sábado, 22 de junho de 2013

SÍNDROME DA SOLIDÃO



ESPAÇO BICO DE PENA BLOG PALAVRA LIVRE


Solidão depressão megera
Causa-me dores internas

Corrói-me com seus dentes de zinco
Atordoando-me em seu eco com afinco

Sempre acontece em meus sonhos
Sonhos lúgubres, pesadelos medonhos

Vejo bruxas na janela, elas fuljam
Lívidas em seu espectro, me usam

Julgam-me, me entristecem, me afrontam
Afogam-me pelos quatro cantos, me amedrontam

Invadem-me, numa sinfonia tétrica
Macabra, espinhenta, colérica

Debocham num sarcasmo, cantam
A tristeza agoniada em prantos

Andam, voam como corvos
Circulando os meus pensamentos torvos

E tenho que agüentar o turíbolo
Que exala um fragor insípido

Corro e sufoco-me com a medida dolência
Minha alma leva o corpo para a demência

Os sinos repicam num soneto macabro
É a poesia rubra do diabo

Alucino-me com o som etéreo
No mais tedioso mistério

E me cubro de teatros e enganos
Pirilampos me deixam insano

Grito! É o meu universo encoberto
Na batida cadenciada de um martelo

Desatino-me com os fatos inusitados
Pois desconheço meu próprio fado

Choro num desalento do coração
é a síndrome exiladora da solidão 

Uberaba — 17/11/1981

Davis Sena Filho


Um comentário:

Clara Silveira disse...

Lindo poema, com ritmo e roteiro. O li duas vezes e realmente a métrica é perfeita.