Por Davis
Sena Filho — Blog Palavra Livre
MARINA É ROBERTO CAMPOS. DILMA É CELSO FURTADO. |
Equivoca-se aquele que pensa ou considera a candidata
“sonhática”, Marina Silva, uma política que não sabe o que quer e passa uma
impressão de ser uma pessoa confusa, ou seja, “pesadélica”. Não. Engana-se quem
pensa assim. Marina tem passado político, vem da esquerda e foi durante muito
tempo uma militante influente do Partido dos Trabalhadores.
Marina tem de ser levada a sério, principalmente pelo PT,
por seus aliados e eleitores, porque a Sonhática abandonou seu passado, o
partido pelo qual ela foi eleita a diversos cargos políticos, bem como assumiu
posição importante no Executivo Federal quando foi ministra de Estado do Meio
Ambiente do Governo Trabalhista do ex-presidente Lula.
A política do Acre, que ficou em terceiro lugar em seu
próprio Estado nas eleições presidenciais de 2010, conviveu com o seringueiro e
sindicalista de fama internacional, Chico Mendes, assassinado covardemente por
fazendeiros. Todavia, a “socialista” mudou seu modo de pensar, de agir e de se
conduzir politicamente e até mesmo socialmente, porque hoje integra as hostes
da Casa Grande. Marina não é mais, definitivamente, a Marina do PT.
Ela é a Marina dos grandes grupos capitalistas voltados
para o Meio Ambiente também conhecidos como ONGs, que desejam, sem sombra
dúvida, pautar governantes eleitos, bem como determinar as diretrizes
ambientais que, comumente, são efetivadas por mandatários que apresentaram seus
programas de governos e projetos de País aos cidadãos que, em maioria, os
elegeram.
Enganam-se as pessoas que pensam que Marina é apenas uma
figura folclórica e emblemática por causa de seu palavreado confuso,
contraditório, nebuloso — quase excêntrico. E por quê? Porque a excentricidade
de Marina Sonhática termina no limite de suas verdadeiras intenções, calcadas,
sem dúvida alguma, em seu programa de governo propositalmente pouco divulgado.
A candidata da Rede Sustentabiidade, hospedeira do PSB e
que não teve competência para registrar sua agremiação política no TSE,
transformou-se em uma titânide com pés de barro de grupos econômicos dos mais
reacionários, a exemplo da família Setúbal, do Banco Itaú/Unibanco, e do
economista Eduardo Gianetti, técnico ligado aos tucanos e, evidentemente, ao
sistema financeiro privado.
Gianetti, tal qual ao financista Armínio Fraga, candidato a
assumir o Ministério da Fazenda em um hipotético Governo Aécio Neves, parece
ser o porta-voz, juntamente com a herdeira do Itaú, Neca Setúbal, para assuntos
econômicos da candidata Marina Silva, que, certamente, abraçou os princípios
monetaristas em detrimento da corrente estruturalista (desenvolvimentista),
cujo representante mais importante é o professor Celso Furtado.
Marina não conversa e muito menos se aconselha com Paul
Singer, Carlos Lessa, Maria da Conceição Tavares, Ricardo Bielschowsky e
André Singer, dentre outros. Afinal, como já dito, Marina mudou e hoje a
política que se diz “apolítica” pertence às fileiras dos que pensam o País
apenas com números, gráficos e índices, a excluir o ser humano como prioridade
acima de qualquer questão econômica.
Por
isto e por causa disto, os porta-vozes dos mercados rentistas e especulativos,
em âmbito internacional, como o Financial Times e a The Economist, enviam
recados à ciranda financeira e fazem há anos críticas negativas ao Governo
brasileiro.
Questionamentos
matreiros, infundados e repercutidos por intermédio de reportagens
pré-elaboradas e de conotações políticas, intencionalmente plantadas em suas
páginas impressas e em online, a ter como um de seus “cooperantes” o
ex-ministro da Fazenda do Governo FHC, Pedro Malan, alto executivo de bancos
privados e um dos homens de confiança da ciranda financeira internacional.
Malan
e André Lara Resende (este passou a integrar a equipe de Marina) têm feito,
juntamente com outros economistas da Era FHC, um trabalho de contestação às
políticas públicas e financeiras dos Governos trabalhistas de Lula e de Dilma,
que optaram por nomear para ministro da Fazenda um técnico da corrente
desenvolvimentista de Celso Furtado e não monetarista de Eugênio Gudin ou
Roberto Campos.
Sempre
foi assim. Governos de caráter nacionalista e em luta constante pela
independência e autonomia do Brasil, a exemplo dos mandatários Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek, João Goulart, Lula e Dilma Rousseff, efetivaram
políticas econômicas e fiscais que permitissem o desenvolvimento estrutural do
País e, por seu turno, viabilizassem o desenvolvimento material do povo
brasileiro, a ter o estado como o indutor do bem-estar social.
Além disso, em termos regionais, os governadores Miguel
Arraes e Leonel Brizola sempre quando no poder implementaram políticas
desenvolvimentistas em Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Estados
da Federação de históricos e tradições oposicionistas, quando as oligarquias, a
Casa Grande conquistam o poder, geralmente por intermédio de golpes brancos
(jurídico e parlamentar) ou simplesmente por meio de uma quartelada, como a
ocorrida em 1964.
Portanto,
não é à toa que o ministro da Fazenda de Lula e de Dilma, Guido Mantega, e o
servidor de carreira e presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foram e
o são alvos de economistas e financistas vinculados ao capital especulativo,
bem como pelos banqueiros nativos, sendo que a família Setúbal é o exemplo mais
emblemático dos últimos tempos.
E por
quê? Porque, apesar de ter lucrado como nunca antes nos governos trabalhistas,
a questão ideológica impera, bem como é inaceitável aos banqueiros e rentistas
bilionários que as instituições estatais Banco do Brasil, BNDES e CEF abram
suas carteiras de empréstimos à população, baixem os juros e com isso
praticamente obrigam os bancos privados a diminuí-los para poder competir no
mercado, além de fazer com que grande parte das folhas de pagamento do setor
público voltasse a ser administrada por bancos estatais, por exemplo.
E não
é só isso. Torna-se salutar e necessário o leitor observar com acuidade. Os
fundos de pensões de grandes empresas e órgãos do Estado, além das estatais que
foram privatizadas no Governo tucano de FHC, seus recursos, em grande monta,
foram usados para financiar as privatizações e os empréstimos a grandes
empresários, via CEF e BNDES. Ponto!
Nos
governos trabalhistas de Lula e Dilma, as diretrizes foram outras, porque os
recursos desses fundos foram alocados para financiar obras, projetos e
programas de interesse público. E é aí que se apresentam, indelevelmente, as
diferenças entre as propostas de Aécio Neves, Marina Silva e Dilma Rousseff. E
é exatamente isto que os programas eleitorais do PT têm deixar claro, e, para
isso, é preciso esclarecer o povo, o eleitor.
Marina
é neoliberal. Suas propostas programáticas são um verdadeiro retrocesso, um
atraso retumbante, pois iguais às décadas liberalizantes das décadas de 1980 e
1990, quando o mundo era para poucos países se locupletarem e seus povos terem
acesso a uma qualidade de vida altíssima por intermédio da exploração, da
rapinagem e da pirataria que humilharam e empobreceram os povos periféricos do
terceiro mundo.
Um
mundo bipolar que se alicerçava no antagonismo entre a União Soviética e os
EUA. E esse tempo neoliberal, que significa roubalheira, está sepultado no
passado, porque o Brasil cresceu e se tornou um País poderoso e importante, ao
ponto de refundar suas relações internacionais e inserir quase 80 milhões de
brasileiros nos mercados de emprego e de consumo, além dos bilionários
investimentos em infraestrutura, saúde e educação.
Marina
Silva é uma farsa política e ideológica, mas tem de ser levada a sério para ser
combatida e desconstruída. A mentira se combate com a verdade. Dilma Rousseff é
a continuidade do desenvolvimento e da humanização da sociedade brasileira. A
“Sonhática” é a neoliberal de um mundo
sepultado na década de 1990. É
isso aí.
3 comentários:
Nada a acrescentar...nada a excluir. Um show de lucidez e fundamentação, diferentemente do fundamentalismo capitalista da Bla-bla-rina messiânica, cujo discurso camufla o evidente retorno ao cassino neoliberal. O Brasil não merece este retrocesso.
Notável, mesmo para quem está cá longe (Portugal) mas segue interessado o desenrolar desses acontecimentos dos "vira-casacas", como são aqui chamados os que se comportam como Marina. Obrigada Davis Sena Filho pelo brilhantismo do seu texto tão esclarecedor e objectivo, como se exige de quem é profissional honesto.
Na página 240 programa marina ela defende o fim da Justiça do Trabalho? Pelo que estou sabendo a mesma deseja a diminuição do papel do Estado na solução dos conflitos .
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