Meu
coração amargurado
Bate
suave, e, em descompasso,
Conta
os dias e esquece as horas.
É
inexata a memória
Deste
coração voluntarioso,
Pois
seu tempo é fragmentado.
Chove
em meu coração...
Atormentado
por natureza
E
rebelado contra seus desejos.
Triste
e caricato e singelo,
Meu
coração se torna inaudível
À
minha existência, às minhas dores.
Quanto
mais sangue corre em suas artérias,
Mais
vidas a ele não pertencem,
Já
que solitário por devoção à liberdade.
Gira
o mundo, gira o meu pequeno
E
corajoso coração,
Tão
nobre e tão maltrapilho,
Tão
doce e tão zangado.
Meu coração, desencontrado,
Se
perde em seu itinerário,
Mas
compreende a dimensão da vida...
Sabe
que ela não questiona a eternidade.
São
longas as horas de espera,
Para
se ter paz – somente paz.
Paciente,
meu coração se esmera
Em
bater descompassadamente,
Como
um cuco maluco que atrasa
Propositalmente
as horas.
Sabe,
de antemão,
Que
para ser árvore,
Antes tem de ser semente.
Davis Sena Filho
Um comentário:
Já lhe disse antes, você deveria urgentemente publicar um livro. Este poema é profundamente humano e melancólico e ao mesmo tempo vivo para a vida. Bj.
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