Por Davis Sena Filho — Palavra Livre
Eu votei no senador Cristóvam Buarque em 1994. O político
de esquerda cooptado pela direita foi eleito e realizou um bom governo, a
despeito de sua fraqueza e pusilanimidade, na época, perante o deputado
distrital Luiz Estevão (PMDB), um empresário da construção civil bilionário,
que posteriormente foi eleito senador, bem como foi cassado e hoje está preso
por corrupção.
Estevão sabotou violentamente o governo de Cristóvam, pois
se valeu de ações sujas, de política rasteira, como ter criado o "kit
invasão" para que as pessoas invadissem terras públicas do Distrito
Federal, além de ter cometido uma série de contratempos e de movimentos de
apelos gangsterianos de deixar qualquer observador político de queixo caído. A
resumir: Estevão, parceiro do juiz Lalau no escândalo do Tribunal Regional do
Trabalho (TRT) de São Paulo, é acusado de ter desviado, dentre outros casos de
corrupção, R$ 1 bilhão por meio do superfaturamento das obras da nova sede do
Tribunal.
Cristóvam penou com Luiz Estevão que controlava a Câmara
Legislativa do Distrito Federal com mão de ferro e muito poder econômico.
Tempos duros, mesmo a ter um inimigo político tão poderoso de ações perversas,
o ex-esquerdista realizou um governo de valorização da coisa pública e de
atenção às questões sociais e de proteção aos mais pobres, a ter a inclusão
social como meta.
Aliás, agir dessa forma é a obrigação de todo o político
que se elege para administrar o Executivo, e não se aproveitar de seu cargo
eletivo para beneficiar e privilegiar gente rica e empresas poderosas, como
geralmente acontece, a exemplo do governo interino do golpista e usurpador
Amigo da Onça — vulgo michel temer, que, se Dilma Roussef retomar o poder,
deveria ser imediatamente processado e preso.
Todavia, o assunto é o Cristóvam Buarque. O que surpreende,
a mim e às pessoas com as quais converso quando se trata de política, é o
caráter mesquinho e vingativo de tal professor, que foi reitor da Universidade
de Brasília (UnB) e ministro da Educação do primeiro Governo Lula, sendo que o
presidente trabalhista o demitiu de seu Ministério por causa de reforma
ministerial. O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, assumiu a Pasta
para tempos depois ser substituído por Fernando Haddad.
O motivo pelo qual o economista e engenheiro Cristóvam foi
demitido se deveu por ele ser pouco pragmático, ser mais um formulador do que
gestor, como ocorreu em seu governo no DF, bem como contrariava o projeto do
Governo Lula para Educação, que se tornou vitorioso, principalmente na gestão
de Fernando Haddad como ministro, que implementou e cooperou para consolidar
programas premiados, reconhecidos internacionalmente e que incluíram os filhos
dos pobres, negros e índios no sistema educacional, a facilitar e preparar seus
acessos às universidades públicas.
Programas exemplificados em Sisu, Fies, Enem, ProUni,
Ciência sem Fronteiras e Pronatec. Uma revolução silenciosa na Educação
nacional efetivada pelos governos petistas, que incluíram milhões de jovens
brasileiros, que nunca tiveram oportunidades para estudar tantos anos, bem como
ter acesso ao ensino superior em universidades públicas, que, absurdamente,
sempre foram os paraísos de filhinhos de papai, assim como alunos de escolas
particulares quando fizeram o primeiro e segundo graus.
Fatos estes que lhes davam vantagens sobre os filhos dos
pobres que estudam em escolas públicas, sendo que muitas delas não têm nem ao
menos condições físicas para receber seus alunos. Tarso Genro e Fernando Haddad
demonstraram muito mais aptidão para implementar os projetos e programas de
Lula na Educação do que Cristóvam, como comprovam os resultados de ambos em
relação ao ex-petista rancoroso e vingativo, que jamais perdoou Lula por ter
sido demitido.
Esta é a verdade e a realidade que se apresentam e fazem
com que um político de passado democrático, de pensamento e ideologia
socialista a se utilizar de todo e qualquer subterfúgio para explicar o
inconformismo que o leva a flertar e a se unir a bandoleiros, corruptos,
ladrões, golpistas e traidores, que se resumem em uma escória que tomou de
assalto o poder máximo da República, sem a autorização do povo e a autoridade e
soberania do voto, a derrubarem um presidenta legítima e legalmente eleita com
54,5 milhões de votos.
Cristóvam guarda rancor no freezer. É exatamente esta
característica de sua personalidade que surpreende, ou surpreendia, porque não
é compreensível e nem tolerável que o senador do PPS (isto mesmo: Cristóvam
agora é filiado ao PPS de Roberto Freire!), de passado sensível quanto às
questões sociais e econômicas, tenha mudado tanto ao ponto de trair sua memória
política e consciência histórica.
Há homens e homens. Considero, por exemplo, que Cristóvam
tenha ficado aborrecido e até mesmo decepcionado com Lula ao ser demitido por
telefone. Contudo, o ex-reitor da UnB se torna pusilânime e falso moralista
quando questiona o Lula e a Dilma, bem como o PT de terem se aliado, por
exemplo, ao PMDB ou a políticos que incorreram em crimes, quando sabemos que no
Brasil nenhum partido chega ao poder ou governa se não montar coalizões
político-partidárias. Não há jeito. Só haverá, e à base de muita fiscalização,
quando, enfim, for realizada a reforma política. Cristóvam sabe disso.
Ele foi ministro e governador, além de ser senador.
Sem a reforma política, a corrupção continuará, porque
campanhas eleitorais são muito caras e os partidos precisam de dinheiro para
realizar e vencer as eleições. Um coxinha afoito e falso moralista me diria:
"Olha aí o Davis Sena Filho a defender a corrupção ou algo semelhante, com
o propósito de distorcer e manipular as palavras e a linha de pensamento.
Porém, é verdade. O cerne da questão é o combate à corrupção e, para combatê-la
com melhor resultado, somente com a reforma política, que a direita não quer,
pelo simples fato de os partidos direitistas serem os autênticos representantes
dos empresários do grande capital. Não é juiz Gilmar Mendes?
Cristóvam não sabe disso tudo? Sabe. Seu eu sei e muita
gente entende o que ocorre no Brasil, o Cristóvam também sabe e compreende.
Então por que o professor se bandeou para o lado da direita e dos golpistas?
Porque, antes de tudo e qualquer coisa, Cristóvam é rancoroso, vaidoso e não perdoa
ter sido demitido por Lula pelo telefone. Contudo, o senador do PPS do
Freire(!) estava em Portugal e o presidente da República tinha pressa para
fazer a reforma ministerial.
Lula é um homem e político pragmático. Ele foi operário, e
ninguém é mais prático do que os operários. O nome já diz: operário. Por sua
vez, Lula foi politicamente forjado, como líder sindical de grandeza, a
negociar de forma pragmática, pois incumbido de auferir resultados que
beneficiassem a classe operária. Enfim, Lula é prático. Tão prático que
efetivou incontáveis ações econômicas, diplomáticas e políticas em relativo
curto espaço de tempo, em todas as áreas e setores de atividade humana. E só
Cristóvam Buarque não percebeu.
Entretanto, a direita percebeu tanto e com tanta
consciência e perspicácia, que tratou logo de combater Lula duramente e muitas
vezes covardemente pela imprensa de direita e sonegadora de impostos dos
magnatas bilionários, bem como por meio de suas associações de classe como a Fiesp,
a Febraban, a Fecomércio, além das entidades empresariais do mundo rural etc. e
tal. Todo mundo percebe que Lula é prático e pragmático e, ao que parece, menos
o Cristóvam.
A partir daí, o senador que poderia recuperar sua dignidade
política, ideológica e não passar para a história como um reles golpista
bananeiro e terceiro-mundista, resolveu votar pela admissibilidade do golpe, a
"esquecer" os longos 21 anos de ditadura civil-militar pelos os quais
o Brasil e seu povo passaram, a ter de aturar, inclusive, a tortura e a
censura.
Não apenas a censura imposta aos jornais golpistas, que
depois se autocensuraram, como ocorre hoje. Mas, sobretudo, a verdadeira
censura, a que causa medo de o cidadão comum falar de política no seu dia a
dia, inclusive dentro de seus próprios lares. Isto eu vi e percebi,
principalmente na década de 1970. Será que o senador Cristóvam Buarque não
percebeu e não viu?
A única atitude que espero do ex-governador do Distrito
Federal é que ele reverta sua posição de golpista e de auxiliar de bandoleiros
que assumiram criminosamente a Presidência da República. Não é possível que
Cristóvam prefira que o Brasil seja vítima de mais um golpe bananeiro que tem a
carranca e o focinho da casa grande escravocrata ao invés de lutar pela
democracia e pelo respeito à decisão da maioria do povo de reeleger Dilma
Rousseff presidente da República.
Afinal, trata-se de mandatária que não roubou, que não foi
cooptada pelos interesses da burguesia colonizada e entreguista e muito menos
tergiversou com os corruptos. Pelo contrário, um dos principais motivos do
golpe bananeiro com alma de coxinha despolitizado e babaca é justamente porque
Dilma cumpriu a promessa de campanha de que "não vai ficar pedra sobre
pedra". Lembra-se Cristóvam? Lembra quando a candidata à reeleição
proferiu essas palavras ao candidato da direita, Aécio Neves?
Pois é isto. O senador está do lado do golpista-mor, pois foi
o tucano que apagou fogo com gasolina por nunca ter aceitado o resultado das
eleições. Ou seja, o golpista carioca-mineiro, além de playboy, não respeitou
os votos de 54,5 milhões de brasileiros. Será que o Cristóvam considera este
grave fato respeitável, democrático e civilizado? Com a palavra o próprio
Cristóvam Buarque.
O político do PPS do Freire(!) afirmou em reunião com Dilma
Rousseff: "Sempre são
os mesmos convidados para as conversas com Dilma. A impressão que tenho é que o
PT quer sair como vítima deste impeachment, até porque se livra dos problemas
do governo, evita o escândalo de corrupção [Lava Jato] e com isso o partido vai
para a oposição com a bandeira do golpe".
Agora vamos à pergunta que se recusa a calar: Cristóvam
Buarque é burro? Respondo: Não. Então por que ele faz uma avaliação política
tão superficial, que chega a ser uma idiotice? Respondo novamente: Porque, na verdade, ele se aliou ao PMDB de michel temer (o nome dessa peçonha golpista é
sempre escrito em minúsculo por se tratar de um pigmeu moral, político e
citadino) no golpe terceiro-mundista, o que o coloca como um ex-político de
esquerda, que sacramentou seu ingresso nos salões da casa grande.
A realidade é que Cristóvam se bandeou para a direita
quando sugeriu à Dilma Rousseff o que não se sugere por causa de ética e senso
crítico, que, ao que parece, o senador não o tem ou nunca o teve, porque nem
razoável é pedir o que ele pediu. Absurdo. Simplesmente ele sugeriu, em reunião
com a presidenta e outros senadores, a renúncia de Dilma Rousseff, juntamente
com o Amigo da Onça — vulgo michel temer.
Como se os dois fossem iguais. temer é chefe do PMDB, sendo
que é investigado em vários escândalos, o que não é o caso de Dilma. Além
disso, conforme o MPF, Dilma não incorreu em crime de responsabilidade,
enquanto o empalador da democracia, michel temer, se fosse político de um país
do ocidente realmente democrático e civilizado ele seria preso, sem sombra de
dúvida. Na Turquia, os golpistas presos podem ser mortos, conforme anúncios de
setores do governo turco. Ponto.
Aí não dá, vei... Assim Cristóvão adere de vez ao golpe, à
desfaçatez e dá um abraço de urso na democracia, no Estado de Direito, no povo
brasileiro e nos 54,5 milhões de eleitores de Dilma Rousseff, que teriam seus
votos cassados por golpistas de terceiro mundo, que estão muito a fim de pilhar
o País, vendê-lo a preço de banana e retirar dos trabalhadores e dos cidadãos
seus direitos sociais e trabalhistas. Ou será que Cristóvão, com a idade que
tem e os cargos que ocupou, ainda não compreendeu como funciona a mente e o
pensamento delinquente da oligarquia proprietária da casa grande?
Dilma respondeu sem deixar espaço para dúvida: "Não
existe essa coisa de renúncia. Isso não existe". Pronto. Encerrou-se o assunto.
Conversar sério é uma coisa; leviandade é outra coisa. Quem é o Cristóvam, a
despeito de ser um senador da República, para sugerir a renúncia de uma
presidente que não cometeu crime de responsabilidade, além de ter sido eleita
por força do voto soberano do povo brasileiro? Dilma é a mandatária
constitucional, ou seja, constituída legalmente presidente pela Lei maior — a
Constituição. Cristóvam está de brincadeira. Não pode ser sério.
Mais tarde Cristóvam replicou a presidenta por enquanto
afastada pelo criminoso golpe bananeiro: "É lógico que existe a renúncia
patriótica. É aquela que é melhor para o País." Agora, eu pergunto:
"Qual País que o Cristóvam quer? O do golpe? O da cassação de 54,5 milhões
de votos dados à Dilma e ao PT? O País da retirada das leis trabalhistas e dos
programas sociais de inclusão social? O País da diplomacia subalterna e
subserviente? O País colonizado? O País submisso ao FMI? O País cujos
"micheis temers" privilegiam e favorecem os ricos?"
Bem... Cristóvam tem de explicar melhor o Pais que ele quer
e deseja. Se for o País dos golpistas sórdidos e usurpadores aos quais ele se
aliou em reunião recente com o michel temer, este não serve, porque se trata de
uma malta bárbara e violenta, que tomou o poder de assalto como os piratas e os
bandoleiros faziam e fazem. Este País não serve para milhões de brasileiros,
que não desejam o retrocesso e muito menos apoiam a selvageria de gângsters
perfumados, com ternos bem cortados e os cabelos quase impecavelmente
penteados, mas, verdadeiramente, medíocres, bárbaros, mesquinhos e violentos.
A
verdade é a seguinte: Cristóvam Buarque é golpista. Sua atuação parlamentar
confirma sua conduta de aliado dos golpistas usurpadores do poder republicano.
Se Cristóvam votar a favor do golpe de estado criminoso, jamais poderá ser
perdoado. Sua culpa será maior do que um troglodita de direita, porque ele tem
origem na esquerda e foi um governador que sofreu na pele e na alma o que é ser
alvo de uma oposição feroz, voraz, infame e violenta, como a efetivada por Luiz Estevão e sua trupe.
O
senador sabe disso, bem como eu sei, porque, no decorrer de seus quatro anos
como governador do DF, eu trabalhei na Câmara Legislativa, além de um tempo no
Jornal de Brasília. Eu sei do que falo, assim como o senador Cristóvam sabe do
que eu estou a falar. Custo a acreditar que mais uma vez o professor e reitor
da UnB jogará na lixeira o que ainda resta de sua credibilidade perante os
segmentos e setores democráticos da sociedade brasileira.
Independente
dos erros de Dilma, Lula e do PT, nada, mas nada mesmo justifica um golpe de
estado criminoso, porque não existe crime, portanto, não há dolo. Impeachment
sem crime de responsabilidade é golpe. O senador do PPS, Cristóvam Buarque,
sabe disso. Até mesmo os "gorilas" golpistas de direita sabem que
deram um golpe que envergonha e constrange o País como uma Nação em busca de
seu marco civilizatório. Cristóvam é golpista, guarda rancor no freezer, pois mesquinho e
vingativo contra Lula, Dilma e o Brasil. É isso aí.
4 comentários:
Este sujeito defendia a permanência provisória de Pedro Malan e Armínio Fraga na tripla quebradeira no país feita pelo PSDB e seus lacaios.
Pelo andar do gov interino decorativo o traidor cristovam vai ser coadjuvante do programa educacional do alexandre frota.!?!?!?!
Este sujeito defendia a permanência provisória de Pedro Malan e Armínio Fraga na tripla quebradeira no país feita pelo PSDB e seus lacaios.
Pelo andar do gov interino decorativo ele vai ser coadjuvante do programa educacional do alexandre frota.!?!?!?!
Absolutamente irretocável e/ou realista e, claro, situações para lá de lamentáveis, surreais até. Destaco esta evidência solar: "Se Cristóvam votar a favor do golpe de estado criminoso, jamais poderá ser perdoado. Sua culpa será maior do que um troglodita de direita, porque ele tem origem na esquerda e foi um governador que sofreu na pele e na alma o que é ser alvo de uma oposição feroz, voraz, infame e violenta".
Quanto às escolas públicas, só vejo uma saída para que se tornem de excelência e/ou altíssimo nível, inclusive muito melhores do que as particulares. Basta que se tornem obrigatórias para filhos de políticos, sem exceções. Ai, sim, teríamos escolas de primeiríssimo mundo, com qualidade de ensino tão superior, que seriam referência até para os cidadãos abastados dos países mais ricos e/ou evoluídos.
Também votei nesse FdP em 1994.
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