quarta-feira, 20 de julho de 2016

Cristóvam é golpista, guarda rancor no freezer, pois mesquinho e vingativo contra Lula e Dilma

Por Davis Sena Filho — Palavra Livre


Eu votei no senador Cristóvam Buarque em 1994. O político de esquerda cooptado pela direita foi eleito e realizou um bom governo, a despeito de sua fraqueza e pusilanimidade, na época, perante o deputado distrital Luiz Estevão (PMDB), um empresário da construção civil bilionário, que posteriormente foi eleito senador, bem como foi cassado e hoje está preso por corrupção.

Estevão sabotou violentamente o governo de Cristóvam, pois se valeu de ações sujas, de política rasteira, como ter criado o "kit invasão" para que as pessoas invadissem terras públicas do Distrito Federal, além de ter cometido uma série de contratempos e de movimentos de apelos gangsterianos de deixar qualquer observador político de queixo caído. A resumir: Estevão, parceiro do juiz Lalau no escândalo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, é acusado de ter desviado, dentre outros casos de corrupção, R$ 1 bilhão por meio do superfaturamento das obras da nova sede do Tribunal.

Cristóvam penou com Luiz Estevão que controlava a Câmara Legislativa do Distrito Federal com mão de ferro e muito poder econômico. Tempos duros, mesmo a ter um inimigo político tão poderoso de ações perversas, o ex-esquerdista realizou um governo de valorização da coisa pública e de atenção às questões sociais e de proteção aos mais pobres, a ter a inclusão social como meta.

Aliás, agir dessa forma é a obrigação de todo o político que se elege para administrar o Executivo, e não se aproveitar de seu cargo eletivo para beneficiar e privilegiar gente rica e empresas poderosas, como geralmente acontece, a exemplo do governo interino do golpista e usurpador Amigo da Onça — vulgo michel temer, que, se Dilma Roussef retomar o poder, deveria ser imediatamente processado e preso.

Todavia, o assunto é o Cristóvam Buarque. O que surpreende, a mim e às pessoas com as quais converso quando se trata de política, é o caráter mesquinho e vingativo de tal professor, que foi reitor da Universidade de Brasília (UnB) e ministro da Educação do primeiro Governo Lula, sendo que o presidente trabalhista o demitiu de seu Ministério por causa de reforma ministerial. O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, assumiu a Pasta para tempos depois ser substituído por Fernando Haddad.

O motivo pelo qual o economista e engenheiro Cristóvam foi demitido se deveu por ele ser pouco pragmático, ser mais um formulador do que gestor, como ocorreu em seu governo no DF, bem como contrariava o projeto do Governo Lula para Educação, que se tornou vitorioso, principalmente na gestão de Fernando Haddad como ministro, que implementou e cooperou para consolidar programas premiados, reconhecidos internacionalmente e que incluíram os filhos dos pobres, negros e índios no sistema educacional, a facilitar e preparar seus acessos às universidades públicas.

Programas exemplificados em Sisu, Fies, Enem, ProUni, Ciência sem Fronteiras e Pronatec. Uma revolução silenciosa na Educação nacional efetivada pelos governos petistas, que incluíram milhões de jovens brasileiros, que nunca tiveram oportunidades para estudar tantos anos, bem como ter acesso ao ensino superior em universidades públicas, que, absurdamente, sempre foram os paraísos de filhinhos de papai, assim como alunos de escolas particulares quando fizeram o primeiro e segundo graus.

Fatos estes que lhes davam vantagens sobre os filhos dos pobres que estudam em escolas públicas, sendo que muitas delas não têm nem ao menos condições físicas para receber seus alunos. Tarso Genro e Fernando Haddad demonstraram muito mais aptidão para implementar os projetos e programas de Lula na Educação do que Cristóvam, como comprovam os resultados de ambos em relação ao ex-petista rancoroso e vingativo, que jamais perdoou Lula por ter sido demitido.

Esta é a verdade e a realidade que se apresentam e fazem com que um político de passado democrático, de pensamento e ideologia socialista a se utilizar de todo e qualquer subterfúgio para explicar o inconformismo que o leva a flertar e a se unir a bandoleiros, corruptos, ladrões, golpistas e traidores, que se resumem em uma escória que tomou de assalto o poder máximo da República, sem a autorização do povo e a autoridade e soberania do voto, a derrubarem um presidenta legítima e legalmente eleita com 54,5 milhões de votos.

Cristóvam guarda rancor no freezer. É exatamente esta característica de sua personalidade que surpreende, ou surpreendia, porque não é compreensível e nem tolerável que o senador do PPS (isto mesmo: Cristóvam agora é filiado ao PPS de Roberto Freire!), de passado sensível quanto às questões sociais e econômicas, tenha mudado tanto ao ponto de trair sua memória política e consciência histórica.  

Há homens e homens. Considero, por exemplo, que Cristóvam tenha ficado aborrecido e até mesmo decepcionado com Lula ao ser demitido por telefone. Contudo, o ex-reitor da UnB se torna pusilânime e falso moralista quando questiona o Lula e a Dilma, bem como o PT de terem se aliado, por exemplo, ao PMDB ou a políticos que incorreram em crimes, quando sabemos que no Brasil nenhum partido chega ao poder ou governa se não montar coalizões político-partidárias. Não há jeito. Só haverá, e à base de muita fiscalização, quando, enfim, for realizada a reforma política.  Cristóvam sabe disso. Ele foi ministro e governador, além de ser senador.

Sem a reforma política, a corrupção continuará, porque campanhas eleitorais são muito caras e os partidos precisam de dinheiro para realizar e vencer as eleições. Um coxinha afoito e falso moralista me diria: "Olha aí o Davis Sena Filho a defender a corrupção ou algo semelhante, com o propósito de distorcer e manipular as palavras e a linha de pensamento. Porém, é verdade. O cerne da questão é o combate à corrupção e, para combatê-la com melhor resultado, somente com a reforma política, que a direita não quer, pelo simples fato de os partidos direitistas serem os autênticos representantes dos empresários do grande capital. Não é juiz Gilmar Mendes?

Cristóvam não sabe disso tudo? Sabe. Seu eu sei e muita gente entende o que ocorre no Brasil, o Cristóvam também sabe e compreende. Então por que o professor se bandeou para o lado da direita e dos golpistas? Porque, antes de tudo e qualquer coisa, Cristóvam é rancoroso, vaidoso e não perdoa ter sido demitido por Lula pelo telefone. Contudo, o senador do PPS do Freire(!) estava em Portugal e o presidente da República tinha pressa para fazer a reforma ministerial.

Lula é um homem e político pragmático. Ele foi operário, e ninguém é mais prático do que os operários. O nome já diz: operário. Por sua vez, Lula foi politicamente forjado, como líder sindical de grandeza, a negociar de forma pragmática, pois incumbido de auferir resultados que beneficiassem a classe operária. Enfim, Lula é prático. Tão prático que efetivou incontáveis ações econômicas, diplomáticas e políticas em relativo curto espaço de tempo, em todas as áreas e setores de atividade humana. E só Cristóvam Buarque não percebeu.

Entretanto, a direita percebeu tanto e com tanta consciência e perspicácia, que tratou logo de combater Lula duramente e muitas vezes covardemente pela imprensa de direita e sonegadora de impostos dos magnatas bilionários, bem como por meio de suas associações de classe como a Fiesp, a Febraban, a Fecomércio, além das entidades empresariais do mundo rural etc. e tal. Todo mundo percebe que Lula é prático e pragmático e, ao que parece, menos o Cristóvam.

A partir daí, o senador que poderia recuperar sua dignidade política, ideológica e não passar para a história como um reles golpista bananeiro e terceiro-mundista, resolveu votar pela admissibilidade do golpe, a "esquecer" os longos 21 anos de ditadura civil-militar pelos os quais o Brasil e seu povo passaram, a ter de aturar, inclusive, a tortura e a censura.

Não apenas a censura imposta aos jornais golpistas, que depois se autocensuraram, como ocorre hoje. Mas, sobretudo, a verdadeira censura, a que causa medo de o cidadão comum falar de política no seu dia a dia, inclusive dentro de seus próprios lares. Isto eu vi e percebi, principalmente na década de 1970. Será que o senador Cristóvam Buarque não percebeu e não viu?

A única atitude que espero do ex-governador do Distrito Federal é que ele reverta sua posição de golpista e de auxiliar de bandoleiros que assumiram criminosamente a Presidência da República. Não é possível que Cristóvam prefira que o Brasil seja vítima de mais um golpe bananeiro que tem a carranca e o focinho da casa grande escravocrata ao invés de lutar pela democracia e pelo respeito à decisão da maioria do povo de reeleger Dilma Rousseff presidente da República.

Afinal, trata-se de mandatária que não roubou, que não foi cooptada pelos interesses da burguesia colonizada e entreguista e muito menos tergiversou com os corruptos. Pelo contrário, um dos principais motivos do golpe bananeiro com alma de coxinha despolitizado e babaca é justamente porque Dilma cumpriu a promessa de campanha de que "não vai ficar pedra sobre pedra". Lembra-se Cristóvam? Lembra quando a candidata à reeleição proferiu essas palavras ao candidato da direita, Aécio Neves?

Pois é isto. O senador está do lado do golpista-mor, pois foi o tucano que apagou fogo com gasolina por nunca ter aceitado o resultado das eleições. Ou seja, o golpista carioca-mineiro, além de playboy, não respeitou os votos de 54,5 milhões de brasileiros. Será que o Cristóvam considera este grave fato respeitável, democrático e civilizado? Com a palavra o próprio Cristóvam Buarque.

O político do PPS do Freire(!) afirmou em reunião com Dilma Rousseff: "Sempre são os mesmos convidados para as conversas com Dilma. A impressão que tenho é que o PT quer sair como vítima deste impeachment, até porque se livra dos problemas do governo, evita o escândalo de corrupção [Lava Jato] e com isso o partido vai para a oposição com a bandeira do golpe".

Agora vamos à pergunta que se recusa a calar: Cristóvam Buarque é burro? Respondo: Não. Então por que ele faz uma avaliação política tão superficial, que chega a ser uma idiotice? Respondo novamente: Porque, na verdade, ele se aliou ao PMDB de michel temer (o nome dessa peçonha golpista é sempre escrito em minúsculo por se tratar de um pigmeu moral, político e citadino) no golpe terceiro-mundista, o que o coloca como um ex-político de esquerda, que sacramentou seu ingresso nos salões da casa grande.    
  
A realidade é que Cristóvam se bandeou para a direita quando sugeriu à Dilma Rousseff o que não se sugere por causa de ética e senso crítico, que, ao que parece, o senador não o tem ou nunca o teve, porque nem razoável é pedir o que ele pediu. Absurdo. Simplesmente ele sugeriu, em reunião com a presidenta e outros senadores, a renúncia de Dilma Rousseff, juntamente com o Amigo da Onça — vulgo michel temer.

Como se os dois fossem iguais. temer é chefe do PMDB, sendo que é investigado em vários escândalos, o que não é o caso de Dilma. Além disso, conforme o MPF, Dilma não incorreu em crime de responsabilidade, enquanto o empalador da democracia, michel temer, se fosse político de um país do ocidente realmente democrático e civilizado ele seria preso, sem sombra de dúvida. Na Turquia, os golpistas presos podem ser mortos, conforme anúncios de setores do governo turco. Ponto.

Aí não dá, vei... Assim Cristóvão adere de vez ao golpe, à desfaçatez e dá um abraço de urso na democracia, no Estado de Direito, no povo brasileiro e nos 54,5 milhões de eleitores de Dilma Rousseff, que teriam seus votos cassados por golpistas de terceiro mundo, que estão muito a fim de pilhar o País, vendê-lo a preço de banana e retirar dos trabalhadores e dos cidadãos seus direitos sociais e trabalhistas. Ou será que Cristóvão, com a idade que tem e os cargos que ocupou, ainda não compreendeu como funciona a mente e o pensamento delinquente da oligarquia proprietária da casa grande?  

Dilma respondeu sem deixar espaço para dúvida: "Não existe essa coisa de renúncia. Isso não existe". Pronto. Encerrou-se o assunto. Conversar sério é uma coisa; leviandade é outra coisa. Quem é o Cristóvam, a despeito de ser um senador da República, para sugerir a renúncia de uma presidente que não cometeu crime de responsabilidade, além de ter sido eleita por força do voto soberano do povo brasileiro? Dilma é a mandatária constitucional, ou seja, constituída legalmente presidente pela Lei maior — a Constituição. Cristóvam está de brincadeira. Não pode ser sério.   

Mais tarde Cristóvam replicou a presidenta por enquanto afastada pelo criminoso golpe bananeiro: "É lógico que existe a renúncia patriótica. É aquela que é melhor para o País." Agora, eu pergunto: "Qual País que o Cristóvam quer? O do golpe? O da cassação de 54,5 milhões de votos dados à Dilma e ao PT? O País da retirada das leis trabalhistas e dos programas sociais de inclusão social? O País da diplomacia subalterna e subserviente? O País colonizado? O País submisso ao FMI? O País cujos "micheis temers" privilegiam e favorecem os ricos?"

Bem... Cristóvam tem de explicar melhor o Pais que ele quer e deseja. Se for o País dos golpistas sórdidos e usurpadores aos quais ele se aliou em reunião recente com o michel temer, este não serve, porque se trata de uma malta bárbara e violenta, que tomou o poder de assalto como os piratas e os bandoleiros faziam e fazem. Este País não serve para milhões de brasileiros, que não desejam o retrocesso e muito menos apoiam a selvageria de gângsters perfumados, com ternos bem cortados e os cabelos quase impecavelmente penteados, mas, verdadeiramente, medíocres, bárbaros, mesquinhos e violentos.   

A verdade é a seguinte: Cristóvam Buarque é golpista. Sua atuação parlamentar confirma sua conduta de aliado dos golpistas usurpadores do poder republicano. Se Cristóvam votar a favor do golpe de estado criminoso, jamais poderá ser perdoado. Sua culpa será maior do que um troglodita de direita, porque ele tem origem na esquerda e foi um governador que sofreu na pele e na alma o que é ser alvo de uma oposição feroz, voraz, infame e violenta, como a efetivada por Luiz Estevão e sua trupe.

O senador sabe disso, bem como eu sei, porque, no decorrer de seus quatro anos como governador do DF, eu trabalhei na Câmara Legislativa, além de um tempo no Jornal de Brasília. Eu sei do que falo, assim como o senador Cristóvam sabe do que eu estou a falar. Custo a acreditar que mais uma vez o professor e reitor da UnB jogará na lixeira o que ainda resta de sua credibilidade perante os segmentos e setores democráticos da sociedade brasileira.

Independente dos erros de Dilma, Lula e do PT, nada, mas nada mesmo justifica um golpe de estado criminoso, porque não existe crime, portanto, não há dolo. Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. O senador do PPS, Cristóvam Buarque, sabe disso. Até mesmo os "gorilas" golpistas de direita sabem que deram um golpe que envergonha e constrange o País como uma Nação em busca de seu marco civilizatório. Cristóvam é golpista, guarda rancor no freezer, pois mesquinho e vingativo contra Lula, Dilma e o Brasil. É isso aí.


4 comentários:

Henrique R disse...

Este sujeito defendia a permanência provisória de Pedro Malan e Armínio Fraga na tripla quebradeira no país feita pelo PSDB e seus lacaios.
Pelo andar do gov interino decorativo o traidor cristovam vai ser coadjuvante do programa educacional do alexandre frota.!?!?!?!

Henrique R disse...

Este sujeito defendia a permanência provisória de Pedro Malan e Armínio Fraga na tripla quebradeira no país feita pelo PSDB e seus lacaios.
Pelo andar do gov interino decorativo ele vai ser coadjuvante do programa educacional do alexandre frota.!?!?!?!

Marcos Lúcio disse...

Absolutamente irretocável e/ou realista e, claro, situações para lá de lamentáveis, surreais até. Destaco esta evidência solar: "Se Cristóvam votar a favor do golpe de estado criminoso, jamais poderá ser perdoado. Sua culpa será maior do que um troglodita de direita, porque ele tem origem na esquerda e foi um governador que sofreu na pele e na alma o que é ser alvo de uma oposição feroz, voraz, infame e violenta".

Quanto às escolas públicas, só vejo uma saída para que se tornem de excelência e/ou altíssimo nível, inclusive muito melhores do que as particulares. Basta que se tornem obrigatórias para filhos de políticos, sem exceções. Ai, sim, teríamos escolas de primeiríssimo mundo, com qualidade de ensino tão superior, que seriam referência até para os cidadãos abastados dos países mais ricos e/ou evoluídos.

Rogerio disse...

Também votei nesse FdP em 1994.