Por Davis Sena Filho — Palavra Livre
Sempre
considerei um absurdo, ao tempo que hilário o cinismo e a hipocrisia da casa
grande quando se trata de pagar os impostos devidos. Diga-se, uma casa grande
que historicamente incorre em crime de sonegação de impostos, que lava dinheiro
em "paraísos" fiscais e faz do Brasil um dos países campeões de
pessoas que tem dinheiro no exterior, sem, no entanto, ser justificado perante
a Receita Federal. O caso HSBC, que a imprensa empresarial e seletiva abafa e
blinda, está aí para comprovar.
O
grande empresariado brasileiro, que nunca ganhou tanto dinheiro como aconteceu
nos governos trabalhistas de Lula e Dilma, reclama de barriga cheia e protesta
a bater em suas panelas de marcas, a fim de apoiar um golpe contra a mandatária
que, juntamente com Lula, fomentou a economia interna, criou empregos,
financiou empresas e trabalhadores e fez com que o Brasil, no decorrer de seis
a oito anos, experimentasse um processo de crescimento econômico, com inclusão
social, nunca visto antes neste País.
São
empresários que apoiam as sandices e as irresponsabilidades de conspiradores
golpistas do Congresso Nacional e de setores da Justiça, do MP e da Polícia
Federal, que estão compromissados com o crime de golpe, com uma nova cara — a
cara dos "novos" tempos, que se traduzem em chicanas criminosas, que
visam derrubar uma presidente que teve 54,5 milhões de votos, nunca incorreu em
crimes comuns e de responsabilidade e, evidentemente, um dos mandatários
brasileiros que mais combateram a corrupção, investigou corruptos e corruptores
e os prendeu. Esta é a verdade factual e não os fatos manipulados e mentirosos
que vicejam na imprensa meramente de mercado. Ponto.
Contudo,
como afirmo no título deste artigo, "CPMF, Casa Grande, Lula, Gilmar, Cristiane Brasil e ordem democrática", como o faz simbolicamente o
empresariado paulista por intermédio do "Impostômetro", implantado na
Praça da Sé, em São Paulo, como forma de manipular a consciência coletiva e o
imaginário da população, que, certamente, não tem ideia do que realmente
acontece, porque, espertamente e sorrateiramente, a classe dominante brasileira
jamais criará um "Sonegômetro", que, de acordo com a Receita, a
sonegação é um crime de autoria dos colarinhos brancos, em valores bilionários,
que transformam a cobrança de impostos por parte do Estado nacional em esmolas,
que tem por finalidade realizar investimentos no Brasil.
Envolvida
até as raízes dos cabelos em corrupções e sonegações, a burguesia, dona dos
meios de produção e de comunicação, abre um berreiro sem fim contra a cobrança
de impostos, como o faz com a CPMF, imposto sobre o cheque, de valor baixo em
relação a outros impostos, mas que tem uma característica peculiar, e,
portanto, não se deixe enganar: a CPMF é um imposto que incide principalmente
nos bolsos dos ricos, evidencia transparência às movimentações bancárias e
facilita descobrir a sonegação de impostos, que no Brasil é gigantesca e
causada principalmente pelos ricos e a classe
média alta.
Influenciada
pela má-fé das mídias privadas, parte importante da população se volta contra a
CPMF, quando a verdade tal imposto vai incidir, se aprovado pelo Congresso, em
0,2%, uma alíquota bem menor de quando a CPMF foi extinta, em 2007, que era de
0,38%. O imposto visa arrecadar R$ 32 bilhões em quatro anos, por meio de
transações bancárias. A CPMF foi criada pelos tucanos, em 1997, bem como a
reeleição para presidente é obra do PSDB e DEM. Para prejudicar a arrecadação
do Governo Lula, a oposição, juntamente com setores do PMDB, conseguiu retirar
bilhões de reais da Saúde, bem como evitou que a Receita e outros órgãos de
fiscalização do Estado pudessem, com maior facilidade, rastrear as
movimentações bancárias do grande empresariado, useiros e vezeiros em sonegar e
enviar fortunas não declaradas para o exterior.
A
oposição partidária mente, bem como a imprensa comercial e privada quando se
trata da CPMF. E aí fica a classe média coxinha a falar besteiras sobre o
imposto, enquanto paga diariamente, em São Paulo, R$ 23,00 somente de pedágios.
A volta da CPMF é útil, racional e uma saída plausível e factível para que o
Governo arrecade e não coloque em risco a Previdência Social e o pagamento de
aposentadorias de cidadãos brasileiros que trabalharam a vida inteira. O resto
é balela, confusão premeditada para que as pessoas se posicionem contra a cobrança
do imposto mais justo e transparente de todos os impostos, porque,
indelevelmente, marca como tatuagem as movimentações financeiras e bancárias
dos ricos e dos muito ricos, que, seguramente, gostariam muito de ficar livres
de fiscalização sobre seus negócios, ilegais ou não.
Além
do mais é salutar frisar para não deixar dúvidas, a oposição é irresponsável e
logicamente vai criar marolas e alardear que a cobrança de impostos é um
disparate, uma coisa monstruosa. Só que se trata de uma oposição que não é
séria, pois conspira há 11 meses em favor de um golpe contra a mandatária
petista legalmente constituída. Contudo e apesar de tudo, o Ministério da
Fazenda anunciou um corte orçamentário de R$ 26 bilhões, o que significa que o
Governo Trabalhista e Democrático tem disposição para cortar na própria carne,
sem, entretanto, retirar dinheiro da Educação, da Saúde e dos programas
sociais, como alardearam, com má-fé e de forma mentirosa, a imprensa
empresarial e o PSDB do DEM.
O
poder republicano quer, na verdade, estabelecer o equilíbrio nas contas, no ano
de 2016, porque pretende arrecadar R$ 64,9 bilhões, já que a finalidade é reverter o déficit de R$ 30,5
bilhões, e, com efeito, fechar as contas com superávit. É básico. Tanto o é que
tais atitudes governamentais restabeleceram a confiança dos diversos mercados.
Ponto. Só quem não percebe esta realidade é a oposição partidária e a imprensa
empresarial, por motivos de serem oposição, bem como os coxinhas de classe
média, porque, realmente, baseiam-se no pensamento patronal de Miriam Leitão,
Carlos Alberto Sardenberg e "comentaristas" de prateleiras do gênero.
Durma-se com um barulho desses...
Todavia,
a grande dor dos ricaços e dos bilionários é a Medida Provisória 675/2015. A
matéria dispõe sobre o aumento de 15% para 20% da alíquota da Contribuição
Social sobe Lucro Líquido — a CSLL. A contribuição é cobrada junto às
instituições financeiras, o ramo mais lucrativo do planeta, que convive com os
rentistas, sonegadores, traficantes, contrabandistas e toda a fauna que vive do
lucro fácil e de remessas ilegais de grandes somas de dinheiro, que não se
transformam em benefícios sociais para o povo brasileiro e para as populações
de todas as nações. Além disso, o Governo Trabalhista não vai mais fazer as
desonerações de tributos concedidas nos últimos anos ao empresariado de
inúmeros ramos.
As
desonerações permitiram fomentar, aquecer a economia interna, o que redundou em
um crescimento exponencial do consumo, que, por conseguinte, favoreceu a
criação de milhões de empregos. Só que a festa acabou, porque ficou mais do que
comprovado que os empresários que ganharam muito dinheiro, com o apoio do
Governo Trabalhista, não deram a contrapartida e, simplesmente, e apesar da
crise que é internacional, sabotaram o Governo por meio do aumento exorbitante
de preços, que inflacionou a economia. Por sua vez, a inflação de hoje ainda o
é bem menor do que a deixada por Fernando Henrique Cardoso, que saiu do poder
com uma inflação de 12,5%. A direita golpista se esquece disso. E sabe por quê?
Porque ela sofre de amnésia de conveniência crônica. Só isto.
O
andar de cima da sociedade tem de pagar mais; e vai. E por quê? Porque, além de
CPMF, que poderá voltar, o Imposto sobre Grandes Fortunas é um tema que consta
na Constituição e que ainda não foi regulamentado e, obviamente, não o foi
porque existe uma base parlamentar no Congresso que trabalha, indubitavelmente,
para os ricos. Não há dúvida. Tal imposto, que também é justo tanto quanto à
CPMF, é de autoria de Fernando Henrique Cardoso de quando o Neoliberal I era senador.
A vida, às vezes, nos surpreende, não? Pois é, o Governo Trabalhista anunciou
que vai efetivar o imposto para os milionários e bilionários que são,
completamente, distantes dos problemas e dos interesses do Brasil e de seu
povo.
As
cobranças e o recolhimento de impostos não acabam por aí, bem como o é uma
incomensurável mentira que o Brasil está entre os países que mais cobram
impostos. Mentira, mil vezes mentira, dos porta-vozes dos ricaços, a imprensa
dos magnatas bilionários, que o são realmente bilionários e, evidentemente,
contrários à CPMF e ao Imposto sobre Grandes Fortunas. Por este motivo o ódio,
o desespero e a determinação para criminalizar e desqualificar o PT, a
política, o Governo Trabalhista e o ex-presidente Lula, virtual candidato do PT
à Presidência em 2018. A burguesia não quer arcar com nada. Ela quer apenas ter
o controle do Estado nacional para transformá-lo novamente em patrimonialista,
além de instrumento de seus interesses. Ponto.
A
verdade é que as tentativas sistemáticas de golpe contra a presidenta Dilma
Rousseff começaram logo após sua vitória eleitoral, o que me leva a dizer que
faz 11 meses que a oposição partidária, liderada pelo PSDB, bem como a
empresarial, ainda não desceram do palanque. Essa gente derrotada nas eleições
e extremamente antidemocrática se recusa a descer do palanque, porque
acostumada a transformar a rotina dos brasileiros em um verdadeiro pandemônio,
pois se movimenta por todos os escaninhos da República — do TSE à Receita, da
PGR ao STF —, que possam, efetivamente, legalizar o golpe, com a cooperação,
insofismável, dos magnatas bilionários de imprensa, que são doutores honoris
causa em dar golpes contra presidentes e criminalizar seus adversários políticos.
E
por que essa gente não desiste do "terceiro turno" eleitoral, o mais
longo da história da humanidade? Respondo: Porque o problema não é mais a
presidenta Dilma Rousseff, que não vai cair e nem permitir que a derrubem. A
questão é mais profunda e complexa. A direita brasileira percebeu que após o
fim do mandato da petista, quem poderá disputar a eleição vai ser o
ex-presidente Lula, o maior líder popular da América Latina, o mais conhecido internacionalmente
e o chefe de Governo e de Estado que saiu do poder com 83% de aprovação, sendo
que 13% da população consideraram seu governo regular, o que dera ao líder
trabalhista a estratosférica aprovação de 96%, ou seja, maior do que os índices
de aprovação do presidente da África do Sul, Nelson Mandela, quando este estava
no auge de sua popularidade.
A
direita herdeira da escravidão sabe disso, e quer apagar da memória do povo os
avanços sociais experimentados por ele na Era Lula. Impossível, porque quem
sofre na carne a dor do desemprego, da fome e da falta de oportunidades, como
ocorreu na Era FHC, não esquecerá jamais. Se o PSDB se acha tão bom e apto a
governar, então, por que não cuidou do povo quando esteve no poder? Não cuidou
porque é o partido que governa para os ricos e para a plutocracia em âmbito
mundial. Além disso, luta para manter a hegemonia de classe intacta, para o
todo e sempre.
O
PSDB é o partido da burguesia e tomou o lugar, na história, da UDN de Carlos
Lacerda. Se duvidas verifique as votações dos parlamentares tucanos e seus
aliados quanto aos direitos da sociedade, dos trabalhadores e dos interesses do
Estado brasileiro. O leitor, acredito eu, não ficará surpreso, mas, obviamente,
perceberá que o PSDB e o DEM — o pior partido do mundo e herdeiro sanguíneo da
Arena se posicionam, sistematicamente, contra a emancipação do povo trabalhador
e a independência e autonomia do Brasil.
É
verdade. Se não o fosse, não haveria necessidade de a direita se reorganizar em
torno de apenas um assunto: o impeachment de Dilma Rousseff, ao tempo que,
incompetente e programaticamente vazia, não apresenta qualquer proposta social
e econômica para valorizar os trabalhadores e desenvolver o Brasil, com
inclusão e justiça social. A direita deste País, onde homens e mulheres foram
escravizados durante 350 anos, é um câncer alimentado pelas mídias privadas dos
magnatas bilionários de imprensa.
Dito
pelo não dito, eu acredito também que as pessoas que não sabem dessas
realidades que se apresentam a um palmo de seus narizes são os coxinhas
analfabetos políticos que ficam a escrever e a falar impropérios pela internet,
além de bancar os histéricos nas ruas, com ares de Mussolini, sem se preocupar
com os papéis ridículos de bufões e fanfarrões, como se estivessem a se
apresentar em um circo de quinta categoria. Contudo, e apesar de tudo, a casa
grande tem esta compreensão e por causa disto quer o impeachment de Dilma para
enfraquecer a candidatura Lula.
Um
exemplo pontual e reflexivo, que não deixa dúvidas sobre as intenções de
essência antidemocrática e ditatorial da "elite" brasileira, de seus
porta-vozes e representantes é a deputada federal, Cristiane Brasil (PTB/RJ),
filha do delator e pivô do "mensalão", Roberto Jefferson. Falo do
"mensalão", o do PT, que nunca foi judicialmente comprovado, bem como
o do PSDB, o mais antigo, que até os dias hoje não foi julgado, porque temos
uma Justiça incrivelmente seletiva, e, por sua vez, não confiável, pois está a
demonstrar, nos últimos anos, que tem lado, preferência, cor ideológica à
direita e partido preferido. Surreal, mas é o que acontece no Brasil, onde a
oposição de direita tem grande predileção por golpes à moda paraguaia.
Cristiane
Brasil, a "diva" dos "velhinhos e velhinhas", no Rio de
Janeiro, num dia desses apresentou projeto que trata da proibição a
ex-presidentes, ex-governadores e ex-prefeitos de se candidatar, mesmo que de
forma intercalada ou descontinuada, como o é o caso de Lula. Parlamentar
carioca de verve agressiva e tradição lacerdista, Cristiane sente um ódio
visceral pelo PT e por suas lideranças, à frente e como alvo de sua cólera
política, ideológica e de classe social o ex-presidente-operário, que mudou o
Brasil para sempre, porque foi em seu governo que o poderoso País de língua
portuguesa se tornou importante e influente em termos mundiais, bem como saiu
do mapa da fome e criou oportunidades de ascensão social para os pobres e seus
filhos.
Aproveito
este fato político e pitoresco para fazer uma indagação: Se Lula é tão ruim
assim para o País, como certamente considera a filha do Roberto Jefferson, e
sua figura humana e conduta moral são tão questionadas pela burguesia e pequena
burguesia (coxinha de classe média), por que, então, um ex-presidente é tão ou
mais atacado do que a própria presidenta da República, mesmo ele a estar sem
mandato?
A
resposta é fácil e óbvia, porque Lula é líder popular de grandeza rara, que
acontece, e se acontecer, de cinquenta em cinquenta anos na história de todas
as nações. Tal qual a Lula o foi Getúlio. Por causa disto, o status quo
brasileiro, mais uma vez, esforça-se para destruir quaisquer oportunidades que
o político socialista e trabalhista possa ter, no que diz respeito a conquistar
novamente o poder máximo da República.
A
deputada Cristiane Brasil não é um gênio da estratégia política. Longe disso.
Ela apenas replica o secular reacionarismo e autoritarismo das classes
dominantes antidemocráticas, que não aceitam o poder popular e reagem
violentamente quando são derrotadas nas urnas. Parece repetitivo, mas não o é.
Enquanto o Poder Judiciário e o Ministério Público não compreenderem que
trabalham para a Nação e não apenas para grupos sociais hegemônicos, o Brasil,
o povo e a democracia vão correr riscos, que podem acabar em golpes de estado.
O
problema desta deputada ideologicamente conservadora é a falta de seriedade dos
seus atos em relação ao seu projeto de cassação de Lula. Vamos aos fatos:
primeiro ela reconhece quando o texto de sua mal elaborada proposição,
"singelamente", assevera: "Ademais, um candidato recorrente
possui uma vantagem desproporcional e desleal sobre os seus adversários,
visto que este já possui um nome e um legado já conhecido pelo povo".
Não é uma piada sem graça? Uma desfaçatez e insensatez, de fundo maldoso e
sectário tais palavras da deputada?
Então,
vejamos: Lula é "culpado" por ser um personagem importante da
história do Brasil e ter um legado político, social e eleitoral. Por ter este
legado, o líder trabalhista o é também "desleal", de acordo com a
deputada carioca, de apenas 41 anos, e que não faz a menor ideia do que é
inflação, porque era muito jovem na época inflacionária, bem como não sabe o
que é viver em uma ditadura, porque, evidentemente, em 1985, quando o último
general saiu do poder, Cristiane Brasil era uma menina de cerca de dez anos.
Contudo,
continuemos. Além de querer cassar a candidatura Lula, porque seu projeto foi
elaborado, inquestionavelmente, para cassá-lo, a deputada do Rio de Janeiro não
é flor que se cheire, porque nas eleições de 2014 foi detida por fazer boca de
urna a favor de Aécio Neves, o que denota crime eleitoral. Agora, ela também
idealizou um Movimento Pró-Impeachment, de essência golpista. Porém, a
patuscada não acaba aí. O abaixo assinado é uma fraude, porque a pessoa pode
assinar, na plataforma change.org,
quantas vezes quiser, a usar outros nomes, pseudônimos e apelidos.
O
leitor considera este fato honesto? Por seu turno, a nobre parlamentar, autora
da PEC Anti-Lula, apresentou 181 assinaturas favoráveis. Todavia, a verdade nua
e crua é que 24 assinaturas são repetidas e três não conferem. Agora vamos à
pergunta que se recusa a calar: a deputada está a ser séria? Com a resposta o
cidadão. Por sua vez, não restam dúvidas: Cristiane Brasil tem um
"bom" professor, cujo nome é Roberto Jefferson.
O
poder público enfrentar empresários de comunicação é uma coisa. Enfrenta-se, e
pronto! Porém, a chefe de Estado e de Governo, juntamente com sua equipe ser
sabotada, boicotada e enfrentada por juízes, promotores, procuradores e
policiais federais que se aliam a partidos de oposição, a maioria de ideologia
e propósitos conservadores, é uma afronta à Nação e àqueles que acreditam que o
Estado nacional tem de ter servidores republicanos e que não fazem política, a
exemplo do juiz Gilmar Mendes, que abusa de seu cargo e exerce suas funções em
combate constante aos governos trabalhistas.
O
magistrado Gilmar Mendes é a herança maldita de Fernando Henrique Cardoso — o
Neoliberal I —, porque reincidente em extrapolar o que é de sua
responsabilidade. Sua conduta é lamentável, pois exemplarmente mostra à
sociedade como tal cidadão é seletivo em seus pensamentos e julgamentos, e, com
efeito, perigoso à democracia, às instituições e ao Estado Democrático de
Direito, conforme reza a Constituição. A atuação e a conduta do condestável
magistrado se equivalem a um tapa na cara da cidadania. Gilmar joga pesado e
não se faz de rogado... Ele trabalha diuturnamente contra o PT, o Governo
Dilma, persegue Lula e tem relacionamento estreito com as lideranças do PSDB.
Gilmar, inadequadamente, intervém na política brasileira.
Voltemos
ao Lula. A verdade é que eu nunca tinha visto um ex-presidente ser tão
duramente atacado e da forma mais desrespeitosa e virulenta possível. Acredito
em um mínimo de civilidade, a fim de permitir que políticos de pensamentos
antagônicos possam dialogar e, por conseguinte, evitar a ruptura institucional
e preservar a ordem democrática. Contudo, a direita deste País não serve a ninguém,
porque acostumada a somente ser servida através dos séculos. Ela não negocia e
aposta sempre no golpe, mesmo se o golpe custar caro à integridade moral do
País, bem como à sua economia. Não importa. O que importa à burguesia é a
conquista do poder, seja da maneira que for e tiver de ser. Tomar conta do
Estado nacional é a meta; e fazer dele um instrumento de negociação
patrimonialista é restabelecer o poder perdido há 13 anos. O Estado para poucos
e a serviço da riqueza da casa grande deste País.
Essa
postura histriônica se repete mais uma vez no Brasil, porque aconteceu com o
estadista gaúcho Getúlio Vargas, que, em 1945, auto-exilou-se em sua fazenda,
em São Borja, no Rio Grande do Sul, bem como, longe das decisões da República,
tornou-se alvo constante de ataques da UDN e da imprensa alienígena dos
magnatas bilionários da época, que, como os de agora, atacam Lula, porque, a
despeito das diferentes gerações, não esquecem os presidentes trabalhistas
jamais. Os ricos não dividem e é por isto que eles são ricos. Sempre foi assim
na história da humanidade e muita gente foi morta por tentar dividir
ao invés, como querem os ricos, apenas somar e multiplicar.
Por
isto que acontece a sonegação desenfreada da burguesia brasileira. Você ser uma
pessoa rica e ter uma conta bancária gorda é uma coisa. Agora, sonegar impostos
é crime, porque quem sonega passa a prejudicar o desenvolvimento do que é do
público, que se transforma em saúde, educação, moradia, urbanização, segurança,
consumo, emprego, ou seja, melhores condições de vida. Então se conclui que o
sonegador é um criminoso, na verdade um bandido perigoso e que, certamente, sua
moradia deve ser a cadeia.
Se
pesquisarmos ou falarmos de todos os escândalos de sonegação de empresários ou
até mesmo de coxinha de classe média alta, este texto não teria fim. Então cito
apenas o caso de corrupção do HSBC, em que estão envolvidas muitas pessoas de
bolsas e bolsos forrados por notas de euros, dólares e reais depositados em
paraísos fiscais, evidentemente sem o "conhecimento" da Receita
Federal e do TCU, que tem ministros questionados em suas honorabilidades, a
exemplo de Aroldo Cedraz e Augusto Nardes, dois sujeitos ligados ao DEM e ao
PSDB, que fazem, frontalmente, oposição ao Governo Trabalhista de Dilma
Rousseff.
A cólera,
a patifaria e a perseguição gracejam pelos quatro cantos deste País e continuam
suas trilhas desditosas, a passos largos e a reverberar na sociedade
brasileira, grande parte enganada, porque não é devidamente instruída e
informada, que a CPMF não é um grande mal e que vai causar prejuízos aos bolsos
dos brasileiros, quando a verdade é que o imposto vai beneficiar a Nação, bem
como dar lastro para que a Previdência Social e as aposentadorias não fiquem em
situação de risco, em perigo de não serem pagas a quem de direito.
O
resto é mentira, trapaça e histeria calculada e direcionada para confundir a
opinião pública e fazer dela refém de seus interesses políticos e negócios
inconfessáveis, que, para essa gente, são muito mais importantes do que o desenvolvimento
e a independência do País. Consequentemente, passa-se a ter pessoas pobres,
remediadas, de classe média baixa a fazer proselitismo contra a CPMF, como se
ela fosse prejudicá-las, quando a verdade é que a cobrança do imposto vai
garantir recursos para que o cidadão aposentado e que depende da Previdência
Social, ressalto novamente, receba o que lhe é devido.
Para
finalizar, elucidar a verdade é primordial para o Governo Dilma Rousseff.
Acontece que seu tendão de Aquiles é a comunicação oficial e estatal, que
repercuta as ações sociais e econômicas do Governo Trabalhista e rebata, de
pronto e sem tergiversar, as acusações, as manipulações e as mentiras da
oposição demotucana e dos empregados de confiança dos magnatas bilionários de
uma imprensa vil, alienígena e de tradição golpista.
O
Governo popular do PT sabe como a banda toca. Então, arrumar-se-á bons músicos
e um ótimo maestro. Do contrário, as ações, programas e projetos dos últimos 13
anos, que promoveram a inclusão social do povo brasileiro vão ser tratados pela
casa grande como se nunca tivessem acontecido. E isto é inaceitável. Está na
hora da burguesia implantar na Praça da Sé o Sonegômetro. É isso aí.
4 comentários:
Parabéns pelo texto e excelente defesa da democracia.
Obrigado, Gisele.
Texto maravilhoso do ilustre Sr. Davi Sena! muito esclarecedor!
Obrigado, Selma.
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