Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O pré-candidato a
presidente da direita brasileira e também, por que, não, dos conservadores
estrangeiros, senador Aécio Neves (PSDB/MG), está muito preocupado com o
sistema de energia do País, bem como com a inflação, que, inversamente ao que
ele fala, está controlada e dentro dos índices esperados pelo Ministério da
Fazenda e o Banco Central. A verdade é que a realidade do Brasil não é a que o senador tucano vê. É outra.
|
FHC quando se olha no espelho vê o Aécio Neves, seu alter ego mais jovem. |
Para o tucano mineiro, os
trabalhistas, com quem seu avô, Tancredo Neves, conviveu e apoiou durante
décadas e que ocupam a cadeira da Presidência da República há mais de dez anos,
além de realizarem uma revolução silenciosa no Brasil reconhecida pela
comunidade internacional, não administram com correção e responsabilidade o
País e muito menos têm competência para tocar o barco para águas mais calmas e,
por sua vez, livre de ondas traiçoeiras, que podem afundar o poderoso País da América
do Sul, e que colunista da Veja, colonizado e com um incomensurável complexo de
vira-lata, teima em tratá-lo pelo nome de “Banânia”.
É dessa forma que a banda toca nesses pagos tropicais quando
a direita não está no poder, porque talvez quando esteve não se preocupou em
governar para o povo, principalmente a parcela mais exposta às intempéries da
vida, exatamente aquela que historicamente fica à margem do processo de
desenvolvimento social e econômico, e que durante séculos foi tratada como
pária pelos burgueses e pequenos burgueses, ideologicamente perversos, racistas,
reacionários, egoístas, exclusivistas, portanto, sectários e totalmente avessos
à inclusão dos que foram barrados nas portas de suas festas, ou seja, do baile.
Aliás, festa é um tipo de evento que o tucano Aécio Neves é
grande frequentador, um “glamouroso” conviva e talvez um sócio honorário da high society, especialmente a carioca. Até aí tudo bem.
Quase todo mundo gosta de festas, divertir-se com os amigos e conhecer pessoas.
É normal. O que não é normal é o político tucano falar de inflação quando o seu
“guru”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – o Neoliberal –, deixou o
poder com uma inflação de 12,5% no último ano de seu mandato, enquanto o
presidente trabalhista Luiz Inácio Lula da Silva saiu da presidência com uma
inflação de 4,6%. Se formos para o acumulado dos oito anos de cada presidente,
a espiral inflacionária do governo Lula é cerca de 40% menor do que a do
governo neoliberal de FHC.
A meta para inflação em 2013 é de 4,5%, com
tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. E é exatamente o
que vai acontecer, apesar do histerismo das oposições partidárias e
principalmente dos “especialistas” de prateleiras da Globo News, do JN e dos
jornalões e revistas de oposição sistemática, presunçosa e irracional
perpetrada pelos seus colunistas, editorialistas, comentaristas, editores e até
repórteres, que se esforçam para fazer um panorama do Brasil o pior possível,
como se estivéssemos a enfrentar um hecatombe da proporção do que o
neoliberalismo sem regras e fiscalização fez com as economias dos Estados
Unidos e da União Europeia, o que de fato não ocorreu no Brasil governado por
mandatários trabalhistas.
Aécio Neves, o candidato da direita, também
chamou a atenção com sua imensa preocupação com a capacidade de o Brasil gerar
energia para a população e os setores produtivos. Aliás, os jornalistas da
imprensa de direita e da direita estão também deveras incomodados e até mesmo
temerosos de o Brasil ficar em plena escuridão, como ocorreu, em 2001, no
governo do neoliberal FHC, que, preocupado em vender o patrimônio público,
parou de investir no setor de energia elétrica, bem como na Petrobras ou tudo
que fosse vinculado à infraestrutura do País, como os portos, os aeroportos e
as ferrovias. Tudo, sem sombra de dúvida, abandonado propositalmente para
facilitar a alienação do que é bem patrimonial de uma nação e não de um grupo
privatista, irresponsável, e sem nenhum compromisso com o futuro do Brasil e
das gerações vindouras.
A suposta preocupação de Aécio Neves me comoveria
se não fosse ele o alter ego de FHC – o Neoliberal -, que se enxerga no tucano mineiro
como se olhasse para o espelho quando mais jovem. A vocação do playboy. Não a
do playboyzinho de butique barata, de óculos escuros e que anda em um carrinho
ou uma motinha para atrair as menininhas do bairro ou do colégio. Mas o playboy
verdadeiro, da alta sociedade, que tem dinheiro e influência, e, não
satisfeito, almeja e deseja sempre o poder político para manter, a qualquer
custo, o status quo das classes sociais que eles defendem e representam: a dos
ricos e a dos muito ricos. E a parte da classe média de perfil lacerdista,
agressiva e ressentida? Respondo: deixa a coitada continuar a ser otária e a acreditar na imprensa comercial e privada.
Quando FHC se olha no espelho vê o Aécio Neves e
vice-versa. É por isso que os dois são farinha do mesmo saco. Não existe
preocupação nenhuma dos tucanos com o desenvolvimento da população deste País.
E por quê? Porque eles representam as classes sociais hegemônicas, abastadas e
que nunca, nem hipoteticamente, quiseram negociar com o todo da sociedade brasileira
um processo político que viabilizasse a distribuição de renda e riqueza ou a
diminuição das desigualdades sociais e regionais. Quem é inquilino do pico da
pirâmide social não negocia e não aceita a confrontação política, ou seja, o
jogo democrático, e é exatamente por isso que vivemos em um País em que a
calúnia, a injúria, a difamação e a mentira campeiam nos meios de comunicação
de negócios privados, que são os verdadeiros e autênticos porta-vozes dos
interesses do grande capital, tanto no âmbito interno quanto no externo.
Aécio Neves tal qual a FHC se importa com o povo
brasileiro tanto o quanto o tucano mineiro se dedicou a combater, juntamente
com o governador de Minas, Antônio Anastasia, a queda de 20% do preço da
energia. Não somente o governador de Minas, porque os governadores de Goiás, de
São Paulo, do Paraná e o de Santa Catarina, que é do PSD, mas tem alma tucana,
boicotaram a diminuição da conta de luz em favor dos acionistas das companhias
de energia controladas por estados governados por políticos do PSDB. Ponto.
O Brasil vai crescer este ano e com isso dar
continuidade ao ciclo formidável de progresso pelo qual passa o povo brasileiro
nos últimos dez anos. O dever de casa foi feito pelo atual governo trabalhista
em 2012, e por isso a colheita vai ser de bons frutos este ano. Quem viver verá,
apesar da manipulação e do histerismo da imprensa de mercado e do mercado. Contudo,
encerro por aqui este artigo ao tempo que solicito ao leitor para ler com atenção abaixo.
1) Taxa de inflação (IPCA):
FHC (1995-2002) - 100,6;
Lula (2003-2010) - 50,3%;
2) Taxa de Desemprego (IBGE):
FHC (Dezembro de 2002) - 10,5%;
Dilma (Dezenbro de 2011) - 4,7%;
3) Taxa Selic (Banco Central):
FHC (Dezembro de 2002) - 25% a.a.;
Dilma (Agosto de 2012) - 7,5% a.a.;
4) Salário Mínimo (IBGE):
FHC (Dezembro de 2002) - R$ 200 (US$ 56);
Dilma (Agosto de 2012) - R$ 622 (US$ 306);
5) Investimentos Públicos (Banco Central):
FHC (2002) - 1,5% do PIB;
Lula (2010) - 2,9% do PIB;
6) Dívida Pública Líquida (Banco Central):
FHC (Dezembro de 2002) - 51,5% do PIB;
Dilma (Julho de 2012) - 34,9% do PIB.
7) Reservas Internacionais Líquidas (Banco Central):
FHC (Dezembro de 2002) - US$ 16 bilhões;
Dilma (Agosto de 2012) - US$ 372 bilhões;
8) PIB (Banco Central):
FHC (2002) - US$ 459 bilhões (2o. da América Latina e 15o. do Mundo);
Dilma (2012) - US$ 2,4 Trilhões (1o. da América Latina, 2o. das Américas e sexto do Mundo);
9) Exportações (Banco Central):
FHC (2002) - US$ 60 bilhões;
Dilma (2012) - US$ 256 bilhões;
10) Empregos Formais (Caged-Ministério do Trabalho):
FHC (1995-2002) - 5 milhões;
Lula-Dilma (2003-2011) - 17 milhões;
11) Escolas Técnicas Federais (MEC):
FHC - 11;
Lula - 224;
12) Universidades Federais (MEC):
FHC - 1;
Lula - 14;
13) ProUni (MEC):
FHC - Não existia;
Lula-Dilma - 1 milhão de estudantes beneficiados;
14) Crescimento Econômico:
FHC (1995-2002) - 2,3% a.a.;
Lula (2003-2010) - 4,6% a.a..
15) Balança Comercial (Banco Central):
FHC (1995-2002) - Déficit de US$ 8,7 bilhões;
Lula-Dilma (2003-2011) - Superávit de US$ 290 bilhões.
Não é necessário comentar nada. Os números se encarregam de desmascarar o que a imprensa burguesa e sectária propaga de forma proposital para desqualificar os governos trabalhistas e do PT de Lula e de Dilma. Aécio Neves apenas está a fazer o que lhe cabe: conseguir um gancho ou um mote para poder usar como contraponto ao Governo Dilma Rousseff.
Entretanto, tal político que se diz compromissado com a população representa, na realidade, a alta sociedade brasileira e seus interesses políticos e econômicos. Não é à toa que Aécio há muito tempo esqueceu de onde vem a origem política de seu avô, ministro dos presidentes Getúlio Vargas e de João Goulart, ambos trabalhistas e golpeados do poder pela direita brasileira herdeira da escravidão.
Links:
Tabela comparativa entre governos Lula e FHC:
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/04/12/tabelinha-para-matar-tucano-luladilma-10-x-0-cerrafhc/
Indicadores econômicos brasileiros:
http://www.bcb.gov.br/?INDECO
FHC critica herança do governo Lula para Dilma:
http://brasil247.com/pt/247/poder/75336/FHC-diz-que-Lula-legou-heran%C3%A7a-maldita-a-Dilma.htm
Comparação das taxas de inflação: Governo Lula x Governo FHC
Inflação: metas e resultados
(Fonte: Balanço PAC - Fev/2010)
A comparação da Inflação nos governos FHC e Lula mostra, claramente, que não houve continuidade.
Se tivesse ocorrido, a inflação iria para um patamar muito mais elevado no Governo Lula.