terça-feira, 14 de maio de 2013

Torturador é torturador e torturado é torturado. Ponto!

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
 
Castelo Branco, cercado por generais: golpe e ditadura.

O jornalista Bob Fernandes coloca os pontos nos "is" e explicita, para quem ainda tem dúvida, o que é um estado terrorista, torturadores, torturados e aqueles que pegaram em armas em forma de resistência contra um ditadura que tomou o poder de forma ilegal e criminosa.

Não há como tergiversar, amenizar ou distorcer os fatos e as realidades se elas se apresentam aos nossos olhos de forma clara e tão concreta, que é como levar um soco no estômago e não sentir a dor. A ditadura civil-militar de 1964 se apoderou do poder explicitamente para favorecer os interesses de nossa burguesia herdeira da escravidão e dos EUA envolvidos que estavam com a Guerra Fria.

Os marechais e generais que derrubaram o presidente trabalhista João Goulart (Jango), juntamente com homens poderosos da classe empresarial brasileira, são os principais responsáveis pelo estado brasileiro se tornar um estado terrorista, e, consequentemente, torturador e assassino.

Esses militares e empresários são os maiores traidores da história do Brasil, porque combinaram e aceitaram, inclusive, que tropas militares dos EUA — a Operação Brother Sam — invadissem as terras brasileiras, se fosse necessário garantir a "vitória" dos golpistas, que há anos conspiravam contra o presidente Jango na Embaixada dos Estados Unidos.

Quem se insurge ou não aceita uma ditadura militar, como no caso do Brasil e em qualquer País do mundo, não é terrorista. Somente a imprensa venal e alienígena e seus "especialistas" borra-botas ainda têm a insensatez de defender o indefensável e justificar o injustificável, sem, entretanto, saberem, de fato, o significado da palavra expiação. Não sei se por má-fé ou por ingenuidade. Escolho a primeira impressão.

Considero inacreditável saber que muitas pessoas não conseguem compreender que o estado ditatorial torturou e matou deliberadamente, porque sua conduta se alicerçou em estratégias e planos elaborados previamente, e, posteriormente, efetivados, a partir dos gabinetes da Presidência da República e dos comandos das Forças Armadas e de seus órgãos de inteligência e repressão, a exemplo do DOI-Codi, SNI, CIEX, SISA, CENIMAR, além dos comandos e diretorias das polícias militares e civis de todo o País.

A ditadura é digna dos bárbaros, pois foi demoníaca, pérfida e infame. O coronel Brilhante Ustra em seu depoimento na Comissão da Verdade mostra a verdadeira face da covardia, com toda transparência. Sua arrogância e prepotência são "azeitadas" por ardis e mentiras, porque, em sua covardia, o agente da repressão se esconde atrás da Lei da Anistia, que deveria ser constitucionalmente revogada, para que os parentes e os amigos daqueles que se foram sem poder se defender encontrem, enfim, a justiça, porque sem justiça não há paz.

Os dois marechais, Castelo Branco e Costa Silva; e os três generais de Exército, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista de Figueiredo, são os principais condutores do regime de exceção, que, por intermédio de Atos Institucionais, perseguiram, demitiram, cassaram mandatos, fecharam o Congresso, prenderam sem acusação formal, exilaram, torturam, mataram e "criaram" uma nova categoria de seres humanos — os desaparecidos.

Médici e Geisel e o quadro do terror da ditadura.
Seus cúmplices e parceiros, os empresários de variados ramos da economia, inclusive os barões da imprensa comercial e privada, também são, efetivamente responsáveis pela a ascensão de ditadores fardados, que tentaram, em vão, dar uma conotação "democrática" ao regime de força com a troca dos generais ditadores, no decorrer de 21 anos. A ditadura não foi branda, como apregoou, cinicamente, a Folha de S. Paulo, propriedade do "seu" Frias e atualmente dirigida pelo seu filho Octávio Frias Filho.

A ditadura militar, que teve o apoio sistemático do mundo empresarial, foi o pior e mais violento regime político da história da República brasileira. A maioria dos conspiradores que se transformaram em golpistas, diziam questionar e combater a ditadura de Getúlio, só que o estadista morreu em 1954 em pleno regime democrático. A verdade é que os golpistas de 1964 combatiam os projetos e programas trabalhistas de Getúlio Vargas,e, por meio de campanhas insidiosas na imprensa, confundiam a Nação com seus propósitos "democráticos", mas de fundo golpistas.

Getúlio chegou ao poder pela Revolução de 1930, o que é muito diferente de um golpe militar apoiado diretamente pelos EUA, como ocorreu no fatídico e sombrio ano de 1964. O golpe de estado bloqueou o projeto desenvolvimentista e nacionalista dos trabalhistas em andamento desde 1930, e retomado por João Goulart. Em seu lugar, os direitistas apresentaram aos brasileiros a violência de nossas provincianas, escravocratas e ferozes "elites", que amarraram o estado nacional como se faz com as patas traseiras de uma vaca, para que eles pudessem se locupletar e, por conseguinte, enriquecer — o que é a mesma coisa que mamar nas "tetas" do Erário Público.

Sem sombra de dúvida, os militares insurretos fizeram um grande mal à Nação. Atrasaram o nosso desenvolvimento social e econômico no mínimo em 30 anos e não distribuíram riqueza e renda. Governaram para os ricos, tal qual ao ex-presidente FHC — o Neoliberal I —, o governante mais subserviente de todos, e que vendeu o patrimônio público brasileiro que ele e sua trupe não construíram. O catedrático em nada, e que foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque, incompetente, quebrou o Brasil três vezes.

O coronel Brilhante Ustra e outros atores da repressão deveriam estar presos, como aconteceu com os militares do Uruguai e da Argentina. Acuado passou para o ataque e evidenciou toda sua pequena condição humana. Ustra não é nada mais e nada menos que um brucutu selvagem, um oficial da reserva, que no passado se dedicou, caninamente, como um cão de guarda do regime e dos que verdadeiramente mandavam no sistema de terror, acobertado pela imprensa de negócios privados e por setores civis que financiavam os torturadores e assassinos.

Ustra, Sebastião Curió, bicheiro Capitão Guimarães e o delegado Claúdio Guerra, dentre muitos outros, que vivem até hoje à sombra de seus passados são figuras de segundo escalão, que devem pagar por seus crimes, porque representam o terrorismo de estado, bem como aqueles que, verdadeiramente, controlaram o processo ditatorial, além de ordenarem o acionamento da máquina de torturas e assassinatos contra aqueles que resolveram combater o nefasto regime.
  
Brilhante Ustra é o abutre de si mesmo. Os generais presidentes foram e ainda o são os gerentes do inferno. Nunca se deve esquecer, confundir ou ter dúvida de que torturador é torturador e torturado é torturado. Ponto. Os mortos e torturados têm de ser redimidos historicamente e livrados, definitivamente, dos porões da ditadura militar. Para o bem do Brasil e de todos nós. É isso aí.


 

3 comentários:

Mariangela Vicenza disse...

Davis, sinceramente, lê-lo é um aprendizado. Sempre direto ao ponto, sem deixar dúvidas, mesmo quando, poucas vezes, não concordo com você.

Henrique disse...

Ontem, 13/05/2013, mandei este email para ‘marcoaurelio@stf.gov.br’ :

Assunto: O mal necessario

Boa tarde.

Sua declaração foi estarrecedora ao jornalista Kennedy Alencar.

Eu sou só um cidadão brasileiro, mas seria muito melhor que SUA EXCELÊNCIA ficasse calado ou, que pelo menos tivesse um pouco de senso, mesmo que fosse a favor, e dissesse: – eu pensava que entendia bem do golpe militar, mas teve algo que eu não sabia explicar sobre o golpe e para que toda aquela monstruosidade foi possível. Preciso fazer um exame de consciência.

O que transpareceu é que o SENHOR é um “pigocrata” – aquele que não rejeita a ditadura.

Eu perguntaria ao SENHOR: “colocar barata viva na vagina de mulher para torturá-la”, é um mal necessário?

Grato pela atenção.
Henrique
..................
Se fosse no "mal necessário", ops, na DITADURA, certamente eu já estaria preso!

Henrique disse...

Casimiro Brito disse que “a coragem de afirmar asneiras é uma das características da improvisação jornalística”.

A nossa imprensa(?) improvisada só publica versões que não expressam a verdadeira verdade sobre 21 anos do sanguinário golpe que atrasou brutalmente a liberdade do país da subserviência dos EUA.

Essa mesma imprensa improvisada também colaborou muitíssimo com o golpe. A DITABRANDA(folha) só faltou colocar em toda a capa de seu jornalismo improvisado, semana passada, a foto do ‘crudelissimo’ ustra – saiu a foto em metade da página.

A pessoa que viveu aquele holocausto e ainda defende o golpe, vale menos que o excremento que meu cachorro expele.

A nossa mídia improvisada e ditatorial nunca dirá que até ‘bebês’ eram torturados.