Por Davis
Sena Filho — Palavra Livre
Luiz Inácio Lula da Silva
representa as urgências da sociedade, a se contrapor à restauração do poder
político conservador, ferramenta de supremacia dos interesses econômicos de uma
minoria que controla os meios de produção, as terras, os meios de comunicação
privados e o poder financeiro, por intermédio da banca nacional e
internacional.
Interessa à direita brasileira,
subordinada à plutocracia mundial, estancar o ciclo desenvolvimentista no
Brasil e também na América do Sul, que se deu início no fim dos anos 1990 e
início dos anos 2000, quando políticos progressistas começaram a conquistar a
Presidência da República em vários países das Américas Central e do Sul.
Os quinze anos de avanços sociais
e estruturais em países como o Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela, Chile,
Bolívia, Paraguai, Equador, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, com
interregnos conservadores em alguns países, mobilizou o establishment dessas
regiões de tal forma, que defender os interesses do mercado e reefetivar a
agenda neoliberal se tornou uma obsessão por parte de grupos direitistas mais
radicais.
Setores influentes que não estão
dispostos a negociar com a sociedade, ou seja, com a maioria das populações
desses países, no que diz respeito a permitir que se continue a distribuir
riqueza e renda, mesmo de forma moderada, como tem acontecido, bem como se
contrapõem ao estado como principal agente indutor do desenvolvimento, como
sempre fizeram no decorrer da história, inclusive a promover golpes de estado
contra presidentes socialistas, trabalhistas e desenvolvimentistas.
Trata-se de segmentos ligados umbilicalmente
à plutocracia internacional fomentadora de invasões, guerras e golpes, em suas
diferentes formas. As casas grandes detentoras do dinheiro e, consequentemente,
do poder político controlador do Estado e dispostas a não aceitar o jogo
democrático, como, por exemplo, o que ocorreu no Paraguai, um golpe
"suave" contra o presidente constitucional, Fernando Lugo, ao
contrário do que se sucedeu em Honduras, quando o presidente Manuel Zelaya
foi brutalmente destituído do poder por meio de um golpe militar, em pleno
século XXI e após a redemocratização da América Latina.
A imprensa hegemônica e porta-voz
das oligarquias apoiou a quartelada à moda latino-americana, assim como os
políticos de direita de toda a região se acumpliciaram com o crime praticado
pelos militares e empresários, que sempre se beneficiam financeiramente com a
quebra da ordem institucional e constitucional. Evidencia-se dessa forma draconiana
o poder estatal burguês, atrelado aos interesses das elites dominantes, que
sempre controlaram os estados nacionais.
O estado que sempre serviu ao
patrimonialismo da casa grande e aos interesses da plutocracia internacional, a
verdadeira patroa dos multimilionários da América Latina. O Estado que possui
em seus quadros os juízes, os promotores e procuradores e os policiais, que
farão o trabalho de conspirar e atacar os políticos que não foram cooptados
pelo status quo, ao tempo que efetivam programas e projetos de apelos
populares, pois são ações de inclusão social, que promovem a igualdade de
oportunidades.
Evidentemente quando se inclui e
se dá oportunidades aos mais pobres, aos que são hereditariamente e
historicamente excluídos, aos que podem menos, porque não tem acesso à boa
escolaridade, além de não ter influência política e econômica, os avanços
sociais são visíveis. Dentre o conjunto de principais avanços constam a
instrução, o conhecimento e o saber.
Quando uma sociedade, por
intermédio de seus governos e governantes, permite, e mais do que isto, exige
que a população se instrumentalize para se tornar emancipada, tal sociedade se
torna livre, porque ser livre é ter consciência do que é justo e injusto, legal
e ilegal, democrático e antidemocrático e verdadeiro ou falso.
A conscientização e a emancipação dos povos são conquistas que a plutocracia não quer, ao tempo que sempre irá combatê-los, inclusive com suas máquinas de guerras, como ocorre, agora, na Síria e em todo o Oriente Médio, Norte da África e no leste europeu, com destaque para a Ucrânia, que hoje está nas mãos de políticos golpistas, de ideologia nazista e apoiados pelos Estados Unidos.
A conscientização e a emancipação dos povos são conquistas que a plutocracia não quer, ao tempo que sempre irá combatê-los, inclusive com suas máquinas de guerras, como ocorre, agora, na Síria e em todo o Oriente Médio, Norte da África e no leste europeu, com destaque para a Ucrânia, que hoje está nas mãos de políticos golpistas, de ideologia nazista e apoiados pelos Estados Unidos.
E é exatamente o que acontece, em
termos políticos, partidários e eleitorais com o ex-presidente e político
trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva, que está a ser colocado à força, em um
garrote vil, pela máquina judiciária estatal e pela mídia dos magnatas
bilionários de imprensa, moedora de reputações alheias, cuja intenção é
sufocá-lo até matá-lo politicamente, por meio da desqualificação e
desconstrução de sua imagem como cidadão e político.
Trata-se da imolação e do
linchamento público de um político notável, de esquerda e carismático, que saiu
das raízes do povo brasileiro para assumir por oito anos o maior poder da
República, bem como elegeu também por mais oito anos sua sucessora, Dilma
Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, além de ter vindo das
fileiras da esquerda revolucionária, que optou por combater a ditadura militar
pela força das armas.
Essas realidades juntas, além de
Lula ser um competente formulador político, estrategicamente quase perfeito,
assim como dono de um discurso simples ao tempo que complexo, porque
compreensível para o povo, por ser direto e baseado em figuras de linguagem,
que levam o povo a pensar, a conjecturar, a ponderar e a fazer comparações
sobre o que sua vida é no presente, como foi no passado e o que pode ser no
futuro.
Ademais, o discurso de Lula, um
dos melhores e maiores oradores produzidos pelo Brasil em todos os tempos, faz
os inquilinos da casa grande perceberem que a retomada da agenda neoliberal
terá de enfrentar uma barreira poderosa se o estadista trabalhista for eleito,
em 2018, presidente da República pela terceira vez.
É tudo que o sistema de capitais,
que vive de renda, aplicações e jogatinas em bolsas de valores e bancos não
deseja, bem com tudo fará para criminalizar o presidente mais popular da
história do Brasil, juntamente com Getúlio Vargas, o civilizador das hordas
empresariais e comerciais selvagens deste País, que escravizaram seres humanos
por 400 anos.
O propósito é impor novamente o
neoliberalismo, que de maneira incipiente teve o caçador de marajás e hoje
senador, Fernando Collor, como seu patrono, mas que tomou força e se tornou
amplo no governo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, aquele que
desmantelou o Estado nacional e entregou o Brasil e seu povo às aves de rapinas
da América do Norte e da Europa.
Estados belicosos que financiam
grupos terroristas como o Estado Islâmico, criaturas que depois se voltam
contra os países colonialistas, seus criadores, que insistem em resolver suas
demandas geoestratégicas e econômicas a invadir, bombardear e matar populações
inteiras, em massa, ainda mais quando se trata de países e nações
historicamente não alinhadas com as potências do ocidente, a exemplo da Síria,
da Líbia e do Iraque.
Aliás, todas essas guerras e
tragédias tem origens no Iraque, que está a ser roubado pelos trustes dos
Estados Unidos, Inglaterra e França, além de outros países menos importantes,
que estão a tremer por temer virar alvos de terroristas, que se explodem, em
uma fúria desumana, pois fanática, que chega às raias do satânico.
Contudo, a realidade é esta; e o
maior culpado desse banho de sangue e violência são, sem sombra de dúvida, os
Estados Unidos — o cowboy da diplomacia do porrete. Quem com ferro fere, com
ferro será ferido. Quem planta vento colhe tempestade. Você colherá o que
plantar. É a lei do retorno. A lei infalível. A Lei de Deus.
O mesmo Deus cujo nome é usado em
vão por homens e mulheres que se tornam insofismavelmente diabólicos por
defenderem causas políticas e religiosas, bem como por mandatários ocidentais
de estados imperiais e colonialistas, que insistem em matar e roubar àqueles
que discordam de seus valores e interesses, ou seja, não leem por suas
cartilhas. Ponto.
Lula está a atravessar uma ponte que está a
balançar, porque terá de enfrentar, sem estar no poder, os diferentes grupos
que hoje lhe combatem, sem trégua e sem lhe dar água. Sua luta não se resume a
apenas mobilizar as forças populares organizadas na sociedade civil, que sempre
apoiaram-lhe e deram-lhe sustentação política e garantiram-lhe votos, inclusive
em setores importantes e emblemáticos da classe média, que hoje, em sua
maioria, faz-lhe oposição feroz, intolerante e até mesmo sem discernimento das
realidades.
A verdade é que o político do PT está em uma
encruzilhada e necessita reverter esse quadro de desconstrução que tem por
finalidade destruí-lo como ser moral e político. Para isto, a mobilização tem
de ser grande, consistente e sistemática. Do contrário, os conservadores
voltarão a conquistar o poder e impor, mais uma vez, suas agendas e seus
projetos neoliberais, que no passado levou a América Latina e o Brasil à
bancarrota, mas que privilegiou os ricos, os bilionários, os países
desenvolvidos e os trustes internacionais e nacionais.
Esses grupos de dominação e rapinagem estão
desesperados. A ascensão ao poder de mandatários progressistas na América
Latina diminuiu as remessas de lucros para o exterior, dívidas externas
foram saldadas e, com efeito, a qualidade de vida dos povos ricos caiu, como
comprovam as crises que abateram suas economias, a partir de 2008.
Impedir que um político de esquerda, trabalhista e
compromissado com as camadas populares de uma Nação poderosa como o Brasil é
uma questão imperiosa para a direita plutocrata e de alma sectária como a
brasileira, que, subalterna e submissa, trabalha para as estrangeiras, a fim de
receber migalhas em forma de favores nunca explicitados por seus jornais,
rádios e televisões. Jamais expostos ao público sobre seus reais interesses e
desejos.
Levar Lula ao garrote vil da política é a mesma
coisa que impedir o Brasil de avançar, principalmente no que concerne à
independência do País em todos os setores e segmentos, inclusive o militar.
Destruir o Lula é subordinar o Brasil aos ditames neocolonialistas. E por quê?
Porque não emancipar a Nação representa manter privilégios e benefícios de uma
casta que deixou há muito tempo de ser brasileira, porque se estrangeirou e se
colonizou de tal forma que hoje demonstra, inquestionavelmente, que odeia o
Brasil e seu povo.
Colonizar-se para submeter-se requer distanciamento
emocional do Brasil e da brasilidade. Requer ainda se afastar para não
compreender as necessidades, os desejos e os sonhos dos brasileiros — do povo.
Colonizar-se e se tornar escravo da vontade de outros países ou de uma casta
rica é permitir, e mais do que isto, apoiar o atraso e o retrocesso, na forma
de eliminar da vida da Nação brasileira a legislação trabalhista, não
regulamentar a Constituição, bem como emendá-la para atender anseios
antinacionais e antipopulares.
Deixar ser dominado é acabar com a valorização do
salário mínimo, vender a Petrobras ou entregar o Pré-sal, assim como prejudicar
a aposentadoria dos trabalhadores para que as classes dominantes e os credores
possam receber dinheiro sem se preocupar se vai recebê-lo. Ser dominado é
extinguir o Bolsa Família, o maior e mais competente programa de inclusão
social do mundo, além de dar fim a projetos de igualdade de oportunidades, como
o Ciência sem Fronteiras, o Fies, o ProUni, o Enem, o Pronatec e o Sisu, todos
ligados è educação e ao ensino, que permitem que milhares de pessoas pobres e
negras se integrassem à sociedade, porque só a educação integra e liberta.
Além disso, tem ainda as questões relativas à diplomacia
internacional, que levou o Brasil a outros patamares e o tirou da condição de
país de segunda linha em termos mundiais. A direita por não pensar o Brasil, o
quer na posição de vagão e não de locomotiva. Sendo assim, a casa grande
continua com sua vidinha de privilégios e sectarismo, a fazer do Brasil um
clube para atendê-la e deleitá-la. É isto mesmo. Não se engane. E Lula é a
continuidade da diplomacia independente e não alinhada, bem como voltada a
cooperar com os países de outros continentes e regiões.
Não se pode esquecer que foi nos governos petistas
e trabalhistas que os pobres e a classe média passaram a ser consumidores de
forma plena. Por sua vez, as obras de urbanização e de infraestrutura que
aconteceram e acontecem aos milhares em todos o Brasil geraram mais de 20
milhões de empregos, porque fez a roda da economia girar. O Brasil ainda se
tornou anfitrião de mais de dez megaeventos internacionais e, por seu turno,
referência turística e geográfica no mundo.
O envolvimento do Brasil em grupos econômicos e
políticos, além do fortalecimento dos já existentes, faz do poderoso País da
América Latina, dono de um mercado interno gigantesco, alvo do establishment
mundial, que deseja impor seus interesses por meio de seus blocos econômicos,
como a Alca e a UE.
A criação do Brics e de seu bilionário banco, a
efetivação do G-20, que hoje é mais importante do que o G-7 ou G-8, o
fortalecimento do Mercosul, da Unasul e as relações Sul-Sul, em termos
hemisféricos, entre o Brasil e os países africanos e asiáticos deram uma
percepção positiva e de respeito por parte da comunidade internacional, no que
se refere à potência sul-americana de língua portuguesa.
O "País tropical, abençoado por Deus e bonito
por natureza", conforme a música de Jorge Benjor, transformou-se na sétima
maior economia do mundo, mas que continua a ser visto pela sua colonizada,
provinciana e subalterna classe dominante como um País menor. Lula nunca pensou
assim, e mostrou como se faz um País crescer, porém, sem esquecer de que o sol
nasce para todos e não apenas para alguns apaniguados da sorte e beneficiados
na vida, que pensam que governar é para a minoria se divertir, deleitar e
refestelar.
Por tudo isto que foi dito é que Lula está agora no
garrote vil. E a bronca é grande e violenta. Essa gente pequena está a se
esmerar em suas perversidades, maledicências e golpes. Vão se conduzir como
bárbaros fora do poder até o fim, que são as eleições de 2018. O sistema de
capitais e a oposição partidária querem destruir o presidente mais popular da
história do Brasil e o mais respeitado e conhecido no exterior. Apesar dessa
realidade, a casa grande quer tratar o Lula como seu empregado e matá-lo por
intermédio do garrote vil. É isso aí.
6 comentários:
Artigo maravilhoso, Davis. Nada a acrescentar.
Lula entra num bordel, senta-se no balcão do bar ao lado de uma linda garota de programa e diz:
- Sou o presidente de todos os brasileiros, preferido de 70% dos eleitores e aclamado para resolver todos os seus problemas. Quanto você quer para passar uma noite comigo?
Ela responde:
- Se o senhor conseguir fazer o seu pênis crescer como fez com os juros, e mantê-lo duro como estão todos os brasileiros, levantar minha saia como está fazendo com os impostos, baixar minha calcinha como está fazendo com os salários, mudar de posição como mudou na sua vida política, e me foder com tanto jeitinho como está fodendo o povo brasileiro... É DE GRAÇA!'.
Quem te pariu no bordel foi tua mãe, Jorge Coxinha Marcelo.
Disto você entende, tucanalha burro.
Foi assim que sua mae te concebeu!
Davis, parabéns, artigo fundamental e incrivelmente lúcido para se entender a conjuntura brasileira, a internacional e o por que de o Lula ser tão essencial para a continuidade do projeto de desenvolvimento do Brasil e da América Latina. Sua compreensão sobre política externa, política brasileira e a posição de Lula neste xadrez politico é formidável. Te parabenizo novamente. Artigo para ser repercutido e lido aos mais jovens para eles aprenderem ver o que está por trás do sistema que impõe miséria, pobreza ao povo e a desvalorização do nosso país. Parabéns!
Admirável seu texto. E o interessante é que você tem a capacidade de mudar de assunto sem perder a concatenação de idéias. Já tinha percebido isto, pois o leio desde os tempos do Jornal do Brasil. Raro é o escritor que consegue fazer isto. Inclusive os profissionais de imprensa. Sua explanação é lúcida, corajosa e de uma humanidade que emociona.
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