitas outras, os tucanos reduziram os gastos (na verdade, investimentos) em setores essenciais como a saúde, a educação, a moradia e a previdência. O propósito de não investir tinha a finalidade de desviar o dinheiro para o pagamento das dívidas externa e com os fornecedores do Governo, ou seja, os empresários e banqueiros. A falta de comprometimento e responsabilidade desses tucanos com o País fez com que esses setores entrassem em colapso, além de o País ainda ter de enfrentar o famoso “apagão” durante dez meses, bem como ter grande prejuízo com o afundamento de uma das maiores plataformas de petróleo do mundo, a P-36. Os trabalhadores sofreram também com o congelamento do salário mínimo e não recebiam reposições salariais, de acordo com o índice da inflação.

O Governo tucano e neoliberal de FHC foi o governo “cavalaria de Átila”, ou seja, por onde passava nem a grama nascia. Nunca vi tanta insensatez e ganância no que tange a vender o patrimônio público e à falta de respeito e de consideração com o povo trabalhador brasileiro. A privatização do PSDB e do DEM foi a maior entre os países da América Latina. E eles estão soltos, como se nada tivesse acontecido. Esse pessoal tucano sempre considerou investimentos como gastos e por isso somente atendeu as exigências do FMI e o que foi estabelecido pelo Consenso de Washington. O neoliberalismo do Governo FHC foi tão radical que fez com que a “criadora” que colocou em prática o neoliberalismo em termos mundiais, a ex-primeira ministra britânica, Margaret Tatcher, sentir-se uma iniciante — aprendiz de fórmulas econômicas que permitissem a brutal concentração de renda e de riqueza.

Os tucanos foram generosos, evidentemente, ao conceder empréstimos a juros baixos via bancos de fomento, como o Banco do Brasil, o BNDES e a CEF. Empresários como Carlos Jereissati e Daniel Dantas agradeceram penhoradamente. Realmente, aconteceu no Brasil o que já tinha acontecido no México e no Chile, país este que foi cobaia ainda na década de 1970 do neoliberalismo, à frente desse vampiresco processo os chicago boys do ditador sanguinário Augusto Pinochet. O governo tucano entreguista e lacaio dos interesses dos europeus e dos EUA, não satisfeito com tanta desfaçatez, propôs ainda a redução de direitos trabalhistas e da força de negociação dos sindicatos. Eram metas a serem alcançadas pelo governo neoliberal, que, porém, não conseguiu alterar ou tirar direitos essenciais conquistados pelos trabalhadores desde os tempos do estadista gaúcho Getúlio Vargas.

O Programa Nacional de Desestatização, o Plano Collor e a abertura do mercado nacional às importações foram as senhas para a desestruturação do estado, por meio da venda de estatais à iniciativa privada. À frente da lavagem cerebral estavam a imprensa e o sistema midiático. A finalidade era fazer com que o povo brasileiro aceitasse a rapinagem, a pirataria, a roubalheira do patrimônio nacional. A propaganda era constante e os jornais televisivos e impressos repercutiam a alienação dos bens brasileiros como se fosse uma coisa necessária, normal, natural, primordial para o Brasil integrar um mundo “moderno”, regulado por si mesmo, ou seja, auto-regulado e regulamentado, praticamente sem a intervenção do estado. A resumir: os banqueiros, os grandes empresários dos diversos setores da economia passariam como passaram a estabelecer as regras, as normas, inclusive no que concerne à fiscalização, à concorrência, ao combate ao dumping e à estabilidade dos preços. Seria cômico se não fosse trágico.

Os estados nacionais não podem e não devem deixar a raposa cuidar do galinheiro. Salutar se torna também não deixar o lobo cuidar das ovelhas. Do contrário, a vaca vai para o brejo. E foi. O foi em 2008. A crise internacional “lambeu” os princípios do deus mercado e os economistas, políticos, jornalistas, empresários e a classe média papagaio de pirata e de direita acabaram com os burros na água, e perceberam que o neoliberalismo não tinha e nunca teve princípios, porque não os tem, não os possui. Sua natureza é a exploração de poucos sobre muitos. Quem considera o mercado e os números mais importantes que o ser humano não pode vencer, porque a riqueza é intrínseca à condição humana, maior e única responsável pela riqueza ou pobreza da humanidade.

O Brasil teve a infelicidade de ser por quase quarenta anos comandado pelos monetaristas, a começar por Eugênio Gudin e Roberto Campos. Terminou mal, nas mãos de Pedro Malan, cujo chefe era o presidente neoliberal Fernando Henrique Cardoso, que, além de estar solto, tem a cara-de-pau de dar palpites que ninguém quer ouvir, porque as pessoas não são bobas ou trouxas para sempre. 
Quem o ouve é a Folha de S. Paulo, a Veja, o O Globo e seus congêneres. Eles ainda estão nas décadas de 1970/80 e principalmente na de 1990, quando os tucanos venderam o País e eles apoiaram tal roubalheira sem pestanejar, afinal são golpistas desde os tempos de Getúlio Vargas.

O golpismo, o entreguismo, a subserviência, o complexo de vira-lata são o DNA deles, suas impressões digitais. Essa gente tem orgulho de ser colonizada e por isso não tem resquício de vergonha. O caso da Chevron que derramou óleo na Bacia de Campos e o golpe de estado em Honduras são episódios emblemáticos do servilismo e da mente imperialista dos donos dos meios de comunicação brasileiros e de seus jornalistas de confiança, que chegam ao cúmulo de não reconhecer os avanços do Brasil nos últimos anos apesar dos números gigantescos nos aspectos social e econômico.

Muitos afirmam que as ideologias acabaram e eles são extremamente ideológicos e de direita. A censura da imprensa velha, comercial, corporativa e privada (privada nos dois sentidos, tá?) ao livro “A Privataria Tucana” de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que vendeu em apenas quatro dias mais de 30 mil exemplares, demonstra que a imprensa, a mídia, não está interessada em combater a corrupção como ela apregoa no Governo Dilma e apregoou no Governo Lula. A imprensa, definitivamente, mostrou quem ela é e a quem ela serve. O poder midiático privado serve aos ricos, aos interesses do grande capital internacional e nacional e combate, ferrenhamente, todo e qualquer governo trabalhista do Brasil e do exterior. A imprensa censura a si mesma quando percebe que os interesses de grupos empresariais, inclusive os dela, estão em xeque, como ocorre no momento por causa do livro do Amaury.

O silêncio da imprensa é ensurdecedor e rompe os tímpanos do bom senso, da verdade, do jornalismo e do interesse público. Contudo, a imprensa de negócios privados censura a si mesma e silencia para que a corrupção tucana e dela mesma não se dissemine por todos os segmentos sociais. Essa realidade acontece porque a imprensa entreguista tem lado, é partidarizada, além de ser useira e vezeira em manipular, distorcer, dissimular e até mesmo mentir para ter seus interesses e dos grupos os quais representa sejam concretizados. 

Os barões midiáticos não se fazem de rogados e impõem o silêncio ao povo brasileiro sem se preocuparem, entretanto, com sua credibilidade futura, porque apesar de a blogosfera sistematicamente desmenti-los, a velha imprensa alienígena continua a demonstrar sua falta de compromisso com o Brasil e o seu povo, e por isso vai continuar a exercer seu papel de ponta-de-lança dos interesses do capitalismo internacional, bem como ser indutora de conspirações, principalmente contra os nacionalistas e trabalhistas, que ocupam, no decorrer da história, a cadeira da Presidência da República. É isso aí.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

História une Lula a Getúlio para derrotar FHC e Lacerda


Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre

No dia 24 de agosto de 2013 vai se completar 59 anos da morte do grande estadista Getúlio Dornelles Vargas. Ao acordar, pensei no notável político que foi o gaúcho da cidade de São Borja, berço do trabalhismo brasileiro. Lembrei que o Senado homenageou, em 2004, o grande estadista, em uma sessão especial, da qual participei por meio de convite, pelo transcurso dos 50 anos de seu trágico desaparecimento e que, contraditoriamente, propiciou naquele momento a derrota da direita brasileira, que estava há poucos momentos de efetivar mais um golpe de estado.

O Senado, instituição republicana por onde passaram vultos importantes de nossa história, entre eles o general gaúcho, Pinheiro Machado, e o doutor das letras, o baiano Rui Barbosa, sempre relembrou e homenageou as pessoas que ajudaram a pensar e a construir este País. É tradição, e, a meu ver, assim continuará, pois se trata de uma Casa augusta, enraizada na história do Brasil, além de ser um fórum político muito importante de deliberações e decisões em âmbito nacional.

Pensei em Getúlio e em sua grandiosa obra. Refleti sobre seu imenso legado, e, conseqüentemente, em seus opositores, ferozes e injustos, desrespeitosos e ousados, mas, principalmente, oportunistas e mentirosos, combustíveis da violência daqueles que querem assumir o poder pela força das armas. Uma oposição de direita, sobretudo, herdeira da escravidão e contrária ao desenvolvimento social e econômico que a população brasileira estava a experimentar pela primeira vez em sua história.

O Brasil, até então, era um País de herança escrava, atrasado. Cerca de 70% da população, em 1930, vivia no campo. Para ilustrar ou dimensionar o que foi Getúlio Vargas recorro ao saudoso professor, fundador da Universidade de Brasília (UnB) e criador do CIEP, senador Darcy Ribeiro, que disse a seguinte frase: "Quando você pensa que coisas elementares para qualquer País como os Ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho não existiam no Brasil antes de 1930; quando você pensa que não havia jornada de oito horas de trabalho, não havia direito a férias, a sindicato, à greve, e constata que quem introduziu isso tudo foi Getúlio, mesmo reconhecendo seus defeitos não se pode esquecer sua importância histórica".

A constatação do mineiro Darcy Ribeiro personifica e sedimenta a vida política, o ideário do estadista gaúcho, herdeiro de Júlio de Castilhos e, filosoficamente, positivista. Não há como, de forma imparcial, dissociar Getúlio Vargas do desenvolvimento do Brasil, e, por conseguinte, da inserção de nosso País no rol dos países que são considerados civilizados.

Getúlio civilizou a sociedade brasileira, porque garantiu os direitos civis e trabalhistas, bem como permitiu que o cidadão brasileiro se tornasse independente, por intermédio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), da instituição do salário mínimo, da organização dos sindicatos, do direito à greve, do acesso das massas à educação, da criação da Previdência Social e da Justiça do Trabalho.

Além disso, Getúlio reorganizou o estado nacional ao instituir o concurso público, para depois centralizá-lo e com isso obrigar os estados a serem, de fato, federados. Naquela época, os governadores eram chamados de presidentes, e as oligarquias rurais e urbanas controlavam os governos estaduais, administravam o dinheiro público sem darem satisfações a um poder central, que hoje tem instrumentos como a Receita Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público e as procuradorias, que combatem o desvio de recursos e apontam aqueles que são os responsáveis pela corrupção e por diversas modalidades de crimes financeiros e fiscais. A punição fica a cargo dos tribunais do Judiciário, não se pode confundir.

Por tudo isso, não é correto, historicamente, negar o valor e a importância de um homem, raro, como Getúlio Vargas. Ele, juntamente com homens da importância de Oswaldo Aranha, Lindolfo Collor, Francisco Campos, Gustavo Capanema, Pedro Ernesto, Juarez Távora, Tancredo Neves, Assis Brasil, Juracy Magalhães, Alberto Pasqualini, João Goulart e, posteriormente, Leonel Brizola, entre muitos outros, revolucionaram o nosso País, que até então era rural, voltado à agricultura e à pecuária, além de exportar minérios, sem, entretanto, agregar valor algum.

Essa brilhante geração de políticos realmente pensou o Brasil e o construiu, solidificando-o para o futuro, mesmo quando este mesmo futuro não foi tão bom para os brasileiros — vide os homens que vieram a governar este País após a morte de Getúlio Vargas e da queda de João Goulart, o Jango, no ano de 1964. Em vez de darem continuidade à sua monumental obra, tentaram desconstruí-la, aos poucos, de governo a governo.

Ao contrário dos Estados Unidos, cujos presidentes, em sua maioria, deram continuidade à obra social e econômica de Franklin Delano Roosevelt, os ditadores do período militar e os presidentes José Sarney, Fernando Collor e o tucano Fernando Henrique Cardoso, conhecido também como FHC — o Neoliberal — anunciaram o fim da Era Vargas.

FHC — o Lesa-Pátria —, com sua vaidade e petulância de "aristocrata" ou de cafeicultor paulista quatrocentão, além da vocação para intelectual sociológico, colocou em prática sua característica principal como mandatário: nenhuma praticidade e vontade para fazer do povo brasileiro um povo orgulhoso e satisfeito com os rumos de seu País.

Vendeu empresas públicas lucrativas e organizadas, que serviram de base para o nosso desenvolvimento. Estatais, a exemplo da Vale do Rio Doce (obra de Getúlio) e a Telebras hoje mutilada e dividida entre os estrangeiros em várias partes, foram alienadas do patrimônio público brasileiro e vendidas a preços tão baixos que hoje soam como piada. De mau gosto, é claro.

Em vez de ter papel social, a Telebrás, dividida pela iniciativa privada estrangeira e nacional, transformou-se apenas em prestadora de serviços de telefonia dos mais caros do mundo. Por seu turno, essas empresas são as campeãs de reclamações no Procon. Realmente, as telefônicas privadas dão nos nervos da população, porque quando algo ou alguém somente visa o lucro, não há como priorizar a sociedade e nem respeitar seus direitos fundamentais, garantidos pela Constituição e pelo Código do Consumidor. Portanto, considero que as agências reguladoras e o governo têm de ser duros com os maus empresários e cobrar, sem tergiversar, o que é definido pelos contratos.

As empresas de telefonia se recusam a investir nos rincões do Brasil e até hoje não disseminaram o sistema de banda larga, porque não têm competência para realizar tal projeto, além de considerá-lo caro para seus cofres abarrotados de dinheiro, valores monetários que, evidentemente, vão para fora em forma de remessa de lucro e com isso ajudar a gringada a amenizar o colapso financeiro, econômico, social e moral pelo qual estão a passar, por causa do derretimento do fracassado e desumano neoliberalismo, a partir de 2008. Somente os "especialistas" da imprensa de negócios privados comprometidos com o grande capital "não percebem" essas realidades. Eles não são uns gênios, prezado leitor?

O neoliberal tucano FHC, na verdade, não governou como presidente de uma Nação, e sim como corretor de imóveis e de empresas à venda. Lula trilhou um caminho contrário e fortaleceu o estado nacional, que, posteriormente, tornou-se o maior responsável pelo Brasil praticamente não sofrer com a crise econômico-financeira internacional, que acometeu o mundo no ano de 2008. Lula vem do trabalhismo paulista, que é diferente do gaúcho, mas que, no fim das contas, tem os mesmos interesses políticos e sindicais, porque se trata de defender os interesses dos trabalhadores. E é esta a questão primordial.

Lula, mandatário que já tem um lugar de honra na história do Brasil, tal qual Getúlio Vargas, apenas compreendeu o trabalhismo do antigo PTB e do PDT e passou a trabalhar, de forma programática, essa realidade na Presidência da República. A direita percebeu e sua ponta-de-lança, a imprensa de mercado, passou a combatê-lo, como o fez com Getúlio, Jango e Brizola, ao ponto de, em 2005, quase ser derrubado por essa estratégia conservadora, que se valeu do caso do mensalão para sangrá-lo politicamente, enfraquecê-lo, porque no ano seguinte haveria as eleições para presidente. Todo esse processo teve a cumplicidade da cúpula do PSDB e, obviamente, do DEM, que é o pior partido do mundo, pois tão conservadores quanto os republicanos do Texas. Eles, juntamente com os tucanos paulistas, são o Tea Party brasileiro.

Lula percebeu, juntamente com Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil e Luiz Dulci, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, que estava em jogo não apenas a luta pelo poder em termos civilizados, partidários, eleitorais e constitucionais. O que estava a acontecer era uma conspiração de setores reacionários da vida brasileira, que colocavam em risco o seu mandato de presidente da República conquistado, inquestionavelmente e democraticamente, nas urnas.

O presidente trabalhista avisou aos seus ministros: "Continuem trabalhando no Ministério, porque eu vou para as ruas". Dito e feito. Lula subiu para o Nordeste, e de lá avisou aos golpistas que não aceitaria golpe de estado. Posteriormente, o político fundador do PT e da CUT disse que o problema da direita, dos conservadores é que eles nunca se depararam e trataram com um presidente cuja origem tem raízes profundas no sindicalismo, na ala progressista da Igreja Católica e nas organizações sociais. Trata-se de um triunvirato poderoso, porque ele é enraizado na alma do povo, e, por conseguinte, ramificado em todos os setores da sociedade brasileira. A direita percebeu e recuou. Ela é cruel, mas não é e nunca foi idiota.

O governo neoliberal e entreguista do tucano FHC, que envergonhou a verdadeira social-democracia, principalmente a europeia, deveria, na verdade, ter se espelhado em Getúlio Vargas, que ofereceu propostas e efetivou não um programa de governo, mas, sim, de estado para o País, com sua equipe e, obviamente, com a força dos trabalhadores brasileiros. Se Getúlio é considerado em um período ditador, como gostam de afirmar os "gênios" da imprensa privada golpista, o que pensar então das políticas econômicas e sociais dos cinco ditadores militares, de José Sarney, Fernando Collor e, principalmente, do neoliberal Fernando Henrique Cardoso?

Existe ditadura mais cruel? E há crueldade maior do que a da imprensa comercial e privada? Esta, historicamente, liga-se a políticos que fomentam o jogo de interesses do grande capital nacional e internacional. Barões da imprensa que compactuam, como sempre, com os conspiradores de outros segmentos, que se dedicam a derrubar ou ridicularizar quaisquer políticos que tenham propostas nacionalistas, projetos para o País e programas de governo voltados para o desenvolvimento social, que visam emancipar o povo brasileiro. Programas e projetos exemplificados em Getúlio Vargas, João Goulart e Luiz Inácio Lula da Silva, bem como em Juscelino Kubistchek, que, por pensar em seu futuro político, apoiou, em um primeiro momento, o golpe de estado de 1964. Depois Juscelino percebeu seu grave erro e passou também a combater, corajosamente, a ditadura civil-militar, que o perseguiu e o humilhou.

CARLOS LACERDA E FHC: TUDO A VER... PLIM PLIM!
Por sua vez, a corrente política trabalhista dos gaúchos, também dos uruguaios e dos argentinos, enfim, foi derrotada em 1964, por intermédio de políticos e militares udenistas e golpistas umbilicalmente ligados à Guerra Fria, promovida e patrocinada no ocidente pelos Estados Unidos, e apoiada por parte da classe média despolitizada e conservadora e, logicamente, como não poderia deixar de ser, pela imprensa alienígena e pelos religiosos conservadores da Igreja Católica, além de banqueiros como o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, que tiveram ainda a cumplicidade dos empresários da Fiesp, da Fierj e de outras federações empresariais menos importantes.

Não procede e não reflete a verdade histórica a interpretação de muitos historiadores, sociólogos, políticos e jornalistas que Getúlio Vargas, em 1945, teve de renunciar por causa da vitória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na II Guerra Mundial, como, por exemplo, declarou, na época, o presidente do Senado, José Sarney. O político maranhense, de origem udenista da ala Bossa Nova, afirmou tais palavras ao "Jornal do Senado", em sua edição especial de 24 de agosto de 2004, em homenagem a Getúlio Vargas.

A verdade é a seguinte: em 1945, Getúlio Vargas teve de renunciar, pois o Palácio do Catete estava sitiado pelos militares (sempre eles). Agiu dessa forma para manter o regime democrático e com isso garantir a vitória do marechal Eurico Gaspar Dutra, seu ministro da Guerra, nas eleições constitucionais de 1946. Tanto é verdade que Getúlio foi eleito democraticamente, em 1950, fato este que recrudesceu o ódio feito de bílis da direita reacionária udenista-militar, que nunca teve voto e continuou a não tê-lo através da história. Nem mesmo as mudanças constantes de nomes, como, por exemplo, Arena, PDS, PFL e agora DEM, partido que está a se transformar em uma agremiação média para pequena, serviu para que os udenistas melhorassem suas imagens perante os eleitores. Mudar o nome da sigla não convence ninguém. A direita é o que é, porque seus propósitos são o que são, e todo mundo sabe disso, até um recém-nascido.

Com o ressurgimento do PSD (sigla partidária fundada por Getúlio) do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, acarretou que muitos demoníacos (desculpem, foi um lapso!) do DEM pulassem do barco para não afundar com o partido direitista. Kassab percebeu que ser aliado de José Serra é dar abraço em afogado, e apoiar Geraldo Alckmin significa não ter acesso livre para concorrer a governador de São Paulo. Esperto o Kassab, não achas, caro leitor? Com isso, o DEM, que é o PFL e a UDN, vai seguir o seu destino: o fracasso retumbante e, quiçá, a extinção, palavra esta muito íntima de ex-senador e ex-governador de Santa Catarina e ex-"ideólogo" do DEM, Jorge Bornhausen. Quem sobrou para o DEM? O ACM Neto, atual prefeito de Salvador. Só que o neto do falecido coronel ACM não tem expressão nacional, mas mesmo assim o DEM, o pior partido do mundo, ergue as mãos aos céus por ter conquistado a capital dos baianos.

Voltemos ao Sarney. Udenista que também foi da Arena e do PDS, conhece a história do Brasil. Ele sabe que Getúlio Vargas foi vítima de um golpe. Vargas caiu porque sofreu um golpe "branco" e foi traído pelos coronéis e generais, inclusive pelo seu ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa. Os generais, a maioria, dizia-se, até então, legalista, portanto, constitucionalista. Esses mesmos coronéis e generais, dez anos mais tarde (1964), ascendem ao poder, por meio de um golpe militar, com amplo apoio de forças estrangeiras, como a CIA e o Departamento de Estado, da IV Frota dos EUA, de civis brasileiros de oposição, aqueles com influência junto aos empresários que controlam os meios de produção e de comunicação, bem como o importantíssimo apoio logístico, geográfico e político de governadores poderosos como Magalhães Pinto de Minas Gerais, o intrépido, loquaz, agressivo, ambicioso sem limites pelo poder e multifacetado Carlos Lacerda do Rio de Janeiro, denominado pelos seus adversários de o Corvo, além do governador de São Paulo, Ademar de Barros, "o rouba, mas faz".

Para o bem da verdade é necessário que fique claro que Getúlio não foi derrubado porque era "ditador", e sim porque era nacionalista, contrariava interesses internacionais e elaborou leis e assinou resoluções que beneficiaram o trabalhador. A questão política (ser ditador ou não) sempre ficou em segundo plano, mas foi usada e manipulada, sistematicamente, como questão principal. A imprensa atacava violentamente Getúlio (a Tribuna da Imprensa, do golpista Carlos Lacerda, publicou, de forma cruel e infame, a seguinte manchete: "Somos um povo descente governado por um ladrão"). Os proprietários de jornais, rádios, televisões e revistas pertencem à classe do patronato e, igualmente, aos patrões de outros segmentos da economia, eram e ainda o são até hoje contra os avanços sociais efetivados pelos governantes trabalhistas. Eles sempre, quando podem, pedem a revisão das leis trabalhistas. Sempre.

Considerar Getúlio ditador realmente foi um subterfúgio para a burguesia brasileira combatê-lo e derrubá-lo. Tanto é verdade que depois a imprensa empresarial apoiou como cúmplice e de forma subserviente os militares a partir de 1964. Ou seja, a imprensa privada foi um dos principais alicerces da ditadura militar. Ao apoiarem o golpe de estado, os barões da imprensa e das mídias enriqueceram a tal ponto que hoje enfrentam governos e tentam pautá-los conforme seus interesses políticos, ideológicos, econômicos e financeiros. Ainda mais se determinado governante for trabalhista, a exemplo de Getúlio, Jango, Lula e agora a presidenta Dilma Rousseff.

A verdade é que a ditadura Vargas perto da dos militares de 1964 era coisa de amador. A imprensa da época, os ricos e parte da classe média derrubaram Getúlio porque seu governo estava a distribuir renda, além de inserir muitos milhares de brasileiros no mercado de trabalho e nas escolas públicas. Getúlio Vargas foi derrubado em 1945 e morto em 1954 porque era nacionalista e tinha um projeto de autodeterminação e de independência para o Brasil. Fato este que não interessa e nunca interessou aos EUA e à nossa burguesia herdeira do sistema de escravidão.

Os militares e civis que passaram a controlar o Brasil com mão de ferro em 1964 se alinharam aos interesses internacionais, a ter como base a Guerra Fria. Os Estados Unidos não permitiriam jamais que o Brasil, bem como a Argentina de Perón e o Uruguai se desenvolvessem sem sua aquiescência. Era uma questão geopolítica e colonialismo, sem sombra de dúvida, pois os estadunidenses passaram a ficar histéricos quando a União Soviética dividiu o mundo, simbolicamente, com o muro de Berlim.

O Brasil, então, passou a abrir as portas, com ênfase, às multinacionais. Os economistas, de pensamento monetarista,/liberal, como Eugênio Gudin, Roberto Campos e equipes direcionaram a economia do País para o que hoje é conhecido como neoliberalismo, sistema perverso alicerçado na globalização, que é o colonialismo maquiado, com nova estampa, a fim de atender às demandas da nova ordem mundial, que é a mesma ordem secular de sempre: manda quem pode (países ricos); obedece quem tem juízo (países pobres). Como ocorreu com a Líbia. Os países colonialistas, por meio da ONU, órgão de supremacia e defasado; superado e de espoliação internacional, calou-se e mais uma vez se tornou cúmplice da rapinagem e da pirataria que se pratica por meio da força nos países árabes, como exemplificam muito bem a Palestina, o Iraque e o Afeganistão, somente para ficar nesses.

Acontece que Getúlio Dornelles Vargas tinha juízo. Quem não tinha e continua a não tê-lo são os políticos de partidos (extintos ou não) como a União Democrática Nacional (UDN), o PL, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), o Partido Democrático Social (PDS), o DEM (ex-PFL), o Partido Popular Brasileiro, atual Partido Popular (PP), além de outros partidos de centro e de direita como o PPS e o PSDB, aquela agremiação política que vendeu o País e por causa desse grave motivo perdeu as últimas três eleições para presidente da República. Lembro ainda que partidos que se dizem de esquerda, como o PPS e o PSOL foram cooptados pelo establishment, como o foi também o partido de Marina Silva, o Rede, que antes de ser legalizado no TSE já é uma metáfora de si mesmo.

Getúlio Vargas estava tão à frente de seu tempo que, em 1929, na campanha à Presidência da República, pela Aliança Liberal, ele propunha uma legislação que efetivasse as férias remuneradas e a regulamentação do trabalho do menor e da mulher, o que venhamos e convenhamos, deixou a "elite" econômica nacional inconformada, com raiva, ou melhor, com ódio. Getúlio Vargas foi o maquinista da revolução industrial brasileira, a transformar, desse modo, um País rural em urbano.

Criou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Vale do Rio Doce e a Petrobras. O mundo hoje, com as guerras no Oriente Médio, na África e na Ásia árabe, está a enfrentar mais uma crise de petróleo, na verdade de vários tipos de energia, e o Brasil é autossuficiente e, portanto, não sente em demasia a alta nos preços do combustível fóssil. É verdade que o preço da gasolina, por exemplo, não é barato, mas, contudo, o Brasil, com a descoberta do Pré-Sal e com seu mercado interno cada vez mais forte, torna-se um País mais poderoso do que já é, e preparado para enfrentar crises, bem como ter o controle de suas diferentes fontes de energia.

Retornemos a Getúlio. Além disso, a construção da CSN permitiu que o Brasil liderasse o segmento do aço e assim se tornasse proprietário de seu destino, sem precisar exportar ferro bruto e depois comprar o mesmo ferro de países industrializados a preços altíssimos, em dólares, o que, sobremaneira, não agradou aos industriais norte-americanos do segmento do aço. Só que produzir aço é uma questão de segurança nacional e de independência para qualquer País, e Getúlio percebeu isso. Alguns grandes empresários sempre remam contra a maré e contrariam os interesses de seu próprio País.

Lula, quando presidente, pressionou o ex-manda-chuva da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, a agregar valor à produção da Companhia, ou seja, construir siderúrgica, fábricas que pudessem propiciar empregos no Brasil para os trabalhadores brasileiros. Lula demonstrou, em público, sua contrariedade. Agnelli pagou para ver. E viu; pois demitido. No governo Dilma ele teve de sair da presidência da Vale do Rio Doce. Como se vê, existem empresários, executivos atuais que agem como os empresários e executivos do passado. O tempo passa, mas a cabeça é a mesma. São tacanhos e medíocres, porque não pensam no País. Eles não têm compromisso. Não dá para deixar na mão de um executivo predador uma empresa do gigantismo da Vale do Rio Doce, identificada com o povo brasileiro, além de ser obra do estadista nacionalista Getúlio Vargas. E a imprensa e seus "especialistas" de prateleira têm a insensatez e a total falta de noção ao defender o injustificável e o indefensável, tudo para manter privilégios e atender os interesses do mercado internacional, mesmo se o preço for o prejuízo do Brasil e do seu povo competente, criativo e trabalhador.

Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal — quando se despediu do Senado em 1994, com o propósito de desmontar a Era Vargas, afirmou: "Um pedaço do nosso passado político ainda atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas, ao seu modelo de desenvolvimento autárquico e ao seu Estado Intervencionista". FHC queria o quê? O País não tinha nada. Era rural. Getúlio remodelou o estado nacional e o organizou. Somente o estado teria e tem (como demonstrou na crise mundial de 2008) condições de fomentar e desenvolver a economia e, por conseguinte, permitir a melhoria da qualidade de vida da população, ainda mais naquela época de Vargas.

Nada mais natural aos tucanos do que as palavras de FHC, que depois de terminar seu mandato não deixou legado algum. O político neoliberal e entreguista deixou, certamente, um legado de miséria, de diminuição da renda do trabalhador, de desemprego, de venda das estatais, que FHC não construiu e não lutou para construí-las, de subserviência ao FMI (faliu o Brasil três vezes e pediu dinheiro de joelhos e com o pires na mão), de não efetivação séria da reforma agrária, de degradação do meio ambiente, de destruição das nossas estradas, ferrovias e portos, de racionamento de energia durante nove meses, que redundou no famoso apagão, e, como não poderia deixar de ser, de crescimento da violência.

O executor do neoliberalismo no Brasil, o tucano FHC, criticou o legado de Getúlio Vargas no Senado, em 1994, como se fosse uma senha. Ele sinalizou aos estadunidenses, credores históricos, que desmontaria o estado brasileiro, com as vendas das estatais e do fechamento de instituições e órgãos públicos e com isso permitir a diminuição do estado nacional. Estado menor mais dinheiro para pagar a dívida. Atitude que os estadunidenses, por não serem entreguistas, não fariam com o estado deles.

FHC, o Neoliberal, trabalhou bem para os ricos e manchou de vergonha todos os brasileiros que um dia acreditaram que a social-democracia fosse democratizar a vida nacional, a começar pela distribuição de renda e de riqueza. Afinal, foi isso que os sociais democratas europeus fizeram. Somente eleições não bastam. Tem de haver democracia na economia. Distribuição de renda, de terra, apoio à micro e média empresas, crescimento nos índices de emprego e, sobretudo, aplicação massiva de recursos para a educação. Foi isso que Getúlio e Lula fizeram. Cada uma com as realidades e as diferenças de suas épocas.

FHC (ele é professor) e seu governo entreguista não construíram uma escola de ponta, uma escola técnica. As universidades públicas foram quase desmanteladas e as faculdades particulares surgiram como sarampo em criança, a maioria delas somente de olho nas mensalidades pagas pelo aluno trabalhador, despossuído de dinheiro e de ensino de qualidade. Quanto a Lula, o que dizer?

Lula (e muitos sindicalistas da CUT, alguns deles, inclusive, foram eleitos deputados), antes de ser presidente e por desconhecimento, pensava de uma maneira bem parecida com a de FHC, no que tange ao trabalhismo e ao sindicalismo. Lula considerava a CLT como o AI-5 dos trabalhadores. Para o presidente petista, Getúlio Vargas era o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Lula afirmava que o PT nasceu dos operários de macacão e por isso tem de escolher seu destino em vez de ficar à mercê do cajado de políticos que deveriam andar com os trabalhadores e não dizer o que eles têm que fazer.

Na Presidência da República, Lula, homem inteligente, dotado de uma clarividência política ímpar, percebeu que sua condição de político, sua realidade de vida e seu pensamento ideológico eram mais próximos dos trabalhistas gaúchos do que ele pensava. Ele não somente percebeu como começou a governar como tal, ou seja, com as características inconfundíveis de um mandatário trabalhista, tanto no Brasil como na Argentina ou no Uruguai.

Lula sempre quis os sindicatos desvinculados do estado. Os sindicatos foram criados na era Vargas. Lula tem forte influência nos sindicatos, pois a CUT é um conjunto imenso dessas importantes entidades. A verdade é que se não existissem os sindicatos, Lula não existiria como grande líder político que é hoje. Lula, portanto, é fruto do sindicalismo criado por Getúlio. Por mais que os sindicatos paulistas e confederações e federações de trabalhadores não tenham oficialmente vínculo com o estado, não há como desvincular Lula de Getúlio, porque ambos são (ressaltadas suas diferentes épocas e origens) umbilicalmente e historicamente ligados aos trabalhadores brasileiros.

Contudo, de uma coisa eu tenho certeza: não se consegue desmontar a história; e Getúlio Vargas vai ficar para sempre na memória do povo brasileiro. Antes de dar fim à Era Vargas (coisa que muitos tentaram, mas não conseguiram), todo dirigente político tem de procurar não imitar FHC — o neoliberal. Se tal mandatário pensa em realmente ficar na história que ele faça por onde. Não basta ser um presidente administrador dos interesses das classes privilegiadas e dos trustes nacionais e internacionais. Tem de ser estadista. E Lula se fez estadista igual a Getúlio. Ponto.

FHC falou demais e fez de menos. Lula aproveitou a crise mundial e parou de administrar somente a macroeconomia (exportações, bancos, grandes indústrias e serviços) e passou, inclusive antes da crise, a valorizar o mercado interno para fazer o País crescer, além de se preocupar com a criação de universidades, extensões e escolas técnicas. Dilma Rousseff vai agora implementar a construção de creches e melhorar o ensino público fundamental.

Todavia, quem quer pagar ensino que pague. O estado é o provedor maior, pois o estado é a própria população. Quando o estado não cuida de seu povo, ele não é democrático. Esse negócio de empresa privada, livre iniciativa é papo para boi dormir. Conversa mole para favorecer os ricos. A livre iniciativa mama nas tetas do estado há muito tempo, como ocorreu há pouco nos Estados Unidos e na Europa, por causa da crise de 2008, que derreteu o neoliberalismo, sistema de rapina e desregulamentado de propósito para privilegiar ainda mais a quem já era privilegiado.

A verdade é a seguinte: empresário empregador tem de ter apoio sempre e financiamento. Empresário especulador "tem que passar a ser competente para se estabelecer", como define o principal bordão empresarial, além de ser a regra número um do mercado, tão admirada inclusive pelos maus empresários. Getúlio Vargas é mais moderno que todos os presidentes brasileiros, juntamente com Lula. Acontece que até hoje a nossa elite econômica tem rancor do grande estadista, por ele ter colocado ordem no País, quando assumiu o poder em 1930 e depois derrotou a "revolução" Cartola Constitucionalista de 1932, que queria manter os privilégios de uma oligarquia que ainda sonhava com o tempo da escravidão (política do café com leite).

Inclusive, infelizmente, parte da elite acadêmica, universitária e de viés tucano, analisa Getúlio com uma ponta de desdém, que é a inveja dissimulada. Getúlio Vargas foi um fenômeno político. Quando ele assumiu o poder e passou a modernizar o estado e as relações trabalhistas a libertação dos escravos tinha acontecido há apenas 42 anos, depois de 350 anos de escravidão, a mais longa da história da humanidade. Acham isto pouco? Mas não é. É muito. A Era de Getúlio não foi devidamente dimensionada pela história e pelos historiadores, e vai levar tempo enquanto viverem neste País pessoas rancorosas, conservadoras e que lutam, incessantemente, pela manutenção do status quo das classes dominantes.

O estadista brasileiro, o "ditador" esclarecido Getúlio Dornelles Vargas reorganizou os partidos, fundou o PSD e o PTB, estabeleceu o voto feminino, o voto secreto, criou a Previdência Social, criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estatizou a geração de energia elétrica, criou a carteira de trabalho, criou a Fábrica Nacional de Motores (lembra-se do caminhão FNM?), criou a Rádio Nacional, criou o Museu Imperial de Petrópolis, a resguardar assim a memória do Século XIX, criou a Eletrobras, criou o Serviço Nacional da Indústria (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi), instituições essenciais para a formação de mão-de-obra especializada, pois Getúlio Vargas estava a iniciar a industrialização do País. Os empresários da Fiesp acham que foram eles que criaram o Sesi e o Senai. E os Marinho e os executivos das Organizações(?) Globo pensam que o "Criança Esperança" é programa de governo. Seria cômico se não fosse trágico. Realmente... Sem comentários.

Criou ainda o presidente gaúcho e trabalhista o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), responsável pelo treinamento e profissionalização da carreira dos funcionários públicos, criou a "Voz do Brasil", para divulgar as ações do governo, além de limitar a remessa de lucros de empresas estrangeiras para o exterior. Somente este último item me leva a imaginar o que Vargas deve ter arrumado de inimigos, tanto estrangeiros quanto nacionais. O político trabalhista era, sobretudo, um homem corajoso. Getúlio Dornelles Vargas fez essa obra gigantesca em 19 anos. Os outros presidentes, juntos, com exceção do também estadista e trabalhista Lula, não fizeram nem a terça parte do que fez o Getúlio. É isso aí.