Nada
é
mais
desumano do
que
vermos
pessoas,
como
nós,
a
morar
em
favelas
e
palafitas,
despidas
de
seus
sonhos,
que
lhes
foram
arrancados,
com
desrespeito
e
desprezo,
por
aqueles
que
não
permitem
que
os
cidadãos
brasileiros
edifiquem
um
estado
de
bem-estar
social,
que
o
livre
do
desemprego,
da
ignorância,
das
doenças
e
da
miséria.
O
sistema
capitalista,
por
si
só,
pelos
seus
propósitos,
é
violento.
Como
ele
é
excludente,
por
ser
selvagem,
os
que
têm
dinheiro
compram
segurança,
compram
armas,
para
garantir
seu
patrimônio
em
uma
cultura
patrimonialista
historicamente
malvada,
há
séculos
em
vigência
no
Brasil.
Esse
processo
acontece
porque
os
governos
brasileiros
têm
uma
tradição
de
dar
prioridade
às
políticas
econômicas
que
atendam
aos
interesses
do
capital
em
detrimento
das
políticas
sociais.
Por isso, as sociedades, principalmente as mais desenvolvidas, cobram dos governos a efetivação de políticas públicas sociais, no sentido de civilizar a competição, que é a essência do sistema capitalista e de qualquer regime político que implemente esse sistema.
Quero dizer que o sistema capitalista, se não for regulamentado, torna-se predatório, porque somente algumas dezenas de milhares de famílias terão acesso aos meios de produção, aos empregos bem remunerados e aos cargos de mando, sejam eles pertencentes ao segmento político ou ao segmento empresarial.
Acontece que o Brasil tem uma população de quase 200 milhões de pessoas, o que faz com que cheguemos à conclusão que a concentração de renda é brutal, porque, do total de brasileiros, mais da metade é composta de pobres e muito pobres, o que me leva a dizer que, sem sombra de dúvida, o sistema capitalista não regulamentado, como o do Brasil, é cruelmente injusto e perversamente mortal.
Países como a Suécia, a Dinamarca, a Noruega, a Bélgica, a Holanda, o Canadá, a Islândia, o Japão, a Coreia do Sul, a França, dentre muitos outros, regulamentaram seus sistemas capitalistas, o que significa que essas nações não permitiram a concentração excessiva de renda, a sonegação por parte dos ricos, assim como as diferenças salariais imensas entre profissionais que exercem a mesma profissão ou não.
Capitalismo sem regulamentação é a ave de rapina matar sem regra e lei. |
Além
disso, a cobrança de impostos e taxas é mais equânime e justa, no
que tange às classes sociais, além de os estados efetivarem um
retorno desses pagamentos às populações em forma de benefícios
sociais e que as permitem terem acesso a uma vida de melhor
qualidade.
Esses países conseguiram gerenciar suas riquezas de forma equânime, a fim de efetivar o estado de bem-estar social, regime este, sim, capitalista mas democrático, tanto no que concerne às questões econômicas quanto no que tange às questões sociais. Um País somente é democrático se houver, em sua plenitude, democracia econômica.
O Brasil lutou 20 anos por causa da ausência das liberdades democráticas. O País se democratizou em 1985, fortaleceu suas instituições republicanas, realizou um sem-número de eleições diretas e livres, baniu a censura, mas ainda não democratizou totalmente a economia, apesar da luta dos governos trabalhistas.
E por quê? Porque as elites deste Pais se apoderaram do trabalho produzido pelos trabalhadores. Por controlarem as terras, as matérias primas, as máquinas e, consequentemente, o capital, que é o dinheiro, nossos homens e mulheres de negócios barganham esse imenso poder, juntamente com os governos para impor suas razões e seus interesses, que, comumente, não coadunam com os interesses da sociedade em geral, que, mais fraca economicamente, vive de migalhas e se submete a todos tipos de violência, sendo que as piores delas são a ignorância e a miséria.
Neste contexto, percebe-se, então, que não interessa às nossas elites a democracia plena, pois ela se recusa a distribuir as riquezas deste País de forma mais justa. Haveremos de nos lembrar que o pilar de nossa economia, em um tempo de apenas 124 anos, era oficialmente a escravidão. Temos, portanto, uma elite econômica herdeira da escravidão, o que me faz pensar e concluir que, se temos uma elite que “foi” escravocrata, naturalmente que ela sempre lutará contra os avanços sociais e a democratização das riquezas produzidas pelos trabalhadores do Brasil.
Lula fortaleceu o estado, distribuiu renda, criou empregos e fez uma revolução silenciosa. |
Sei
que
o
regime
democrático
é
falho.
Mas
é
o
melhor
que
a
humanidade
pôde
criar.
Mas
lembremos
que
eu
argumentei
anteriormente
que
o
sistema
capitalista
pode
ser
humanizado,
democratizado,
civilizado
e
regulamentado.
Pondero
que
esse
sistema
tem
de
tomar
um
banho
de
democracia,
tal
qual
tomaram os
países
nórdicos e
os
países
baixos
da Europa, por exemplo.
Esses países, que são capitalistas, mas com forte presença do estado, equalizaram as riquezas e aperfeiçoaram, através das décadas, seus sistemas educacionais e de saúde e com isso proporcionaram o desenvolvimento socioeconômico de seus povos, que experimentam, realmente, a democracia política, social e econômica, apesar da grave crise que a Europa enfrenta.
O Brasil até o governo do neoliberal FHC caminhou em sentido contrário ao que deu certo em outros países. Trilhou por veredas tortuosas e não compreendeu propositalmente que concentração de renda e de riqueza leva à indigência social e moral e à violência nos lares e nas ruas. Nada é mais lamentável socialmente e feio esteticamente do que a miséria material, que leva à miséria moral.
Nada é mais desumano do que vermos pessoas, como nós, a morar em favelas e palafitas, despidas de seus sonhos, que lhes foram arrancados, com desrespeito e desprezo, por aqueles que não permitem que os cidadãos brasileiros edifiquem um estado de bem-estar social, que o livre do desemprego, da ignorância, das doenças e da miséria.
Somos um País surreal, porque não investimos no passado (exceção honrosa ao estadista Getúlio Vargas) em nosso próprio povo, mas acenamos, invariavelmente, aos oportunistas, aos jogadores, aos aplicadores das bolsas de valores, dos bancos e das financeiras para que eles tragam seu dinheiro volátil para o Brasil. Para que eles se locupletem com os juros praticados no Brasil, que está, no momento, a rever essa indefensável situação. Para que os jogadores do mercado, depois de lucrarem promiscuamente, levem o dinheiro de volta para seus bolsos, sem qualquer compromisso com o desenvolvimento social do povo brasileiro.
FHC é neoliberal, apostou no estado mínimo e trilhou caminho contrário ao do Brasil. |
Somente para se ter uma ideia do que afirmo nesta
tribuna, cito alguns números referentes aos bancos nacionais e estrangeiros que
atuam e atuaram no Brasil, pois alguns foram incorporados ou extintos. Mas,
antes, considero que o governo deveria colocar em prática alguma forma de
intervenção mais rígida no segmento, porque é visível que os bancos cometem
práticas prejudiciais aos interesses da maioria dos brasileiros.
De 1996 até 2007, os balanços bancários denotam que os lucros obtidos com tarifas bancárias são exorbitantes. As tarifas impulsionaram o crescimento financeiro do setor. No ano de 1996, essas cobranças junto aos correntistas propiciou aos bancos um lucro de R$ 12,1 bilhões. Em 2006, ou seja, dez anos depois, os lucros deram um salto impressionante e atingiram a marca de R$ 47,5 bilhões. A alta, portanto, chegou aos inacreditáveis 293%.
A inflação no Brasil, de 1996 a 2006, foi de 92,7%. No mesmo período, a folha
de pagamento dos bancos cresceu 55%, enquanto as tarifas bancárias tiveram um
aumento de 293%. Estamos em 2012, e, evidentemente, os lucros dos banqueiros
devem ter aumento de forma exponencial, pois somente este ano os juros
começaram a cair efetivamente, mas mesmo assim os balancetes a favor desses
megaempresários devem atingir valores acima dos R$ 100 bilhões, sem esquecermos
do que é sonegado.
É algo que impressiona, mas mesmo assim os bancos atuam livres neste País que insiste em não regulamentar o sistema em que vivemos, que é o sistema capitalista. Se o País não efetiva esse processo, como poderá impor regras àqueles que se beneficiam com a frouxidão dos governos — que é o caso dos banqueiros. As 104 instituições financeiras que atuam no País tiveram lucros, em 2006, que atingiram os R$ 33,4 bilhões, o que significa o retorno de 22,9% sobre o patrimônio líquido das instituições bancárias.
O caminho correto a ser trilhado é o caminho da solidariedade. |
Todo esse gigantesco lucro,
de acordo com o Banco Central, não inclui negócios por intermédio de
previdência privada, cartões de crédito, consórcios e seguros. As receitas dos
bancos com juros tiveram alta, de 1996 a 2007, de mais de 100%. Elas são
provenientes, principalmente, dos investimentos em títulos públicos e das
operações de crédito. Como se vê, ser banqueiro neste País é estar no paraíso,
graças à permissividade e à perversidade do nosso sistema capitalista que teima
em não ser regulamentado, no sentido de ele ser civilizado e não selvagem.
O
Governo
Lula
melhorou, inquestionavelmente,
as
condições
de
vida
da
população
brasileira,
notadamente
a
parcela
mais
pobre.
Combateu as desigualdades regionais e investiu pesadamente em regiões
pobres como as do Nordeste e do Norte Os
avanços
sociais
são
visíveis.
Não
os
ignoro e os reconheço,
mas
o
Governo
do
operário estadista
deveria
ser
ainda mais
assertivo,
propositivo
e
que
radicalizasse
o
processo
de
desenvolvimento
social
e
econômico
do
nosso
povo, a começar pela
distribuição de terras para fazer da reforma agrária um símbolo
de que o País mudou, e para sempre.
Não existem mais as condições para sermos cúmplices e darmos espaços para tratarmos as terras devolutas, improdutivas, invadidas, griladas como simples especulações imobiliárias, na verdade negócios milionários, que tem como alicerces a fome, a miséria, a migração, a dor e o sangue dos mortos — homens e mulheres que entraram em litígio pela posse da terra. A reforma agrária é, antes de tudo, um dever do estado e um direito do trabalhador do campo despossuído de terra, e, consequentemente, de sua existência como importante ente humano e social.
O
PIB
brasileiro, em 2007, foi
de R$
2,6 trilhões,
de
acordo
com
o
IBGE,
e colocou
o
Brasil
no
oitavo lugar
das
maiores
economias
do
Mundo.
Era o primeiro ano do segundo mandato do presidente trabalhista Lula,
que demonstrava que o Brasil assumiria uma importância muito maior
no mundo, o que foi confirmado no decorrer e no fim de seu governo
aprovado por mais de 90% da população. Até o líder mundial Nelson
Mandela saiu da presidência da África do Sul com um índice menor
do que o de Lula.
Atualmente, somos a sexta economia do planeta, com um PIB estimado pelo Governo em R$ 4,5 trilhões. Certamente não vai demorar muito para o Brasil superar a França e assim se tornar a quinta maior economia do mundo, pois a Inglaterra foi superada. O presidente Lula foi fundamental para que essa realidade se concretizasse.
Gilmar e Dantas: metáforas neoliberais, individualistas e sem compromisso com a Nação. |
Atualmente, somos a sexta economia do planeta, com um PIB estimado pelo Governo em R$ 4,5 trilhões. Certamente não vai demorar muito para o Brasil superar a França e assim se tornar a quinta maior economia do mundo, pois a Inglaterra foi superada. O presidente Lula foi fundamental para que essa realidade se concretizasse.
No Governo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal — O PIB decresceu, diminuiu muito, e chegamos a ser a 14º economia, sendo que éramos a oitava antes e no decorrer de seu mandato de perfil entreguista e antinacionalista, o que, sobremaneira, fez com que o Brasil, naquele período, fosse ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires na mão, além de, para a nossa vergonha, termos de ver o seu ministro do Exterior, o chanceler Celso Lafer, de forma subalterna e subserviente, tirar os sapatos no aeroporto de Miami, a mando de um funcionário do Governo dos EUA.
Por
isso e por tudo isso, é
necessário,
portanto,
que
as
riquezas
deste
País
sejam
o
mais
rapidamente
distribuídas,
para
o
bem
da
Nação,
que
há
cinco
séculos
é
vítima
da
beligerância
e
do
egoísmo
de
nossas
elites econômicas, políticas
e jurídicas. A presidenta
Dilma Rousseff segue a doutrina de Lula e sua equipe, sendo que seu
ministro da Economia é Guido Mantega, o mesmo de Lula.
Os governos tem de entender (Dilma e Lula sabem disso, porque já afirmaram em público) que as pessoas estão acima dos sistemas econômicos, dos regimes políticos e das ideologias. As pessoas morrem e por isso acredito que elas precisam viver com dignidade e respeito. Além disso, os sistemas criados pelos homens não são eternos porque tudo se renova, avança e se modifica, bem como, muitas vezes, chegam ao seu fim. Eu sou ideologicamente socialista e trabalhista. Não acredito em um capitalismo não regulamentado e sem leis estabelecidas, de proteção ao crédito e ao consumidor.
Por isso, acredito e defendo o estado indutor do desenvolvimento e controlador das ações econômicas de grande impacto, como, por exemplo, a transposição do Rio São Francisco ou a construção da hidrelétrica de Belo Monte, além da efetivação de programas de combate à fome e à miséria e de geração de emprego e renda. Sou contrário, inclusive, que sistema como o do metrô fique nas mãos, de forma terceirizada, da iniciativa privada.
Somente o estado tem força para distribuir renda e proteger os mais fracos, porque ele exerce o papel fundamental de mediador, e, por conseguinte, garante o acesso dos mais pobres à saúde, à educação, à moradia e também ao entretenimento e lazer. Os grandes empresários tem vida própria e se garantem.
Contudo,
mesmo assim, quando porventura entram em crise, socorrem-se no bom e
velho estado nacional, que lhes concede empréstimos a juros módicos
quando não refinancia suas dívidas, bem como cria ferramentas e
dispositivos de ajuda, como o PROER, para empresários bilionários
como os banqueiros.
O estado tem de combater o capitalismo selvagem, a exemplo como ocorre no momento com as operadoras de telefonia que atuam no Brasil. Para isso, tal sistema capitalista tem de ser regulamentado, fiscalizado, e quem não respeitar as regras dos diferentes mercados de tal sistema de essência e alma excludentes tem de ser duramente punido, por intermédio dos foros apropriados do estado democrático de direito, que é a República Federativa do Brasil.
3 comentários:
Como jornalista, a manchete seria mais que perfeita se fosse:
O Capitalismo esta regulamentado, e o Estado Social é Lula.
Mandei bem? Um mini elogio seu para mim é ouro.
Abs Flamenguista.
Anônimo.
Davis, lê-lo é uma questão obrigatória, independente da ideologia. Obrigada.
Nao resp minha pergunta
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