Por
Davis Sena Filho — Palavra Livre
Resolvi
escrever este artigo por causa do editorial "O trágico show de
Chávez", do dia 28, publicado no jornal O Estado de São Paulo, o Estadão, porta-voz das elites econômicas
paulistas, que, por intermédio de ressentido e preconceituoso editorial atacou
duramente o presidente venezuelano Hugo Chávez, por causa do acidente na refinaria
de Amuay, que matou 41 pessoas. O lamentável editorialista chama o mandatário
de caudilho e ironiza o socialismo do século 21, bem como ofende as autoridades
venezuelanas por acusá-las de irresponsáveis.
Considero que os editorialistas medíocres do Estadão se comportam como lobos perante a sociedade brasileira e, paradoxalmente, como
lacaios ou sabujos dos interesses políticos dos patrões, que, na verdade, são
porta-vozes dos interesses do grande capital privado nacional e internacional.
Logo
o Estadão, pelo que se percebe, esqueceu-se do afundamento, em março de 2001, na Bacia de Campos, da maior
plataforma de produção de petróleo do mundo — a P-36, da Petrobras, cujo
acidente matou 11 trabalhadores. A perda total da
plataforma gerou prejuízo estimado em R$ 1 bilhão, e a Petrobras deixou de
produzir 80 mil barris/dia e 1,3 milhão de metros cúbicos de gás diariamente.
A
imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) não ofendeu os
tucanos neoliberais Fernando Henrique Cardoso e José Trololó Serra de
irresponsáveis e muito menos de vendilhões e traidores da Pátria, por venderem o
patrimônio público brasileiro, que eles não construíram e por isso não pertencia
a eles.
O
editorialista do Estadão teve uma
crise conveniente de falta de memória e esqueceu também dos desastres
ambientais — prospecção de petróleo — praticados recentemente pela Chevron no
litoral do Rio de Janeiro, bem como se esqueceu do mega-acidente acontecido, em
abril de 2011, no Golfo do México cuja assinatura da incompetência e da
irresponsabilidade é assinada em letras garrafais pela British
Petroleum Deepwater Horizon, que
matou 11 pessoas e rompeu tubulações no fundo do oceano. O desastre é o maior
acidente ambiental da história dos Estados Unidos.
A
quantidade estimada do vazamento de petróleo na natureza é de três a quatro
milhões de barris, mas, contudo, o Estadão e a
imprensa de negócios privados em geral não xingaram ninguém, não ofenderam
ninguém e ninguém do governo estadunidense e da diretoria da British foi
considerado irresponsável e muitos menos disseram que O CAPITALISMO DO SÉCULO
21, apesar do derretimento do neoliberalismo em 2008, é o culpado pela ganância dos trustes
multinacionais.
Exatamente
as megaempresas que exploram a riqueza do planeta sem se importar se o mundo
vai ser destruído ou se as sociedades vão pagar o pato, por intermédio de
guerras, fome e miséria promovidas e patrocinadas por uma plutocracia
imperialista, que visa somente o lucro, domina os povos e explora a riqueza dos
países menos desenvolvidos economicamente e tem como porta-vozes uma imprensa
cúmplice e corrupta desse processo draconiano e autofágico, a exemplo do jornal
O Estado de São Paulo, que publica
editoriais poluídos e, consequentemente, nocivos à inteligência de qualquer
pessoa que se esforce apenas um pouquinho para raciocinar.
Mostrei
alguns exemplos de irresponsabilidades quanto à exploração de petróleo por
parte de multinacionais porque para o Estadão,
que, recorrentemente, trata seus leitores como idiotas, somente seus
inimigos ideológicos são irresponsáveis e, quiçá, loucos. Contudo, o desmonte
do estado brasileiro, o abandono intencional de empresas como a Petrobras para
que ela fosse privatizada com facilidade tem a marca dos tucanos do PSDB, com
o apoio integral dos empresários controladores do sistema midiático privado.
PARA O ESTADÃO (foto), CHÁVEZ É IRRESPONSÁVEL E FHC É O REI DA COCADA PRETA. |
Nem os militares que mandaram e desmandaram no
Brasil por meio de um regime de força ousaram tanto para prejudicar o Brasil e,
por conseguinte, vender, ou melhor, doar o patrimônio público a estrangeiros e
a empresários sem escrúpulos como o banqueiro Daniel Dantas. A verdade é que a imprensa tem lado, cor e
ideologia. Para os aliados tudo, e até silencia sobre seus crimes. Aos
inimigos, o linchamento político, moral, e, se tiver oportunidade, o golpe
contra presidentes trabalhistas, como ocorreu nos casos de Honduras, do Paraguai,
e há dez anos a tentativa de golpe na Venezuela.
Considero
que o neoliberal FHC, por tudo o que ele fez, deveria estar preso ou a sofrer
processos, como o foram processados ou presos os presidentes neoliberais do
México, do Peru, da Venezuela, da Argentina, do Uruguai e também do Chile, país
não confiável da América do Sul, aliado dos colonialistas EUA e Inglaterra e que
foi a primeira cobaia do neoliberalismo nos idos das décadas de 1980/90,
conhecidas também como décadas perdidas.
O
Estadão não é sério. Ele se transformou, há muito tempo, em um
jogral de má qualidade, remendado e totalmente sem compromisso com a verdade
dos fatos e com a história. Tal publicação de direita não mede consequências
para defender a ideologia que permeia as elites brasileiras e, em particular a
paulista: impedir a distribuição de riqueza e renda, e não deixar o Brasil ser
independente, autônomo, justo e democrático. As famílias que controlam a
imprensa burguesa odeiam a democracia e, se pudessem, viveriam em uma eterna
ditadura.
Somente
mesmo parte da classe média para acreditar na imprensa e em suas manipulações.
Crer em seus comentaristas e colunistas de prateleira mesmo se os fatos, as
realidades, a verdade demonstram ou mostram o contrário. Existe uma classe
média brasileira de perfil lacerdista e, portanto, preconceituosa, egoísta,
recalcada e ressentida que, realmente, dá pena. É lamentável sua obtusidade.
A BURGUESIA MAURICINHA VIVE DE APARÊNCIAS E POUCOS RESULTADOS. |
Os
índices sociais da Venezuela cresceram exponencialmente em todos os segmentos
da sociedade e da economia. Muitos desses índices são maiores que os do Brasil
e da Argentina, o que, sobremaneira,
desagradam os barões de petróleo, os banqueiros e os grandes latifundiários que
durante séculos trataram a Venezuela como seu quintal e fonte de ganhos de uma
classe oligárquica das mais cruéis e irresponsáveis do mundo.
Só
que a farra acabou e essa realidade desagrada profundamente, por exemplo, o
sabujo que escreveu editorial a agredir e desrespeitar o presidente socialista
e trabalhista Hugo Chávez. Logo a Venezuela cujo voto não é obrigatório, que
realiza referendos e que tem eleições livres, como confirmam órgãos como a OEA
e a ONU. O Estadão e um poço de mentiras e de má-fé.
A
Venezuela se tornou em uma média potência e vai ser ainda uma potência regional
porque o país bolivariano tem rios, mar, terras, florestas e riquezas
diversificadas em seu subsolo. A Venezuela está se industrializando, e a saúde
e a educação já mostram índices considerados razoáveis para bom. Atualmente é
um país muito melhor do que o país de antigamente governado por presidentes
filhos ou aliados das oligarquias do petróleo, que viviam tais quais os xeiques
da Arábia Saudita, de todos os emirados árabes.
Nada
sobre os avanços da Venezuela e as conquistas de seu povo é mostrado pela
imprensa corrupta brasileira. Tudo é sonegado e censurado, como ocorre também
no Brasil em relação aos governos de Lula e de Dilma. O editorial do Estadão é
uma lástima; é uma ode à falta de senso crítico, de educação, bem como um
atentado contra a verdade. Tal editorial ofende e debocha da inteligência
alheia. O Estadão é
golpista, realiza o verdadeiro jornalismo de esgoto e se nega a seguir os
ditames da verdade impostos pela realidade que se apresenta. É isso aí.
4 comentários:
Davis, muito obrigado. É maravilhoso ler um texto desse. Realmente, me sinto satisfeita e presenteada quando leio algo assim. Que Deus o proteja. Abç,
Vera Maia
Caro Davis,bom dia.
É o Cunha. Tudo bem?
Nossa imprensa não trabalha necessariamente para o Brasil. Ela trabalha para quem quer ou Brazil (com sotaque). Age como brasileira para o trivial, mas, quando estratégias nacionalistas incomodam o "big boss", agem numa tram conjunta. Lí um artigo recente de Mauro Santayana, focando a morte de Vargas.Lembrei-me de um fato expurgado dos arquivos da História do JB. Foi expurgado, pois, estava bem claro o que ocorreu, depois, tiraram os nomes dos jornais,sendo um deles agente até hoje. Pesquisei e achei, na Alerj,sendo então "imexível",inquestionável.
http://www.alerj.rj.gov.br/livro/pag_109.html
Errei na digitação. Um letra faz diferença e leva até uma interpretação.
http://www.alerj.rj.gov.br/livro/pag_109.htm
Parabéns, Davis. Trabalho perfeito e oportuno, Célvio Girão
(do ContrapontoPIG)
Postar um comentário