quinta-feira, 23 de agosto de 2012

METAL PESADO


ESPAÇO BICO DE PENA Blog Palavra Livre


Chove.

Os pingos iluminados pelas luzes dos postes
dão ideia de uma cega transparência, de uma
intraduzível e camaleônica transparência.

Caem no chão num tilintar surdo, e umedecem
o asfalto carcomido pelos pneus dos carros.

Chove.

Os meus olhos já poluídos pelo século XX
explodem num furor bárbaro toda sua indignação
perante o aço cósmico da metrópole.

Chove.

As lágrimas correm como lava vulcânica
pela minha face, queimando o que resta
de esperança na minha alma.

E não há um poste estúpido para
iluminá-las com sua luz.

Davis Sena Filho

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse eh dos melhores, ou melhor, dos meus prediletos!
Leonardo Rocha

Ana Carolina Mattos disse...

Poema belíssimo e de profundo apelo humano.