Daniela Novais
Câmara em Pauta
Câmara em Pauta
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o mensalão do DEM,
como ficou conhecido o esquema de corrupção liderado pelo ex-governador
do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido), desviou pelo
menos R$110 milhões dos cofres públicos em contratos sem licitação. De
acordo com o levantamento da Polícia Federal, o valor tinha sido de
R$56,5 milhões.
Além disso, são 37 réus e não 38, como divulgou o procurador-geral da
República Roberto Gurgel, na última sexta-feira, dia 29. Dos
denunciados, 18 eram ligados ao Governo do Distrito Federal (GDF), oito
são empresários e 11 deputados distritais (ver lista abaixo).
Segundo o documento, a divisão do dinheiro também difere do que foi
apontado pelo procurador: Arruda ficaria com 40%, Paulo Octávio com 30% e
os secretários de governo com 20%. Cerca de 10% ficavam à disposição de
Arruda para comprar parlamentares.
As 191 páginas da denúncia foram encaminhadas ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ). Segundo o documento, entre 2005 e 2010, o GDF pagou o
valor milionário numa nova modalidade de fraude, apelidada de
“reconhecimento de dívida”, sem fechamento de contrato e o sistema foi
instituído por Arruda em 2009 para burlar licitações e direcionar
pagamentos a empresas que repassavam propinas ao grupo.
Réus na Câmara Legislativa do DF
Dentre os 11 deputados distritais denunciados, três estão em
exercício de mandato: Benedito Domingos (PP/DF), Aylton Gomes (PR/DF) e
Roney Nemer (PMDB/DF). Todos três são acusados de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro.
Os ex-distritais denunciados são Leonardo Prudente, Odilon Aires,
Rogério Ulysses, Pedro do Ovo, Berinaldo da Ponte e Benício Tavares,
além dos já condenados Júnior Brunelli e Eurides Britto em processo do
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), na Vara de
Fazenda Pública, por improbidade administrativa.
Inovação
O esquema funcionava da seguinte maneira: o GDF reconhecia que
determinada empresa estava prestando serviço sem licitação e que a
dívida deveria ser paga. “Por meio disso, generosíssimos pagamentos eram
feitos a diversas empresas, que, em retribuição, mantinham pagamentos
regulares, mensais, a diversas pessoas do governo do DF”, disse Gurgel.
A apuração do MP concluiu que, a partir da instituição do sistema de
reconhecimento de dívida em 2009, as empresas envolvidas ganhariam até
500% mais que no ano anterior e que Durval Barbosa, apontado como
operador do esquema, arrecadava entre 7% e 10% do total líquido pago às
empresas, a maioria da área de informática.
Boatos sobre Gurgel
De acordo com denúncia do site Brasil 247, Gurgel, teria estado em um
almoço em sua homenagem, na Casa do Ceará, na sexta-feira, dia 29/6, e
teria confidenciado que disse para a procuradora Raquel Dodge,
responsável pelo caso. “Ou você apresenta agora, ou vou mandar
arquivar”. E ela teria pedido então para que o procurador também
assinasse a peça, trazendo à tona a denúncia, com quase três anos de
atraso.
De acordo com o Brasil 247, o procurador preferiu enfrentar o risco e
oferecer uma denúncia tecnicamente questionável, por conta das pressões
que têm sofrido com o caso do senador Demóstenes Torres (sem
partido/GO), cuja ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, ele arquivou sem apurar em 2009 (+aqui).
Ainda segundo o site, Gurgel sabia que seria questionado por ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF), quando fizesse a sustentação oral do
mensalão que deve ser julgado em agosto (+aqui).
Uma das dificuldades técnicas da denúncia contra Arruda seria o fato
de todas as provas serem anteriores à posse dele como governador do DF.
As imagens feitas por Durval são de 2006 e Arruda foi empossado em 2007.
Confira a lista completa dos denunciados:
1) José Roberto Arruda – governador do Distrito
Federal entre 2006 e 2010. Acusado de formação de quadrilha, corrupção
ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
2) Paulo Octávio – vice-governador. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
3) Durval Barbosa – secretário de Relações
Institucionais. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa,
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
4) José Geraldo Maciel – chefe da Casa Civil do DF. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
5) Domingos Lamoglia – conselheiro do Tribunal de
Contas do Distrito Federal, afastado desde 2009. Acusado de formação de
quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
6) Fábio Simão – chefe de Gabinete de Arruda. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
7) Ricardo Penna – secretário de Planejamento e Gestão. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
8) José Valente – secretário de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
9) Roberto Giffoni – corregedor-geral do Distrito Federal. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
10) Omézio Pontes – assessor de Arruda. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
11) Rodrigo Diniz Arantes – assessor de Arruda. Acusado de formação de quadrilha.
12) Adailton Barreto Rodrigues – funcionário da Secretaria de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
13) Gibrail Gebrim – funcionário da Secretaria de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
14) Masaya Kondo – funcionário da Secretaria de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
15) Luiz Cláudio Freire de Souza França – diretor do posto de serviço Na Hora, do GDF. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
16) Luiz Paulo Costa Sampaio – presidente da Agência de Tecnologia da Informação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
17) Marcelo Toledo – policial aposentado, seria um
dos operadores do esquema. Acusado de formação de quadrilha, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
18) Marcelo Carvalho – executivo das empresas de Paulo Octávio. Acusado de formação de quadrilha.
19) Nerci Bussanra – diretora da empresa Unirepro. Acusada de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
20) José Celso Gontijo – dono da empreiteira JC Gontijo. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
21) Alexandre Tavares de Assis – diretor-presidente da Info Educacional. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
22) Antônio Ricardo Sechis – dono da Adler, empresa de informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
23) Alessandro Queiroz – dono da CapBrasil Informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
24) Francisco Tony de Souza – dono da Vertax, empresa de informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
25) Gilberto Lucena – dono da Linknet, empresa de informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
26) Maria Cristina Boner Leo – dona do Grupo TBA, da área de informática. Acusada de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
27) Eurides Britto – ex-deputada distrital. Acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
28) Leonardo Prudente – ex-deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
29) Júnior Brunelli – ex-deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
30) Roney Nemer – deputado distrital ainda em exercício. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
31) Benedito Domingos – deputado distrital ainda em exercício. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
32) Aylton Gomes – deputado distrital ainda em exercício. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
33) Odilon Aires – ex-deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
34) Rogério Ulysses – deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
35) Pedro do Ovo – ex-deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
36) Berinaldo Pontes – ex-deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
37) Benício Tavares – ex-deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Um comentário:
Desculpe a minha desatenção ou falta de conhecimento (ignorância mesmo!). Dentre os denunciados, (se) há...quantos petistas? Quantos pessedebistas e quantos dem(o)istas?.Obrigado e abraço.
Marcos Lúcio
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