segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ariel Sharon e o sionismo que sangra o Oriente Médio

Por Davis Sena Filho Blog Palavra Livre


Não sei o que dizer de Ariel Scheinermann, o general Ariel Sharon, a não ser que, independente dos interesses políticos, econômicos, étnicos e geográficos do Estado de Israel, o líder sionista era radical e extremado à direita. Sharon nunca quis a paz com os palestinos, mesmo quando retirou os colonos israelenses de terras da Palestina, além de persegui-los e tratá-los com brutalidade similar a que os judeus foram vítimas quando ainda da existência do Terceiro Reich.

A retirada dos colonos e a demolição de suas casas foram ações políticas unilaterais do já primeiro ministro Ariel Sharon, que, na verdade, fez com que o processo de negociação parasse, e, com o tempo, comprovou-se que, apesar da retirada, os colonos sionistas voltaram aos lugares anteriormente ocupados, e, consequentemente, todos os esforços de entendimento para se conquistar a paz não se concretizaram. Não se negocia de forma unilateral. Quem o faz é porque não quer negociar. Ponto.

O general Ariel Sharon é um criminoso de guerra e responsável por ações militares estratégicas, que visavam, sobretudo, conquistar territórios árabes, além de fontes e reservas de água e, por sua vez, dar continuidade ao que os sionistas chamam de o Grande Israel, um estado beligerante e que ocupa territórios por intermédio de assentamentos em localidades ocupadas milenarmente pelo povo palestino.

Com o fim do Mandato Britânico da Palestina, em 1948, as terras palestianas se tornaram alvos da ambição de egípcios e jordanianos, que, no mesmo ano, ocuparam os territórios, pois contrários à Resolução 181 da ONU, que dividia as terras da banda ocidental do território em dois estados, sendo que a ficar sob o controle internacional as regiões de Belém e Jerusalém, o que nunca foi aceito pelos sionistas israelitas, como comprovam as ações de guerra dos líderes históricos, David Ben-Gurion e Golda Meir.

Contudo, a partir do fim dos anos 1950 e na década de 1960, surge um militar de nome Ariel Sharon, que depois se tornou primeiro ministro e que tem em suas mãos o sangue de inocentes palestinos, que foram vítimas de ações militares que visavam, sem sombra de dúvida, a conquista de territórios e a limpeza étnica.

Sharon nunca se importou com questões políticas e eticamente humanas. O general e primeiro ministro de Israel se tornou o idealizador e o estrategista de ataques militares e de massacres que foram contestados duramente por parcela do povo de Israel e de políticos do Partido Trabalhista e até mesmo do Likud, partido direitista do qual Ariel Sharon era, nos últimos tempos, sua principal representação política.

O militar foi membro do Hanagah, uma organização paramilitar secreta e que agia muitas vezes sem o conhecimento do governo israelita. Além disso, comandou a brutal Unidade 101, que cometeu eventos hediondos e que, indubitavelmente, não condizem com os princípios civilizatórios de um povo que se considera desenvolvido e historicamente inserido entre os povos mais antigos do planeta.

A Unidade 101 envergonha a humanidade, pois se trata de um comando de caráter imoral e infame, de extermínio de palestinos e de árabes em geral, porque criado para expulsar os palestinos de suas terras, de suas casas, sendo que milhares deles, através das décadas, eram crianças, mulheres, muitas delas grávidas, idosos, inválidos e homens desocupados, porque desempregados, por falta de oportunidades ou impedidos de saírem de seus lugares para trabalhar.

Ariel Sharon é um carrasco, ao tempo que herói dos extremistas de direita, dos colonos ortodoxos e do establishment internacional, que sempre o apoiou e o financiou, a exemplo das grandes corporações de petróleo e de armas, além dos governos dos Estados Unidos e da Inglaterra, parceiros “eternos” e cúmplices dos crimes de Israel, bem como garantidores de suas ações armadas e até mesmo de extermínios praticados por militares e paramilitares, que nunca foram, de forma efetiva, punidos pela Justiça de Israel, pela ONU e seu órgão máximo de Direitos Humanos.

O general israelita, filho de sionistas cujas origens são a Bielorrússia e a Ucrânia foi pródigo em combater aqueles que, de uma forma ou outra, resistiam, por intermédio de protestos ou ações armadas, às ocupações e à limpeza étnica, posteriormente simbolizada pela construção de um gigantesco muro, a partir do ano de 1983. O muro é tão longo e alto que perto dele o Muro de Berlim se torna um aprendizado de engenharia para impedir o direito de ir e vir de palestinos, israelitas e povos de outras nacionalidades. É uma aberração fascista e que envergonha a humanidade.

Um muro que estabelece fronteiras, o que se torna uma contradição ou um paradoxo, porque Israel e seus governos sionistas sempre se recusaram a reconhecer fronteiras, até porque sempre invadiram e ocuparam as terras palestianas, bem como reconhecê-las é dar razão aos palestinos quando reivindicam a criação de um estado próprio, independente e que possa cuidar de sua população, em busca de desenvolvimento econômico e social de maneira livre, porque sem liberdade e justiça não há condições para almejar e conquistar a paz.

O assim considerado guerreiro de Israel, Ariel Sharon, no decorrer de sua vida, atuou como um “anjo” da morte, pois, então, veremos: em 1953, no Campo de Refugiados de El-Bureig, em Gaza, o comando de Sharon matou 50 refugiados. Segundo relatos do comandante das Nações Unidas, general Vagn Bennike, bombas foram lançadas nas cabanas onde dormiam os “inimigos” a serem derrotados pelo general sionista. Evidentemente, muitas pessoas foram estraçalhadas e as que conseguiram sair das cabanas para salvarem suas vidas foram, impiedosamente, fuziladas com armas automáticas. O exército sionista matou civis desarmados.

Entretanto, as atrocidades de Sharon não acabam nesse massacre de refugiados, ou seja, gente que não tem nada, além de uma barraca para dormir. No mesmo ano de 1953, o militar israelita, à frente da Unidade 101, invadiu a Vila de Qibya, na Jordânia. Trata-se de um verdadeiro extermínio cujas manchas de sangue estão tatuadas no Estado de Israel. O ministro das Relações Exteriores do estado sionista escreveu em seu diário: “Essa mancha estará grudada em nós e será impossível de ser lavada por muitos anos”.

Ariel Sharon deu ordens para explodir 45 casas, 69 pessoas foram assassinadas sem direito à reação para se defender, e Qibya foi destruída, pois reduzida a escombros. Tão grave e covarde quanto às mortes foram as desculpas do general exterminador: “Nós acreditávamos que as casas estavam vazias” — afirmou. A Unidade 101 matou civis desarmados, porque Sharon era o comandante autorizado pelo estado sionista de Israel para limpar o terreno e “limpar” o terreno significa conquistar território e fazer a limpeza étnica.

Israel é beligerante. Historicamente, como demonstra de forma irrefutável o Velho Testamento, vive em guerra, em um tempo de milênios, pois forjado em valores hegemônicos cujo Deus atende aos desejos e aos interesses do “povo escolhido”, enquanto a humanidade é composta por gentios, que hoje formam, populacionalmente, a maioria dos que professam o cristianismo, ou seja, os fiéis que aceitaram a fé judaica ao unirem o Velho Testamento à Igreja que Jesus fundou cujos ensinamentos estão presentes no Novo Testamento, que, além de completar o Velho Testamento, o abrange. O Novo Testamento é a Nova Aliança apregoada por Jesus Cristo. Assim acredito.

Voltemos ao general: É importante lembrar da Rua Wreckage. Tratava-se de uma passagem que atravessava o Campo de Praia da Cidade de Gaza. O lugarejo era ocupado com poucas casas edificadas para os refugiados da guerra de 1948. Eis que de repente surge o comandante Ariel Sharon que, sem titubear, dá ordens para que os tratores destruam centenas de pequenas casas. A demolição foi total. O militar sionista queria um campo amplo, sem obstáculos, para que o exército israelita e seus tanques pudessem transitar livremente e caçar os membros da OLP, criada em 1964 e liderada por Yasser Arafat.

Todavia, antes de acontecer as demolições de simples moradias, aconteceu um episódio que incomoda bastante a quem detesta injustiça e combate a covardia, o egoísmo e a intolerância social e racial, além de o fato se reportar à história dos judeus perseguidos pelos nazistas. Os soldados de Israel, antes de cumprir as ordens para demolir as residências, marcaram as casas a serem destruídas com tinta vermelha. Este fato é irremediavelmente mórbido e sem escrúpulo, porque os nazistas marcavam com a estrela de David, de cor amarela, as pessoas de etnia judaica.

A marcação com tinta vermelha que transformavam as casas em alvo de demolição é atroz, bem como tirar o teto de uma pessoa é um dos atos humanos mais covardes e por isso considerado uma infâmia inominável. Quem perde a casa, perde tudo, porque o lar é essencial para o descanso, o bem-estar e a paz de espírito entre os membros de uma família. Ariel Sharon foi chamado de o “Grandioso Guerreiro” e eu o reputo como um dos maiores assassinos do mundo contemporâneo, além de ser especialista em praticar o terrorismo de estado.

Os soldados do general bateram em crianças, em idosos e em mulheres. As pessoas tiveram de ir para casas de parentes e escolas. Muitas famílias foram obrigadas a irem para o exílio, em localidade no deserto do Sinai. O motivo: foram acusadas por Israel de serem parentes de ativistas políticos. Porém, não acaba aqui a trilha violenta de Ariel Sharon. Em 1971, os comandados do general recentemente falecido demoliram duas mil casas e deixaram “a Deus dará” 16 mil pessoas. O episódio de mau agouro aconteceu na Faixa de Gaza. Palestinos foram deportados para o Líbano e a Jordânia.

Além disso, seiscentos parentes de guerrilheiros foram exilados. E adivinhe para onde? Evidentemente para o Sinai. Naquele mesmo tempo, 104 guerrilheiros foram mortos, porque o Estado sionista de Israel não prendia os suspeitos de fazer guerrilhas e, sim, os assassinava. Nada de prender os inimigos de Israel. A ordem era matar, e ponto final.

Ariel Sharon teve também relação política e militar com a África do Sul, país do infame apartheid. O general sionista aconselhou as forças racistas da África do Sul que estavam a lutar ao lado de Jonas Savimbi, operador da CIA e chefe do grupo armado de direita conhecido como Unita. Contudo, Agostinho Neto, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e depois José Eduardo dos Santos, derrotaram a direita armada angolana apoiada pelos Estados Unidos, África do Sul e Israel. A guerra civil de Angola foi um dos últimos conflitos longos da Guerra Fria, com a derrota da direita, que até hoje lamenta muito a vitória dos liderados por Agostinho Neto.

Em 1982, o militar israelita continuou a caminhar em sua estrada de sangue e luta para edificar o Grande Israel. No governo de Menachem Begin, liderou a invasão do Líbano. O objetivo era eliminar os militantes da OLP, além de enviar palestinos para a Jordânia, bem como controlar o Líbano, o que foi feito. Israel bombardeou para ocupar territórios estrangeiros e matou quase 20 mil palestinos e libaneses. Israel reconhece que cerca de mil soldados de seu exército foram mortos.

Após o domínio e a ocupação do Líbano completamente bombardeado e destruído, o general e futuro primeiro ministro de Israel do estado sionista realiza a sua grande obra prima pintada com sangue. Sharon simplesmente permite que refugiados dos campos de Sabra e Shatilla sejam massacrados por falangistas cristãos aliados das forças israelitas. Os números são estarrecedores, porque 762 corpos foram encontrados pelo governo libanês, bem como se descobriu, posteriormente, que os sobreviventes desse verdadeiro holocausto enterraram ainda mais 1,2 mil pessoas.

A Falange matou refugiados indefesos durante 62 horas ininterruptas. Era como colocar pessoas em um abatedouro onde o gado não tem a mínima chance de escapar com vida. Bebês, crianças, mulheres, grávidas, idosos, jovens e homens adultos foram mortos impiedosamente. Limpeza étnica na veia, pois a intenção era eliminar as pessoas para que elas não voltassem aos seus lugares de origem.

São acontecimentos de 1982 e que até hoje marcam, como ferro em brasa, a biografia de Ariel Sharon, bem como o estado sionista de Israel. Outro holocausto, um dos genocídios que foram investigados pelo governo israelita e publicado para o conhecimento do público. Porém, tal governo tratou de não divulgar o Apêndice B, porque considerado secreto. A verdade é que o massacre foi um escândalo de proporções planetárias e o líder militar dessa ignomínia é o senhor Ariel Sharon, ministro de Defesa do estado sionista.

Outra característica peculiar do general ultradireitista era sua vocação contra qualquer acordo. Todos os principais acordos ou tentativas de acordos sofreram críticas açodadas do general. Quando o gabinete, as lideranças políticas, parlamentares e governamentais votavam sobre acordos com os palestinos, Sharon era contra. Ele foi ministro de várias pastas e depois foi primeiro-ministro, mas sempre teve uma posição contrária à paz. Israel quando fala em paz ao mesmo tempo ocupa terras palestinas, o que inviabiliza qualquer acordo. Sharon dizia: “Nem um metro quadrado de terra vai ser cedido”. O militar e político, além de não ceder terras, também nega água e controla militarmente as fontes do precioso líquido, que não é tão abundante como nas terras do Brasil.

O sionismo não é religião, apesar de os maus intencionados tentarem confundir os incautos e os desinformados. O sionista é o indivíduo que adere ou concorda com tal movimento político, nacional socialista hebraico. Os primeiros sionistas são descendentes de judeus europeus, que antes de Segunda Guerra e após a derrota dos nazistas, foram colonizar a Palestina e, consequentemente, fundar o Estado de Israel em um lugar que sempre foi habitado.

Muitas pessoas consideram o sionismo racista e que aposta na supremacia entre as pessoas e as raças. Para os críticos e muitos historiadores, o sionismo comete os crimes hediondos de genocídio e limpeza étnica. O sionismo exige lealdade política a um estado (beligerante), enquanto o Judaísmo exige lealdade aos ensinamentos e princípios de Deus. Sionismo e Judaísmo não se misturam, porque são diferentes, antagônicos e paradoxais. Ponto. 
  
Antes de sofrer dois AVC, o general, a fim de desqualificar o governo israelense para eleitoralmente derrotá-lo, resolve em setembro de 2000 visitar, com forte aparato de segurança, a Esplanada das Mesquitas — Monte do Templo, na cidade de Jerusalém. Os palestinos interpretam a “visita” como uma provocação e se dá início à segunda Intifada. Pau puro e muita violência. Sharon se aproveita dos episódios e promete, no decorrer das eleições, acabar com a Intifada ao tempo que critica o Governo de Ehud Barak, político trabalhista, a quem o general sionista acusou de ser o responsável pela insegurança em Israel. Sharon foi eleito.


O militar assumiu a cadeira de primeiro-ministro. Acenou com conversações e acordos com os palestinos, mas as retiradas dos colonos de algumas terras palestinas foram unilaterais, porque, na verdade, Ariel Sharon nunca quis a paz. Ele é considerado por muitos israelitas como o “Grandioso Guerreiro”. Contudo, todos aqueles que foram suas vítimas e tem gosto de fel em suas bocas e sangue em seus corações e pensamentos sabem que o general Ariel Sharon era um assassino. É isso aí. 

12 comentários:

Joahermen disse...

Os judeus sempre se fazem de vítimas pelo ocorrido com eles na segunda guerra mundial, contudo os Sharon's da vida, por tudo que fazem com os demais povos, deixam-no uma pergunta no ar: "Será que Hitler estava mesmo errado?"

Davis Sena Filho disse...

Prezado Joahermen, Hitler estava errado e foi um dos maiores criminosos da humanidade. Contudo, Ariel Sharon para mim estava errado e também cometeu muitos crimes. Um erro não pode levar a outro, mas, sim, à sua correção. O nazismo foi terrível e o sionismo também o é. Abraço.

Jorge Marcelo disse...

Davis Sena Filho é um Ariel Sharon das palavras. Simples assim. Petistas alienados choramingando em 3, 2, 1...

Henrique R disse...

Sharon, o carniceiro que comandou o MASSACRE BÁRBARO de Sabra e Chatila morreu.
Que a terra lhe seja tão pesada quanto ele foi para ela.

Henrique R disse...

New York Times, Clark Hoyt, em jan/2009, em sua coluna:
Ao todo, Israel, e seu ariel sharon, matou 4.789 palestinos, entre eles 982 menores. Palestinos mataram 1.053 israelenses entre militares e civis, incluíndo as 219 vítimas de 12 atentados terroristas entre junho de 2001 e agosto de 2004.

Henrique R disse...



Cristiano Ronaldo, um exemplo a ser seguido, enviou para as crianças de Gaza um milhão e meio de euros.
ariel sharon odiava Gaza.

Henrique R disse...

FILHOS DE QUEM?

Por Raul Longo

Varsóvia ou Gaza?
- Gueto!

Raça superior ou Povo Escolhido?
- Nazista!

Judeu ou Palestino?
- Semita!

Câmara de gás ou míssil?
- Genocídio!

George Bush ou Ariel Sharon?
- Adolf Hitler!

Alá ou Jeová?
- Do mesmo parto,
da mesma dor
de uma só mãe
num só rancor.

- A mesma história,
a mesma história,
a mesma história:

Extermínio!
-----
É a mesma história de extermínio.
Há quem diga que a sombra da estrela de Israel que cai sobre Gaza é em forma de uma suástica.
ariel deve se encontrar com hitler agora - quem sabe, agora, se inicie uma onde de civilidade e humanidade entre os povos!

Henrique R disse...

Obrigado pelo brilhante texto, Davis.

Aprendo muito com o que tu escreves.

Davis Sena Filho disse...

Henrique, alma desenvolvida.

Paulo de Tarso disse...

Sensacional Davis, sintetizou esse assassino.

swamy disse...

Bastava escrever apenas isso: "Ariel Sharon era um assassino".

Marta Rocha disse...

Isto todo mundo sabe, Swamy, até os que apoiam o assassino do Sharon; O que todo mundo não sabe são todos os episódios que o talentoso articulista Davis Sena Filho lembrou. Um abraço.