Gurgel prevaricou e se blinda com o Mensalão para não ir à CPMI |
“Teu dever é lutar
pelo direito, mas no dia em que encontrares o direito em conflito com a
justiça, luta pela justiça” (Eduardo Couture)
“Presidenta
Dilma, cadê o projeto de marco regulatório para as comunicações elaborado pelo jornalista Franklin
Martins? Se a senhora não sabe, pergunte ao ministro das Comunicações Paulo
Bernardo!"
Há dias não escrevo. Contudo, tenho acompanhado
o noticiário, os artigos e as opiniões de especialistas da imprensa comercial e
privada (privada nos dois sentidos, tá?), bem como de blogueiros considerados
sujos e até mesmo imundos por jornalistas que defendem o establishment, como alguns
bate-paus da “Veja” — a revista porcaria — e das “Organizações(?) Globo”. As
notícias tem por objetivo, a depender de quem as dissemina, dar ou não transparência
aos brasileiros sobre a CPMI do Cachoeira, que é a do Demóstenes, que, por sua
vez, é a do Cavendish da Delta, que também pode ser chamada de CPMI do Gurgel/Perillo,
mas que, para mim, tem de ser chamada de CPMI da Veja/Globo.
E por quê? Porque não seria possível
para o senador do DEM, Demóstenes Torres, um procurador quase desconhecido, e para
o governador do PSDB, Marconi Perillo, e para o principal aliado de ambos, o
empresário do ramo de jogos, como gosta de afirmar a “Folha de S. Paulo”,
vencerem eleições com certa facilidade, terem forte influência política e partidária no Estado de
Goiás, no Congresso, em setores do Judiciário e também no meio empresarial sem
o “providencial” apoio do sistema midiático empresarial e politicamente conservador,
além da estranha conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e de
sua mulher, a subprocuradora da República, Cláudia Sampaio, que simplesmente
deixaram mofar na gaveta os autos de inquérito relativos à Operação Vegas realizada, em 2009,
pela Polícia Federal.
Cachoeira era o chefe de Demóstenes e influenciava no governo de Perillo |
Gurgel, como todo mundo sabe, somente deu continuidade ao inquérito neste ano, ou seja, quase três anos depois, após um grupo de parlamentares o “visitar” na Procuradoria quando o inquiriu sobre o porquê de tal defensor dos interesses do povo brasileiro ter segurado por tanto tempo um processo de investigação tão importante e grave para a República e, consequentemente, para a Nação. Os autos da Vegas são de 2009 e envolvem deputados federais e estaduais, promotor, policiais civis e militares, governador Perillo (a imprensa privada quer incluir os governadores Sérgio Cabral e Agnelo Queiroz), senador, empresários, servidores públicos das três esferas de poder e, evidentemente, o jogo do bicho, controlado por um dos bicheiros mais poderosos do Brasil, o Carlinhos Cachoeira, cujo falecido pai foi sócio do contraventor mais famoso de todos os tempos, o bicheiro carioca Castor de Andrade.
Não faço ilações contra o
procurador Gurgel quanto à sua conduta moral, mas ressalvo que suas ações no
que diz respeito ao seu cargo e às suas responsabilidades deixaram muita gente
em dúvida, o que inclui nesse bojo setores da sociedade que acompanham o escândalo
com mais atenção e os parlamentares que integram a CPMI, que, para mim, é principalmente
da “Veja” e da “Globo”. A minha assertiva é válida, porque, certamente, a
atitude de Gurgel teve o propósito de não atrapalhar ao tempo que favorecer as
candidaturas majoritárias no ano de 2010 do governador tucano Marconi Perillo,
do senador Demóstenes Torres (menina dos olhos e fake da imprensa burguesa), além de outras candidaturas proporcionais,
menos relevantes sem deixar de ser importantes. Se o procurador-geral não agiu de
forma calculista, não me sinto impedido para
afirmar que suas ações, mesmo involuntárias, concorreram para favorecer a dupla
goiana de políticos do DEM e do PSDB.
Além disso, a mulher do
procurador, subprocuradora Cláudia Sampaio, disse que o delegado Raul Alexandre,
que conduziu as operações, solicitou o arquivamento do inquérito, o que foi
contestado em nota da PF do dia 14 de maio. A verdade é que muitos procuradores,
promotores e juízes se tornaram “políticos” sem mandato popular, e, por
conseguinte, agem de forma ideológica, opcionalmente conservadora e voltada
para os interesses políticos e partidários de agremiações de direita e que
controlam, historicamente, o Poder Judiciário. São juízes e procuradores ou
promotores que querem manter o status quo
de grupos econômicos e políticos até então dominantes que, com o amadurecimento
da democracia brasileira, perceberam que estão a perder espaço para segmentos
políticos-ideológicos de ordem trabalhista, a mesma que desenvolveu o Brasil de
1930 até 1954 e foi deposta pelo golpe empresarial-militar de 1964.
Perillo, governador de Goiás, reconheceu "certa" influência de Cachoeira |
O establishment está desesperado, pois há dez anos é derrotado nas urnas. Ele sabe que os partidos conservadores estão fragilizados e por isso seu porta-voz e aliado principal e mais poderoso, o baronato da velha imprensa corporativa, associou-se ao crime organizado. Todo mundo percebe esse processo draconiano de corrupção de setores do estado, que teve não apenas a cumplicidade da imprensa, mas também sua efetiva participação por intermédio da “Veja” e da defesa, intransigente, das “Organizações(?) Globo” para com as ações e atos de tal revista, sua co-irmã de lutas contra o trabalhismo e a concretização de uma sociedade plural, democrática, solidária e justa para todos os brasileiros..
Esses dois setores, o sistema
midiático e parte do Judiciário, são, atualmente, os maiores empecilhos para o
desenvolvimento da democracia brasileira, porque recusam, terminantemente, ver
as classes ricas afastadas do controle do estado nacional. São nepotistas,
patrimonialistas e detestam não poder se beneficiar dos privilégios que o
estado propiciou a essas classes durante décadas ou séculos. O Judiciário
sempre foi a alma dos ricos, ainda mais em um País que teve 350 anos de
escravidão. E a imprensa sempre foi a ponta-de-lança, a porta-voz das classes
empresariais urbanas e rurais que sempre formaram seus próprios juízes e advogados.
Eles são a elite que mesmo
privilegiada e beneficiada economicamente como ocorre com os trabalhistas no
poder não suportam ver a ascensão econômica e social de outras classes, porque
o estado é bom somente para servi-los, pois, do contrário, os governantes
trabalhistas vão ter de se defender de golpes e contragolpes no Judiciário e na
Imprensa, mesmo se for por meio de notícias mentirosas, manipuladas e
distorcidas ou por intermédio de chicanas, protelações, abuso de autoridade e
até mesmo pela injustiça. Juízes são homens e mulheres e tem valores e
princípios trazidos de seus berços e por causa disso podem naturalmente serem
injustos. E é o que acontece. E repetidas vezes.
Globo protege o Civita, que faz da Veja, a revista porcaria, um mar de lama |
A imprensa comercial e privada
(privada nos dois sentidos tá?) e setores do Judiciário precisam do Mensalão
(nunca foi comprovado) tanto quanto os entes vivos necessitam de oxigênio.
Gurgel, que lembra a inépcia e o conservadorismo do procurador Brindeiro do
neoliberal FHC, tentou se blindar com o caso Mensalão para disfarçar o que ele não quis
fazer, que era apresentar os relatórios, as investigações da Operação Vegas
(que antecedeu a Operação Monte Carlo que prendeu o bicheiro Cachoeira) ao STF.
Gurgel tinha que denunciar e não o fez. O motivo eu não sei. Talvez ele saiba.
E aí o que ele faz? Acusa os parlamentares da CPMI da Veja/Globo eleitos pelo
povo de o atacarem por causa do Mensalão que vai ser julgado daqui a alguns
meses.
Agora, faço a pergunta que não
quer calar: “o Gurgel é maluco ou quer se blindar por não ter feito,
aparentemente, o seu trabalho?” Porque, como diz o sábio povo: “uma coisa é uma
coisa. Outra coisa é outra coisa”. Mensalão é Mensalão, que é uma criação dos tucanos
de Minas Gerais, que também beneficiou os de São Paulo e de outros estados
quando o presidente neoliberal FHC estava no poder. A imprensa burguesa sempre se
esquece desse “pequeno” mas importante detalhe. A quem Gurgel quer proteger? Do
Gilmar Mendes é o que sempre se espera. Ele, irremediavelmente, é a herança
maldita do neoliberal FHC e não resiste defender os interesses da burguesia, o status quo e as causas inglórias. Os
barões da imprensa burgueses e os burgueses do Judiciário são, realmente, os
setores mais atrasados da sociedade brasileira.
A Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito tem uma oportunidade ímpar para mostrar como a imprensa de negócios
comete crimes, bem como deixar claro como políticos, empresários, togados e
outros seres abissais se alastraram pelo estado. Eles tem de sair definitivamente
da vida pública. Como, por exemplo, o proprietário da "Veja", Roberto Civita, ficar livre de não depor na CPMI? É uma insensatez. Essa gente quer desviar a atenção do povo do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Veja
e com isso ganhar fôlego e tempo com o Mensalão. Para mim, quem tiver culpa no
cartório no que tange ao Mensalão que seja punido com o rigor da lei. Ora
bolas!
Gilmar é a herança maldita de FHC e mesmo sendo juiz defendeu Gurgel |
Agora, a imprensa conservadora e
historicamente golpista e autoridades públicas usar de subterfúgios para desviar a
atenção do País e com isso se safar da CPMI é um absurdo. Se o Gurgel tiver de
depor, que vá. Presidentes foram derrubados e sofreram impeachment. Parlamentares foram cassados, e são eleitos pelo povo. O
procurador Roberto Gurgel, para o bem da instituição a qual representa, deveria
estar honrado por dar satisfação à sociedade brasileira. Presidenta Dilma, cadê
o projeto de marco regulatório para as comunicações elaborado pelo jornalista Franklin Martins? Se a
senhora não sabe, pergunte ao ministro das Comunicações Paulo Bernardo. É isso
aí.
4 comentários:
Argh!
a maioria dos palamentares brasileiros tem medo do Sr Civita por este motivo que esta CPMI infelismente vai dar em pizza
deveria ter uma marco regulatório também para blogs, que não mudam de assunto nem de ponto de vista. Embora alguns já fossem desalojados sumariamente da casa que estavam hospedados...
Davis, continue assim. Depois que você saiu do JB, propriedade do senhor Nelson Tanure, empresário acusado de ter cometido ações ilegais e que responde a processos na Justiça, o jornal ficou mais pobre, porque você atraía milhares de leitores que nunca viram alguém na grande imprensa escrever como você. Quero dizer que seu blog atual é admirável e que tenho disseminado o endereço dele pela internet. Um grande abraço.
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