Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Roberto Azevêdo: diplomata do Brasil é eleito diretor-geral da OMC. |
O teólogo e
filósofo Leonardo Boff certo dia chamou algumas pessoas que exercem atividades
na academia universitária, no jornalismo e no meio empresarial de rola-bostas.
Rola-bosta é um besouro africano que recolhe fezes de animais e age como uma
ferramenta de limpeza da natureza, a exemplo dos urubus, dos chacais, das
hienas, dos dragões-de-komodo, dos lorpas e pascácios e daqueles colonizados marcados
na alma com um intangível complexo de vira-lata.
Por seu turno,
considerei perfeito o apelido dado por Boff, ainda mais quando se trata de definir
os “especialistas” de prateleiras da Globo News e da CBN, por exemplo, além de
colunistas e blogueiros de outros órgãos da imprensa de mercado, que, sem
sombra de dúvida, tornaram-se, com dedicação canina, porta-vozes de seus
patrões magnatas, que torcem contra o Brasil desde o ano de 1500, apesar de
terem enriquecido aqui e não nas cortes as quais eles bajulam como cães sentados
à espera de comer ossos.
Os barões
midiáticos, controladores de concessões públicas de diferentes mídias, bem como
são os proprietários dos jornais e revistas mais poderosos do País. A categoria
empresarial socialmente a mais atrasada e sempre a serviço de seus interesses
pessoais e corporativos, o que a leva a se beneficiar e a usufruir de fartos
recursos monetários, proporcionados pelo setor público e pelas grandes
corporações privadas, que pagam a preço de ouro para veicularem propagandas em
suas publicações e telas de televisores, entre outras ferramentas midiáticas.
Boff tem razão
quando apelida homens e mulheres da imprensa de negócios privados de
rola-bostas, porque a verdade é que muitos deles são mais do que isto. Eles são
os legítimos exemplares dos complexados anacrônicos, pois totalmente
colonizados, pois seus DNA possuem princípios químicos intrinsecamente ligados
à subserviência, à subalternidade, à baixíssima estima, à pusilanimidade e ao
desprezo por tudo o que é do Brasil e o que ele representa, ao ponto de
torcerem contra o seu povo e professarem a equivocada ideia de que estamos
fadados ao fracasso, como se o Brasil e o seu presente e futuro fossem, nada
mais e nada menos, a própria resignação dos derrotados e dos que se satisfazem
em atuar em um papel secundário, quando os governantes que assumiram o País há
11 anos e os seus eleitores, que são a maioria dos brasileiros, querem o Brasil
no papel de protagonista, em um mundo multipolar, e, portanto, pertencente a
todas as nações.
É dessa forma que
o Itamaraty de “punhos de renda” e de perucas à moda Luís XV e Luís XVI se
conduzia até o fim do Governo de FHC — o Neoliberal I —, também conhecido
como o “Príncipe dos Sociólogos”, que, diferentemente do monarca francês Luís
XVI, nunca foi guilhotinado, e, sim, paparicado pelos seus súditos encastelados
na imprensa de mercado e nos meios acadêmicos aparentemente dominados por
diplomatas e catedráticos conservadores, que adoram falar para a imprensa
corporativa e alienígena, nos papéis de “especialistas”, cuja “especialidade” é
não reconhecer os avanços e as conquistas da sociedade brasileira, e muito
menos que os governos trabalhistas de Lula e de Dilma mudaram o Brasil.
E o mudaram para
melhor, inclusive no que concerne ao País ser respeitado pelo seu poder
econômico e principalmente por sua atuação propositiva e assertiva junto aos
mais importantes fóruns internacionais, retratados em ONU, OMC, OMS, OIT, BRICS,
G-20, OEA, Mercosul, Unasul e até mesmo no G-7 + 1 (Rússia), país este que
abastece a Europa com gás e petróleo, dentre muitos outros produtos e por isto
convidado a frequentar os “saraus” dos europeus ricos ocidentais de caráteres
imperialistas e historicamente colonizadores. Sem o gás da Rússia, ficaria
difícil para os europeus do G-7 aquecerem seus povos no inverno. Ponto.
Celso Lafer tirou os sapatos e escancarou a subserviência da "elite" deste País. |
Mesmo assim a
nossa “elite” preconceituosa e provinciana continua a torcer o nariz, porque
esses herdeiros da escravidão continuam a desejar um país VIP, ou seja, para
poucos se locupletarem com o que há de bom na vida, a exemplo de poder estudar
em boas escolas e universidades, viajar, morar em casas confortáveis, ter bons
empregos e acesso ao lazer e ao entretenimento, comprar roupas e calçados de
qualidade, bem como ser atendido em bons hospitais, além de frequentar bons
restaurantes etc etc etc. São os brucutus ou trogloditas, que se disfarçam com
uma fina película de civilidade, educação e fino trato, mas que na verdade se
recusam a permitir que o Brasil seja independente, autônomo e justo, bem como o
povo brasileiro seja definitivamente emancipado.
As seis famílias
controladoras das mídias de um País que é a sexta economia do mundo e logo será
a quinta. O Brasil de 200 milhões de habitantes e que fica submetido aos
capatazes, aos cães de guarda dos barões da imprensa, que manipulam o verbo e a
verdade; escamoteiam os fatos e desdizem, malandramente, o que foi dito por
aqueles que eles consideram seus inimigos, como ocorre, agora, com o Governo de
Dilma e ocorreu anteriormente com o Governo de Lula, pois desacreditam,
levianamente, as palavras e os propósitos de autoridades, como, recentemente,
aconteceu no caso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmou ao Jornal
Nacional que “a inflação está controlada, porque está dentro da meta, pois que
a elevação e a especulação de preços de alguns produtos são de ordem sazonal,
mas logo voltarão à normalidade”.
William Bonner, editor-chefe
e apresentador do JN, levanta as sobrancelhas e movimenta a cabeça, como a
duvidar da autoridade fazendária e monetária, e, consequentemente, tentar
desmoralizá-la, com o propósito de disseminar dúvidas aos que assistem ao
jornal, que no decorrer das décadas apoiou governos fascistas e entreguistas, bem
como sonegou ou tergiversou sobre episódios como a Bomba do Rio Centro, o
escândalo Proconsult, que visou derrotar o candidato Leonel Brizola em 1982, as
Diretas Já, o sequestro do empresário Abílio Diniz, cuja culpa recaiu,
inacreditavelmente, sobre o PT, além da edição criminosa do último debate entre
Lula e Collor, em 1989, que favoreceu o candidato da direita e das Organizações(?)
Globo, dentre inúmeras manipulações e distorções dignas de serem efetivadas por
gângsters.
Agora, a pergunta que
se recusa a calar: quem o William Bonner pensa que é para tratar dessa maneira e em público
o ministro Mantega como se ele fosse um mentiroso ou não soubesse o que estava
a falar? Bonner, jornalista que edita um jornal de péssima qualidade editorial
e que se recusa, terminantemente, mostrar o verdadeiro Brasil, pode até duvidar
do ministro entre os “seus” e até mesmo nas ruas, mas não pode e não deve
emitir dúvida em um jornal que tem milhões de telespectadores e aproveitar para
dar uma conotação leviana, talvez por saber que os irmãos Marinho, seus
patrões, fazem oposição sistemática ao governo, sendo que um dos “ganchos”
oposicionista é a inflação, que na verdade não passa do patamar dos 6,5% quando
no governo do “príncipe” dos sociólogos FHC — o Neoliberal I — a inflação
atingiu o índice de 12,5%, e nem por isso os cínicos das mídias faziam desse
assunto um escarcéu cujo símbolo de tal desfaçatez é o tomate. Ponto.
É a luta
partidária em toda sua essência e volúpia, no que é relativo à imprensa
beligerante e de tradição golpista tomar a frente da luta política no lugar dos
partidos de oposição e de direita, exemplificados no PSDB, no DEM, no PPS e
também no PSOL, que foram derrotados três vezes pelas forças trabalhistas e por
isto contam com a adesão de setores conservadores do estado nacional, que se
transformaram indevidamente em uma oligarquia, como o STF, presidido pelo juiz
Joaquim Barbosa, e pela PGR do procurador-geral Roberto Gurgel, aquele que
sentou quase três anos em cima dos processos do bicheiro Carlinhos Cachoeira, correligionário
e amigo pessoal do senador cassado Demóstenes Torres (DEM/GO), do governador de
Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e dos editores de Veja, Policarpo Jr, e de Época
(Globo), Eumano Silva. Nunca é tarde para lembrar esses fatos ao juiz e ao
procurador, que até hoje não comentaram nada sobre as investigações e o julgamento
do mensalão tucano. Temos o Judiciário dos dois pesos e duas medidas.
Eis que para a
desilusão da imprensa de negócios privados, o embaixador Roberto Azevêdo vence
os países ricos e se torna o primeiro brasileiro e latino-americano a ocupar o
importante e estratégico cargo de diretor-geral da Organização Mundial do
Comércio — a OMC. A vitória não se traduz em uma vitória isolada, que contou
apenas com o valoroso esforço desse notável brasileiro. A vitória de Azevêdo é
muito maior do que consideram os que torcem contra o Brasil, e defendem, de
forma subalterna e subserviente, os interesses dos países colonialistas. A
vitória de Roberto Azevêdo é, sobretudo, a vitória da diplomacia brasileira,
que experimentou uma revolução no Governo Lula, por intermédio do atual
ministro da Defesa, Celso Amorim, que comandou o Ministério das Relações
Exteriores como nunca se viu antes, porque transformou a nossa diplomacia de “punhos
de renda”, subserviente e desmoralizada, em uma diplomacia agressiva,
pragmática, autônoma e independente, que cooperou, e muito, para que o Brasil
praticamente se livrasse da crise internacional que derreteu as economias da
região do Euro e puniu severamente economias poderosas, a exemplo dos EUA e do
Japão.
O Itamaraty que
começou a se relacionar em termos regionais e geográficos com o hemisfério sul
do planeta. O Brasil que se voltou, concretamente, para a África, a Ásia e a
Ásia. O gigante sul-americano que transformou a China em seu principal parceiro
comercial, a superar os EUA, que nos tempos dos diplomatas de “punhos de renda”
de FHC — o Neoliberal I — determinava o que o Brasil deveria fazer, atém mesmo
não defender seus interesses na OMC e na OIT no que tange, por exemplo, aos
subsídios praticados pelos países ricos, a fim de defender e privilegiar suas
indústrias, agriculturas, ou seja, lá o que o valha.
Lula e Celso Amorim riem da torcida contra, que deseja para o Brasil a subserviência. |
Essa é a verdade.
A diplomacia tucana, uma das mais subservientes da história deste País, que só
faltava usar perucas à moda Luís XV, casacas e sapatos altos. A diplomacia tão
cara às nossas burguesias metidas a nobres, mas que na realidade não passam de
oligarquias decrépitas, mumificadas pelo tempo, saudosas da escravidão e que
até hoje pensam em Paris, Londres e Nova York como suas cortes, sendo que eles
vivem, moram e ganham muito, mas muito dinheiro mesmo na província que eles,
equivocadamente, chamam-na de Brasil.
São de um nonsense
ridículo, que dá pena, pois não compreendem que todos os países e suas respectivas
sociedades começaram do nada, foram também subdesenvolvidos, muitos deles são
da era atrasadíssima da Idade Média e que com o tempo se transformaram em
nações desenvolvidas, apesar de terem se beneficiado da colonização, ou seja,
da exploração total de outros povos e de suas riquezas, patrimônios e força de
trabalho, esta última traduzida em escravidão. Como se percebe, os “desenvolvidos”
têm esqueletos reais guardados em seus armários e uma dívida incomensurável com
aqueles que eles exploraram e dizimaram. Ponto.
O competente
embaixador Roberto Azevêdo incomodou de mais a nossa mídia alienígena, intelectualmente
colonizada, que prefere como embaixadores seus “especialistas” de prateleiras
nas pessoas de Olavo Setúbal (dono do Itaú), Abreu Sodré (Fundador da Operação
Bandeirantes — Oban), Francisco Rezek (o ético tal qual Daniel Dantas), Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal
I (sim, ele ficou sete meses à frente do Itamaraty), Luiz Felipe Lampreia (“especialista”
de prateleira da Globo News) e Celso Lafer, símbolo maior da subserviência dos
governos dos tucanos, pois tirou os sapatos no aeroporto de Nova York, a mando
de um subalterno da segurança estadunidense. Nada tão mais tucano e com a cara
da “elite” brasileira.
A OMC é um dos
órgãos internacionais mais importantes do planeta. A Organização é responsável
pela regulação e regulamentação do comércio internacional, além de
contemporizar, avaliar e resolver os conflitos comerciais entre seus sócios. O
Brasil, querendo ou não os que torcem contra, é um jogador importantes desse
tabuleiro de xadrez, no que é relativo aos embates e interesses comerciais de
cada País. A eleição de Roberto Azevêdo é uma vitória, sim, dos governos trabalhistas
de Lula e Dilma, que preconizaram o acesso de outros países, que não fossem
somente os ricos, aos órgãos internacionais em termos de comando politico e
administrativo.
Celso Amorim,
chanceler de Lula, ajudou a liderar a construção e a edificação de órgãos
poderosos como o Brics, o G-20, bem como a concretização do Mercosul, que,
desprovida de pena, enterrou a Alca, tão defendida pelos EUA e pelos nossos torcedores
do contra em terras tupiniquins. Lula passou a falar alto e firme nos fóruns
internacionais, a reivindicar, inclusive, uma cadeira para o Brasil no Conselho
de Segurança da ONU. Um dia, mais cedo ou mais tarde, o Brasil vai ter a
cadeira, porque o Conselho de Segurança é dos tempos do fim da Segunda Guerra
Mundial, e vivemos em um mundo muito maior, mais rico, tecnológico,
globalizado, populoso e com novos protagonistas, como o Brasil, que também é,
vale lembrar aos lorpas e pascácios, vencedor da Segunda Guerra. Aliás, o
Brasil é o único latino-americano que enviou tropas para a grande guerra. E
depois tem gente que não estuda direito para falar mal de Getúlio Vargas, que,
para mim, é um verdadeiro gênio.
A vitória de
Roberto Azevêdo é, antes de tudo, a vitória do Brics, dos países emergentes,
com forte apoio dos países pobres, mas que desejam uma nova ordem
internacional, onde não apenas os estadunidenses, os europeus ocidentais, os
canadenses, australianos e japoneses se locupletem e seus povos vivam uma vida
repleta de realizações, confortáveis, enquanto a maioria do planeta tem de
viver à míngua, a enfrentar crises políticas, econômicas, doenças, fome,
guerras, rebeliões, invasões militares, a ter muitas vezes à frente da opressão
e da violência os seus próprios governantes, patrocinados e promovidos pelas
potências ocidentais, que têm interesses geopolíticos e econômicos em inúmeros
países e por isso financiam todo tipo de barbaridade, com a finalidade de
manter intactos os interesses do establishment.
O Brasil atingiu
um patamar elevado, a partir da ascensão de Lula ao poder. Celso Amorim abriu
as veredas, e seu sucessor, chanceler Antônio Patriota, está a asfaltá-las. Não
interessa aos EUA o Brasil ser autônomo e independente, mas a realidade é que
sua política externa o é, como foi comprovado com o esvaziamento do golpe no
Paraguai e sua posterior punição na Unasul e no Mercosul, bem como no episódio
das eleições da Venezuela quando o EUA pediram a averiguação dos votos e o
Brasil, sem vacilar e prontamente, reconheceu a vitória de Nicolás Maduro e a
derrota do magnata, Henrique Capriles, filho da terceira família mais rica do
país bolivariano.
A má intenção da
Secretaria de Estado dos EUA foi esvaziada, e a ordem constitucional e
institucional na Venezuela preservada. A conquista da Diretoria-Geral da OMC,
repito, sedimenta a vitória do Brasil em âmbito diplomático e se expande aos
países emergentes, ao Mercosul, aos africanos, aos árabes e aos asiáticos. A
imprensa burguesa brasileira, medíocre, golpista e porta-voz dos interesses dos
países ricos vai ter de engolir a derrota do mexicano Hermínio Blanco,
candidato apoiado pelos ricos. A eleição contou com a presença dos 159 países
membros da OMC, o que valoriza ainda mais a vitória do brasileiro. O Brasil vai
ocupar seu lugar de protagonista, querendo ou não os colonizados e subservientes
que teimam em viver nesses pagos verdes e amarelos, afinal a recessão mundial
tem de acabar. A torcida do contra perdeu de novo, e o Leonardo Boff tem razão. É Isso aí.
6 comentários:
Pertinente citar, também, Graziano na FAO
Excelente texto Davis. É a mais pura verdade. Para mim estes entreguistas e rola-bostas que lutam contra o Brasil, não merecem ser chamados de brasileiros.
Lembram das várias viagens do Lula pelo mundo? Tão combatidas e que menosprezadas pelo PiG? Ta aí a resposta!
Hoje temos muitas embaixadas na África, antes essa importante região do globo era jogada pra escanteio, Oriente Médio, Ásia, relações estreitas e importantes com a Índia, África do Sul, Rússia, China (Brics), Mercosul que conta hoje com a Venezuela, a Bolívia pretendo entrar, Unasul, enfim, coisas impensáveis até 2003 e que foram construídas pelos governos progressistas.
Lula deu mais uma rasteira nos golpistas, rola-bostas e simpatizantes, por isso eles tem ódio dele.
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Helder
Bem lembrado: Azevêdo na OMC, Graziano na FAO. O Brasil mostra sua força.
Eis aí um dos resultados da forte e abrangente política externa brasileira iniciada pelo grande Estadista LULA.
Parabéns pelo texto.
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