Por Davis
Sena Filho — Palavra Livre
Quando eu olho ou penso no vice-presidente da
República, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, vem às minhas retinas e memória
o personagem do talentoso cartunista Péricles, o autor do incomparável Amigo da
Onça, um sujeito sorrateiro e oportunista, nada confiável e que, se tiver
oportunidade, deixa o pé no meio do caminho para que sua vítima tropece e se
esborrache no chão, ou seja, tenha sua vida prejudicada.
O vice-presidente poderia pelo menos poupar os
cidadãos de sua vilania política e partidária e ter escrito uma carta mais
curta para reclamar da vida como se fosse uma simples dona de casa ou um
trabalhador que estão a reclamar de suas rotinas, muitas vezes cansativas, pois
sistemáticas. Contudo, Temer é o vice-presidente do Brasil e age como uma diva
que foi abandonada no palco pelo diretor e o produtor, a ficar sem a luz da
ribalta, que o político paulista sente tanta falta.
Além de escrever uma carta lamentável e que não
dignifica o cargo de vice de um País tão importante como o Brasil, Michel Temer
optou também por ratificar sua condição de político anão e muito aquém do que
suas responsabilidades institucionais e constitucionais exigem. Afinal, ele
aderiu ao golpe, e por escrito, sem a menor cerimônia, o que se torna uma ação
emblemática, na qual o vice-presidente da República pula a cerca e cai nos
braços de uma oposição feroz, irresponsável, que tenta de todas as maneiras efetivar
um golpe contra a presidente Dilma Rousseff.
Temer adere ao golpe dos demotucanos e dos magnatas
bilionários de imprensa, a chorar lágrimas de crocodilo ou a sorrir cinicamente
como o Amigo da Onça das ilustrações e quadrinhos de Péricles. Por sinal, o
vice-presidente é fisicamente bem parecido com o famoso personagem, que durante décadas fez
os leitores brasileiros rirem de suas diatribes e ações ardilosas, que sempre
visavam causar danos àqueles que, porventura, o Amigo da Onça queria
prejudicar, trair e destruir.
Seria mais cômodo e simples a Michel Temer se, ao
invés de escrever uma carta "confidencial" razoavelmente longa e repleta
de hipocrisias e veleidades, ele apenas se resumisse a uma frase com três
palavras, que seria esta: "Aderi ao golpe!", pronto e fim de papo. O
problema é que o vice deste País pertence à direita paulista, representa a mais
alta burguesia do Estado Bandeirante, além de ser politicamente conservador.
Michel Temer é o tipo de político que jamais
deveria errar com tamanha gravidade. Ele não tem esse direito, até porque é um
jurista constitucionalista, que, por ocupar cargo tão importante, teria de ser
ético mesmo contra seus próprios interesses, porque, ao se tornar mais um de
tanto golpistas, coopera para fomentar o golpe e, com efeito, enfraquece a
estabilidade democrática e institucional. Esse processo draconiano recrudesce a
crise política e econômica, da qual se aproveitam a oposição demotucana e a
imprensa de direita, que ora está a tratar de vender seu mais novo peixe para
os brasileiros: o impeachment.
O que Michel Temer — o Amigo da Onça — está a fazer
não tem perdão. Existem homens e homens, políticos e políticos, e,
definitivamente, o Temer não é o vice de Lula, o empresário nacionalista José
Alencar, que sempre se conduziu de forma republicana, a respeitar seu cargo e
função e, mais do que isto, a jamais conspirar para derrubar um presidente da
República com o qual formalizou uma aliança político-eleitoral.
Michel Temer é o que é, porque ele é o que é: um
político de direita, que por circunstâncias e por ser do PMDB, partido da base
dos governos petistas desde o primeiro mandato de Lula, subordinou-se à decisão
da maioria de participar de um governo de coalizão. Com as sucessivas
conspirações por parte do PSDB e de seus aliados, além dos ataques diuturnos da
imprensa empresarial contra os governos do PT e suas lideranças, a alma
traidora e contraditória do PMDB não suportou tamanha conspiração e, como um
escorpião, grande parte dos políticos deste partido aderiu ao golpe — a
traição.
Os golpistas ainda contam com a participação de
setores ideologizados e partidarizados da Justiça, do Ministério Público e da Polícia
Federal, além da associação do PMDB de Temer, a liderá-lo na Câmara o
presidente Eduardo Cunha, o principal agente do golpe, que levou o PMDB a
desequilibrar a bancada governista, retirando-lhe a maioria, porque metade do
PMDB, sem sombra de dúvidas, juntou-se, inescrupulosamente, aos golpistas
liderados pelo PSDB contra a presidente legalmente eleita, Dilma Rousseff.
No Brasil de hoje a agenda se resume à pauta dos
trustes midiáticos dos coronéis da imprensa meramente mercantil, de forma que
os assuntos impostos ao povo brasileiro se restringem ao impeachment e à
operação Lava Jato, que no momento deve estar no episódio 1.244.436, porque,
se depender do juiz de primeira instância, Sérgio Moro, ele vai ajudar a
oposição demotucana a sangrar o Governo e maculá-lo para desconstruir as imagens
de Lula e Dilma. Afinal, em 2018 tem outra eleição presidencial, e desta vez a
direita tem de vencer, a despeito de prejudicar o Brasil ou não.
Moro, como muitos outros juízes, promotores e
delegados aecistas, somente prende petistas e jamais os tucanos, em hipótese
alguma, até porque eles são inimputáveis no Brasil, mas não na Suíça. Creio
ainda que o juiz da República do Paraná é mais um dos que consideram os
brasileiros idiotas, que não percebem nada, porque são ingênuos e alienados ao
ponto de não notarem que juízes tem lado, partido e cor ideológica. Não é
mesmo, Gilmar Mendes?
Temer enviou uma carta, à moda Marina Silva, em um
monte de lamúrias e vaidades que chegam a ser novelescas. O vice, a choramingar,
reclamou de sua falta de protagonismo e de influência, na verdade, abriu a
caixa de Pandora, de forma articulada, astuta e maliciosa, juntamente com o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, que, apesar de ser um cadáver político, ainda faz
composições contra o Governo Dilma, mesmo a ser acusado de inúmeras
irregularidades e ilegalidades em sua vida política e pessoal.
A verdade é que se trata de golpe na veia, e Temer
se tornou um dos seus principais agentes. Surreal. Um vice-presidente
constitucional se voltar contra a presidente eleita. Qualquer pessoa ou
político pode se voltar contra a mandatária, sendo que de forma legal e
democrática. Menos o Temer. Ele foi eleito em uma chapa, o que já basta,
independente de suas vontades e desejos, para que ele se submeta à sua condição
institucional e constitucional.
O Amigo da Onça sabe que um golpe nunca acaba bem
para qualquer lado. Golpes contra mandatários eleitos legalmente retiram a paz
social e a violência pode surgir em todos os cantos deste País, que não é mais
o mesmo de 1964, pois industrializado, com um povo urbano e alfabetizado, além
de informado sobre os acontecimentos políticos.
Golpes trazem inconformismos e paixões
desenfreadas, sendo que, seguramente, o golpista que, hipoteticamente,
assumisse o poder não teria as mínimas condições políticas de governar, porque
o Brasil, aí sim, entraria em uma verdadeira crise, muito maior do que a evidenciada
e apregoada pelas mídias de direita, que desejam a tomada da Presidência por um
político conservador, que, obviamente, vai novamente implementar os ditames do
neoliberalismo, a ter o Pré-Sal como o primeiro alvo a ficar nas mãos das
multinacionais do petróleo.
A verdade é que Dilma Rousseff é a referência para
tirar o PT do poder. A direita não está apenas a enfrentar personalidades
políticas, como os presidentes Lula e Dilma, mas, sobretudo, preocupa-se em destruir
os programas de Governo e o projeto de País efetivados pelos dois presidentes
trabalhistas. O que está em jogo é muito maior. O que corre perigo é o projeto
nacionalista do PT e do PCdoB, que prevê a independência do Brasil e a
emancipação do povo brasileiro, que nos últimos 13 anos teve acesso a inúmeros
benefícios e direitos.
Evidentemente, nos tornamos um povo mais exigente e
que, seguramente, não vai concordar em ter perdas e prejuízos, a partir da hora
que a direita conquistar o poder por intermédio de golpes ou do voto, em 2018.
Os golpistas não passarão! O vice-presidente agora tem de enviar uma carta
chorosa e sorrateira para o Papai Noel. Talvez o Bom Velhinho o atenda. Michel
Temer é o Amigo da Onça de Dilma e do Brasil. Que o diga o Péricles. É isso aí.
10 comentários:
Excelente, Davis Sena Filho. Bom de mais!!!
Dilma vai atropelar os golpistas, a tucanalhada e os coxinhas retardados e fascistas. É isso aí, grande Davis Sena Filho.
Amigo da Onça, traidor e sem escrúpulo. Temer é a cara de São Paulo. Só tem reaças e golpistas.
Olha Davis, venho te acompanhando há muito tempo. Seu talento e sua verve são acima de média. Ao dizer isto, porque você merece, quero dizer que a Dilma Rousseff e as forças progressistas deste País irão matar o golpe no nascedouro. Não teremos golpes e nem golpistas no poder.
Acertou na mosca. E esse Temer também se parece fisicamente com o Amigo da Onça, além do antológico"mordomo de filme de terror?"
O Temer é a cara do Amigo da Onça! Incrível. Já ia esquecendo. Parabéns Davis!
Carta-resposta de Dilma Rousseff a Michel Temer:
Sr. Temer,
Por trás da figura de uma presidanta existe a figura oculta de um vice que é um homo sapiens apunhalando uma mulher sapiens.
Também tenho para com vossa pessoa muita desconfiança e desprestígio. Não vi o senhor ir a público saudar uma das maiores conquistas do Brasil: a mandioca!
Entendo também que vossa excelência sinta rancor pois, ao contrário de mim, evidenciou total incapacidade para estocar vento.
Encerro dizendo que as relações entre os nossos partidos não serão estremecidas, uma vez que temos um projeto para o Brasil. Ao contrário, quero propor deixarmos o grau de confiança em aberto e quando atingirmos este grau, vamos dobrar o grau de confiança.
Assinado Dilma Rousseff - Presidente da República Lulista da América do Sul.
Em Brasília, 19 horas.
Mais uma do bobalhão coxinha que só fala merda.
Jorge Marcelo, mais um texto de sua verve irretocável, que merece ser difundido e divulgado nas redes sociais. Sem dúvida o sr é o melhor cronista do Brasil.
perereca
Cala a boca Magda!
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