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O PROBLEMA DO ESTADÃO É QUE SIMON BOLÍVAR QUER A INDEPEDÊNCIA DA AMÉRICA DO SUL |
PARA
ENTENDER A REALIDADE DO MUNDO EM QUE SE VIVE POR INTERMÉDIO DA IMPRENSA
BRASILEIRA É IMPORTANTE LER ESTE BREVE COMENTÁRIO E ABRIR CADA LINK
INDICADO:
No
editorial que você lê aí abaixo, o "jornal" O Estado de S. Paulo volta a
chamar de caudilho o presidente venezuelano
Hugo Cháves, que foi eleito democraticamente num País onde o voto não
é obrigatório e as urnas eletrônicas emitem recibo em papel.
O editorial critica a
explosão da maior refinaria de petróleo da Venezuela e debita o desastre aos
"delírios ideológicos das autoridades venezuelanas".
Acidentes acontecem
no mundo todo, independentemente dos "delírios ideológicos" dos dirigentes dos países onde eles
ocorrem.
Vejam, por exemplo, esses dois absurdos:
Mas ficando apenas nas trágicas explosões de refinarias, o Estadão não
publicou uma linha sequer sobre esta, ocorrida recentemente:
Ou sobre esta, ocorrida em 2008:
E ainda sobre outra, em 2004:
O Estadão diria que tratam-se de refinarias privadas e, evidentemente, nunca responsabilizaria os "delírios ideológicos das autoridades norte-americanas" pela, no mínimo, falta de fiscalização das condições de funcionamento das mesmas.
Essa é a ideologia do Estadão.
Aos que se consideram bem informados lendo esse "jornal" eu sugiro que deem uma olhada no outro lado da moeda, na única fonte ainda disponível: a Internet.
O trágico 'show' de Chávez
28 de agosto de 2012
O Estado de S.Paulo
A
explosão na Refinaria de Amuay, que matou 41 pessoas no sábado passado,
ilustra de modo trágico os efeitos do "socialismo do século 21" que o caudilho Hugo Chávez impôs à Venezuela. Foi, nas palavras do líder sindical José Bodas, a "crônica de uma morte anunciada".
Amuay
é a maior refinaria da Venezuela e uma das maiores do mundo, com
capacidade para processar mais de 640 mil barris de petróleo por dia. A
unidade já havia sofrido danos em abril, mesmo após uma manutenção
iniciada em fevereiro e cujo objetivo, segundo a estatal, era "permitir
operações mais confiáveis nos próximos quatro anos".
O
ministro de Petróleo e Mineração e presidente da PDVSA, Rafael Ramírez,
disse que todas as medidas de segurança da refinaria haviam sido
tomadas e que o programa de manutenção fora rigorosamente cumprido. No
entanto, um relatório da própria PDVSA elaborado em 2011 mostra que a
manutenção periódica no complexo foi adiada para este ano por falta de
material necessário. Deveriam ter sido feitas nove paradas para
consertos, mas apenas duas foram realizadas.
Em
todas as refinarias do país, só foram executadas 6 das 31 operações de
manutenção previstas. Mesmo as refinarias que passaram por reparos
sofreram diversos contratempos - o prazo previsto foi estendido por até
80 dias por faltar material. Apenas uma unidade, a de El Palito,
realizou seus três processos de manutenção sem atropelos.
Com
os problemas de conservação estrutural e de equipamentos, as refinarias
ficam paradas, sem produzir, por períodos cada vez maiores. O relatório
da PDVSA indica que todas as suas refinarias, juntas, não funcionaram
durante 1.750 dias em 2011, contra 1.475 dias em 2010. As dez unidades
do complexo de Amuay somaram 639 dias parados, ante 375 em 2010, um
aumento de 70%. Na Refinaria de Puerto La Cruz, os dias parados
dobraram.
Sempre
se soube que havia problemas graves de manutenção no setor de petróleo
venezuelano, graças à persistente política predatória do chavismo. Desde
2003, a PDVSA vem sendo transformada num "Estado dentro do Estado", com
administração opaca e sem nenhum tipo de prestação pública de contas.
Com isso, a estatal pode servir livremente como propulsor da "revolução
bolivariana", envolvendo-se cada vez menos com petróleo e cada vez mais
com atividades que lhe são estranhas - como construção de casas
populares, agricultura e fabricação de eletrodomésticos. É o "socialismo
petrolífero", como disse Chávez. Com isso, mais a demissão de 18 mil
trabalhadores envolvidos na grande greve de 2002-2003 e sua reposição
por pessoas sem qualificação profissional e por apaniguados chavistas,
se tem a desestruturação acelerada da PDVSA e do setor de petróleo na
Venezuela, responsável por mais de 90% de suas exportações e por quase
metade do orçamento do país. Faltava pouco para que essa
irresponsabilidade deixasse de ser apenas um grave problema econômico e
se transformasse em desgraça.
A
explosão de Amuay poderia ter ao menos o efeito de constranger algumas
das autoridades venezuelanas, fazendo-as enfim reconhecer que seus
delírios ideológicos foram longe demais. Mas, a julgar pelos discursos
oficiais, o governo de Chávez, ao contrário, está empenhado ou em fazer
os venezuelanos acreditarem que a administração da PDVSA é
eficientíssima e que a explosão foi apenas um lamentável acidente ou,
como já espalha a militância chavista, que a culpa pela tragédia pode
ser dos Estados Unidos.
Sempre
que é confrontado com os problemas do país, Chávez, como se sabe, dá um
jeito de atribuir a responsabilidade a alguma conspiração concertada
entre os "ianques" e os "esquálidos" oposicionistas. Em campanha pela
reeleição, o caudilho disse que as acusações sobre a falta de manutenção
nas refinarias são "imorais" e "irresponsáveis". E ordenou: "O show
deve continuar". Desta vez, porém, mesmo com toda a sua criatividade e a
de seus discípulos, vai ser difícil para Chávez, a pouco mais de um mês
das eleições, livrar-se da tragédia de Amuay.
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