Espaço
Bico de Pena
— Blog Palavra Livre
Quanto mais os anos
passam mais me aproximo da minha infância e a reflito no rosto do
meu querido filho, que já tem cinco anos de idade. Olho para seus
olhos de uma pureza profunda e de uma luminosidade e transparência
que me comovem e me fazem ter a certeza que as crianças são anjos
sem asas e alicerces de nossa sobrevivência. Sem a criança na face
da terra, a vida fica sem sentido e a luta de nós, adultos, torna-se
inócua, pífia, sem emoção.
Um abraço e um beijo do
meu filho afastam de mim todos os problemas que tenho: dívidas,
trabalho cansativo e rotineiro, carência afetiva e incompreensões.
É como se o tempo parasse o meu coração de poeta. É como se Deus
desse uma trégua ao meu espírito atormentado e triste. É como se
eu fosse feito de paz e esperança, pois, quando estou com meu filho,
só sinto amor.
Meu temperamento sensível
e minha personalidade forte não permitem que eu tenha paz. Não é
uma questão de postura, de sociabilidade, de arrogância ou
humildade. É uma questão de se encontrar com a simplicidade perante
a vida e os homens. É uma questão de me encontrar com a minha
infância, humilde materialmente e simples espiritualmente. Quero me
encontrar, portanto, comigo mesmo.
Enquanto isso não
acontece, espelho-me em meu filho, por saber que ele é simples,
humilde (sem ser subserviente) e, acima de tudo, amoroso. Pedro
resgata a minha infância. E, por eu conhecer o Pedro, sei que vou
reaprender a ser simples de espírito, apesar de ser até hoje
humilde materialmente.
Davis Sena Filho —
15/05/1996
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