Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
A avó do neoliberalismo, Margaret Thatcher, foi vaiada em seu funeral. Centenas de pessoas lhe viraram as costas quando seu féretro passou, e lembraram das guerras, das mortes, do desemprego, da repressão policial, da greve de fome por parte de sindicalistas que morreram, porque a condestável se negou a ouvir, a dialogar e a poupar a morte daqueles que representavam os trabalhadores das minas de carvão.
Thatcher efetivou a política da intolerância, fez guerra e seu governo neoliberal bateu nos trabalhadores. |
Não é à toa que a baronesa é adorada pelos meios de comunicação hegemônicos e de negócios privados, pois porta-vozes que são dos banqueiros, dos trustes internacionais e do imperialismo colonizador, que fomentam guerras nos quatro cantos do planeta, a fim de pilhar, a exemplo dos piratas, as riquezas dos países pobres e emergentes.
A premiê Margaret Thatcher da Guerra das Malvinas, de ocupação de território alheio, um conflito armado absurdo e de caráter imperial e político, pois a Dama de Ferro era impopular, com baixos índices de aprovação e que precisava de um trunfo e de um triunfo para reverter sua iminente derrota política. E conseguiu, com sangue nas mãos.
A Maggie, iniciadora, juntamente com o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, da implementação, em âmbito mundial, do sistema neoliberal, que tirou ainda mais dos pobres para dar aos ricos. A primeira ministra que desregulamentou a economia, que apostou no individualismo das pessoas em detrimento da coletividade, que sempre foi a essência dos entes humanos em luta pela sobrevivência.
A mulher inflexível, que fazia política com o fígado de pura bílis e amargor, ao invés de tratar a política como um ato e ação de generosidade, meio civilizado e educado para mediar conflitos, efetivar espaços para o diálogo e atender os interesses dos desiguais, dos diferentes e dos que, possivelmente, renunciariam a violência, a exemplo do IRA da época, se Thatcher não tivesse um caráter e temperamento próximos dos ditadores — que a Inglaterra e os EUA apoiaram e financiaram em todas as épocas e eras de suas histórias, inclusive nestes tempos atuais.
A política conservadora, ídolo da direita internacional, que se aliou ao general chileno sanguinário, Augusto Pinochet, para logo depois reclamar, de forma altissonante, a plenos pulmões, de sua prisão na Inglaterra, inclusive a visitá-lo e a lamentar que a Justiça de seu país colonizador o tivesse detido. Realmente, é a Maggie dos ditadores, tão cônscia de sua ideologia de exploração de nações menos poderosas e expostas a todo tipo de violência bélica e da perda sistemática de suas riquezas.
A inglesa radical de direita que apoiou a segregação racial na África do Sul — o apartheid —, enquanto seu filho fazia negócios com a ditadura racista, um dos mais cruéis e vergonhosos regimes políticos e econômicos que se tem notícia neste mundo onde os poderosos se locupletam à margem do que é justo e do que é correto.
A inglesa radical de direita que apoiou a segregação racial na África do Sul — o apartheid —, enquanto seu filho fazia negócios com a ditadura racista, um dos mais cruéis e vergonhosos regimes políticos e econômicos que se tem notícia neste mundo onde os poderosos se locupletam à margem do que é justo e do que é correto.
Por isto e por causa disto, Margaret Thatcher
foi vaiada em seu último desfile, porque realmente ela marcou uma era que
terminou de forma trágica com a crise do neoliberalismo em 2008, que perdura
até hoje e não tem tempo marcado para terminar.
O neoliberalismo que derreteu como gelo em asfalto quente as economias de dezenas de países europeus, a atingir fortemente o Japão e os Estados Unidos, onde nasceu o outro pilar desse sistema draconiano de exploração e miséria, o também condestável Ronald Reagan, um dos senhores da guerra no século XX.
Margaret Thatcher não deixou saudade nos corações e nas mentes dos trabalhadores, dos humildes e dos que podem menos. Sua morte é a prova cabal de que a política britânica não era amada pelo povo, apesar de ser exageradamente admirada pelos ricos, e, como não poderia deixar de ser, pelos barões da imprensa de direita e pelos seus incontáveis capatazes que vivem a servi-los.
A Dama de Ferro sabia tanto que sua pessoa era detestada por grande parte da população mundial e britânica, que pediu à sua família que seu velório e funeral fossem restritos. Neste aspecto, Margaret Thatcher conseguiu, enfim, ser sensata e realista, pois conhecedora de seu legado. É isso aí.
8 comentários:
a rapaziada punk sonhava com o dia do seu passamento.
as famílias dos massacrados do Belgrano comemoram
O Instituto Millenium do Bial, Guilherme Fiúza, Demetrio Magnoli, Marcelo Madureira, etc lamenta o óbito da estadista.
Eu sou punk e belgranista!
Coé, Sena, vai voltar quando pro Rio?
Ass: Doutor Volpone
Mais um gol de placa seu, em texto irrepreensível, didático e fundamental para quem vê a vida como ela é ... e não tem medo de dar nome aos bois. Neste caso, à vacamaggie, a velha e satânica bruxa neoliberal.Nada a acrescentar nem excluir...perfeito!
Desculpe, não assinei: Marcos Lúcio
Boa matéria, grande Davis!
Muito obrigado!
Um grande e fraternal abraço,
Fausto
Ela, Margaret Thatcher, sempre foi a cara da morte e destruição.
Aí sim. Vc escreveu alguma coisa que realmente está absolutamente certo. A bruxa era fodinha mesmo. Mandou por diversas vezes baixar a ripa na classe pobre e média, e, com certeza ela terá que se explicar lá encima (se é que ela irá passar por lá).
Como diz o velho ditado, já foi tarde e, seria melhor que nem tivesse vindo.
EZEQUIEL
Olá, caro colega!
Vim apenas para dizer que mencionei você no meu blog/portfolio.
http://thiagomoskito.com.br/portfolio/ms/
Abraços
Prezado Thiago Moskito, é uma satisfação saber de sua pessoa. O nome artístico ficou ótimo. Um grande abraço e tudo de bom. Davis
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