Solidão
depressão megera
Causa-me
dores internas
Corrói-me
com seus dentes de zinco
Atordoando-me
em seu eco com afinco
Sempre
acontece em meus sonhos
Sonhos
lúgubres, pesadelos medonhos
Vejo
bruxas na janela, elas fuljam
Lívidas
em seu espectro, me usam
Julgam-me,
me entristecem, me afrontam
Afogam-me
pelos quatro cantos, me amedrontam
Invadem-me,
numa sinfonia tétrica
Macabra,
espinhenta, colérica
Debocham
num sarcasmo, cantam
A
tristeza agoniada em prantos
Andam,
voam como corvos
Circulando
os meus pensamentos torvos
E
tenho que agüentar o turíbolo
Que
exala um fragor insípido
Corro
e sufoco-me com a medida dolência
Minha
alma leva o corpo para a demência
Os
sinos repicam num soneto macabro
É
a poesia rubra do diabo
Alucino-me
com o som etéreo
No
mais tedioso mistério
E
me cubro de teatros e enganos
Pirilampos
me deixam insano
Grito!
É o meu universo encoberto
Na
batida cadenciada de um martelo
Desatino-me
com os fatos inusitados
Pois
desconheço meu próprio fado
Choro
num desalento do coração
é
a síndrome exiladora da solidão
Uberaba — 17/11/1981
Davis Sena Filho
Um comentário:
Lindo poema, com ritmo e roteiro. O li duas vezes e realmente a métrica é perfeita.
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