ESPAÇO BICO DE PENA — Blog Palavra Livre
Chove.
Os pingos iluminados pelas luzes dos postes
dão ideia de uma cega transparência, de uma
intraduzível e camaleônica transparência.
Caem no chão num tilintar surdo, e umedecem
o asfalto carcomido pelos pneus dos carros.
Chove.
Os meus olhos já poluídos pelo século XX
explodem num furor bárbaro toda sua indignação
perante o aço cósmico da metrópole.
Chove.
As lágrimas correm como lava vulcânica
pela minha face, queimando o que resta
de esperança na minha alma.
E não há um poste estúpido para
iluminá-las com sua luz.
Davis Sena Filho
2 comentários:
Esse eh dos melhores, ou melhor, dos meus prediletos!
Leonardo Rocha
Poema belíssimo e de profundo apelo humano.
Postar um comentário