Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
As relações dos jornalistas
empregados das grandes corporações midiáticas com o mundo empresarial e com os
caciques políticos do campo conservador são antigas e muitas delas promíscuas.
A verdade é que muitos jornalistas se transformam em porta-vozes de grandes
negócios e, evidentemente, defendem e repercutem nas diferentes mídias os
interesses e os pensamentos de seus patrões, que são os magnatas bilionários da
imprensa de mercado.
Quando a madame Ticiana
Villas Boas, apresentadora do Jornal da Band concede uma entrevista e começa a
deitar falação sobre seu mundo farto e luxuoso, ela apenas reflete o que
acontece com muitos profissionais de mídias que mantêm relações com homens
poderosos os quais se tornam seus aliados de interesses, bem como muitos deles
vão mais além quando, por exemplo, resolvem casar com uma jornalista, a exemplo de
Ticiana.
A candidata a madame, ora
deslumbrada, cometeu uma indiscrição e “infeliz” gafe, e com isso mostrou,
irrefragavelmente, que grande parte dos jornalistas da imprensa-empresa são
completamente divorciados do mundo real e alienados sobre as condições sociais
do povo brasileiro, da luta política e das questões econômicas e financeiras
que norteiam o Brasil, no que diz respeito a programas de Governo e projetos de
País.
Porém, não há como ser de
outra forma. Os jornalistas, como muitos juízes e médicos, somente para
exemplificar, geralmente são filhos das classes dominantes, médias e médias
altas. São pequenos burgueses e realmente não se preocupam em conhecer as
realidades do País e muitos menos as dores e dilemas que incomodam e fazem seu
povo sofrer. Pelo contrário, levam para seus ofícios todos seus preconceitos e
valores aprendidos em seus lares, em casa e ensinados pelos seus pais e grupos
sociais que integram desde suas infâncias.
São pessoas geralmente urbanas,
que não conhecem o Brasil e foram criadas para acreditar que o País não
presta, enquanto consideram algumas capitais europeias e norte-americanas como
suas referências e as cortes a serem admiradas, como se eles vivessem ainda nos
tempos do Brasil colônia e por isso não conseguem, de forma alguma, perceber
que este País é o lar de uma Nação poderosa, multifacetada, multirracial e
cultural, bem como dona de um PIB que a coloca em sétimo lugar no mundo, sendo
que em um prazo de dez anos ou menos o Brasil vai ser a quinta potência
econômica do planeta.
Contudo, todos esses fatores
não importam para gente como a Ticiana Villas Boas. O complexo de vira-lata, o
desprezo pelo Brasil e seu povo, aprendido e ensinado em seus lares, escolas,
clubes, associações e grupos sociais diversificados, mas pertencentes à
burguesia, os impedem de enxergar, de forma transparente e clara, as realidades
brasileiras, além de se colocarem contra os interesses do Brasil e a favor das
classes privilegiadas e dos países ditos desenvolvidos, que controlam o sistema
capitalista em dimensão global.
Existem muitos jornalistas —
homens e mulheres — que, tal qual à Ticiana, são membros integrantes das oligarquias e como tais se comportam, só que
de forma discreta. Engana-se aquele que pensa que os meios de comunicação
privados estão a serviço da população e em defesa da coisa e da causa pública.
Quem pensa assim não passa de um tolo, ou, obviamente, trata-se de uma pessoa
que ideologicamente e politicamente conservadora e, por conseguinte, comunga
com o que a imprensa de negócios privados pensa e quer para o País e a
sociedade.
Entretanto, grande parcela
do povo brasileiro não é cúmplice dos desejos dos magnatas bilionários de
imprensa, da classe rica em geral e da direita partidária, e se recusa a apoiar
o que os burgueses e os pequenos burgueses (classe média) consideram como
prioridade para si e para os outros, quando um homem ou mulher do povo sabe que
sua vida melhorou, e muito, nos últimos 12 anos, com a ascensão de governantes
trabalhistas.
A verdade é que os
jornalistas da chamada grande imprensa são mancomunados com os interesses
patronais e por isso é praticamente impossível para essa categoria desunida e
pseudamente intelectualizada realizar, por exemplo, um movimento
grevista organizado, reivindicatório e voltado à defesa do ofício de
jornalista, uma das profissões mais difíceis de exercer.
Ofício laboral de caráter
tenso por causa dos baixos salários da grande maioria dos jornalistas, das más
condições de trabalho, de chefes autoritários, do elitismo social dos que
controlam as redações com mão de ferro e, principalmente, da cumplicidade dos
que receberam espaço e por causa disso vendem suas almas àqueles que deveriam
ser combatidos, a exemplo de seus patrões — os megaempresários oligarcas de
mídias, que lutam, ferozmente e historicamente, contra o desenvolvimento do
Brasil e a emancipação do povo brasileiro.
Chefetes vaidosos,
ignorantes e intolerantes, que transformam as redações em sucursais do inferno
para se darem bem na vida, sem se preocuparem com seus colegas e com o que
determinam em reuniões de pauta, que se um leitor, ouvinte e telespectador
tivesse a oportunidade de participar de uma delas sairia de tal encontro de jornalistas com os olhos esbugalhados,
os pelos arrepiados e os cabelos em pé, a sentir calafrios e a perceber que
realmente a imprensa burguesa e alienígena é golpista e não tem o mínimo compromisso
com o Brasil e seu povo.
Só os ingênuos ou os de
má-fé acreditam integralmente no que a imprensa-empresa repercute. Somente os
completamente alienados ou os que politicamente têm interesses inconfessáveis
podem acreditar e ter fé em uma pessoa como a Ticiana Villas Boas, uma magnata
que ocupa a bancada de um jornal de âmbito nacional sem saber o que acontece em
volta de si, bem como no Brasil e no mundo sempre em conflito.
Alienação e deslumbramento
que demonstram, à toda prova, que existem muitos jornalistas que não têm a
mínima condição de dar pitaco ou fazer críticas açodadas, sem, no entanto, não
ter conhecimento algum sobre os desejos e os anseios de uma sociedade, como a
brasileira, que luta para ter uma vida de melhor qualidade, já que vítima e
alvo de uma burguesia perversa, que escravizou seres humanos por quase 400
anos, além de negar-lhe o acesso à terra, ao emprego e à esperança de viver
com respeito e dignidade.
E é essa imprensa
mercantilista que faz a vez dos partidos políticos, com o apoio inequívoco de
promotores, procuradores e juízes, aliados do campo político ocupado pela
direita e atores importantes de um processo draconiano, que pune seus
adversários e inimigos, mas não efetiva as mesmas medidas para muitos de seus
aliados políticos e empresariais, que cometeram toda sorte de crimes, mas mesmo
assim considerados cidadãos inimputáveis, porque “amigos” de uma imprensa
corrupta, que tem lado e de um sistema judicial capataz e feitor da Casa
Grande.
A madame Ticiana Villas Boas
não é a única profissional de imprensa a girar pelos salões do high society.
Existem muitos que desfilam nesses pagos ou que fingem e desejam ardentemente
frequentá-los, como se isso fosse a coisa mais importante do mundo, quando a
verdade é que não é.
Volto a repetir: a imensa
maioria dos jornalistas ganha mal, vive em um ambiente ridiculamente vaidoso e
cruelmente competitivo, é explorada com uma carga horária por demais longa,
alimenta-se mal, sofre pressões inerentes ao ofício, bem como se torna muitas
vezes alvo de bullying de chefetes mequetrefes e rastaqueras, que não têm a
mínima noção de civilidade, porque, indubitavelmente, defendem seus espaços e seus
interesses como cães esfomeados defendem seus ossos.
Ticiana é apenas mais uma. A
moça nem sabe o que diz e se bobear não está nem aí para o jornalismo e o que
pensam dela, pois dá a impressão que apenas ocupa espaço na Band por vaidade.
Afinal, seu marido, Joesley Batista, é o dono da Friboi. A direita e seus
órgãos de imprensa espalhavam boatos, calhordas e mentirosos, que tal empresa
pertencia ao Lulinha, filho do ex-presidente trabalhista Luiz Inácio Lula da
Silva.
E os coxinhas de classe
média, reacionários, desinformados e ignorantes, ficavam a espalhar a “notícia”
cafajeste nas redes sociais... Assim são as coisas. Nada como um dia após o
outro. O marido da Ticiana, para quem não sabe, é ainda dono da Neutrox, Seara e dos sabonetes Francis, e seus produtos
são objetos de publicidade na Rede Bandeirantes. Bingo!
Essas relações
imprensa-empresários-políticos são muito comuns no meio jornalístico. Existem
inúmeros jornalistas da considerada mídia tradicional (Folha, Estadão, O Globo,
Zero Hora, Correio Braziliense, Veja, Época, Redes Globo, Band, SBT, CBN, Jovem
Pan etc.) envolvidos até a medula com o projeto hegemônico dos grandes
empresários, dos interesses de governos estrangeiros (EUA/UE) e seus patrões
controladores de monopólios midiáticos e golpistas de carteirinha desde os
tempos do estadista Getúlio Vargas.
A madame
Ticiana Villas Boas é apenas mais uma, e deve ter deixado com muita raiva o
mundo burguês, porque ela foi indiscreta e ostentou a riqueza dos ricos e dos
muito ricos. A classe alta não gosta disso, pois gasta seus bilhões em
silêncio, pois só abre a boca para impedir que as riquezas e rendas sejam
distribuídas. Ticiana não somente ostentou a riqueza dela. Ela não compreendeu
as regras da “elite” e mostrou o quanto as classes dominantes são fúteis,
descompromissadas e alienadas. E completou: “Eu sou cara; gasto muito”. Que
beleza! É isso aí.
5 comentários:
ALõ dondoca Ticiana...o Davis Sena sabe muiiiiiiiito bem qual apito você toca. Só agora é que os coxinhas -sempre alienados- vão saber que o marido dela , dono da Friboi, não é o Lulinha.
A sorte da Dilma é que Davis não é cabo eleitoral. Afinal, o cara que sabe muiiiiiiito que apita toca uma insignificante apresentadora que casou com um homem rico, e por saber que som é este que sai deste maquiavélico apito faz um post na internet - ainda bem que não gastou papel ( nos dois sentidos, tá) descendo a lenha no mundo jornalístico, decerto arrumaria muitos, muitíssimos votos.
Dilma sortuda..
Babalu
eu li o seu blog e gostei muito .
O agronegócio é o, digamos, seguimento empresarial mais explicitamente armado, violento, bárbaro, sem vínculo telúrico ou espiritual com o Brasil.A preocupação central do agronegócio é com a terra propriedade,pastagem.Por isso ela rouba, mata, chantageia governos. Possui uma bancada grande de representantes bandidos no congresso e dispositivo militar, a UDR, bando armado mais denunciado por invasões de terras, grilagem e assassinatos.
Não há diferença nenhuma entre o PSDB e o PT o primeiro vendeu o país e o segundo também; O que está por traz desses rapapés, dessa conversa de cerca lourenç?
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