Por Davis Sena Filho — Palavra
Livre
Há
muito tempo a presidenta Dilma Rousseff deveria ter ido à televisão para
enfrentar duramente os conspiradores do golpe e citar um por um para o povo
brasileiro saber quem é quem nesta história de horrores, porque golpe contra
mandatários que não cometeram crimes comuns e de responsabilidade é realmente
uma coisa terrível, vide o golpe civil-militar de 1964, que durou
intermináveis 21 anos.
Como
agora a direita de índole escravocrata deste País não conta mais com os
generais, e, ao que parece, as vivandeiras de quartéis estão extintas ou não
tem mais espaço para choramingar o choro de crocodilo nos ombros dos militares,
resta a essa gente irresponsável optar pelo golpe paraguaio, que, cinicamente e
hipocritamente, tenta dar uma conotação de legalidade e legitimidade ao crime
de derrubar presidentes constituídos pelo povo brasileiro por intermédio das
urnas e de sua vontade soberana.
Evidentemente
se percebe, até com certa facilidade para quem não se deixa ser tratado como
idiota, que golpe sem motivos concretos é crime, bem como quem comete crimes é
considerado criminoso, e fim de papo. Quem apoia criminoso, mesmo se não
colocar diretamente a mão na massa, torna-se cúmplice, como ocorreu, vale
lembrar novamente, com muitos brasileiros ideologicamente conservadores no ano
desastrado de 1964.
Contudo,
está mais do que na hora de a presidenta Dilma Rousseff mostrar sua autoridade,
que se alicerça em 54,5 milhões de votos, bem como na sua condição de
mandatária, que tem poder para enfrentar golpistas sem limites, que não
aceitaram a derrota eleitoral, principalmente no que concerne à conduta e à
postura do tucano Aécio Neves, o pior perdedor de eleições na história do
Brasil.
Aécio
Neves é o típico garoto perna de pau, mas dono da bola, que encerra o jogo
porque não consegue superar seus adversários. Conheci alguns garotos assim na
minha infância. Vencedor de eleições até então, o tucano torna-se mau perdedor por
ser um playboy mimado, que nunca tinha sido derrotado eleitoralmente e, mais do
que isto, seus desejos e caprichos nunca foram-lhes sido negados. Porém, o
foram em 2014, por força de determinação e vontade do povo brasileiro, que, por
sinal, ele não respeita.
A
partir desta derrota, Aécio "enloqueceu", radicalizou seu discurso e
se tornou o golpista-mor do Brasil para a vergonha de seu avô, Tancredo Neves,
que se fosse vivo e por causa de sua biografia combativa não iria compactuar
com os caprichos de seu neto, playboy mimado, que resolveu guardar mágoas e
rancores de sua derrota eleitoral no freezer, ao ponto de criar factoides sem
fim, como sua viagem à Venezuela, que foi uma verdadeira pantomima.
É o
fim da picada, em pleno século XXI, a pauta do Brasil imposta por uma imprensa
privada de caráter corrupto e antinacionalista se resumir a golpe de estado,
com um "colorido" mequetrefe de golpe jurídico-parlamentar à moda
paraguaia, cuja finalidade, ridiculamente, é legitimar as más ações de
criminosos que querem derrubar uma mandatária como se derrubassem mangas de
árvores. Durma-se com um barulho desses,
porque é inacreditável a que ponto chegam os inquilinos representantes da casa
grande, uma das mais preconceituosas, corruptas, ricas e violentas do mundo.
Dilma
tem de ir à televisão e dizer que Aécio Neves, Carlos Sampaio, Agripino Maia,
Ronaldo Caiado, Cássio Cunha Lima, José Serra, Fernando Henrique Cardoso — o
Neoliberal I —, Sérgio Moro, delegados aecistas, Deltan Dallagnol e companhia,
bem como Rodrigo Maia, Roberto Freire, Paulinho da Força, Álvaro Dias, Jair
Bolsonaro, além de Gilmar Mendes, Aroldo Cedraz, Augusto Nardes, dentre muitos
outros personagens da direita brasileira que frequentam os poderes da
República, apostam em golpe contra o Brasil, a democracia, o Estado de Direito,
a Constituição, as instituições republicanas e, principalmente, contra o povo
brasileiro, como ocorreu em 1954 e 1964.
Autoridades
de oposição que são inquilinas do Congresso, do STF, do TSE, do TCU, da Polícia
Federal e do Ministério Público, que vazam criminosamente processos e
inquéritos para a imprensa de mercado dos magnatas bilionários sonegadores de
impostos fazerem uma oposição sistemática e completamente divorciada do
jornalismo isento, investigativo e que ouvisse os dois lados de um mesmo
episódio, a fim de permitir o contraditório.
Tal
realidade que, de forma surreal, acontece também nos âmbitos da PF, da Justiça
e do MP, que são instituições integrantes do Estado nacional e que, em hipótese
alguma, deveriam agir e se comportar como empresas privadas descompromissadas
com a Nação, a exemplo das mídias corporativas e familiares, que editam e
repercutem um jornalismo de péssima qualidade editorial.
Autoridades
que formaram uma frente única de caráter conservador, que defendem seus interesses
políticos, econômicos e ideológicos, com unhas e dentes, não dão ponto sem nó
ao tempo que dão nó em pingo d'água, porque a finalidade, sem sombra de
dúvidas, é conquistar a cadeira da Presidência da República antes das eleições
de 2018, que poderá ter Lula como um dos candidatos favoritos. É tudo o que a
direita antidemocrática brasileira, já desesperada, não quer: um presidente
trabalhista novamente no poder.
A
verdade é que os políticos de oposição tem muitos esqueletos escondidos em seus
armários, notadamente o chefe da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que,
apesar de ser do PMDB, sempre foi oposição as governos Lula e Dilma. Na
presidência do Legislativo, Cunha se esmerou em efetivar pautas que
prejudicassem o Governo Trabalhista e o País, bem como conspirou o tempo todo
para que Dilma Rousseff fosse derrubada em um golpe por vias jurídicas e parlamentares.
Um
verdadeiro absurdo, porque fatos são fatos e a verdade, nua e crua, é que a
mandatária brasileira nunca cometeu crimes de responsabilidades. Dilma Rousseff
não é o caso de Fernando Collor e, seguramente, jamais cairia sem reagir. Dilma
tem base parlamentar, mesmo que atualmente frágil, mas que está a consolidá-la,
de acordo com o enfraquecimento de Eduardo Cunha, que já abandonado pela mídia
empresarial e pelo PSDB se tornou um cadáver político, bem como a reforma
ministerial colocou os pontos em quase todos os 'is'.
Por
seu turno, os militares querem distância do poder político, assim como os
movimentos sociais apoiam a administração petista, mesmo a discordar de vários
pontos, além de as confederações e federações sindicais, urbanas e rurais,
estarem ao seu lado. A reação dos legalistas contra o golpe seria rápida e dura,
as ruas seriam tomadas pelos brasileiros de bom senso e que não aceitam golpes
tradicionais à base da força das armas, bem como os de embalagens matreiramente
e sorrateiramente jurídicas, a fingir que são "legais". Pura
hipocrisia...
Além
disso, o Brasil não é um País de bananas, como o quer transformá-lo a direita brasileira,
apátrida, antinacional e portadora de um incomensurável e inenarrável complexo
de vira-lata, pois subalterna e subserviente à gringada, a quem a casa grande
tanto admira e não se importa de perder a vergonha na cara, a fim de se
submeter aos ditames dos países ricos e admirados pelas burguesia e pequena
burguesia pusilânimes e ignorantes sobre a história do Brasil e de seu povo
criativo, inteligente e corajoso. O povo é luxo. A burguesia é lixo, com
exceções, obviamente.
Dilma
Rousseff tem de fazer, o mais rápido possível, um pronunciamento em cadeia
nacional e explicar, de forma didática, clara e objetiva o que está acontecer
no Brasil, no que tange às tentativas de impeachment por parte da oposição,
notadamente o PSDB e o DEM, com repercussão e cumplicidade das mídias nativas e
de históricos lamentavelmente golpistas.
A
presidenta trabalhista tem de dizer que Aécio Neves não aceitou a derrota e,
por conseguinte, fomenta todo tipo de mentiras e manipulações para que o
governo petista seja engessado, a impedir que se pense e debata o Brasil, bem
como mostre os avanços conquistados pelo povo brasileiro. A direita quer duas coisas: 1) derrubar,
criminosamente, Dilma Roussef, em um golpe paraguaio; e 2) impedir o debate e,
por sua vez, fazer com que o povo esqueça como sua vida melhorou nos últimos 13
anos. Ponto.
Dilma
Rousseff tem de dizer: "Eu não roubo
e não permito que roubem. Meu governo foi o que mais prendeu gente poderosa
politicamente, economicamente e financeiramente, a exemplo de grandes
empresários, funcionários públicos de alto escalão e políticos que se deixaram
corromper. Meu governo prendeu os corruptos e, pela primeira vez, os corruptores.
Sim, os corruptores, os mesmos que financiam os partidos que concorrem às
eleições e dá no que dá: corrupção! Isto mesmo, o financiamento privado de campanhas
eleitorais, que o PSDB, o DEM e o PPS, a imprensa familiar, certo juiz do STF, dentre
outros personagens da direita brasileira apoiam. Mesmo a saber que campanhas
financiadas por empresários são o mal principal da corrupção, essa gente lutou até
o fim para que o financiamento continuasse, o que, felizmente, não aconteceu,
porque a maioria dos juízes do STF não permitiu".
Depois desta fala, Dilma deveria encerrar desse modo: "Jamais permitirei que me derrubem e que os votos dos brasileiros que votaram em mim sejam rasgados e jogados no ralo. Além disso, certamente que muitos brasileiros que não votaram em mim não apoiam golpes por serem legalistas e civilizados". Encerra-se a fala, com um "Boa noite". Ponto.
Dilma
não vai cair, porque a direita está inconformada e histérica. Que esperem pelo
ano de 2018. Depois veremos quem tem mais garrafa para vender. O Brasil não é e
nunca será uma República das bananas. Jamais. Provinciana, subserviente e
golpista é a "elite" também conhecida como casa grande. Quanto ao
golpe, não somos indulgentes. Dilma tem de ir à TV enfrentar o golpe e dar
os nomes dos "bois". É
isso aí.
6 comentários:
Dilma na TV? Mais um panelaço...kkkk
O mundo limitado deste ser fuinha é algo que até a razão não coseguiria resolver. Pena...
Me dirijo ao Jorge Marcelo.
Vamos fazer panelaço no Alzirão, inclusive
Mais uma vez o grande jornalista Davis Sena brilha intensamente...com sua lucidez e conhecimento habituais.Irretocável. Para corroborar suas (sempre) oportunas denúncias, mais um texto, que compartilho.
Por que Dilma demorou tanto tempo para chamar os golpistas de golpistas? Por Paulo Nogueira
Queria entender o seguinte.
Por que Dilma demorou tanto tempo para chamar os golpistas de golpistas?
Um dos preços que um golpista tem que pagar pelo seu assalto à democracia é ser chamado de golpista, e assim entrar para a história em suprema abjeção.
Carlos Lacerda, o maior golpista que o Brasil já conheceu, se atormentou até o final de sua vida com o fato de ser classificado como golpista.
Em Depoimento, um excelente livro feito de conversas de Lacerda com jornalistas do Estadão pouco tempo antes de sua morte, ele tentou várias vezes, em vão, limpar sua imagem de golpista.
Em vão.
Aécio tem também que pagar o preço de sua conduta abjeta, e não só ele. FHC é outro.
São ambos golpistas. Nem mais e nem menos que golpistas.
Fazem exatamente o que Lacerda fez, e esperamos que com menos sucesso que seu inspirador.
Lacerda era mestre em acusar os outros de que coisas que ele fazia.
Num caso clássico, ele investiu contra Samuel Wainer por ter recebido um financiamento do Banco do Brasil para sua Última Hora.
Mas ele próprio também recebera dinheiro do BB para sua Tribuna da Imprensa.
Que diferença entre isto e o que fazem Aécio e FHC?
Nenhuma.
Em sua campanha, Aécio se encheu de recursos originários das mesmas fontes que abasteceram a campanha de Dilma.
Mas seu dinheiro é limpo e o dela não. Os doadores, no Planeta Aécio, lhe doaram centenas de milhões sem querer nada em troca, quase que por amor.
Faz um ano já que Aécio, apoiado por FHC, inferniza a democracia brasileira com seu golpismo histérico e sujo.
Nem a direita venezuelana, uma das piores do universo, ficou tanto tempo contestando a vitória de Maduro.
Lacerda foi um golpista vitorioso. Matou Getúlio, por cuja alma disse ter rezado logo depois do suicídio, e derrubou Jango.
Enlouqueceu, no meio do caminho, Jânio, por cuja renúncia foi um dos responsáveis.
Era um gênio. Gênio do mal. Mas gênio.
Nem isso Aécio é.
De Lacerda, ele herdou apenas a vocação para servir à plutocracia, e dela se servir também.
Não tem sequer a capacidade voraz de trabalho de Lacerda. É um preguiçoso, muito mais feliz em festas que na labuta.
Por tudo isso é um golpista destinado ao fracasso.
A única coisa pior do que ser um golpista é ser um golpista derrotado.
É o caso de Aécio, e é também o de seu patrono, FHC.
Dilma demorou uma eternidade para chamá-los pelo que eles são.
Não sei por quê.
Mas, ainda que com atraso, as palavras de Dilma ajudarão a construir a biografia de Aécio e FHC.
São, como Lacerda, golpistas.
A única diferença é que haverão de ser golpistas frustrados.
Dilma não pode ficar na defesa. Ela é o Brasil, queiram ou não os inconsequentes da direita telecomandada pelo PSDB. Derrubar Dilma não significa somente retirar uma presidenta (como é o correto e como ela gosta de ser chamada), mas rasgar a Constituição, aviltar a moral e a História. A Constituição porque não se pode tirar um presidente baseado em argumentos tendenciosos. Se fosse assim tão fácil, nenhum presidente do Brasil teria chegado ao primeiro ano de mandato. A Constituição existe para proteger as instituições e o cargo de primeiro mandatário é a instituição máxima da República, somente superada, ao meu ver, pela própria Constituição. Avilta-se a moral quando os julgadores, de toga ou não, são suspeitos ou denunciados de crimes maiores que os que julgam e que, no fundo, não existem, são invenções da mídia.
Ser condenada pelo TCU? Mero oportunismo do "vai que cola"! Por que os presidentes anteriores não foram questionados pelo mesmo TCU? Se o TCU, agora, está certo, deve responder pelas leniências anteriores! Se antes ele estava certo, agora está errado! Parece-me até o caso do juiz de futebol, o "Cidinho bola é nossa", pois a regra do jogo depende dos times e da preferência do juiz. No fundo, o que sobra é a incompetência de antes ou de agora, para não dizer má fé, porque aí, o bicho pega! Supor que um tribunal se molde aos apelos das ruas ou pior, da mídia, é o fim do mundo! Não resta mais nada a fazer a não ser orar, de "joelho em cima do milho", para que Deus salve o Brasil! A História, ah a História! Este momento que vivemos será didático apenas em como não se fazer política, não se julgar, não confiar em nossos representantes. Pagamos, e bem, aos políticos para fazer isto? Votamos em Dilma para que não a deixem um minuto em paz para governar?
Bom, voltando ao início, digo que Dilma deve sair para o ataque, colocando seu time em campo, para defendê-la, deixando de financiar imediatamente a mídia "privada nos dois sentidos"... que a ataca (Globo, Folha, Veja, etc.), punindo exemplarmente a PF nos casos de vazamentos seletivos, cobrando seu ministro da Justiça (que tal dar-lhe férias?) por esses desvios, levando à Justiça (aí é que é o problema: qual?) quem lhe desacate, afinal, ela é a mais importante funcionário pública em exercício. Dilma já foi julgada, quando nova, por um tribunal de exceção. Parece que a História quer se repetir: Dilma continua sendo julgada por tribunais de exceção!
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