Por Davis Sena Filho —
Blog Palavra Livre
A
direita brasileira não sabe mais o que fazer para rachar o Governo, o PT e seus
aliados. Chegam a ser engraçadas as tentativas de promover a discórdia na base
parlamentar e partidária do Governo trabalhista da presidenta Dilma Rousseff.
Uma pessoa desavisada ou que não acompanhe rotineiramente a política brasileira
certamente, ao ouvir, ler ou ver os comentários de nossos “especialistas”
distribuídos por todos os meios de comunicação de negócios privados, vai
acreditar que o Governo Dilma está em apuros e que sua base de sustentação está
a derreter como sorvete em um dia de 40 graus.
Eduardo Campos tem aliados como Lula, e certamente não vai deixar de ouvi-los. |
É
formidável a nossa imprensa de mercado e completamente alienígena e por isso
irremediavelmente distante quando se trata dos interesses do Brasil e de seu
povo. Primeiramente, os arautos da grande imprensa mercantilista apostaram na
desunião entre a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Repercutiram esse lenga-lenga enfadonho e cínico durante meses,
talvez mais de um ano. Os “pitaqueiros” de direita tentaram, inclusive, mostrar
a presidenta trabalhista como uma pessoa politicamente antagônica a Lula, bem
como uma administradora mais competente, que rejeita acordos políticos e se
recusa a negociar com seus parceiros, que lhe dão sustentação política e
partidária no Congresso, nos estados da Federação e nos municípios. Surreal,
não? Transformam o processo político em simples conchavos de malfeitores, que
somente pensam em benefício próprio.
Absurdo
dos absurdos, mas é o que faz essa imprensa conservadora de propósitos
golpistas e que visa, sobretudo, a dissolução da política e a desmoralização
dos políticos e de seus respectivos partidos perante a Nação. Por intermédio de
uma máquina poderosa de comunicação, a ordem é negativar o que é público em
prol do privado, além de tentar fazer de políticos eleitos apenas fantoches dos
desejos das classes sociais dominantes, ainda mais se tais políticos são
ligados às bases populares, que as elites, equivocadamente, chamam de populistas
e populismo.
Agora a
bola da vez é o governador Eduardo Campos (PSB/PE). Desde 1989, com rara
exceção, o PSB é aliado do PT. Todo mundo sabe disso, até os mortos mais
antigos e os recém-nascidos. Menos o paulista(?) Roberto Freire (PPS/SP), os
tucanos aliados e inconformados de José Serra (PSDB/SP) e a imprensa privada e
seus “especialistas” ferozes, como lobos com fome. O PSB é parte intrínseca do
projeto de governo dos socialistas e trabalhistas do PT. Em sua nomenclatura,
PSB significa Partido Socialista Brasileiro. Ponto. Eduardo Campos busca espaço
em âmbito nacional, o que é legítimo para qualquer político. Contudo, não se
pode confundir sua ambição pessoal com o projeto nacional do qual ele faz parte
desde o início, principalmente a partir de 2003 quando Lula assumiu a
Presidência. Ponto.
Os
porta-vozes da imprensa de direita tentam confundir a classe média, ao dar a
impressão de que Eduardo Campos vai pular do barco trabalhista. Não é bem assim
que a banda toca, para o desespero dos tucanos e de todos aqueles que pensam ou
desejam que aconteça um racha na base do Governo. O PSB é um partido de imensa
importância para seus aliados do PT, do PMDB, do PCdoB, do PDT, do PRB, do PTB,
do PP e do PR. Para quem não sabe, a base do Governo é composta por 14 partidos
dos 19 que compõem o Congresso. Até o PSD, partido conservador do ex-prefeito
paulistano, Gilberto Kassab, põe as barbas de molho, e, tal qual ao PSDB, não
sai de cima do muro.
Os comentaristas,
colunistas e blogueiros do sistema midiático hegemônico compromissado com o
grande capital nacional e internacional são pagos para criar celeumas,
divisões, antagonismos entre os aliados que governam o País. Criticam as
alianças do Governo, de forma sistemática. Mas, quando se trata de ajudar seus
aliados, não medem esforços e conseqüências. O maior exemplo é a novela em que
se transformou o pernambucano, neto de Miguel Arraes, o socialista Eduardo Campos.
Todavia e antes de tudo, Campos tem o dever de olhar para o passado e reviver a
história de seu avô, um dos baluartes da esquerda brasileira e que nunca se
bandeou para a direita. Arraes dialogou com a direita para receber apoio
parlamentar e, consequentemente, montar suas bases aliadas em Pernambuco para
poder governar. Compor politicamente não é se vender e muito menos trair sua
ideologia e seus companheiros de luta e de projeto para o país ou para o estado
que governa.
Eduardo
Campos sabe disso, pois, antes de tudo, tem compromisso com a Nação, bem como
entende que ainda é novo em idade e que pode muito bem, e com o apoio do PT,
ser um futuro candidato à presidência da República. Eduardo Campos é neto de
Miguel Arraes, e conhece muito bem os propósitos inconfessáveis da direita
brasileira e seu principal e mais poderoso porta-voz: o sistema midiático
privado.
José
Serra (SP) — tucano derrotado duas vezes e eleições presidenciais — não vai
dobrar os joelhos tão facilmente. Não é de sua índole e caráter. Serra quer ser
o presidente nacional do PSDB. O cargo é poderoso, pois lhe permite ter
influência e agilidade para visitar os estados e diretórios tucanos em todo o País,
além de ter acesso a um polpudo orçamento, que viabilizará não somente suas
ambições mais prementes, assim como vai lhe servir como trunfo na disputa pela
indicação de sua candidatura à Presidência, ao Governo de São Paulo ou
simplesmente lhe dar visibilidade e poder para participar com desenvoltura da
candidatura do senador tucano Aécio Neves (MG), e, por conseguinte, ter acesso
a cargos, indicar nomes e influir em um possível governo tucano, se o mineiro conseguir
vencer o candidato do PT, evidentemente.
Não
creio que Eduardo Campos, por exemplo, vai dar uma de aventureiro, sem, antes,
ponderar que, por exemplo, o Estado de Pernambuco foi o segundo da Federação
que mais recebeu investimentos, a ficar atrás apenas do Rio de Janeiro.
Pernambuco é um campo de obras e de projetos da estatura da Refinaria Abreu e
Lima, além do Porto e do Pólo de Suape e a indústria automobilística, somente
para ficar nesses, pois são centenas de projetos e programas pequenos e médios,
que reverteram, inclusive, a migração. Pernambuco passou a receber
trabalhadores do Brasil e do exterior, sendo que muitos filhos do tradicional e
histórico estado nordestino retornaram do Sudeste para suas origens.
Orgulhosamente...
A
imprensa burguesa, para variar, aposta na falácia, pois a candidatura
presidencial de Eduardo Campos, a meu ver, trata-se de um fake. Não duvido se
tal candidatura não é uma estratégia para dividir a candidatura direitista, na
pessoa do senhor Aécio, com a cumplicidade e a vontade de José Serra, e, desse
modo, dividir as fileiras do PSDB e enfraquecer o tucano das Minas Gerais, que
é detestado pela cúpula tucano, pelos banqueiros e industriais da Fiesp e
principalmente pela mídia conservadoríssima paulistana, de caráter golpista,
preconceituosa e que, se pudesse, realizaria outro movimento golpista, a
exemplo dos que aconteceram em 1932, 1938, 1945, 1961, 1964 e 2005, quando
tentaram derrubar o presidente Lula do poder.
A candidatura de
Eduardo Campo, no momento, não interessa e não é conveniente aos setores
progressistas e democráticos da sociedade e da política brasileira. A esquerda
não vai se dividir porque a imprensa alienígena deseja e aposta nessas cartas,
que são, por sinal, de mão ruim. O político pernambucano — mesmo se não for
candidato e até mesmo se ficar aborrecido com seus aliados — não vai
abandoná-los, porque seria considerada absurda sua incoerência, ao tempo que
preocupante seu individualismo, ambição e falta de comprometimento com o
projeto trabalhista do Governo, que, indubitavelmente, melhorou, e muito, as
condições de vida do povo brasileiro, bem como elevou o Brasil a um patamar de
respeito no mundo, como nunca tinha acontecido em sua história. A direita vai
ter de procurar outra estratégia para dividir a base do governo. A candidatura
de Eduardo Campos é balão sem ar.
É isso
aí.
5 comentários:
Sem mais.
Eduardo abre o olho, não cuspa no prato...
.
.
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Helder
Se é estratégia para dividir a direita, e a seu ver tem o ódio da imprensa golpista- pricipalmente de São Paulo - é contradizente.
Anônimo
Excelente análise. É por isso que eu não deixo de ler o Palavra Livre.
Já que a Marina não colou vieram com essa
Concordo em gênero, número e grau. É isso aí!!!
Marcos Lúcio
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