Por Davis Sena Filho — Palavra Livre
Dia
12 da abril. 8h25. Encontro-me dentro do elevador de um prédio comercial, no
Centro do Rio. Entra um senhor bem vestido, altura média, grisalho de uns 65
anos. Me cumprimenta. Eu respondo afirmativamente com a cabeça. Ele me diz:
"Não quero saber se é golpe ou não é golpe. O Brasil tem de mudar. O que
acha?" Respondo: "Não sou favorável ao golpe". Me calo. Ele olha
para mim, em dúvida. O elevador chega no andar que eu vou ficar. O terceiro.
Saio do elevador, e ele em fúria vocifera: "Para mim todo petista tem de
tomar tiro... Tiro no cu!" O elevador sobe e ele some de minhas vistas,
mas mesmo assim o ser que parecia civilizado explode em cólera retumbante:
"Os militares deveriam tomar este País e dar tiro no cu de petistas!
Desgraçados!" Me benzo. Ainda é
manhã. Faço o sinal da cruz, e vou ao consultório do oftalmologista.
O golpe é uma doença que
geralmente acomete as "elites" subdesenvolvidas e colonizadas, mas
bilionárias de países igualmente subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a
exemplo do Brasil. O golpismo é seu principal sintoma, pois engendrado nos
gabinetes de políticos, de juízes, de procuradores, de delegados da PF, mas principalmente,
como a doença do golpe atual, o golpismo, seu principal sintoma, iniciou-se na
Vara do Moro, do PSDB do Paraná, com a cumplicidade do procurador-geral,
Rodrigo Não Devo Nada a Ninguém Janot, bem como na empresa de "educação"
do juiz Gilmar Mendes, do PSDB do Mato Grosso.
Contudo, o golpe, em forma
parlamentar e congressual, foi escaneado e esquadrinhado, efetivamente, nos
gabinetes do Amigo da Onça, o vice-presidente Michel Temer e seu aliado de
golpe de estado travestido com o verniz de legalidade, o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, os dois do PMDB, que resolveram, o primeiro por cobiça e ambição
desmedida, sendo que o segundo retaliou a presidente Dilma Rousseff por
vingança, e, mais do isto, para dar fim ao mandato legítimo de uma mandatária
trabalhista.
Por sua vez, não se deve nunca
esquecer o fomentador e articulador do golpe, o sujeito que apagou incêndio com
gasolina, o golpista-mor que reponde pelo nome de Aécio Neves, senador tucano
derrotado por Dilma nas urnas, que não aceitou a derrota e se transformou em um
Carlos Lacerda, menos culto e inteligente, mas tão golpista quanto o Corvo, bem
como, tal qual ao udenista que depois foi rejeitado e isolado pelos militares,
Aécio vai entrar para as páginas sombrias da História do Brasil, como o boi
de piranha, o otário que pagou pau, pois se o PMDB conquistar hipoteticamente o poder, realidade esta que
não vai acontecer, Aécio Neves vai ser lembrado como o golpista que bate palmas
para malucos dançar.
Os malucos são o Michel Temer e o
Eduardo Cunha, que, no poder, evidentemente, preparariam a cama de gato para as
eleições de 2018 e, por seu turno, tratariam de enfraquecer as candidaturas
tucanas, que estão desmoralizadas, pois frágeis politicamente, além de
desgastadas pelo tempo, a exemplo de Geraldo Alckmin e José Serra. Além do
mais, a candidatura Aécio Neves morre com o PMDB, porque tal partido vai
disputar o mesmo público e propõe praticamente os mesmos programas de governo
do PSDB, de conotação neoliberal, o mesmo neoliberalismo que é derrotado como
proposta há quatro eleições consecutivas pelo PT, assim como fracassou no
mundo, inclusive na Europa e nos Estados Unidos.
Vide a crise da gringada que
perdura desde 2008 e mesmo assim tais países desenvolvidos não prenderam até hoje os
banqueiros e os proprietários das grandes imobiliárias, ladrões e corruptos que
roubaram, a se provar com isso que nesses países, diferentemente do Brasil
atual, rico, milionário, bilionário e branco não são presos, bem como na
Europa e nos "Esteites" existe impunidade para quem tem dinheiro e
poder. Aliás, sempre teve. Depois fica uma malta de coxinhas babacas a repetir
como papagaios sem asas presos a poleiros e a tagarelar, porque é impossível para
esses seres de pouquíssima complexidade cerebral e mental ter discernimento e
conhecimento sobre os fatos, as realidades e as verdades que se apresentam.
Entretanto, por que vivemos ou
vivenciamos a tentativa de se sacramentar um golpe de
direita, que tem por essência o ódio em forma de coxinhas ferozes de classe
média e ricos, como aquele ser troglodita do elevador? Respondo: Dilma lidera um Governo que tem projeto vitorioso e
que vai ficar para sempre na memória e no imaginário do povo brasileiro, que
levou o PT a vencer quatro eleições consecutivas. Dezenas de milhões de pessoas
foram beneficiadas, porque ascenderam socialmente, e, consequentemente, votam
no PT.
A razão principal é esta e não
tem muito segredo. E se um grupo político, coligado ou não como é o caso do PT,
atende os pobres e melhora a condição de vida dessas camadas sociais desprivilegiadas,
invisíveis ao Estado e à iniciativa privada, certamente que parte significativa
da população brasileira vai votar nos políticos do Partido dos Trabalhadores,
que não é uma sigla política de esquerda, no sentido de radical. Pelo
contrário, Lula e Dilma e a maioria de seus colaboradores são moderados, não
revolucionários, porque não são radicais.
Na verdade, são sociais
democratas, mas de verdade, como era a
social democracia europeia até o início dos anos 1980, que depois se degenerou
e abraçou os programas de direita em termos mundiais, que depois se denominou de Consenso de Washington. Não é Tony Blair? Por sua vez, no Brasil o
PSDB só tem a social democracia no nome, pois tão de direita quanto o DEM, a
abraçar todos os princípios do capitalismo quando se torna selvagem e predador,
bem como dissociado dos interesses do País e das necessidades do povo. Quanto a
isto não se resta dúvida.
Contrários aos demotucanos, Lula e Dilma cansaram de afirmar em conversas, em negociações e em discursos que desejam uma sociedade de classe média, ou seja, tal qual a norte-americana, por exemplo, sendo que exemplificada na social democracia europeia, aquela originária, a que foi extinta e que pregava o estado do bem-estar social, como ocorre nos países escandinavos, muito desenvolvidos, a ter o estado como o indutor do desenvolvimento dos povos nórdicos.
Contrários aos demotucanos, Lula e Dilma cansaram de afirmar em conversas, em negociações e em discursos que desejam uma sociedade de classe média, ou seja, tal qual a norte-americana, por exemplo, sendo que exemplificada na social democracia europeia, aquela originária, a que foi extinta e que pregava o estado do bem-estar social, como ocorre nos países escandinavos, muito desenvolvidos, a ter o estado como o indutor do desenvolvimento dos povos nórdicos.
O núcleo dominante do PT e que
ocupa a Presidência da República é social democrata. Contudo, a direita
brasileira é tão radical, atrasada, provinciana e violenta, que, mesmo a ser beneficiada
economicamente nesses anos todos de várias formas e maneiras, como as enormes
desonerações praticadas pelo Governo Trabalhista sobre os produtos vendidos no mercado pelos empresários, combate a ferro e fogo mandatários que nunca pensaram em implantar o
socialismo no Brasil, apesar de serem de esquerda, como o Lula e a Dilma.
Até mesmo a presidente Dilma após
ter amadurecido em idade, em experiência e até mesmo politicamente. Duvida?
Então sugiro que observe o plano econômico atual do Governo Dilma, que chegou a
ter como ministro da Fazenda o economista e engenheiro Joaquim Levy, que,
sobremaneira, jamais poderá ser considerado um homem de pensamento de esquerda
e ligado à corrente estruturalista e desenvolvimentista, no que concerne ao
pensamento econômico, a exemplo de Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares ou
Guido Mantega, para dar um exemplo mais recente.
Lula, para quem não sabe, ideologicamente está mais à esquerda do que Dilma, mas mesmo assim realizou governos moderados, pois,
inclusive, não fez a reforma agrária como deveria ser feita, pois compromisso
histórico do PT. E deveria, porque se tem um grupo no Brasil que merece
consideração e respeito é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de outros grupos
sociais de trabalhadores do campo e das cidades, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Lula também cometeu seu maior
erro e hoje paga caro por isto. Não efetivou o marco regulatório (econômico),
sem se intrometer em conteúdos jornalísticos, no que tange aos meios de comunicação.
E fica aí, a falar e a repercutir
desatinos e desconhecimentos um bando de bestas-feras a insultar e a dar golpes
em uma presidente que jamais cometeu crimes de responsabilidade. O golpe é
farsa e fraude, pois é criminoso, bem como cometido por empresários, políticos
e gente do Judiciário que se dizem cidadãos de bem, e, o pior, acreditam nisso.
Mentem para si mesmos e fazem da hipocrisia, do cinismo e da má-fé um modo de
vida. Vade retro...
Acontece que literalmente esses
atores (maus) não são do bem, porque efetivaram um processo criminoso e
golpista, fora da lei, porque impeachment só pode ser aprovado se a pessoa
acusada e denunciada cometeu crimes, conforme a Constituição, realidade esta
que não é o caso de Dilma Rousseff. O golpe de Estado não vai passar na Câmara
quanto mais ir ao Senado. Afinal, não
queremos um País bárbaro, à margem da lei, cujo futuro é o retrocesso econômico
e social, porque quando grupos políticos e econômicos ilegítimos ocupam os
poderes da República, a paz some do mapa e a vida se transforma em um inferno
de Dante, porque o inconformismo, a ira, a revolta e a injustiça passam a
imperar à revelia da Lei.
Os conflitos serão imensos e Lula
vai para as ruas com todo o movimento social e os partidos de esquerda, ao
ponto de parar o Brasil. O PT é o único partido realmente orgânico deste País,
pois está presente em quase todos os setores, inclusive os intelectuais. Nenhum
partido, a não ser o PT, resistiria a uma avalanche de ataques sem precedentes
na história do Brasil. Um verdadeiro linchamento imposto ao PT diuturnamente,
sem trégua ou piedade.
Esses fatores demonstram que o PT
é uma agremiação política das mais organizadas do mundo, mesmo a sair políticos
de ponta e influentes, que, por motivos outros, pois não pretendo agora entrar
no mérito, mas ainda entrarei em outro artigo, abandonaram o barco e hoje se
aliam aos interesses golpistas da oposição de direita, representante nos foros
de poder da casa grande e disposta a afundar o Brasil para assumir o poder
por intermédio de um golpe covarde, descabido e injusto. Um golpe de direita,
da direita e para a direita. Doa a quem doer.
E quem apoia esse processo há
muito tempo contaminado pelos golpistas de poder e mando, como o juiz de
província Sérgio Moro? Exatamente a classe média que sempre foi beneficiada com acesso
pleno ao seu desenvolvimento como cidadã. Essa gente alienada e mal-educada,
como o senhor do elevador que me tratou com desrespeito sem me conhecer ou ao menos ter
discutido comigo. Pessoas que participam de passeatas de coxinhas brancos e ensandecidos
pela fúria, alucinados, além de totalmente despolitizados, mas com profundo
sentimento de preservação de sua classe social, a se movimentar pelos bairros
chiques das cidades e capitais brasileiras. Coxinhas da classe média
tradicional e ricos, herdeiros da Marcha da Família com Deus pela Liberdade
pré-golpe 1964, que se sentiram seguros para sair dos armários, e, com efeito,
exercitar o fascismo tão íntimo de seus corações e pensamentos.
Essa gente fascista (muitos por
ignorância) não sabem que são praticantes da pequenez solidária. Consideram que
perderam espaço na sociedade ao verem os pobres pela primeira vez a participar
do processo de cidadania e a ter acesso ao Orçamento da União, o que permitiu aos
do andar de baixo, por exemplo, ter poder de compra, ir ao shopping, viajar de
avião e frequentar a universidade pública, dentre inúmeros benefícios efetivados
pelos presidentes petistas, dentre eles os mais de 20 milhões de empregos, que
foram criados entre os anos de 2003 e 2013. Nada é mais importante do que o
emprego; nada é mais digno. E os governos de Lula e de Dilma fizeram isso com
competência e determinação. Só que as pessoas esquecem, uns por conveniência e
outros porque estão a se lixar com o que acontece atualmente no Brasil.
Mesmo assim, a direita dona da
casa grande e ligada à plutocracia nacional e internacional jamais quis
dialogar com os trabalhistas. Só esboçaram um diálogo quando os índices de Lula
e Dilma passaram dos 80% e 70%, porque aí não tem jeito. Não dá para dar golpe.
Quando aconteceu a manifestação do MPL por causa de preços de passagens, a
direita oportunista começou a sair para as ruas e hoje, de maneira fascista,
agride as pessoas em restaurantes, hospitais, clubes, áreas de lazer de
prédios, bares e nas ruas em geral. Os fascistas saíram de suas tumbas e
ocuparam a internet e ameaçam as pessoas que não pensam como eles até de morte.
Eu já fui ameaçado de morte ao passar em frente a um bar no bairro da Urca.
Ameaçado frontalmente e não pela internet, o que também acontece muito, fora os
insultos.
Todos esses fatores
socioeconômicos de melhoria das vidas dos pobres, dos nordestinos e nortistas, dos
negros, dos gays e das mulheres empoderaram esses grupos estratificados e historicamente
oprimidos, nova realidade que incomodou de mais os burgueses e os pequenos
burgueses. E quem incomodou, além do Governo Trabalhista? Aqueles que nunca
tiveram poder e voz ativa, como, por exemplo, as mulheres pobres, a maioria dona
de casa humilde ou empregada doméstica, catadora ou camponesa, mãe de filhos
pequenos ou jovens, muitas delas sem a presença e a cooperação de seus maridos
e moradoras do Brasil profundo, a parte invisível e até então sem os direitos
garantidos pela Constituição de 1988, que até os dias atuais ainda não está
totalmente regulamentada por causa de interesses e da influência da grande
burguesia.
Mulheres que nunca tiveram
dinheiro nas mãos e pela primeira vez romperam com o domínio de seus
empregadores, que perceberam, mas não aceitaram, que com dinheiro na mão a
mulher pobre, ou negra, ou nordestina e secularmente abandonada pelo Estado
poderia escolher o que quisesse comprar e da maneira que lhe aprouver ou convier,
porque agora seus filhos poderiam ir à escola sem que ela, por causa das
circunstâncias, os obrigasse a trabalhar ou a pedir esmolas ainda com idade
tenra, mas expostos às ruas e, com efeito, alvos de violência, drogas, bebidas,
prostituição e trabalho perigoso similar à escravidão.
Todos esses aspectos mexeram de
mais com a índole, os princípios e os valores arraigados nos grupos sociais
dominantes e ideologicamente conservadores, sejam eles médios ou ricos. E deu
no que deu: a luta incessante pelo golpe de estado por parte da direita, que se
baseia também na criminalização dos partidos e na judicialização da política, a
ter o engessamento das ações sociais e estruturais do Governo como estratégia
também de grande importância por parte dos direitistas, que se encontram
histéricos, apopléticos, encolerizados e desesperados por estarem há 12 anos
sem controlar o poder central do País.
A direita sabe que não ganha no
voto em 2018. Por isto esse processo, tanto que o juiz de primeira instância e
que deveria ter sido exonerado, o tal de Sérgio Moro, anunciou que pretende dar
fim à Lava Jato em dezembro. Ele já fez a parte suja do golpe de estado
travestido de legalidade parlamentar e jurídica, o que é uma conversa pra boi
dormir. Ninguém com o mínimo de discernimento vai cair em uma balela e fraude e
farsa dessa, que é o golpe contra a Dilma e as "boas intenções" do
Moro, até porque de boas intenções o inferno está cheio. Não é mesmo?
O golpe vai ser derrotado e o
Governo Trabalhista vai ter de fazer as reformas estruturais. Espero que tenham
aprendido que jamais se brinca com a direita e muito menos se tergiversa. A
verdade é que se o golpe for derrotado, o PT e suas lideranças vão rearrumar o
Governo Trabalhista e fazer forte mudança na economia, que sofrerá uma guinada
progressista para resultar em condições de recuperação dos índices econômicos,
que serão calcados em um processo que vai favorecer o consumo. Porém, ainda é
pouco.
Contudo, Lula fez isto com
maestria e Dilma também manteve o padrão em seu primeiro governo. Por sua vez,
Lula e Dilma sempre souberam que faltam concretizar as reformas estruturais,
como a Agrária, a Previdenciária, a Política, a dos Meios de Comunicação, a
Tributária e a do Judiciário. O sistema judiciário como está não pode ficar.
Existem setores politizados e ideologizados, sendo que juízes, delegados da PF
e procuradores intervieram no processo político brasileiro danosamente,
equivocadamente e ilegalmente, quando não criminosamente, a exemplo dos grampos
ilegais dos advogados de Lula, das conversas vazadas entre Dilma e Lula e da publicação das contas bancárias e fiscais de Lula e de sua
empresa, além das escutas em mictórios de presos do juiz de província e
golpista de proa, Sérgio Moro.
Servidores que se transformaram em agentes do
golpe de estado, antirrepublicanos, antidemocráticos e desrespeitosos, assim
como de uma arbitrariedade somente vista e experimentada no ditadura
civil-militar. Agora, volto a repetir o que disse e a ressaltar: Sérgio Moro
anuncia o fim da Lava Jato, enquanto seu parceiro de golpe, Michel Temer, vaza
de propósito um WhatsApp a anunciar suas primeiras medidas como presidente
golpista da República. Até parece que o Amigo da Onça é sério. Até parece que
se os golpistas concretizarem o golpe vão governar em paz com suas
ilegitimidades. Que o diga o Lula. Para finalizar, aproveito para enviar minhas congratulações ao troglodita golpista do elevador. Não vai ter golpe! Vai ter luta! É isso aí.
4 comentários:
Gostei muito da sugestão da dar tiro no rabo de petistas ladrões
Claro, ladrões devem ser punidos, mas a sugestão é coisa de baixo nível e um sintoma do ódio indiscriminado e seletivo que acomete coxinhas de todo tipo. Coisa feia. É esse tipo de gente que apóia os corruptos que lideram o GOLPE.
Pessoal, está circulando na rede uma imagem em que a jovem Dilma Rousseff aparece abraçada a Adolf Hitler. Atenção: trata-se de uma montagem, que tem por objetivo prejudicar ainda mais a imagem de Hitler.
Prezado Davis...sou admirador dos seus excelentes, lúcidos , democratas e patrióticos textos, como sempre, irretocáveis, diante das inúmeras realidades/virtualidades que se nos apresentam. Sinceramente, este passou a ser o meu preferido, sem desmerecer os demais, claro. Parabéns pelo grande talento ,conhecimentos e brilhante inteligência. Coisa para raros. Aproveito para compartilhar um texto que julgo oportuno.Abraço.
O Republicanismo suicida do PT. Por Paulo Nogueira
Imagine um jogo de futebol em que um time compre o juiz e entre com 13 jogadores.
Você sabe disso.
E mesmo assim entra em campo com 11 jogadores e finge não notar a roubalheira do árbitro.
Este é, em suma, o republicanismo à PT. O melhor adjetivo para qualificá-lo, como se vê hoje, é suicida.
Republicanismo suicida.
Na política, sobretudo num país dominado por uma plutocracia corrupta e predadora, você tem que jogar o jogo de acordo com o adversário, e não com princípios românticos que podem ser facilmente destruídos por gente interessada em manter a sociedade num estágio de desigualdade primitiva.
Nas circunstâncias brasileiras, republicanismo é uma palavra que a direita usa para minar os outros – sem quejamais pratique.
O republicanismo conservador é FHC nomeando Gilmar Mendes para o STF ou Mário Covas colocando seu chapa Robson Marinho no Tribunal de Contas do Estado.
Roosevelt, nos Estados Unidos, só conseguiu implantar sua New Deal – hoje um modelo para o revolucionário Bernie Sanders – quando indicou para a Suprema corte juízes progressistas, alinhados com seu ideário.
Até então, Roosevelt sofria sucessivas derrotas num Supremo predominantemente conservador.
Lula, no Brasil, optou por indicar, por exemplo, Joaquim Barbosa por ser negro. Barbosa se converteria, logo, numa extensão togada da plutocracia.
Na Polícia Federal, o republicanismo petista deixou que seu comando ficasse nas mãos brutalmente partidarizadas de delegados antipetistas.
Na Lava Jato, isto se revelou uma tragédia. Nada aconteceu com delegados da Lava Jato que, na campanha presidencial, publicaram barbaridades contra Dilma nas redes sociais.
Sérgio Moro é filho do republicanismo petista. Sua atuação francamente antipetista jamais foi contestada pelo ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Moro teve campo livre para ir fazendo coisas indecentes como forçar Lula a um depoimento e grampear conversas presidenciais.
Tudo em nome do republicanismo.
Mas em nenhuma área a postura autodestrutiva do PT foi mais deletéria para a democracia do que na imprensa.
As empresas jornalísticas que orquestram o golpe foram amplamente financiadas por Lula e Dilma por meio de verbas publicitárias bilionárias.
Apenas a Globo recebeu anualmente 500 milhões de reais com audiências declinantes e um conteúdo jornalístico criminoso. Tudo isso sem contar a tolice que é um governo petista fazer propaganda para um público – o da Globo – que abomina qualquer coisa ligada ao PT.
Lula teve uma esplêndida oportunidade de moralizar as verbas publicitárias governamentais. Sua administração poderia partir da chamada base zero para determinar os gastos com propaganda.
Outros presidentes, antes de Lula, fizeram o mesmo. Mas em troca de apoio. FHC abarrotou a Globo de dinheiro público, não apenas pela publicidade mas por financiamentos de bancos estatais, mas foi tratado como um estadista imaculado. A Globo simplesmente ignorou a compra de votos no Congresso que permitiu o segundo mandato do decano dos golpistas de 2016.
Num país como a Suécia, o republicanismo é uma virtude admirável porque sua plutocracia é civilizada.
Num país como o Brasil, em que a plutocracia é predadora, republicanismo, para voltar à metáfora do futebol, é você jogar com onze quando o adversário tem 13 e mais um juiz ladrão.
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