terça-feira, 23 de abril de 2013

Deu Lula no The New York Times

Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre


LULA USA O BONÉ DO JORNAL — MUITA GENTE DEVE TER CORTADO OS PULSOS.


A dor e a ira da Casa Grande são imensas. A inveja e o rancor também. Para amenizar tão vis e arraigados sentimentos e preconceitos de classe, origem e raça, os membros de tal Casa herdeira da escravidão e seus agregados ideológicos de classe média vociferam contra o ex-presidente trabalhista, tanto nas colunas e blogs da imprensa hegemônica e alienígena, bem como seus leitores mostram para o que vieram, e proferem as piores e as mais desrespeitosas e degradantes palavras, que demonstram como esses pequenos fascistas pensam contra aqueles que pertencem a outro campo político e ideológico, além de professarem sua fé na intolerância, na violência, na mentira, e, sobretudo, no miserável e hediondo conceito de considerar que pertencem a um grupo social superior aos outros segmentos da sociedade, no que diz respeito à sua condição de cidadão. 
                                
Trata-se de uma aliança espúria, não oficial, mas que toda pessoa com um mínimo de senso crítico percebe que os donos do sistema midiático comercial e privado, os políticos do PSDB, do DEM e do PPS e grande parte dos procuradores da PGR e dos juízes do STF atuam e agem de forma alinhada, inquestionavelmente política, partidária e vocacionada a fazer oposição sistemática aos governos trabalhistas, que ocupam democraticamente a cadeira da Presidência da República há mais de dez anos. Enquanto isso a classe média de essência lacerdista mantém sua crença no que já deu errado, a começar pelo golpe de 1964, e continua a dar suporte àqueles que sempre desprezaram a população, bem como sempre lutaram contra a conquista da plena cidadania do povo brasileiro.

Mais do que isto. Apresentam um Brasil derrotado, sem esperança e futuro, bem como vazio de conquistas sociais e econômicas, principalmente nesses últimos dez anos, ao contrário do que vêem e afirmam os líderes políticos mundiais, a imprensa estrangeira e os números e índices do IBGE, do Banco Central, do Ministério da Fazenda, da Receita Federal e até mesmo das instituições financeiras de espoliação, rapinagem e pirataria, a exemplo do Bird e do FMI, instituição esta que o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal — pediu esmolas por três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos.

E o que tudo isso tem a ver com o Lula?  Respondo: tem, e muito. Tanto quanto o estadista Getúlio Vargas em sua época. O principal e mais importante político do Brasil, ao contrário do que prega a nossa “elite” carcomida pelo tempo, provinciana, reacionária e retrógada, no que é relativo ao desenvolvimento social e à emancipação do povo brasileiro, é cosmopolita e por isso compreendido pelos brasileiros mais humildes ao tempo que pelos doutores das principais universidades do planeta, que o receberam para homenageá-lo inúmeras vezes após o político petista ter saído da Presidência, como comprovam a própria  imprensa burguesa em suas matérias direcionadas a tratar o político trabalhista com desdém, desrespeito e deboche.

São a Casa Grande brasileira e seus agregados que confundem, propositalmente, a educação formal com a formação autoditada e a inteligência e a cultura natas a um homem que fundou o maior partido trabalhista da América Latina e um dos maiores do mundo, bem como um dos fundadores da maior confederação de trabalhadores deste País, como é o caso da CUT, além de ser eleito presidente duas vezes e eleger a sua sucessora Dilma Rousseff. O operário que elegeu uma mulher pela primeira vez no Brasil.

E tem gente, desnorteada e que ignora a nossa história,  que acha esses fatos e realidades irrelevantes, como o são irrelevantes a desfaçatez e a incongruência do pensamento dos colunistas e especialistas de prateleiras do campo da direita midiática, que reescrevem a história a seus bel-prazeres, ao ponto de uma pessoa desavisada pensar que o Brasil está a vivenciar a mesma crise moral e econômica dos europeus e dos estadunidenses, que estão a enfrentar uma crise muito mais grave do que a de 1929, por, evidentemente, vivermos em um mundo globalizado, muito mais complexo e com uma economia internacional de dimensão exponencialmente maior.  

Lula não é um político comum, porque se trata de uma liderança organicamente inserida na sociedade e densamente e profundamente enraizada na memória e no imaginário popular. O petista é um intelectual orgânico e por isso sabedor das necessidades e demandas populares, porque conhece o povo e o povo o conhece. Essa química é o que a burguesia não compreende, e, consequentemente, teme. Tal medo é derivado do desconhecimento do Brasil profundo e de seu povo de maioria negra ou mestiça, por parte das classes sociais abastadas, dos políticos de direita, da academia conservadora, da imprensa de negócios privados, de juízes e procuradores reacionários, e, obviamente, de grande parte da classe média tradicional.

O problema dessa gente é que o Lula não foi cooptado pelo establishment. O líder trabalhista não é o Eduardo Campos, a Marina Silva, a Heloísa Helena, o Cristóvam Buarque, o Fernando Gabeira, o Jarbas Vasconcelos e o Roberto Freire, somente para citar esses, porque tem muito mais políticos de passado esquerdista que se tornaram subservientes aos interesses dos querem preservar o status quo. Lula dialoga com o establishment, mas não se associa a ele. Ponto.

Lula recebeu, no Palácio do Planalto, segmentos sociais oprimidos, como os sem-terras, os catadores de latas, os pequenos agricultores, os ambulantes, os gays, os portadores de deficiência física, dentre muitos outros setores sem visibilidade e poder de reivindicação. Esses episódios aconteceram. São visíveis e verdadeiros, e a história, que é narrada, relatada e escrita por historiadores e não por historialistas da imprensa e das academias, vai mostrar, inapelavelmente, essa realidade. São os casos de Getúlio Vargas e João Goulart, vitimas de uma imprensa de mercado e corporativa violentíssima, que desde sempre apoiou os golpistas deste País e deu cinicamente ares de legalidade à quebra da normalidade democrática, pois conspirou e cooperou para rasgar criminosamente a Constituição.

A direita, a classe dominante, proprietária dos meios de comunicação de opressão, conta sua história manipulada e mentirosa até a terceira página, porque depois os pesquisadores, os historiadores, os cientistas sociais e a própria memória do povo brasileiro tratam de colocar, através do tempo, os pontos nos “is” para resgatar a história. Esse processo acontece não apenas no Brasil, mas em todos os países. Somente os ingênuos ou os de má-fé intelectual não percebem essas questões ou não têm capacidade para discernir sobre o assunto. Questões, evidentemente, essenciais para a compreensão de um protagonista tão importante da história do Brasil, País muito maltratado por uma burguesia e mídia possuidoras de um incomensurável complexo de vira-lata e ávidas em retomar o poder central.

Acontece que, para a irritação, o rancor e a intolerância dessa gente medíocre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros afazeres de âmbitos nacionais e internacionais é o novo colunista do The New York Times, considerado o mais importante diário do mundo. O político trabalhista brasileiro vai ser pago. Aliás, bem pago, para a infelicidade e ira  dos burgueses e pequenos burgueses de índoles invejosas e perversas. Já vejo os membros da Casa Grande e seus agregados, herdeiros da escravidão, a cortar os pulsos e a lacrimejar lágrimas de crocodilos. É isso aí.

9 comentários:

Mariangela Medeiros disse...

Davis, é exatamente dessa forma que nossa elite corrupta se comporta. Gostei muito deste texto e irei repercuti-lo nas redes sociais.

Grinaldo Oliveira disse...

Olá, Davis.

Sou um admirador de seus textos e assinante de sua mala direta.

Gostaria apenas de aproveitar este espaço e expressar minha opinião, o que, por certo, serve também como desabafo à realidade delineada pelos meios de comunicação, a qual convivemos diariamente.

Concordo inteiramente com suas sábias palavras e reforço salientando o universo paralelo pintado pela mídia nestes últimos anos. Agradeço imensamente à internet por ter fornecido uma segunda opinião sobre tudo aquilo que é noticiado pelos canais de TV, assim como rádios, revistas e jornais.

Apesar de alguns almejarem um país de primeiro mundo, os "detentores da voz" não querem um modelo exatamente igual aos moldes de órgãos reguladores existentes em sociedades mais democráticas (aqui ratifico que não vivemos ainda em plena democracia). É notória a exclusão de parcelas significativas de nosso povo na mídia. Que o diga algumas publicações da editora Globo, como a revista Crescer - dedicada à pais de crianças, e que nunca publicou um bebê negro na capa. Da mesma forma, escuto em algumas rádios um certo deboche para as classes minoritárias, onde corintiano é sinônimo de ladrão e nordestino ou nortista são brasileiros com retrocesso intelectual.

Aos poucos, para quem está alerta a isto tudo, se percebe que o Brasil se resume, para muitos canais de TV, ao Rio de Janeiro e São Paulo. A miopia é tamanha que muitos nem tem ideia em como vivem os habitantes da região norte do país - a propósito, alguém sabe algo do Espírito Santo - para não ir muito longe?

Pois bem, 1984 foi um livro de George Orwell criticando implicitamente os regimes totalitários. Aqui no Brasil vivemos um regime ditadorial regido pela mídia (1984 é o agora no Brasil). Em um país com inflação controlada há anos, já que 6,5% é uma benção para quem viveu o período da jogatina do overnight e inflação de mais de 30% ao mês, ver uma apresentadora de TV utilizar um colar de tomates é um estupro à nossa inteligência.

Infelizmente, nem todos despertaram para o que está acontecendo no Brasil e talvez nem perceberam, ligando sua nota, a crítica sútil que o Lula fez aos meios de comunicação no Brasil ao proibir que seus releases fossem distribuídos a jornais em nosso país. Se misturar todos e moê-los, não serve nem para adubo.

Forte abraço.

Grinaldo.

Ronaldo Medeiros disse...


No site JUSTIÇA EM FOCO http://justicaemfoco.com.br/index.php?pg=desc-noticias&id=71 VEJA: http://justicaemfoco.com.br/?pg=desc-noticias&id=70591

Anônimo disse...

Lula no jornalão mais famoso da Terra, na terra onde Chavez jamais pisaria, com você alardeando, parece piada pronta.

Anônimo

Anônimo disse...

Supimpa e irretocável. Mas os burgueses e pequenos burgueses de índoles invejosas e perversas... e os membros da Casa Grande e seus agregados, herdeiros da escravidão,PASSARÃO, e o Lula, PASSARINHO que já voou até o NYT, dentre inúmeros outros feitos elogiáveis.

Será que esta elite cínica e cafona ou esta burguesia que fede (Cazuza)vai dizer que o NYT baixou o nível? Como eles repensarão o Lula como "uma liderança organicamente inserida na sociedade e densamente e profundamente enraizada na memória e no imaginário popular...ou como um petista intelectual orgânico e por isso sabedor das necessidades e demandas populares, porque conhece o povo e o povo o conhece".

Pra este tipo de gente "direitalha", nem se Deus dissesse que o Lula é o cara, pois só o Obama não os convenceu.
Marcos Lúcio

Henrique disse...

LULA

"o homem de ação que modificou o curso das coisas”

(Ruchard Descoings, diretor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, Sciences Po)

Anônimo disse...

Lula Drink.

Notícia publicada no jornalão New York Times

Anônimo

Anônimo disse...

Esse anônimo é um filho da puta.
Assinado: Anônimo

Henrique disse...

Fundação Getúlio Vargas - PARA ONDE VAI O BRASIL MENOS DESIGUAL DE TODA A SUA HISTÓRIA?

Ao final do ciclo Lula , o Brasil atingiu a menor taxa de desigualdade de sua história.
Todos os segmentos de renda e todas as regiões nacionais ganharam nos oito anos de governo petista: mas os pobres ganharam mais.
Quem diz é a FGV (Fundação Getúlio Vargas – está entre as trinta melhores instituições do MUNDO), num estudo divulgado nesta 3º feira/03/05/2011. Fatos:
a) a pobreza brasileira diminuiu em 50,64% entre dezembro de 2002 e dezembro de 2010;
b) entre os 20% mais ricos da população, a renda obtida de todas as fontes cresceu 8,8% e a escolaridade, 8,12%.;
b) já entre os 20% mais pobres, os saltos foram, respectivamente, de 49,52% e 55,59%;
c) o estado mais pobre do país, o Maranhão, teve ganho de 46% na renda;
d) São Paulo -o mais rico, 7,2%;
e) o Nordeste registrou um ganho de 42%; o Sudeste rico, 16%.
Não, não nasceu uma nova ‘classe', mas os oprimidos de sempre começaram a ter acessos a direitos mínimos.
O que resultará desse movimento inconcluso?
Nenhuma sociologia estatística pode confinar em números os desdobramentos subjetivos de um processo dessa abrangência, mais tangível na esfera do consumo, mas dificilmente limitado a ela.
Que tendências predominarão no espectro político desses protagonistas, depende da capacidade dos partidos e movimentos sociais captarem seus anseios, transformando-os em respostas historicamente convincentes e consequentes.
A história se faz a partir das circunstancias, mas estas envolvem escolhas.
...
E para os que escolhem a covardia - que é o verdadeiro significado de um "anônimo" - só lhes resta o preconceito como escolha.