(Aos amigos Arnon Café
de Moura e Marco Antônio Alvim)
ESPAÇO BICO DE PENA — Blog Palavra Livre
Heitor dos Prazeres |
O boêmio bebeu a vida.
Tudo que é tipo de
bebida.
Bebeu conhaque,
cachaça, rum.
Não satisfeito bebeu
formicida.
Acontece que ele não
morreu.
Continuou a sua
bebedeira.
Bebeu muito com
alguma companheira.
E dormiu nos braços
de Orfeu.
Chegou o dia, e o
boêmio acordou.
Sem ressaca, sem dor,
sem dor...
Foi ao botequim,
bebeu à beça.
Tudo de um gole, sem
dar conversa.
Logo depois apareceu
um seresteiro,
Uma mulata e um preto
com pandeiro.
Chamaram o boêmio;
fizeram uma aposta:
Quem cantava e bebia
sem perder a bossa.
O trio tinha um ar zombeteiro.
Não sabia que o
boêmio era puro enredo.
Cantou modinha, samba
e bolero...
Bebeu tudo que tinha,
sem fazer mistério.
Dançou tango, e
falou: não há remédio.
Canto e danço,
estremeço qualquer boteco.
Mostrou a eles como
se dança o xaxado.
Terminou a festa
virando um rabo-de-galo.
Chegou outro dia, o
boêmio acordou.
Ganhou a aposta, e
não rebolou...
Abriu a janela: que
coisa genial!
O trio na farmácia tomando
sonrisal.
Davis Sena Filho — 06/01/1983
2 comentários:
Belíssimo. Tenho lido seus poemas em seu blog. Espero lê-los mais. Por que você não publica um livro? Este poema se desenvolve como se fosse notícia de jornal. Dá vontade de lê-lo va´rias vezes. Muito bom.
Muito bom Davis
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