terça-feira, 28 de agosto de 2012

RÉQUIEM


ESPAÇO BICO DE PENABlog Palavra Livre

Pablo Picasso
Olho pela janela.
Vejo o horizonte,
que divide a terra e o céu.
Sinto tristeza profunda.
Dói o meu coração,
Dividido entre o concreto
E o abstrato.

Longo tempo se passou...
E eu sempre fui antigo 
Como as rochas ancestrais, 
Desenhadas pelo vento e o mar.
Rochas que refletem imagens irreais, 
Cubistas como a alma de Picasso.

O apelo da minha solidão
deixa-me surpreendido.
E noto que ela é tão intocável,
Como os astros que se penduram
No Universo através de seus brilhos.

Réquiem dos sonhos.
Mortalha de chumbo.
Fim do amor e da paixão.
É o destino do homem;
Frágil como as asas da esperança.

Percebo, então, que nos
Equilibramos na tênue 
Linha da história.
Penso em Deus...
E rogo a Ele que não me 
Mate de misericórdia.

Davis Sena Filho —17/03/1994

Um comentário:

Laércio Matias disse...

Um poema de poeta de grandeza. Abraço.