terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Cuba — A hora e a vez do Brasil

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre


Realmente, a pequenez intelectual, a mesquinhez no que tange ao mundo dos negócios, o preconceito anacrônico e o provincianismo atávico da Casa Grande — a direita brasileira — a transforma em um anão politicamente estratégico e, consequentemente, em uma manada de caráter colonizado e desprovida de estratagemas próprios, que fortaleça os interesses do Brasil e efetive, de forma definitiva, a total emancipação do povo brasileiro, que há séculos luta para se livrar dos grilhões de quem o oprime e o reprime, que, sem sombra de dúvida, é a “elite” deste País — a que escravizou seres humanos por quase quatrocentos anos.

Dito isto, afirmo ainda que ao ler os jornais e as revistas porta-vozes da Casa Grande provinciana e perversa, que jamais na história organizou e coordenou o desenvolvimento do Brasil, porque sempre se recusou a pensá-lo, por motivo de incompetência e ganância, assombro-me com a tamanha hipocrisia e ausência total de senso crítico quando, em suas manchetes e capas, ajoelham-se pela milionésima vez às decisões dos Estados Unidos, pois bajuladores, capachos e xeleléus, porque se alinham automaticamente, sem vacilar, aos interesses geopolíticos e econômicos do país yankee, a terra adorada pelos coxinhas de classe média e milionários deste País, portadores hereditários do inenarrável e indescritível complexo de vira-latas.

Poder-se-ia dizer que a “elite” brasileira, além de infame, não tem autonomia, porque não pensa o mundo que a rodeia e se preocupa apenas com seus negócios e a dar golpes políticos, quando considera que o mandatário no poder é inimigo de seus interesses, mesmo a saber que nos governos trabalhistas de Lula e Dilma, os empresários nunca ganharam tanto dinheiro.

Trata-se do preconceito ideológico e da lavagem cerebral que essa gente capenga intelectualmente transforma em “religião”, porque ainda não saiu da Guerra Fria, além de saudosistas dos idos de 1964, como comprovaram, inquestionavelmente, as passeatas e protestos que vociferam pelo impeachment de Dilma Rousseff, presidenta recém-eleita, bem como grupos direitistas pediram, absurdamente, por uma “intervenção” militar, que na verdade é golpe, e de estado.

Não se deve levar os propósitos da direita a sério, a não ser quando ela, sorrateiramente ou às claras, tenta desestabilizar o processo democrático e as instituições republicanas. Dessa forma, o Governo tem de intervir duramente e com o respaldo da Constituição e dos poderes que guardam a Carta Magna. Do contrário, teremos mais uma vez uma direita irresponsável no poder, que sempre governou para poucos, como não deixa dúvidas a nossa história, além de ser, internacionalmente, lambe-botas dos países de almas imperialistas.

De repente, não mais do que de repente, os jornais e as revistas da Casa Grande passam “amar” Cuba. Tudo bem, se não amam o valente e determinado país caribenho, ao menos tentam ser simpáticos para agradarem, como párias servis, os seus patrões: os Estados Unidos. Evidentemente, creio eu, que setores da direita brasileira, os mais fanáticos, os extremados, estão agora a xingar o presidente estadunidense, Barack Obama.

Acontece que o grande “irmão” do Norte das Américas, como gosta de dizer a “elite” colonizada das bandas tupiniquins, sabe que Cuba é estratégica geopoliticamente, bem como uma referência portuária em termos mundiais, que vai movimentar gigantescos negócios, e os EUA não querem ficar de fora dessa festa, capitaneada pelo Brasil e países asiáticos, a exemplo de China e Cingapura. A verdade dói, mas a política externa brasileira dos últimos 12 anos alavancou negócios e rompeu fronteiras e preconceitos daninhos à inteligência e ao bom senso.

A criação dos Brics e o fortalecimento da Unasul e do Mercosul, além da existência do G-20 são os exemplos mais concretos de um novo mundo, que não fica mais à mercê da “boa vontade” de sistemas econômicos ultrapassados, que apenas visavam a espoliação e a exploração dos países periféricos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos, de forma que a maioria das nações batiam palmas para meia dúzia de países desenvolvidos dançar, diverti-se e usufruir das riquezas daqueles que deviam a bancos de pirataria como o FMI, o BID e o Bird, o Banco Mundial, que atualmente empresta muito menos dinheiro que o BNDES, principal propulsor de financiamento para a construção do Porto de Mariel, em Cuba.

Isto mesmo. O BNDES, do nosso Brasil, além de financiar mais do que o Bird, é o maior responsável pela modernização do Porto de Mariel, com um aporte financeiro de US$ 682 milhões. Tal porto, tão criticado pela tosca direita brasileira, inclusive na campanha presidencial do tucano derrotado, senador Aécio Neves, com o apoio, evidentemente, da imprensa de negócios privados deste Pais, que, ao invés de falar um monte de bobagens e mentiras, deveria se preocupar em se desestatizar, porque 70% do dinheiro que entra nessas empresas privadas e desregulamentadas são provenientes do poder público, ou seja, dos governos Federal, estaduais e municipais. A resumir: a imprensa corporativa e familiar é privatista, mas seu dinheiro é público.

Só não dou gargalhadas da burrice ideológica e conservadora dessa gente porque tais grupos políticos e empresariais são entreguistas, perigosos, prejudicam o Brasil e seu povo com suas mentiras, distorções e manipulações quando se trata de disseminar a notícia. Então para mim são criminosos, porque quem mente para o público deveria no mínimo levar um monte de processos nas costas, bem como terem tais processos julgados pelo Judiciário de forma célere, coisa que muitos juízes, acumpliciados com essa imprensa alienígena e de mercado, recusam-se a fazer.

Contudo, a política externa dos mandatários trabalhistas do PT é vitoriosa, como comprova, indubitavelmente, a reforma da infraestrutura logística do Porto de Mariel. Um verdadeiro golaço! Queiram ou não queiram os lorpas e pascácios, bem como os que juraram fidelidade à burrice eterna. O montante investido no porto é de US$ 1 bilhão. Cuba se responsabiliza com US$ 318 milhões. Em contrapartida, o Brasil garantiu que os cubanos invistam US$ 802 milhões com a compra de bens e serviços, o que significa a garantia de 150 mil empregos no Brasil, além de beneficiar diretamente 400 empresas brasileiras. E por quê? Porque rezam os contratos que as necessidades materiais e logísticas do porto cubano sejam fabricadas pela Indústria brasileira. Ponto!

Mesmo assim, e a mentir, a direita brasileira, por intermédio do PSDB, DEM e imprensa familiar, à frente seus áulicos da desventura e desesperança travestidos de jornalistas passaram a falar mal do Porta de Mariel recorrentemente, com inspiração na Guerra Fria. Seria cômico se não fosse trágico e ridículo. Simplesmente começaram a mentir e levaram suas sandices e idiotices para o horário eleitoral, até que, como uma bomba no meio de suas burrices e noção qualquer de estratégias geopolíticas e econômicas, o presidente Barack Obama resolve reatar os laços comerciais e, obviamente, políticos com Cuba.

E lá vai, mais uma vez, a imprensa meramente comercial e devoradora de dinheiro público editar um jornalismo rastaquera e mequetrefe, que representa muito bem a sua “cara e caráter”. Bajulador da gringada poderosa, tal sistema midiático, que ainda não foi regulado e por isso mente e distorce os fatos e as realidades sem ser punido, arvora-se agora de grande arauto da objetividade e pragmatismo político e econômico, quando, na verdade, sempre foi cúmplice e algoz do bloqueio comercial a Cuba, um dos maiores crimes contra a humanidade e que ora, ao que parece, está a ser desconstruído.

Hipócrita, no mínimo, a imprensa burguesa de verve e alma criminosa o é. A política de relações externas do Itamaraty nos últimos 12 anos é democrática, desenvolvimentista e tem por finalidade a integração entre os países, de maneira que as trocas comerciais e de serviços beneficiem os povos e sirvam de mola propulsora de seus desenvolvimentos, fatores esses que nunca interessaram aos inquilinos da Casa Grande e de sua imprensa venal e apátrida.

O Brasil é, sim, o principal protagonista da integração da América Latina e das conversações diplomáticas Sul-Sul em termos hemisféricos, além de abrir novas fronteiras no Oriente Médio, no Leste Europeu e, sobretudo, na Eurásia, quando se trata de Índia, China e a Rússia. Afinal, estão aí os Brics, sendo que o “S”, em Inglês, representa a África do Sul. A política externa brasileira é um sucesso, e luta por um “capitalismo social”, digamos menos selvagem, mais brando e que propicie não apenas lucros aos inquilinos da Casa Grande em âmbito mundial, mas, sobretudo, permita o acesso das camadas pobres, as chamadas de populares, ao consumo, aos serviços públicos de boa qualidade, à moradia e ao saneamento básico.

A verdade é que os governos trabalhistas do PT querem um País de classe média, e a direita, indisfarçadamente, não quer e nunca quis. Esta é a questão primordial e de fundo político. E por quê? Porque não se resolve nada, de forma democrática e conciliada, fora do círculo da política. A ausência dela significa guerra ou ditadura. Barack Obama percebeu que o Brasil tomou a frente da política externa na América Latina e outras terras deste mundo. Os Estados Unidos sabem disso e querem participar. O Brasil é vanguarda e protagonista. A Casa Grande, seus partidos e a imprensa de direita são o retrocesso e o atraso. Afinal, eles são escravocratas. Cuba é a hora e a vez do Brasil. É isso aí.

Leia também

http://www.brasil247.com/pt/247/poder/93967/Cuba-o-embargo-injustificado-o-papel-do-Brasil-e-dos-EUA.htm     

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

É o Pré-Sal, a Dilma e o Lula, estúpido! O Instituto Millenium também...

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre




Todo mundo sabe, até mesmo os recém-nascidos, os mortos, os acordados de um coma profundo e os extraterrestres que o sistema de mídias privado e de direita, controlado por meia dúzia de famílias chefiadas por magnatas bilionários de imprensa se transformou em um partido político não oficial e de caráter conservador, entreguista e golpista.
Todo mundo sabe, menos os coxinhas de classe média de direita, além de certas celebridades, como o ex-roqueiro Lobão, e gente intelectualmente pouco honesta, a exemplo de Olavo de Carvalho, Demétrio Magnoli e Marco Antônio Villa, “ases” do reacionarismo tupiniquim aboletados no Instituto Millenium, parecem não saber que este movimento dos grandes trustes internacionais de petróleo contra a Petrobras, a ter como porta-vozes a imprensa de negócios privados, que atuam e agem no Brasil é na verdade uma estratégia organizada e engendrada para desmoralizar a histórica estatal brasileira e desconstruir a imagem do Governo Trabalhista, a ter como seus líderes a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, ambos petistas.
Se qualquer pessoa quiser saber onde começa o golpe de estado de caráter jurídico e midiático no Brasil, basta levantar seus olhos para o Instituto Millenium, além de clubes e associações empresariais urbanas e rurais, que, inconformados com a derrota eleitoral para o PT, ainda não desceram dos palanques e fazem uma oposição feroz, seletiva, histérica, manipulada e, evidentemente, de essência golpista, porque apostam em impeachment de uma presidente recentemente eleita, bem como em golpe militar, que, de forma cínica e hipócrita, chamam de “intervenção” militar.
Trata-se do Instituto Millenium, um misto de Escola Superior de Guerra (ESG) com o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), entidades que no passado conspiraram e fomentaram o golpe militar de 1964, com o apoio financeiro e ideológico da CIA norte-americana, a ter à frente golpistas poderosos e influentes como o presidente Castelo Branco, o general Golbery do Couto e Silva, o banqueiro Magalhães Pinto e os empresários Ivan Hasslocher, Glycon de Paiva, Gilbert Huber Júnior e Paulo Ayres Filho, dentre muitos outros, a exemplo das famílias midiáticas dos Marinho, dos Frias, dos Mesquita e dos Civita.
Neste momento, a política brasileira passa por um processo de achincalhe, linchamento moral e propaganda sistemática e perniciosa contra o Governo Trabalhista, que se repete, porque volta aos tempos do pré-golpe de 1964, com o envolvimento de certa banda da Polícia Federal, que se mostra insubordinada, porque à direita do espectro ideológico, bem como resolveu fazer política, ao ponto de delegados da PF do Paraná cometerem ações contra o Governo do PT nas eleições presidenciais, além de atacá-lo frontalmente, inclusive a ofender o ex-presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff.
Paralelamente às ações políticas de delegados partidários e pró-tucanos, o Governo petista se vê obrigado a lidar com outra frente oposicionista e que controla o Judiciário e o Ministério Público Federal. Juízes de altas cortes e promotores passaram a vazar investigações da PF para a imprensa de mercado, sendo que as informações geralmente tratavam quase sempre de pessoas ligadas ao Governo ou ao PT, de forma que se percebeu que tais vazamentos o são, sobretudo, seletivos, e, com efeito, tem a intenção de fazer com que o público pense que o PT é o inventor da corrupção no Brasil, e que o PSDB e seus áulicos são, na verdade, um monte de chapeuzinhos vermelhos ou rapunzeis, de olhares meigos e inocentes à espera de escaparem ilesas da bruxa e do lobo mau.
Porém, a Casa Grande governou o Brasil durante séculos, e, evidentemente, a corrupção nunca foi combatida, porque a direita é patrimonialista, elitista, violenta e, obviamente, sectária, pois partidária de um País que sirva a poucos e que os muitos somente tenham o papel de serem explorados por intermédio da força de trabalho, se possível, mal pagos e sem oportunidade de qualificação e ascensão social. Ponto.
Chega a ser surreal as realidades distorcidas pela imprensa alienígena e meramente comercial. Quanto mais o Governo investiga a corrupção perpetrada por quadrilhas de criminosos, por intermédio da Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, mais a imprensa corporativa dá conotações mequetrefes e malfazejas, de forma que os consumidores desse segmento da economia, incrivelmente desregulamentado neste País, acreditem em matérias porcamente apuradas e sabidamente manipuladas e distorcidas, a fim de propiciarem um efeito negativo às ações do Governo petista, mesmo quando se torna evidente que o combate à corrupção no Brasil nunca foi tão levado a sério, tal qual como apregoou a candidata Dilma Rousseff quando disse que não deixaria pedra sobre pedra, nos debates contra o tucano derrotado, Aécio Neves, bem como no discurso da vitória.
Contudo, percebe-se claramente que o golpismo tucano-midiático não se restringe ao inconformismo e ao ódio por causa das quatro vitórias eleitorais do PT, em campanhas presidenciais. Não. Enganam-se os inocentes úteis e os replicadores do golpe, que não aceitam a distribuição de renda e riqueza, a ascensão social dos pobres, além da diminuição das diferenças regionais. O que está em jogo, mesmo e para valer, não é mais o terceiro turno, como queria o PSDB na voz irada de Aécio Neves, a ser repercutida no Senado e na imprensa empresarial e familiar subordinada aos interesses dos capitalistas dos Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Não mesmo. A aprovação das contas da campanha eleitoral de Dilma e do PT se tornou a pá de cal que cobriu os interesses golpistas da Casa Grande, herdeira legítima da escravidão. A resumir: é o Pré-Sal, a Dilma e o Lula, estúpido! O Instituto Millenium também. O Globo, o Millenium e as alcateias que os acompanham já disseminaram editoriais entreguistas que apregoam o fim do modelo de partilha para o Pré-Sal ao defenderem a implementação do modelo de concessão, tão prejudicial aos interesses do povo brasileiro, como ficou comprovado por meio da venda de ações da Petrobras, em Nova Iorque, pelo Governo de FHC — o Neoliberal I —, o grão-tucano, o maior lesa-pátria da história, que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes.
É exatamente que a Casa Grande quer: entregar as nossas riquezas e continuar a reboque dos colonialistas e imperialistas como sempre fizeram, sem o mínimo de vergonha na cara, durante séculos. A burguesia e seu apêndice — a pequena burguesia (coxinhas de classe média) — querem determinar a agenda política e econômica do Governo Trabalhista, que foi eleito quatro vezes para dar continuidade aos seus programas de governo e projeto de País.
A Petrobras está a sangrar, mas não vai falir, até porque está a bater recordes de lucros em todas suas áreas, apesar da depredação dos ladrões, que estão a roubá-la desde o fim dos anos 1970, quando esses diretores ingressaram, por meio de concurso, na empresa brasileira mais emblemática, simbólica e que representa o orgulho brasileiro, bem como sua luta por sua independência e emancipação. A Petrobras foi recuperada pelo Governo do PT, e vai ficar muito mais forte com o combate à corrupção que ora está a acontecer, com determinação e coragem.
Além disso, sabemos também que a direita brasileira, uma das mais poderosas e cruéis do mundo, luta contra a política internacional dos governantes petistas, que abriram novas portas para efetivar relações comerciais, a realizar novas parcerias, assinar acordos e contratos e concretizar a criação de blocos poderosos, a exemplo do Brics, do Mercosul, da Unasul, bem como fortalecer as relações Sul-Sul, em termos hemisféricos. O Pré-Sal é nosso, estúpido!

Não adianta O Globo e seus congêneres tentar derrubar a mandatária reeleita pelo povo brasileiro. Seu editorial apenas serve para satisfazer os egos e desejos das aves de rapina, a exemplo de BP, Chevron, Shell e Exxon. As irmãs siamesas, que há mais de um século exploram as reservas dos países petrolíferos, a custo de miséria, violência, guerras, mortes e golpes de estado, com a aquiescência e a cumplicidade de elites escravocratas como as brasileiras. O Pré-Sal é que está em jogo, estúpido, e não a corrupção na Petrobras, que está a ser severamente combatida pelo Governo Dilma Rousseff, além da desconstrução da imagem de Lula, que pode concorrer às eleições presidenciais de 2018. É isso aí.  

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Feminicídio: morte da mulher por ser mulher

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre

Foto: Departamento de Fotografia da Tribuna do Ceará
O empoderamento da mulher, no decorrer do tempo, é visível e retrata a mudança que as sociedades, principalmente as ocidentais, experimentam com a saída da mulher do lar, e, consequentemente, sua inclusão no mercado de trabalho, no empreendedorismo, e, evidentemente, na política.

Contudo, em minha opinião, não são as conquistas econômicas, financeiras e políticas efetivadas pelas mulheres que se tornaram as questões mais sérias de suas realidades, mas, sobretudo, a violência praticada pelos seus companheiros, maridos, namorados, amigos e até mesmo estranhos.

O problema mais grave a ser enfrentado para que a mulher se torne definitivamente autônoma, independente e dona de seu destino é a violência contra ela, uma indignidade perversa, que remonta aos tempos de barbáries das civilizações humanas. Não existem condições de uma sociedade se tornar evoluída se as mulheres, os idosos e as crianças não forem respeitados em seus direitos e dignidades.

E dou exemplo ao que eu falo, com números e realidades. Segundo estudos e pesquisas do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), apesar de a Lei Maria da Penha completar oito anos este ano, 15 mulheres são mortas por dia no Brasil, o que significa que apesar da existência da lei as taxas de mortalidade continuam altas.

O Ipea aponta ainda que em dez anos, entre 2001 e 2011, cerca de 50 mil mulheres foram assassinadas. Em nosso País, o feminicídio vitima, em média, 5.664 mulheres por ano, sendo que 472 são mortas a cada mês e 15,52 são assassinadas, dia após dia. São números de guerra civil, que envergonham a sociedade brasileira e depõem contra as autoridades, bem como contra todo o sistema educacional e familiar.

Afinal de contas, a educação começa em casa, para logo ser também efetivada em escolas, igrejas, associações e instituições públicas e privadas. Considero que as sociedades modernas estão falidas moralmente, educacionalmente, e, fundamentalmente, subjugadas por valores e princípios que, de forma alguma, retratam a existência da humanidade e sua luta para sobreviver neste planeta chamado de Terra.

E por quê? Porque “esquecemos” que as sociedades remotas diversificadas em um conjunto gigantesco de comunidades superaram seus obstáculos por intermédio da solidariedade, do respeito às diferenças de gêneros, quando o homem e a mulher se tratavam de forma igual até o momento em que o poder masculino se armou, pois se tornou belicista e territorialista, e, por sua vez, o dono do território, do terreno, da caça, da terra para o plantio e, principalmente, da casa ou lar, onde mora sua companheira eterna, a mulher, mãe de seus filhos, que também passa a ser tratada como posse de seu poder, como todo o resto.

Todas estas questões apresentadas o são, irremediavelmente, verdadeiras. O autoritarismo e a prepotência são os combustíveis dos valores culturais e civilizatórios que fundamentam o machismo, pois se traduz em preconceito e se transforma em violência física e ideológica, não somente contra a mulher, porque o machista e o sistema que lhe propicia poder se volta também contra os gays, os portadores de deficiências, os pobres, os idosos, as crianças e os grupos étnicos considerados minorias.

O machismo, antes de tudo, é preconceituoso. O preconceito é perigoso, porque ele mata. O preconceito é o rastilho de pólvora que alimenta há milênios o poder patriarcal, que quando se sente ameaçado ou simplesmente desafiado trata logo de queimar a pólvora e explodir em violência, que redunda em sofrimento e prejuízos morais, emocionais, afetivos, financeiros e físicos.

O Brasil se quiser ser desenvolvido e ter uma sociedade igualitária tem de compreender, primeiramente, as razões da violência contra a mulher e tudo o que advém dela, a exemplo da família, do trabalho, da sociedade em geral, pois quando uma mulher é agredida moralmente e fisicamente, ela é transformada em vítima de ameaças, espancamentos e assassinatos.

A verdade é que o homem que incorre nesses graves erros e pecados está a destruir tudo aquilo o que ele é: o fruto da carne da mulher. Não há condições de existir uma sociedade livre e justa se a mulher e as minorias não forem respeitadas em seus direitos de viver em paz, pois, sem paz, não há justiça; e, sem justiça, edifica-se a guerra com todas suas terríveis consequências.  

Os índices negativos sobre a violência contra a mulher denotam, de acordo com o Ipea e as Secretarias de Segurança, que a Lei Maria da Penha, apesar de ser útil e tipificar o crime contra as mulheres, muitos deles oriundos do machismo, ainda não conseguiu intimidar os homens violentos, porque a vida é dinâmica, instável e a violência de momento, a explosão de fúria, a bebedeira e a sede de sangue e vingança não temem a Lei.

A maioria das mulheres agredidas e mortas é vítima de seus parceiros ou conhecidos. Geralmente esses homens bebem ou se drogam, sentem-se fracassados ou inferiores e são portadores de sentimentos diabólicos, que se transformam em uma mistura que é nitroglicerina pura: autoritarismo e preconceito pelo simples fato de a mulher ser mulher, comportar-se como mulher, vestir-se como mulher, questionar como mulher, desejar como mulher, sonhar e lutar como mulher, brigar como mulher e ter o corpo de mulher, alvo da violência do homem de caráter dominador, pois ciumento, fato este que pode levá-lo a matar, porque considera propriedade aquela que se dispôs a ter uma relação afetiva com ele.

Portanto, o machismo é o senhor do preconceito e a razão da guerra, pois ele é a ideologia que sustenta e legitima o controle social e econômico pelo poder pátrio, que se estende ao Estado, às instituições religiosas e ao seio das famílias. O machismo falseia a realidade, porque desde os primórdios da humanidade, quando o homem deixou ser nômade e optou por ocupar territórios, e, consequentemente, dominar o outro homem, agora visto como adversário ou inimigo de seus interesses, valeu-se das leis de impedimento, da moral religiosa e da coerção e repressão do estado ou de milícias privadas para estruturar a ideologia machista, que propiciou a este homem o domínio e a exploração sobre os outros homens, bem como, evidentemente, sobre a mulher.

Machismo é ideologia. Ponto! Por isso que é tão difícil e complexo combatê-lo. Por seu turno, trata-se de uma ideologia falsa e infame, porque o propósito é legitimar um modelo de organização social superado, que causou conflitos, guerras, violência e a capitulação das famílias. O machismo aposta na individualidade, a ter a “meritocracia” como forma de impedir que todos os entes humanos cresçam e tenham acesso a uma vida de melhor qualidade.

O machista é antidemocrático, injusto, individualista, egoísta e violento. A violência antes de ser praticada é antes pensada. Então o machismo é ideológico, porque tem a finalidade de fazer com que certos grupos sociais exerçam a hegemonia sobre outros, a exemplo das mulheres, dos gays, dos negros, dos índios ou dos idosos. Para existir a ação violenta não é necessário colocá-la sempre em prática. Basta apenas ser omisso ou cúmplice de toda essa draconiana engrenagem.

Um homem pode passar toda sua vida sem bater ou agredir com palavras duras uma mulher, e mesmo assim ser machista, porque seus pensamentos, princípios e valores coadunam com os preceitos do sistema patriarcal. A Lei Maria da Penha, apesar de sua importância, é apenas uma onda dentre às milhares de ondas que se esvaem nas areias. Por isso, a luta contra o machismo tem de ser duramente e sistematicamente combatida, sem trégua e tempo para terminar.

O empoderamento da mulher é uma solução viável para que ela possa ter a liberdade de escolha e ser dona de seu destino. Em pleno século XXI do terceiro milênio as ações de violência contra a mulher têm de ser severamente efetivadas, bem como a conscientização de que a mulher tem de ser um ente independente e dona de sua vontade começa dentro de casa, porque o aprendizado da ideologia do machismo é ensinada primeiramente nos lares.

Necessário se torna também afirmar que existem homens machistas, aos montes. Entretanto, vale salientar que milhares ou milhões de mulheres se comportam em suas vidas como machistas, porque tal ideologia não tem sexo, idade e raça. O lar é o local onde os meninos e as meninas deveriam aprender que o machismo e certas ideologias e conceitos não são os melhores conselheiros para a sociedade ouvir e, por conseguinte, andar por veredas tortuosas, que levam à dor e à desesperança.

O feminicídio é uma das maiores mazelas da humanidade. No Brasil, tal processo draconiano causa profundas dores às famílias e indescritíveis prejuízos morais e financeiros à sociedade. A Lei Maria da Penha é um importante instrumento de proteção à mulher vítima de violência, mas não basta. Discernimento e conscientização sobre o papel da mulher são fatores que deveriam começar a serem discutidos nas famílias.

Afinal, a família é o Estado e o conjunto da sociedade em forma de célula. O machismo é uma doença social, que descambou para uma violência em forma de epidemia, cujo nome é feminicídio. É isso aí.

Taxas de feminicídios por 100 mil mulheres

Brasil e Unidades da Federação Brasileira — 2009-2011

Mortes por Estado

As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte apresentaram as taxas de feminicídios mais elevadas, respectivamente, 6,90, 6,86 e 6,42 óbitos por 100 mil mulheres. Os Estados com as maiores taxas foram: Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08), Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81). Por sua vez, taxas mais baixas foram observadas nos Estados do Piauí (2,71), Santa Catarina (3,28) e São Paulo (3,74).

Idade e raça

Segundo o estudo, mulheres jovens foram as principais vítimas: 31% estavam na faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos. Mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos. No Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres negras (61%), que foram as principais vítimas em todas as regiões, exceto na região da Sul. Merece destaque a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).


Fontes: Ipea/Diset

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Aécio surtou, Gilmar, bandalheira e imprensa golpista

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre

Foto: Rogério Correia
O senador Aécio Neves (PSDB), derrotado pela presidenta trabalhista Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais, ainda está em plena campanha, que terminou após os resultados do segundo turno. Contudo, o tucano surtou e lembra muito o político direitista venezuelano, Henrique Capriles, na maneira de falar, agir e apostar em golpe institucional, como o fez com o presidente Hugo Chávez, mesmo ao preço de sacrificar o estado de direito, a democracia e as instituições republicanas, pois não respeitou o resultado das urnas, a soberania da maioria do povo, que não o elegeu.

Aécio Neves transita pelas mesmas veredas tortuosas de Capriles, e dá uma guinada radical à direita. Por seu turno, trata-se de um senador de atuação política e parlamentar medíocre e, por sua vez, o eleitorado de Minas Gerais o reprovou, porque os mineiros elegeram para governador o petista Fernando Pimentel, além de Dilma ter vencido o candidato do PSDB em seu próprio Estado, fatos que se tornam muito emblemáticos, porque o povo mineiro ratificou o provérbio popular “Quem não te conhece que te compre”. Como os mineiros sabem de quem se trata, o tucano perdeu em sua terra e hoje tem a desfaçatez de se considerar vitorioso mesmo a ser derrotado pelo PT.

As reações do político mineiro após a derrota eleitoral são, no mínimo, estapafúrdias e de fundo psicótico. Seus pronunciamentos não são normais, porque não correspondem aos fatos, depõem contra as realidades apresentadas e distorcem a verdade. Aécio, juntamente com sua trupe aboletada no PSDB, no DEM e na imprensa de negócios privados cada vez mais golpista e descaradamente mentirosa, simplesmente se aliou a uma direita histérica e que até agora não se conformou com a derrota nas urnas para o PT e passou, colericamente, a discursar em favor da instabilidade democrática, do desequilíbrio entre os poderes e, consequentemente, passou a flertar, inquestionavelmente, com a possibilidade de um golpe de estado.

Uma oposição que edifica os tijolos de um processo golpista e irresponsável ao não reconhecer a vitória de sua adversária trabalhista, fato este que eleva os ânimos de segmentos conservadores e reacionários da sociedade, perigosos à normalidade democrática, que invadem as galerias do Congresso para ofender com palavras de baixo calão parlamentares da base do Governo, eleitos pelo povo, que estão a votar matérias importantes para o País, a exemplo do Projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014, que permite a revisão da meta de resultado fiscal.

A oposição tucana e seus aliados trataram, com a participação da imprensa de mercado e familiar, a questão como se fosse um golpe do Governo Trabalhista para não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que, indubitavelmente, não é verdade, mas, sim, uma deslavada mentira. A verdade é a seguinte: o Governo Trabalhista quer descontar da meta fiscal os investimentos no PAC, além de recuperar as perdas de receitas provenientes de incentivos fiscais concedidos a empresas privadas, pois o objetivo era fazer a roda da economia girar e, por conseguinte, combater a crise internacional por intermédio da manutenção dos programas sociais e da criação de empregos, o que foi feito, indelevelmente.

Contudo, muitas empresas, mesmo a receber incentivos fiscais e vender seus produtos como nunca aconteceu antes neste País,mantiveram seus preços altos, a despeito das desonerações, realidades estas que acenderam a luz vermelha do Governo petista, que deixou de arrecadar para favorecer empresas cujos empresários gananciosos e sem quaisquer compromissos com o País e seu povo se beneficiaram com imensas vendas, sem, contudo, dar a contrapartida. Um verdadeiro absurdo.

Na outra ponta de interesses políticos e inconfessáveis, porque de essências golpistas, o PSDB, à frente o candidato derrotado Aécio Neves, com o apoio de uma imprensa alienígena, que há muito tempo deixou de fazer jornalismo para se transformar em um partido oficioso, golpista e de direita, começou a distorcer todo esse processo ao dizer em plenário que o Governo Trabalhista não quer cumprir com o superávit primário para pagar a dívida pública e os juros embutidos, o que não é a verdade.

O Governo Dilma, como já disse anteriormente, quer melhorar a arrecadação e evitar, sobremaneira, os cortes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e nos programas sociais, responsáveis maiores pela manutenção dos empregos dos brasileiros e, sem sombra de dúvida, pelo aquecimento da economia. Esta é a verdade. Ponto. O que sobra é mentira, leviandade, engodo, trapaça, cinismo e hipocrisia de uma oposição midiática e partidária de direita, que deseja o poder a qualquer custo.

A oposição, inconformada e desesperada por estar há 12 anos sem controlar o Governo Federal, ainda vai ficar mais quatro anos a ver navios, pois instituições como o Banco do Brasil, a Petrobras, o BNDES, a Caixa e o Itamaraty vão continuar a trabalhar para efetivar os programas de inclusão social do povo brasileiro, bem como o Brasil vai permanecer no caminho do desenvolvimento, em busca de novas parcerias e a favor de aprimorar e fortalecer instituições como os Brics, a Unasul, o Mercosul e o G-20.

São essas questões, além de muitas outras, que deixam a Casa Grande, proprietária escravagista de seres humanos por quase quatro séculos, tão revoltada, que se dispõe a criminalizar o Governo Trabalhista e o PT, assim como judicializa a política sistematicamente, toda vez que recebe críticas ou perde votações em plenário, por não ter, evidentemente, maioria parlamentar.

O jogo político do PSDB, do DEM, da mídia empresarial e de setores importantes do Ministério Público, do STF e da Policia Federal é pesado e sujo. Este conjunto partidário não oficial e que age de forma visivelmente ordenada para atingir seus propósitos pretende desestabilizar o Governo com a finalidade de conquistar o poder por via judicial. Considero bastante questionável o político do Supremo, Gilmar Mendes, um juiz direitista e opositor manifesto e feroz dos governantes trabalhistas ser o responsável pela aprovação ou não das contas da campanha presidencial do PT.

Simplesmente, surreal! E a desfaçatez não para por aí. Tal magistrado é também o relator do processo de interpelação criminal contra o tucano Aécio Neves, que declarou, irresponsavelmente e sordidamente, que perdeu a eleição para uma organização criminosa. Acabou a pantomima política? Lógico que não. O juiz de direita, inimigo do PT e do Governo Trabalhista ainda vai decidir, a seu bel-prazer, quando vai devolver o projeto que proíbe o financiamento privado de campanhas políticas, que abastece o caixa dois dos partidos e causa transtornos políticos e institucionais ao País, além de ser usado criminosamente pelas mídias comerciais para desestabilizar a democracia.

O “mensalão”, o do PT, parou nas barras dos tribunais e algumas lideranças do partido foram presas. Entretanto, os responsáveis pelos mensalões do PSDB e do DEM estão soltos, lépidos e fagueiros, a rirem da cara do povo e talvez a chamar de “otários” os petistas presos. O mensalão tucano completou aniversário de dez anos de impunidade este ano, ou seja, caducou, e certamente nenhum criminoso emplumado vai ser preso ou ser alvo de notícias da imprensa corporativa, que sempre os blindou.

Os responsáveis pelas injustiças e impunidades ora praticadas são, inapelavelmente, o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal, que jamais quiseram investigar, de verdade, esse grave processo, que atinge, em cheio, os tucanos. Mas, Gilmar Mendes, juiz que toma partido e se pronuncia sobre processos que estão em andamento e que ele vai julgar, considera-se inatingível e por isso toma atitudes nefastas ao País como, por exemplo, pedir vista para se “inteirar” melhor sobre o projeto que proíbe o financiamento privado de campanhas políticas.

Há oito meses o condestável juiz se recusa a devolver o projeto. Por seis votos a um, a Suprema Corte decidiu pela aprovação da matéria, sendo que vai ganhar um prêmio quem acertar de quem foi único voto favorável ao financiamento privado. Já adivinharam? É isto mesmo: o voto contra a principal bandeira da reforma política é de... Gilmar Mendes! Quer dizer que um juiz sabedor que as campanhas financiadas por empresas podem acabar em mensalões e prisões, continua a insistir no erro? E ele é juiz! Seria cômico e surreal se não fosse trágico.

Autoritário e desmedido quando se trata de seus interesses e dos grupos os quais defende ou se associa, o juiz Gilmar Mendes, a meu ver, deveria sofrer um processo de impeachment no Senado, porque se verificarem com seriedade e determinação o que este cidadão fez ou deixou de fazer, na posição de magistrado do STF, certamente os investigadores, corregedores e promotores ficariam de cabelo em pé ou completamente com o pensamento atrapalhado por não compreenderem o porquê de um juiz incorrer em tantos erros e nunca ser denunciado por crimes de responsabilidade

Todavia, Gilmar vai ter de devolver o que não lhe pertence: o País. Também vai ter de ser, pela primeira vez na vida, imparcial, pois está a verificar as contas de campanha de Dilma Rousseff, e o PSDB, agremiação que sempre recorre ou consulta o juiz nomeado por FHC — o Neoliberal I — pediu no sábado, dia 29 de outubro, a reprovação das contas do PT e da presidenta.

Aécio Neves e o PSDB atuam em todos os setores para inviabilizar o Governo Trabalhista e engessar, com a cooperação do Judiciário e do MP, as ações e os programas do Governo, até porque esses setores conservadores sabem que dar um golpe em Dilma Rousseff vai ter séria consequências, inclusive com a tomada das ruas pelas forças populares e de segmentos da sociedade organizada, a exemplo dos sem tetos, dos sem terras, dos sindicados, das federações e confederações de trabalhadores, da OAB, da ABI, da UNE e de setores legalistas das Forças Armadas, do Congresso, do Judiciário, além dos governadores que apoiam o Governo Trabalhista e controlam as polícias militares e civis de seus estados. Apostar em golpes é suicídio político e desrespeito à história, porque quando ela se repete acontece em forma de farsa.

Chega a ser uma leviandade o senhor Aécio Neves afirmar que o Governo Dilma é ilegítimo, porque venceu embates, por intermédio do voto, nos plenários do Congresso. O candidato mineiro foi derrotado e o senador está surtado, de forma similar aos radicais de direita da classe média, que foram às ruas pedir impeachment e golpe militar ou invadiram o Congresso para ilegalmente impedir votações e lançar ofensas àqueles que foram eleitos pelo povo para deliberar, legislar e governar. Autoridades da grandeza institucional de Aécio Neves e Gilmar Mendes deveriam parar de se comportar como anões políticos, apesar de cada ente humano ser medido historicamente pelos seus atos e ações. A bandalheira e o golpe tem um nome: direita. É isso aí.