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Entrevista — João Mendes de Jesus — 13
de maio
JMJ: "A escravidão cooperou, e muito, para a cruel desigualdade que acontece no Brasil". |
O vereador João Mendes de Jesus (PRB/RJ)
se diz um político dedicado às questões sociais, e sua atuação como parlamentar
se efetiva nas esferas dos idosos, da saúde, da urbanização e infraestrutura.
Presidente da Comissão do Idoso da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, João
Mendes se dedica também à causa da igualdade racial, no que concerne a lutar
pelo acesso de homens e mulheres negros e índios a uma vida de melhor qualidade, no que
é relativo a esses grupos étnicos conquistarem seus espaços no serviço público.
Para isso, o vereador teve sancionada,
em maio de 2012, a
Lei nº 5.401 pelo prefeito Eduardo Paes, que reserva 20% das vagas em concursos
públicos municipais para negros e índios. "A Lei, que completa um ano
hoje, define que os desiguais têm de ser tratados desigualmente, até que
consigamos uma isonomia entre os cidadãos, independente da classe social, das
diferentes etnias e de origem”. Leia abaixo o que o vereador disse à Assessoria
de Comunicação (Ascom) da Câmara do Rio.
Ascom: Qual
motivo, em sua opinião, a Lei de Cotas para Concurso Público em âmbito Municipal
se tornar tão importante para a sociedade carioca?
João Mendes de Jesus – O Rio de Janeiro é um dos cinco estados que têm mais negros
no Brasil. A maioria de nossa população é negra. Os negros são descendentes de
escravos, e não tiveram, depois de libertados, as mesmas condições educacionais
e laborais que os brancos, por exemplo, para competir no mercado e conquistar
bons empregos. Por isto, as cotas de 20% das vagas nos concursos públicos são
importantes. Além disso, as cotas não são para sempre. A duração é de apenas
dez anos.
Ascom: O
sistema de cotas, desde sua aprovação nas universidades federais, sempre foi
alvo de polêmica. Nos concursos públicos não é diferente. O que tem a dizer aos
que são contrários à Lei?
JMJ – Os que
são contrários à lei são desinformados, ideologicamente conservadores ou
simplesmente ainda não discerniram adequadamente sobre as cotas. A verdade é
que o STF e os tribunais subalternos ao Supremo já deram ganho de causa às
cotas. Ponto final. Quem é contra, que seja. A verdade é que as cotas são
eminentemente sociais e vão conspirar para que tenhamos um País melhor, um
Estado melhor e uma cidade do Rio de Janeiro melhor, pois mais justa.
Ascom: Outro
alvo de polêmica é sobre a autodeclaração de origem. Muitos argumentam que tal
prática permite que fraudes ocorram, como alguém que não é negro se declarar
como tal e obter uma vaga pela via das cotas. Como o senhor vê essa questão?
Como a Lei trata desse tema?
JMJ – Vejo
este questão com muita tranqüilidade, afinal todo programa ou projeto que
beneficia o povo brasileiro e, neste caso, o carioca, tem suas mazelas, suas
fraudes e farsas. Então, o que faremos. Combatê-las, denunciá-las, além de
punir os responsáveis que, porventura, incorram em erros, ilegalidades e
malfeitos. As cotas vieram para ficar. Ponto. Elas não são para sempre, e por
isso considero que a grande maioria da sociedade já compreendeu.
Ascom: O
texto especifica que a lei vigorará por dez anos, sendo acompanhada pela
Secretaria Municipal de Assistência Social. Por que a Lei tem prazo de
validade? E por que uma década?
JMJ – Porque
consideramos que dez anos são suficientes para conseguirmos uma isonomia entre
às diversas etnias que compõem o tecido social carioca e brasileiro. Contudo,
as cotas podem ser renovadas, se considerarmos que não foram suficientes.
Evidentemente que a Câmara Municipal vai analisar novas propostas sobre essa
questão, bem como o Executivo municipal. Dez anos é um tempo bom. Depois
veremos como fica.
Um comentário:
Só li o título e taí uma coisa que concordo plenamente com você.
Anônimo
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