Por Davis Sena Filho — Palavra
Livre
CHARGE DE TIAGO R |
Sempre
considerei ridículo o impostômetro dos coxinhas udenistas e dos comerciantes
ricos de São Paulo. A Associação Comercial do Estado Bandeirante é rica,
poderosa, conservadora e sempre se preocupou com o que a direita sempre se
preocupa: cobrança de impostos e como não pagá-los. Fora este tema, a direita
brasileira se preocupa também em como ganhar muito dinheiro com o menor
esforço possível, além de pagar mal seus empregados, porque o desejo é que eles sejam
mão de obra barata até o fim dos tempos. Amém!
Dito
isto, quero afirmar que sou favorável à implantação de um sonegômetro na Praça
da Sé, em São Paulo. E por quê? Porque a sonegação no Brasil e no mundo é
gigantesca, difícil de ser contabilizada, mas no nosso País, mesmo a ter uma
Receita das mais competentes e instrumentalizadas do mundo, o dinheiro sonegado
pela burguesia brasileira é muito maior do que os crimes de sonegação
praticados por 8.667 brasileiros em contas de apenas um banco na Suíça, o
HSBC, instituição financeira que há muitos anos tem má fama, por já ter
recebido multas altíssimas em diversos países e ser acusado de lavar dinheiro dos
ricos sonegadores e até de traficantes de armas e de drogas.
A
verdade é que sonegar é um crime federal, um malfeito grave, porque retira do
Estado e da sociedade os recursos necessários para serem investidos em
benefícios sociais, de infraestrutura e de combate à miséria, à pobreza, à
violência, às doenças, à ignorância e ao desemprego. Por isso que esses
brasileiros, que são titulares, inclusive, de contas anônimas, deveriam ser
processados e, posteriormente, punidos, com penas duras e multas altas, para que
a sonegação deixe de ser uma ação comum àqueles que estão acostumados a um
individualismo infame, ao tempo em que vão às ruas, às praças, aos meios de
comunicação e aos seus círculos sociais e profissionais protestar contra a “corrupção”
e “tudo isto que está aí”, conforme tem acontecido a partir das manifestações
de junho de 2013.
A
evasão fiscal e a lavagem de dinheiro, praticadas pelos banqueiros do HSBC e
seus clientes, denotam que o setor financeiro não tem absolutamente quaisquer
compromissos com a legalidade e com a situação de milhões de pessoas pobres que
tentam sobreviver e levar a vida com um mínimo de dignidade. Os crimes vazados
por jornalistas estrangeiros e pela polícia suíça aconteceram apenas no biênio 2006/2007. São 8.667
correntistas tupiniquins e 6.606 contas bancárias, com valores depositados e sonegados
da monta de US$ 7 bilhões, cifrões que se equivalem a R$ 20 bilhões. Muitos desses
indivíduos são ricos e super-ricos, bem como estão na lista gente famosa de
diferentes setores de atividade humana.
Em lista
de pessoas que cometeram crimes de sonegação, dentre outras ilegalidades,
constam banqueiros, intelectuais, políticos, empresários, esportistas e
artistas. Somente não estão presentes os coxinhas udenistas de classe média,
porque, como todos sabem, coxinha só serve para disseminar ódios e
preconceitos, além de rancores insanos e sem fundamento contra a ascensão social dos pobres e dos que podem menos.
Por
sua vez, sabe-se que é público e notório que os coxinhas são os principais
consumidores e replicadores da agenda formatada pelos magnatas bilionários de
todas as mídias cruzadas e cartelizadas. Contudo, os coxinhas param por aí,
porque seus mundinhos vão ao máximo ao shopping, talvez viagens, pagar a
mensalidade do carro, da casa própria, da faculdade e sentar em um restaurante
para comer uma pizza ou bifes. Milionários com contas na Suíça,
definitivamente, não convidam coxinhas reacionários como eles para frequentar
suas casas, festas, clubes e círculos outros.
Entretanto,
a questão primordial não é o coxinha udenista de cabeça colonizada, com
complexo de vira-lata e que sonha acordado com Miami. Não. De jeito nenhum. A
questão que conta é quanto ao assalto aos cofres públicos, efetivado por
brasileiros ricos e muito ricos ligados ao high society nacional e
internacional. Um empresariado que tem porta-vozes no Congresso e defensores em
certos setores do Judiciário e do MP. Sonegadores milionários não agem sozinhos
sem ter por trás de si toda uma máquina estatal de caráter patrimonialista e
banqueiros (agiotas) dispostos a serem cúmplices e beneficiários de seus crimes
de lesa-pátria, que causam graves prejuízos ao Brasil.
São
esses motivos elencados pelos quais a maioria dos empresários, os coxinhas
udenistas despolitizados e os políticos do campo direitista, além da imprensa
de negócios privados, nunca, em hipótese alguma, reclamaram pela implantação de
um sonegômetro na Praça da Sé, juntamente com o impostômetro, que há anos está
lá, em tal logradouro, a indicar a cobrança de impostos, mas sem relevar a sangria monumental e estratosférica causada pela sonegação criminosa de impostos, para que multimilionários vivam uma vida de nababos, paxás ou coisa surreal do gênero.
A
imprensa familiar, a dos magnatas bilionários, calou-se, até porque eles podem
encontrar a si mesmos ou os seus aliados políticos e empresariais nas listas
de sonegadores de impostos divulgadas por jornalistas estrangeiros. Até porque
os jornalistas brasileiros, que trabalham como porta-vozes de seus patrões
bilionários, jamais publicarão o nome de milhares de pessoas que fazem oposição
ao Governo Trabalhista, sonegam impostos e, evidentemente, são contrários aos
programas de inclusão social e ao projeto nacional do PT e de seus aliados,
simpatizantes e eleitores.
O
sistema midiático privado se cala, mas o que importa não são os valores, os
princípios e os interesses desse baronato alienígena e de caráter imperialista.
O que está em jogo é a credibilidade da Receita Federal, da Procuradoria Geral
da República (PGR) e da Polícia Federal, três órgãos que tem por obrigação
investigar e denunciar aquelas pessoas que cometeram tais crimes e,
consequentemente, causaram um rombo nos cofres públicos.
Os
malfeitos são de autorias de cidadãos ricos e alguns famosos, que tem
admiradores e posam de arautos varonis das causas nobres. Ou o Brasil é um
lugar que, definitivamente, somente puta, pobre, preto e petista são punidos?
Espero que não, pois o Governo do PT, por intermédio da PF subordinada ao
Ministério da Justiça, está a colocar ladrões de colarinhos e brancos na
cadeia. Fato este que no Governo de FHC — o Neoliberal I — nunca aconteceu.
Pelo contrário, o procurador-geral de seu tempo, Geraldo Brindeiro, tinha a
alcunha de engavetador-geral, mas o fato é que o verdadeiro engavetador de
processos contra o governo tucano era o próprio Fernando Henrique, que o
escolheu, ao contrário de Lula e Dilma, que sempre deixaram a categoria de
procuradores escolher o procurador-geral. Mais republicano do que isto é
impossível.
Enquanto
isso, o Governo Dilma precisa fazer, em 2015, um ajuste fiscal de R$ 20
bilhões, o mesmo valor do rombo nos cofres públicos feito pelos sonegadores
ricos e muito ricos deste País. No caso do HSBC, o Brasil está entre os quatro
países com maior número de sonegadores e de valores ainda não anunciados oficialmente pela Receita
Federal. E a imprensa de histórico golpista se cala, como um condenado à beira
do pelotão de fuzilamento. É inacreditável no que se tornou a imprensa
meramente de mercado que viceja neste País, que lamentavelmente ainda não
efetivou o marco regulatório para esse segmento econômico daninho e prejudicial
aos interesses do Brasil e do povo brasileiro.
Vamos
ver como vai acabar essa história na Receita Federal, na Polícia Federal e no
Ministério Público, órgãos do Estado Nacional e não a serviço de interesses
privados e inconfessáveis. Por sua vez, a imprensa comercial e privada age
sempre como um escorpião. É de sua natureza, e vai guardar a lista de
sonegadores de impostos a sete chaves, afinal nunca se sabe como vai ser o
próximo dia. Vai preservar seu compadrio, apesar de já saber que o caso lava jato pode desaguar
em nomes do escândalo do HSBC e ligados à oposição tucana ou a empresários e
celebridades que frequentam o circo social dos bens aquinhoados. A verdade é
esta: a imprensa familiar se cala e 8.667 brasileiros cometem crime de
sonegação com a cumplicidade do HSBC. Lavagem de dinheiro na veia. Com a
palavra, a Receita Federal. É isso aí.
9 comentários:
Ué, até Lula disse que era caixa dois e Duda quase foi pra Papuda...
Ei ladrão, que horas sai a quentinha?
babalu
Palmas! Palmas e Palmas! Era tudo o que eu gostaria de dizer. Valeu, grande jornalista!
Artigo brilhante lido por leitores conscientes e alguns que defendem até lavagem de dinheiro de sonegadores e bandidos banqueiros.
Davis censurando comentários, que feio... Coisa típica de petista sem argumentos
Jorge Marcelo, é que o Davis só quer você como o leitor mais assíduo e fã de sua inteligência e cultura. Então, aproveite todos seus textos e este último pra ver se você deixe de ser um burro estúpido e aprenda alguma coisa nesta merda que é a sua vida.
Prezado Davis Sena Filho, suas definições sobre os coxinhas são hilarias, maravilhosas e refletem a realidade dessa gente que se acha muita coisa, mas não passa de um monte de recalcados e rancorosos. Pobretões sem classe e educação. Admiro muito o seu trabalho desde quando você tinha um blogue no Jornal do Brasil. Grande jornalista, nacionalista e pessoa da melhor qualidade. Tenho 79 anos, conheci e li grandes jornalistas, mas você está entre os melhores. Um grande abraço. Viva o nosso Brasil e o se povo corajoso para enfrentar os entreguistas com complexos de vira-latas.
“Adoro operário de esquerda - o PT - no poder porque é um raro momento para experimentar um alívio na opressão social antes exercida aqui pelo grupo do PSDB de FHC (o mesmo que quer voltar ao poder a qualquer custo), uma momentânea interrupção no abuso, na exploração e na injustiça sistemáticas que esse grupo político pratica contra as camadas pobres da população.” (Marilene Felinto - escritora e jornalista)
Henrique
"Adoro! Só para observar que quem acompanha CPI e etc são exatamente os órfãos do PT, mergulhados num egocentrismo patético ou num ressentimento constrangedor. Tudo gente diplomada em universidade, tudo gente pretenciosa, que se acha o supra-sumo do saber - e que precisava passar um mes que fosse (muitos deles) nos bastidores de uma redação de jornal para descobrir com quantas linhas de mentira e manipulação se tenta construir um candidato favorável ao poder economico e se quer destruir um presidente operário ou uma mulher(petista) presidente. Só para adquirir (muitos deles) um pouco da aprendizagem técnica para a decodificação de mensagens. Só para descobrir (muitos deles) a que grau a imprensa consegue manipulá-los e deformá-los, especialmente a eles, os diplomados.” (Marilene Felinto - escritora e jornalista)
O comentário acima "Adoro!......" fui eu quem o escrevi.
Henrique
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