Por Davis Sena Filho — Palavra
Livre
As
diferenças são as essências da condição humana, da humanidade, dos indivíduos e
das individualidades, que convergem quando vivemos em coletividade e sociedade,
porque somos animais racionais, que vivem e se unem para sobreviver, a ter como
combustível principal dessa química a solidariedade, que produz união, e,
consequentemente, a tolerância, a paciência, a resignação, a generosidade, a
compreensão, sendo que todas essas virtudes juntas, formam o amor, que também
se traduz na luta para que os interesses comuns sejam concretizados.
A
humanidade não teria condições de sobreviver se não fosse a solidariedade, que
se baseia no amor e nos interesses comuns de uma nação, de um estado, de uma
cidade, de um bairro, de uma vila, de uma rua e de uma família. Todos estamos
no mesmo barco, que é o planeta Terra, a nave-mãe que nos transporta no
decorrer de toda uma existência por mais curta que ela seja.
Contudo,
a humanidade teima em errar, a trilhar por veredas tortuosas, que sempre
terminam em conflitos morais, religiosos, políticos, ideológicos, sexistas,
étnicos, raciais, de classe social e de nacionalidade. São enfrentamentos que,
aparentemente, são impossíveis de serem solucionados e discutidos, porque,
evidentemente, muitos deles acabam em guerras, tanto no âmbito de nações contra
nações, países contra países, quanto em termos localizados, quando são
deflagrados conflitos violentos, no que concerne às questões religiosas,
étnico-raciais e sexistas, como ocorre, inclusive e até de maneira mais comum e
repetitiva, nos países desenvolvidos, a exemplo de França, Estados Unidos,
Itália e Inglaterra, dentre muitos outros.
Geralmente
as discriminações e preconceitos são demonstrados e efetivados por grupos
sociais dominantes em todas suas esferas, a começar pela família, que é a
representação da sociedade em forma de célula, que, unida a outras células,
transforma-se em sociedade, que, de acordo com seu desenvolvimento e o acúmulo
de riquezas, esta se torna dominante, a criar aparatos de defesa e ataque, bem
como desenvolver instrumentos e ferramentas ideológicas, políticas,
militaristas e propagandísticas.
Esse
conjunto de coisas faz com que se deixe claro a quem circunda pelas fronteiras
das sociedades dominantes ou mesmo àqueles que estão geograficamente longe
delas, que seu valores, princípios e crenças são os que tem de ser seguidos,
copiados, admirados e, por sua vez, impostos, por bem ou mal, aos países e
nações que, porventura, não conquistaram um desenvolvimento socioeconômico, que
as sociedades dominantes conquistaram, sendo que a ter como fundamental o poder
militar e policial, porque é por intermédio da força que os grupos dominantes
das diferentes sociedades deste planeta edificam seus nichos de poder, e,
evidentemente, tornam-se sectários.
Por
serem assim, tal sectarismo passa a funcionar com um instrumento de preservação
dos interesses do status quo, ou seja, das pessoas e grupos que são inquilinos
do pico da pirâmide social. Esta máquina mundial que ordena as castas e
distribui ou concentra as riquezas em âmbito mundial, apresenta-se de várias
formas, em suas diferentes máscaras, mas que no fundo se tornam iguais quando
se trata de manter, a qualquer custo, os privilégios e os benefícios das
classes hegemônicas em todos os países, sejam eles ricos ou pobres.
E
por quê? Porque independente dos valores e princípios que cada diferente
sociedade agrega à sua cultura e modo de viver através do tempo, as classes
dominantes, que detêm em suas mãos os meios de produção e também os capitais
financeiros, além do poder militar, negam-se a distribuir as riquezas
produzidas aos seus povos. As chamadas elites, que existem em todos os grupos
sociais, sejam eles compostos por negros, brancos ou amarelos; muçulmanos,
judeus ou cristãos; budistas ou bramanistas; espíritas ou confucionistas;
comunistas, socialistas ou capitalistas; e homoafetivos ou heteros, não estão
dispostas a, realmente, distribuir as riquezas produzidas por seus povos, ou
seja, pelos trabalhadores, independente de suas nacionalidades.
A
verdade é que os grupos hegemônicos controlam o poder e por causa de seus
benefícios e privilégios fazem tudo para mantê-lo, desde o pequeno proprietário
de uma vila humilde, mas que possui mais bens do que seus conterrâneos, até os
países poderosos, que da mesma forma, só que agora de maneira macro, em termos
mundiais, também se negam a distribuir renda e riqueza e, consequentemente, uma
parcela enorme da humanidade passa necessidades inomináveis, à mercê de
intempéries sociais, econômicas e financeiras.
Questões
que poderiam, com esforço, serem resolvidas ou bastante amenizadas se os
governos, de fato, quisessem, por exemplo, erradicar a fome ou urbanizar todas
as cidades, com saneamento básico e água potável, e, com efeito, diminuir, e
muito, as doenças, o que não seria caro, porque caros são as guerras, o tráfico
e a concentração de renda e riqueza por parte de uma pequena parcela da
humanidade, que teima em viver de forma irresponsável e nababesca, bem como a
financiar e a fomentar conflitos em todo o mundo.
E
por que digo tudo isto, se quero falar de preconceitos, sejam eles com as
máscaras que usarem e se apresentarem? Porque o preconceito religioso,
étnico-racial, de gênero, de nacionalidade, de opção sexual, inclusive contra
os portadores de deficiências, estão enraizados, sobretudo, por causa do poder
econômico, que se multiplica em controles sob os domínios de uma classe
abastada, no que concerne ao controle das terras, das indústrias, dos bancos e
do acesso aos melhores empregos, à saúde e ao ensino de boa qualidade, às casas
e aos bairros confortáveis e organizados, bem como às facilidades para se ter
uma vida social nada tediosa.
Quero
ratificar e reiterar que as discriminações tem fundo econômico, sendo que as de
caráter raciais e de classe social são as ramificações mais visíveis dos
preconceitos, porque o econômico e financeiro não são transparentes e, com
efeito, não demonstrados às claras pelas casas grandes em âmbito mundial, que distorcem
suas opulências para não discuti-las e, consequentemente, disfarçá-las.
As
nações brigam por riquezas, como também as empresas, que, quando se tornam
gigantes, são chamadas de trustes, monopólios, oligopólios, cartéis, que, na
verdade, tem origens nas famílias, que podem até se associar, tornar seus
negócios planetários, mas com alma familiar, e, portanto, provinciana, egoísta
e miseravelmente violenta, porque não conhece o outro, cujos princípios e
valores não lhes servem, sentimentos estes que são os nascedouros dos
preconceitos, que, insofismavelmente, tornam-se colonizadores e imperialistas.
A cara e a alma do poder!
E
por quê? Porque o racismo, a intolerância religiosa, de gênero, de
nacionalidade tem por finalidade manter intactos os princípios e valores dantescos
e draconianos de castas sociais impostas pelo establishment mundial, que atua
em todos os países e civilizações deste mundo. Contudo, há de se perceber que
essa engrenagem ocorre em todas as esferas, desde a família até a comunidade
internacional representada pelos governos das diferentes e irreconciliáveis
nações, que entram em guerra em termos macros, mas sem perder a essência da
alma provinciana e familiar.
O
preconceito e a discriminação são as formas mais terríveis e hediondas que a
humanidade implantou em suas sociedades para beneficiar e privilegiar, através
de milênios, àqueles que controlam as riquezas e que para mantê-las é
necessário subjugar as classes sociais que estão nas bases da pirâmide social.
As formas principais para deixar o outro de joelhos se dão por meio da
propaganda e publicidade, da cooptação das elites dos países menores e, por
fim, pela diplomacia do porrete, que é a guerra, sejam os conflitos entre
nações ou entre vizinhos de uma mesma rua.
Preconceito
e discriminação são a negação do que é humano, da existência, do respeito e do
direito de viver em paz e harmonia. Os preconceitos e as discriminações tem
raízes, e elas são diabólicas porque negam o direito à vida. O domínio
econômico, reitero, é o pai dos preconceitos, bem como a propaganda que
coloniza o imaginário das pessoas, no sentido de elas considerarem aquele por
quem elas são dominadas serem melhores em tudo, bem como civilizados,
democráticos e desenvolvidos. Ou seja, o subjugado admira o subjugador, e,
manso por ter uma mente colonizada, torna-se subserviente e subordinado, assim
como feliz por ser dominado.
Quando
uma pessoa tem a compreensão dessa perversa engrenagem de dominação, bem como
percebe o porquê de viver em condições degradáveis à existência humana, ela se
transforma em um ente humano realmente independente, ou, quiçá, revolucionário.
Mesmo se for pobre, negro e morador de periferia das cidades e dos continentes
do mundo. Os preconceitos e as discriminações tem, principalmente, propósitos
econômicos.
Trata-se
do poder em toda sua essência maléfica e demoníaca. Não é uma questão de choque
de civilizações, como muitos apregoam com desonestidade intelectual e
interesses acadêmicos, políticos, militares e, sobretudo, econômicos. Considero
verdadeiramente uma questão de domínio econômico, tanto na esfera doméstica
quanto em termos mundiais. O preconceito é a negação da vida. É isso aí.
2 comentários:
"Porque o preconceito religioso, étnico-racial, de gênero, de nacionalidade, de opção sexual..." Ops!!! Peraí: o que significa opção sexual??? O verbete optar significa:
1. Escolher, decidir-se por (algo entre várias possibilidades) .Sei que você digitou irrefletidamente, só repetindo esta inverdade. Isto não existe, O que existe para todos, sem esxeções, é condição, característica ou natureza sexual. Quem acredita nesta ilusória hipótese de escolha da sexualidade, sugere, embora inconscientemente, que também pode optar.E não opta pela homossexualidade porquê?Quem (só insano rs) optaria por ser discriminado pelos pais, pela igreja e pela sociedade? Na verdade, todos nós, héteros, homos, bi, assexuados, etc., nos descobrimos com a sexualidade a nós imposta pela natureza, assim como nossa cor de pele, altura, etc. Nada disto é opção, é dado da natureza, lembra???Até hoje não conheci um gay que seja por escolha ou um hétero que seja por escolha, etc. São condições ou imperativos da natureza, sem exceções, pelo menos até agora.Somente os que têm a condição da bissexualidade dada pela natureza, ´q que podem se dar o luxo de escolher.Você conhece algum optante sexual e que poderia escolher, portanto, outra sexualidade?Mas concordo que preconceito de qualquer natureza, além de ignorância ou opinião descabida posto que sem fundamentação acadêmica, é a negação da vida, claro!...afinal vida ou mundo que não se constitui exclusivamente de diferenças e diversidades inexiste.Abraço.
Deculpe a pressa rs...o correto é: exceções.
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