Por Davis Sena
Filho — Palavra Livre
“Vai pra casa, Padilha!”
(Personagem de Jô Soares do programa “Viva o Gordo”).
A imprensa de mercado
estrila: “Cunha rompe com o Governo e vai para a oposição”. E o Jornal Nacional se comporta como se fosse uma
assessoria de imprensa do deputado fluminense investigado pela Procuradoria
Geral da República e Polícia Federal, a fomentar tais demandas judiciais e
policiais as ações do juiz federal do Paraná, Sérgio Moro. Agora vamos falar de forma verdadeira, a
respeitar a realidade: Quando o deputado e presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB/RJ), foi um aliado da base do Governo Dilma e até mesmo da administração
Lula?
A resposta é fácil, pois
simples e curta: Nunca! Jamais, e em tempo algum, o parlamentar integrou, de
fato, a base dos governos petistas, a
contrariar, inclusive, as decisões do PMDB, no decorrer de mais de 12 anos de
alianças com o PT, com a finalidade de garantir a governabilidade e aprovar as
proposições de interesse do Governo Federal em votações na Câmara. O político
fundamentalista à direita sempre criticou acidamente e atacou virulentamente os
governantes trabalhistas, que administram o Brasil do Palácio do Planalto por
força do voto popular.
O deputado Eduardo Cunha
sempre criou obstáculos para os governos do PT, mesmo quando ele disse que
presidiria a Câmara dos Deputados com isenção partidária e ideológica, ao dar a
entender que seria republicano e democrático. O parlamentar politicamente muito
conservador asseverou ainda que um possível impeachment da presidenta Dilma
Rousseff não seria viável e que, portanto, tal processo estaria fora de
cogitação e deitou falação... O político direitista e de alma lacerdista (não
se deve esquecer que ele é da escola udenista do Rio de Janeiro) também afirmou, logo após romper com o Governo, que
atuaria no cargo de maneira institucional. Balela. Palavras jogadas ao ar.
Cunha mentiu novamente, como sempre o fez em sua vida política. Quem acredita
nele, que o compre.
Horas após anunciar aos brados suas “boas intenções”
republicanas e institucionais, Eduardo Cunha se aproveita do cargo de
presidente da Câmara para retaliar o Governo Dilma com as CPIs do fundo de
pensões e do BNDES. Lamento informar aos leitores e eleitores conservadores,
que apreciam a direita e sua falta de projeto de País e de programas de
governo, pois há 500 anos se recusa a pensar o Brasil, mas o senhor Cunha está
a fazer o que ele sempre fez em sua vida: chantagear, ameaçar e retaliar! E tem
mais: se colar colou...
O político fluminense é jogador profissional e não
vai deixar barato a ninguém se por acaso ele vier a cair e, com efeito, perder
o poder que conquistou, usufruiu e o usou maquiavelicamente para derrotar
duramente seus adversários do Congresso e do Palácio do Planalto, nos primeiros
seis meses de seu mandato ditatorial, porque pleno de aversão ao diálogo, como
aconteceu com as votações que ele e seu grupo político perderam em um primeiro
momento e depois as reverteram nos bastidores, a exemplo da maioridade penal e
da proibição do financiamento de campanha por parte de empresas privadas. Cunha
não respeita as regras do jogo democrático. Ponto. Por causa disto, ele se
torna um parlamentar perigoso.
Cristão fundamentalista e messiânico (esta
realidade é importante ser analisada com acuidade e seriedade), além de ser um
dos mais poderosos lobistas do Congresso — conforme acusações de seus
adversários —, tal perfil transforma o presidente da Câmara em um agente
político psicologicamente incapaz de negociar acordos e aceitar derrotas em plenário,
fatores que inviabilizam o equilíbrio entre os poderes e, consequentemente,
enfraquece a democracia, que depende de estabilidade institucional para que o
País siga em um rumo seguro e livre de rompimentos violentos e radicais, que
sempre terminam em golpe de estado ou morte, renúncia, impeachment e deposição
de presidentes, geralmente eleitos pelo povo.
Entretanto, juízes do STF
não são tão ingênuos e, ao que me parece, o juiz Sérgio Moro, se continuar a
ouvir os delatores, muitos deles criminosos reincidentes, e confiar piamente em
suas palavras como tem feito até agora, creio eu que os partidos de direita, a
imprensa de negócios privados, os setores mais conservadores da sociedade
brasileira, além dos coxinhas de classe média, haverão de considerar que
magistrados, até então considerados “heróis”, passarão a ser questionados,
porque o que interessa a esses setores ou segmentos conservadores deste País
não é a busca por Justiça e, sim, derrotar o PT e suas lideranças, que vencem
as eleições presidenciais desde 2002.
Ressalto também que o nobre
parlamentar Eduardo Cunha nunca se importou se os políticos de outros partidos,
notadamente os da base do Governo, principalmente os petistas, tem direito a
foro especial, ou seja, ter as denúncias e os processos contra eles avaliados e
julgados pelo Supremo. De forma alguma, Cunha e sua trupe, composta por
personalidades pitorescas e ideologicamente extremadas à direita, como Jair
Bolsonaro, Marco Feliciano e Ronaldo Caiado, agora vocifera, porque acusado pelo
delator Júlio Camargo de ter recebido propina de US$ 5 milhões, mais de R$ 16
milhões.
O motivo de Cunha receber a
fortuna ilegal, de acordo com o delator, foi para atender ao empresário Ricardo
Pessoa, dono da construtora UTC, que tinha interesse na assinatura de um
contrato de navios-sonda da Petrobras. Mas, como todo mundo sabe, Cunha tem
prerrogativa de foro especial e por causa deste privilégio tem atacado o
procurador-geral, Rodrigo Janot, o juiz herói da mídia empresarial, Sérgio Moro
— ganhador do prêmio “Faz a Diferença” dos irmãos Marinhos, a presidenta Dilma,
o PT e os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Edinho Silva, da
Comunicação Social.
Cunha tem dado socos e
pontapés em quem ousar desafiá-lo, afinal ele se considera o big boss da
política brasileira ou o capataz-mor das grandes corporações. Todavia, o
presidente da Câmara dos Deputados foi citado por Moro e, consequentemente e
por ter prerrogativa de foro, entrou com um pedido de suspensão da ação penal
conduzida pelo juiz federal do Paraná, que atualmente, para a perplexidade de
muitos, está a pautar a política deste País, que, de maneira surreal, permite
que um juiz de primeira instância cause, inclusive, graves prejuízos à economia
e a empresas gigantescas, que, juntas, empregam centenas de milhares de
trabalhadores, além de serem portadoras de vasto conhecimento tecnológico e
científico, ao ponto de muitas delas terem se tornado multinacionais, o que,
sobremaneira, desagrada aos interesses dos segmentos de construção civil dos
Estados Unidos e dos grandes países europeus.
Por seu turno se as
construtoras brasileiras quebrarem, certamente que os medíocres e predadores
empresários dos meios de comunicação privados, cujas empresas incrivelmente e
só no Brasil não se submetem a um marco regulatório, soltarão fogos e
comemorarão a falência de construtoras tão importantes para o desenvolvimento
do País. A Odebrecht, por exemplo, é cinco vezes maior do que as
“Organizações(?) Globo. Confunde-se, propositalmente e com má-fé, corrupção com
a preservação das empresas construtoras. Prende-se o corrupto, mas não se
permite que as construtoras quebrem. Esta seria a solução pragmática,
inteligente e nacionalista, em prol do Brasil: combater a corrupção e não
quebrar suas empresas!
Os tubarões, os predadores
das Organizações(?) Globo já defenderam em editoriais e por intermédio de seus
colunistas e comentaristas capatazes teleguiados que o Brasil abra seu mercado
às construtoras estrangeiras. Não são o fim da picada os magnatas bilionários de
imprensa? Enquanto os barões de todas as mídias cruzadas, párias dos interesses
estrangeiros, resguardam e protegem seus negócios no Brasil, em contrapartida
apostam na destruição de empresas brasileiras que ganharam o mercado externo.
Eu fico a me perguntar até quando essa gente predadora, entreguista e
antinacionalista vai continuar a prejudicar o Brasil e o povo brasileiro. Até
quando? E nada é feito para conter as hienas, os chacais e os abutres que
infestam a terra brasilis.
A verdade é que Eduardo Cunha
vai ter de comer um dobrado. Vai ter de suar um litro inteirinho para se
explicar. O Brasil está acostumado a ver somente os quatro “pês” a serem
denunciados, julgados e presos. Os pês de pobre, puta, preto, e, mais
recentemente, petista. Acontece que os tucanos ficaram oito anos a controlar o
poder central e literalmente venderam o País. Eles estão há muitos anos à
frente de governos de estados poderosos como São Paulo, Paraná, Goiás e até
pouco tempo, Minas Gerais, dentre outros entes da Federação.
O PSDB, partido da
burguesia e da plutocracia, é acusado e denunciado de cometer inúmeros
escândalos de corrupção e tráfico de influência e até hoje ninguém dessa sigla
foi devidamente preso por seus crimes. Cansei de citá-los aos montes em vários
artigos, bem como um sem número de jornalistas, políticos, policiais,
promotores e juízes, mas ninguém do PSDB responde, efetivamente, por seus
crimes. Se por acaso responde, a imprensa de histórico golpista e meramente de
negócios privados não explicita em suas manchetes e notícias, porque aliada e
cúmplice do PSDB, principalmente o paulista.
O PGR Rodrigo Janot poderá
pedir o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Eis a questão
que tanto o preocupa. As acusações ao deputado do Rio de Janeiro são graves. O
presidente do STF, Ricardo Lewandowski, pediu informações ao
juiz Sérgio Moro sobre os depoimentos da Operação Lava Jato para depois decidir
se vai suspender a ação penal em que Cunha é denunciado por Júlio Camargo como
uma das autoridades que se beneficiaram com um esquema de corrupção na
Petrobras.
A verdade é que o
presidente da Câmara não fala a verdade, que se resume em duas coisas: 1)
conspirar para derrubar Dilma Rousseff; e 2) fazer da Câmara uma frente de
oposição feroz, cujo principal objetivo é paralisar o Governo, impedi-lo de
governar e derrotar no plenário e nas comissões as matérias de interesses do
Governo Dilma. Os analistas de política que não percebem esses fatos também têm
dois motivos para procederem assim: 1) estão irremediavelmente a agir de má-fé
em prol dos interesses de seus patrões magnatas bilionários; e 2) são cegos,
mudos e surdos, além de alienados, porque não é possível acreditar somente em
tanta desfaçatez e história da carochinha juntas...
A
verdade é que Eduardo Cunha se sentia inatingível, pois acostumado a tomar
decisões sem negociar, a enfrentar seus adversários políticos, munido de lança
e espada. Autoritário politicamente e fundamentalista religiosamente, Cunha é
um mau, desnecessário, para este País historicamente sofrido e repleto de
tragédias políticas e sociais. Ele não mede consequências para que seu grupo
conquiste o poder, e, mesmo sendo do PMDB, sempre atuou e agiu como um
autêntico e implacável oposicionista, a integrar, como peça-chave, a máquina da
oposição partidária, empresarial e estatal.
Sem
sombra de dúvida, o presidente da Câmara está a usar o seu cargo para ser um
possível nome a concorrer à Presidência da República, a disputar com o prefeito
do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a indicação do PMDB, que na verdade é um saco
de gatos com garras afiadas, um partido muito grande e com políticos poderosos,
que colocam à frente seus interesses regionais, bem como controlam parte do
Ministério de Dilma, afinal se trata de um Governo de coalizão. Não se governa
no Brasil sem o PMDB, partido que, apesar de seus muitos defeitos, quando se
compromete a firmar parcerias políticas, o País fica institucionalmente e
politicamente mais estável. Vide os governos de Fernando Henrique, os de Lula e
o primeiro de Dilma Rousseff, que tiveram maioria no Congresso.
Engana-se
aquele observador e analista que está a pensar que Eduardo Cunha vai levar a
maior parte do PMDB para a oposição. A sigla é dona da vice-presidência da
República, administra ministérios e dentro dela tem políticos à esquerda, como
o senador Roberto Requião (PR), bem como parlamentares, a exemplo do presidente
do Senado, Renan Calheiros, que critica o Governo, mas na hora da onça beber
água não vai efetivar rompimentos e impulsividades à moda Cunha, e, por sua
vez, arriscar os interesses maiores da agremiação, de seu grupo, além de ver o
Brasil entrar em uma crise política e institucional sem precedentes.
Renan
é um político questionado e às vezes polêmico, mas nunca foi imprudente, como o
é o impulsivo e agressivo Eduardo Cunha, legítimo representante de corporações
empresariais na esfera pública, dentre elas as que pertencem aos magnatas
bilionários de imprensa, à frente delas a família Marinho. O PMDB divulgou nota
à imprensa que a decisão de Cunha de romper com o Governo é pessoal, até
porque, ressalto, o comunicado afirma ainda que as decisões do partido tem de
ser avaliadas pela Comissão Executiva Nacional, Conselho Político e Diretório
Nacional. Além do mais, o vice-presidente da República, Michel Temer, é o
articulador político do Governo junto ao Congresso.
Eduardo
Cunha está a jogar cartas e precisa de uma trinca de ases. O jogo é duro, mas o
presidente da Câmara poderá ter seu mandato de apenas seis meses terminado, se
o STF aceitar as denúncias da Procuradoria Geral da República contra o
parlamentar que cantou de galo, derrotou o Governo em várias votações
importantes, não aceitou derrotas em votações no plenário e conspirou em favor
do impeachment de Dilma Rousseff, que nunca incorreu em malfeitos e crimes de
responsabilidade. Cunha tem de mudar seu discurso agressivo para se afastar, e
se der tempo ainda, da guilhotina. A única coisa que se tem para afirmar ao
presidente da Câmara de perfil ditatorial é o bordão do personagem cômico de Jô
Soares, sendo que ao invés de dizer “Vai pra casa, Padilha!”, exclama-se: “Vai
pra casa, Cunha!” É isso aí.
8 comentários:
Prezado,
Sobre o elemento em pauta o Sr acaba de dizer tudo. Não conhecia o dito cujo, e a apresentação que tive dele foi grotesca - explico - assistia a uma seção da Câmara (acho que era sobre royalties de petróleo ou nova lei dos portos) e alguém teve a curiosidade de ler umas inserções que ENFIARAM no texto - o seguinte : Esse malandro tinha enfiado no texto alguma coisa, um artigo, um parágrafo, onde apresentava "Isenção de prova de OAB para advogados" - o que que tinha de conexo com o assunto? - aí foi uma grita geral, imploraram para que ele retirasse do texto o tal assunto para dar prosseguimento nos trabalhos e o pilantra se negou e a coisa empacou - a minha primeira impressão foi de "que sujeito escroto!" - está aí a prova - SEMPRE foi um escroto e o Sr com seu texto acaba de provar e comprovar..
Em 2000, Brizola já organizava um abaixo-assinado pedindo o afastamento de edu CUnha por aparelhar a
Cehab/RJ com seus amigos evangélicos confundindo administração pública com preceitos religiosos.
Tudo em "nome do senhor CUnha"
Henrique
O texto acima foi, também, noticiado na Ditabranda, ops, folha em 31/03/2000.
Henrique
edu CUnha e a rede sonegadora dos marinhos
Em 1992, o então presidente da Telerj, Eduardo Cunha, contratou sem licitação a empresa NEC, controlada por Roberto Marinho, para fazer um trabalho ao custo de US$92 milhões.
No ano seguinte, o novo presidente da estatal, José de Castro Ferreira, pagou um terço desse valor pelo mesmo serviço.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/1/19/brasil/25.html
Henrique
edu CUnha recebeu dinheiro de campanha da bradesco saúde e quiz barrar investigação sobre planos de saúde pelo congressinho brasileiro.
Henrique
Por que o edu CUnha sempre fala com a mão na boca?
Será que é para a dentadura não cair?
Henrique
Perfeito, grande jornalista. Destaco: "Cunha- um mal desnecessário- não respeita as regras do jogo democrático. Por causa disto, ele se torna um parlamentar perigoso.Cristão fundamentalista e messiânico (esta realidade é importante ser analisada com acuidade e seriedade), já seriam desqualificações suficientes para desmerecê-lo (para mim , ele jamais mereceu algo).
Claramente diabólico, não é menos danoso que um nazista/hitlerista.Compartilho este texto que dialoga com o seu.
Eduardo Cunha está morto e aqui estão as razões. Por Paulo Nogueira
Sabe aquele lutador que cisca, cisca, cisca até que leva um golpe na pera e desaba?
É Eduardo Cunha.
O golpe foi o depoimento de Júlio Camargo.
A luta acabou para Eduardo Cunha. Ele está tão zonzo que não percebeu. É como se ele, ainda na lona, dissesse ao juiz: “Tá tudo bem. A que horas começa a luta?”
Se preferirem outra imagem, Cunha é um dead man walking, um morto que caminha, como os americanos chamam os detentos do corredor da morte.
Camargo contou, num vídeo eletrizante de uma hora, o que Eduardo Cunha fez para garantir uma propina de alguns milhões de dólares.
Cunha chamou-o depois de mentiroso. Mas quem vê o vídeo sabe muito bem quem é o mentiroso entre os dois.
Todas as peças se encaixam.
O método do achacamento, por exemplo. Cunha ia triturar a empresa devedora na Câmara se o dinheiro não lhe fosse dado.
Isso bate com uma investigação da Procuradoria Geral da República segundo a qual requerimentos na Câmara para investigar a empresa partiram, secretamente, de Cunha.
Funcionaria assim. Se o dinheiro fosse dado, o trabalho da Câmara não daria em nada. Se não fosse, bem, eis aí a arte do achaque e da chantagem.
Outro delator, o doleiro Alberto Youssef, também num vídeo tornado público, contribuiu para o desmascaramento de Cunha.
Youssef contou que um “pau mandado” de Cunha o vinha intimidando para não falar nada sobre o presidente da Câmara em sua delação.
As ameaças do “pau mandado” se dirigiam à família de Youssef.
Camargo também tocou nisso: o medo que sentia de que sua delação levasse a violências contra sua família.
Você ouve Camargo e Youssef e pensa que se trata do submundo da bandidagem, de organizações como o PCC.
Mas é o mundo de Eduardo Cunha.
Desesperado, ele tentou criar uma notícia para neutralizar o conteúdo devastador do depoimento de Camargo.
É aí que apareceu sua “ruptura” com o governo, como se ele em algum momento tivesse jogado a favor.
Alguns jornalistas embarcaram alegremente no blefe de Cunha. Diego Escosteguy, da Época, o Kim Kataguiri das redações, foi um deles.
Em sua conta no Twitter, ele anunciou, triunfal, o “furo” da ruptura. A notícia de fato importante passou a não valer nada: o vídeo histórico de Camargo. Foi o triunfo do rodapé.
Maus editores contribuem mais para o fim de revistas impressas do que a internet.
Qual o poder de Cunha numa guerra contra o governo?
Alguma coisa muito próxima de zero. Não há nada mais liquidado do que um chefe político liquidado.
Que lealdade alguém como ele, cercado do que há de pior em termos de caráter, pode esperar dos deputados que controlava agora que está numa encrenca pesada e já não tem nada a oferecer?
Um sinal disso veio quando o PMDB, em nota, avisou que ele falará em nome dele mesmo, no pronunciamento de rádio e tevê que ele programou para esta sexta.
Para a mídia, ele também já não serve para nada.
A mídia precisa de alguém que pelo menos pareça honesto para contrapor ao PT na campanha demagógica centrada na corrupção.
Depois do depoimento de Camargo, Eduardo Cunha já não serve para isso. Ele é o maior ícone da corrupção no Brasil.
Tudo aconteceu muito rápido para Cunha.
Da obscuridade aos sonhos presidenciais, foram poucos meses.
Agora, devolvido à áspera realidade, resta a ele torcer para escapar da cadeia.
Antes de tufo, parabéns Davis pelo seu primoroso artigo. É esse mafioso do Cunha na Câmara, o Moro, juiz midiatico e o Na der, no TCU fazendo bandidagem com o presidente do tribunal, Aroldo Cedraz. Cunha no fim terá que sair da presidência da Câmara e a mídia corrupta terá que engolir.
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