Por Davis Sena
Filho — Blog
Palavra Livre
O negócio é o
seguinte, caros coxinhas de classe média e escribas da imprensa familiar e
alienígena: a presidenta Dilma Rousseff, a respeito de ser acusada de usar a
Copa como trampolim político, na verdade nunca procedeu dessa forma. Quem
politizou o evento internacional e aproveitou para usá-lo de forma infame e
desajuizada como arma eleitoreira foi o principal partido da direita
brasileira, o PSDB, além dos magnatas bilionários do sistema midiático privado,
a ter como replicadores de suas sandices e insanidades político-ideológicas a
classe média coxinha, caucasiana, usuária há mais de século das universidades
públicas.
A classe coxinha,
a mesma que nunca viveu tão bem, no decorrer de 50 anos, e jamais consumiu
tanto como observado nos últimos 12 anos. A classe que não é classe, mas que
odeia o Brasil, ao tempo que adora os Estados Unidos e alguns países da Europa
ocidental. A casta arrogante, portadora de rancor e de uma vocação destrutiva
que deixaria um sadomasoquista com a impressão que seus problemas psíquicos e
mentais são de uma desimportância real quando comparados com o complexo de
vira-lata e a baixa estima dessa gente. Este é o retrato da classe média e dos
coxinhas sem revolução.
Os coxinhas que
acreditaram na imprensa de negócios privados quando seus trombeteiros da má-fé
e da negatividade afirmavam que o Brasil é incompetente para realizar a Copa,
pois os aeroportos são um “caos”, igualmente os transportes coletivos e as vias
públicas. A pequena burguesia boca suja, mal educada e provinciana tal qual aos
ricos da Casa Grande, que ela tanto admira e espera um dia participar de suas
comezainas. Os herdeiros da golpista Marcha da Família com Deus pela Liberdade,
que também acreditaram que os modernos e belíssimos estádios brasileiros
ficariam prontos para o mais importante torneio de futebol do planeta somente
em 2038.
Quanta falta de
discernimento e tanta obtusidade, meu Deus! Inacreditável que milhões de
pessoas de classe média, de origem universitária e que nunca passaram fome na
vida tenham capacidades cognitivas tão simplórias e superficiais, que as levam
a perceber e interpretar os fatos, os acontecimentos e as realidades que se
apresentam de forma tão distorcida e deturpada. Por serem assim, transformam-se
em feras intolerantes e passam a vaiar, a xingar, a demonstrar todo tipo de
preconceito, a exemplo do racial, do sexual, de gênero e o de classe, nas redes
sociais, nos estádios e em outros logradouros públicos.
A classe média
disseminadora contumaz dos princípios e valores da grande burguesia. Aliada
ideológica da Casa Grande, não se faz de rogada e “apedreja” àqueles que ela
considera inimigos de seu bem-estar material e social; e que, de acordo com
ela, estão a infringir as crenças e “normas” de seu senso comum. Via de regra,
considera como intrusos os que estão abaixo de seu status, além de possíveis
violadores de sua zona de conforto, exemplificada e concretizada em suas
pequenas conquistas, ao tempo que concedidas pelo establishment e retratadas
como “seus” quinhões, a exemplo das universidades, dos shoppings, dos
restaurantes e lanchonetes, dos aeroportos, dos clubes, das casas de shows, dos
cinemas e até mesmo dos bairros e lugares públicos, como as praias, que, para
quem não sabe, no Rio de Janeiro são divididas em trechos, de acordo com os
grupos sociais, de maneira quase espontânea.
Essa classe média
conservadora é possuidora de valores e pensamentos patrimonialistas. Confunde o
público com o privado e considera normal, por exemplo, que policiais militares
ou civis vigiem e guardem o patrimônio privado. Quando tal policial é baleado,
ferido ou simplesmente morre, os coxinhas não sentem nada, pois sua ideologia o
faz considerar “normal” o policial morrer, porque historicamente, no Brasil, os
policiais são vistos como feitores, bate-paus, jagunços ou leões-de-chácara.
Não estou a falar da oficialidade, mas, sim, de praças, geralmente negros ou
brancos pobres, que pegam no pesado, inclusive a subir morros e rodar pelas
periferias mais perigosas do País.
Nas cabeças das
classes médias tradicional, média alta e rica tais guardas do Estado estão aí
para isso mesmo: cuidar do patrimônio privado e morrer, se não tiver jeito, sem
comiseração ou sentimento de culpa. Sempre foi assim no Brasil: as guardas
públicas cuidar do privado e do bem-estar e conforto dos que sempre se
consideraram os suprassumos da sociedade. É assim desde os tempos do Brasil
colônia. Ponto! Por isto e por causa disto, vemos a classe média a ocupar
estádios construídos para a Copa, sem ao menos questionar se ela foi contra
tais edificações, bem como se aliou a uma das piores imprensas do mundo no que
tange a escamotear a verdade, a manipular os fatos e a distorcer os
acontecimentos. A resumir: a imprensa-empresa que elabora o verdadeiro
jornalismo de esgoto e por isto não tem o menor compromisso com o Brasil.
A dar os trâmites
por findos, a classe média branca e colonizada resolveu ver os jogos da Copa,
apesar de se dizer contra o megaevento, que injetou R$ 30 bilhões no País e vai
elevar o PIB para cima. A Copa que empregou um milhão de pessoas e considerada
o melhor campeonato mundial de seleções de todos os tempos. Contudo, não há
reconhecimento pelos políticos de direita, à frente os tucanos, pela imprensa
venal e de histórico golpista e também pelos coxinhas de classe média de perfis
conservadores e mais reacionários que o próprio empresariado que os
emprega.
Resolveram vaiar e
ofender com palavras de baixo calão a presidenta da República, a responsável
maior pela realização da Copa, afinal aeroportos, vias públicas, mobilidade
social e alguns dos estádios precisaram para serem construídos do apoio do
Governo Federal, no caso o Governo Trabalhista, o que trouxe não somente a Copa
para o País, bem como teremos, em 2016, as Olimpíadas, o que vai fazer com que
o Brasil, definitivamente, entre no clube dos países grandes em termos
mundiais, porque não é para qualquer um realizar eventos de tais portes e
tamanhos. Ponto!
E aí, deu no que
deu: estádios magníficos construídos pelos competentes e talentosos operários e
engenheiros brasileiros e freqüentados pelos coxinhas raivosos e com
inenarráveis e incomensuráveis complexos de vira-latas. Por terem dinheiro,
ocuparam os espaços dos estádios — das moderníssimas arenas. Como observamos,
os coxinhas tiveram muita disposição para vaiar e xingar a principal mandatária
brasileira, sem se importar com a total falta de educação e o respeito com
aquela que foi constituída e institucionalizada pela maioria do povo
brasileiro, por intermédio das urnas soberanas, ferramenta e instrumento da
independência popular.
Contudo, nada que
surpreenda, mas os governos estaduais e municipais têm de viabilizar,
urgentemente, a presença do povo nos estádios, porque é o povo o freqüentador
histórico dos estádios de futebol. Portanto, necessita-se de um número bem
maior de ingressos baratos a serem oferecidos para a maioria da população, que
não é rica e nem remediada como o são os coxinhas de classe média. A
resumir: os ingressos têm que chegar às mãos do povo, bem como a nefasta, entreguista
e neoliberal Lei Pelé promulgada no Governo de FHC — o Neoliberal I — precisa
ser extinta para que os clubes brasileiros se salvem, mas este é outro assunto
do qual, posteriormente, ocuparei-me.
A maioria dos
coxinhas, não vou generalizar para não ser injusto, não freqüenta os estádios.
Esta é a verdade irrefutável. A Casa Grande (burguesia) e os coxinhas
(pequena burguesia) não aprendem e não querem aprender, pois, para eles, nada
importa. Não interessa se os empresários nunca ganharam tanto dinheiro com a
ascensão dos trabalhistas ao poder. Ou se os coxinhas tiveram acesso ao mercado
de consumo, pois, que eu me lembre, a classe média deste País, antes de 2003,
enfrentava grandes dificuldades financeiras até mesmo para pagar uma passagem
de avião, o condomínio, o aluguel, comprar uma televisão de bom tamanho,
computadores, celulares e geladeiras ou máquinas de lavar roupas.
Esta é a verdade,
porque eu sei. Sou de classe média e tenho amigos, colegas e conhecidos que já
me disseram que as vidas deles e de suas famílias melhoraram nos últimos 12
anos. Vale ressaltar que a maioria não vota no PT, na Dilma ou no Lula por
ideologia e também preconceitos. Vota no PSDB, mesmo sabendo que os tucanos em
seus governos deixaram o País com inflação alta (12,5%) e praticamente sem
reservas internacionais, irem ao FMI três vezes, porque quebraram o Brasil três
vezes, afundaram a maior plataforma de petróleo do mundo, a P-36, além de serem
responsáveis por um apagão que durou dezoito meses.
Não satisfeitos
com tanta insensatez, entreguismo, pusilanimidade e ganância, venderam o
patrimônio público construído por inúmeras gerações de brasileiros, a começar
pelos contemporâneos do estadista gaúcho Getúlio Vargas, sendo que o mais
simbólico foi a venda da Telebras e da Vale do Rio Doce. O PSDB, com a
cumplicidade do DEM e do PPS, governou como caixeiro viajante e realizou a
maior venda de bens pertencentes ao Estado de um país em todos os tempos,
dentre muitos e muitos outros absurdos de autoria do PSDB, o partido que
defende, sem sombra de dúvida, os interesses das oligarquias nacionais e
internacionais. Ponto!
Antes dos Governos
Trabalhistas, era tudo muito difícil para a classe média coxinha ter acesso a
bens móveis (carro zero) e imóveis (casa própria), comprar eletro-eletrônicos,
ter direito ao crédito bancário, viajar, estudar, e, o mais importante, ter
seus filhos empregados. As faculdades privadas que deitavam e rolavam, hoje tem
de atender aos requisitos e às determinações do Ministério da Educação. Muitas
faculdades e universidades, que faziam do estudo apenas comércio, tiveram de
fechar suas portas e o nível da qualidade do ensino das que ficaram abertas
melhorou.
O Enem, o Sisu, o
ProUni e o Fies acabaram com a exploração no ensino ou diminuíram muito a
mercantilização efetivadas pelos cursinhos, muitos deles pertencentes a
empresários milionários, que combateram ferrenhamente o Enem, por exemplo, com
o apoio, inclusive, do Ministério Público, principalmente o do Ceará, que nos
primeiros anos do Enem infernizou o processo democrático de seleção de alunos e
candidatos, bem como o sabotou e o boicotou, a atender demandas escusas, pois
não tão bem explicadas, com o apoio de uma imprensa de mercado, que, volto a
dizer, odeia o Brasil e luta contra o desenvolvimento social e econômico de seu
povo.
Os coxinhas, a meu
ver, ainda não compreenderam a revolução silenciosa, sem violência, pois
democrática, efetivada pelos governantes trabalhistas do PT. Seus preconceitos
ideológicos, políticos e de classe social não os permitem avaliar com acuidade
os fatos e as realidades acontecidos a partir de 2003 quando o operário e líder
de massas, Luiz Inácio Lula da Silva, ascendeu ao poder republicano. Até hoje,
passados 12 anos, a burguesia e a pequena burguesia não se conformam com os
ditames da história e por isso tentam desconstruir e desmoralizar o PT, os
presidentes trabalhistas e “tudo o que está aí", como eles gostam de
afirmar. Contudo, as urnas também estão aí. Basta o povo brasileiro não dar a
maioria dos votos aos petistas. Agora, apostar em golpes e trapaças políticos e
eleitorais é inaceitável, até porque vivemos em um estado democrático de
direito e o povo é o guardião soberano da Constituição. É isso aí.
16 comentários:
Parabéns. Colocou no papel tudo o que sinto.
Esse seu texto sintetiza todas as razões pelas quais eu vou continuar votando no PT. Parabéns!
Davis, artigo brilhante. Nada mais a acrescentar, porque o resto é perfumaria. Parabéns. Dá gosto ler seus textos.
Se o caro Davis ( caro nos dois sentidos ) colocasse este texto no papel, caro Helio, e vossa senhoria sentisse uma dor de barriga...
babalu
Puxa, o caro Davis ( caro nos dois sentidos ) espumou e tergiversou, e fez penduricalhos, e confessou que é classe média, e o resto seria perfumaria?
Aff...
babalu
Ainda bem que é pelo texto, pois se fosse baseado no roubo da Petrobrás, no deputado ligado ao PCC ou aos que dormem na Papuda, sei não...
babalu
Com esse "aff", babacu, não sei não. Como pode um vira-lata desse ser tão reacionário.? Pode. Basta ser um coxinha vira-lata.
Esse babaca retardado do babacu fica respondendo para as pessoas que enviam mensagens ao articulista. É como se esse coxinha idiotizado não se conformasse. Vais se tratar, peste. Tome vergonha nessa cara e se recolha a sua insignificância.
A classe média nunca esteve tão bem??????? Você mora em que país, Davis??? Suíça? Alemanha??? Canadá??? Pior do que ler os seus textos é ver que ainda existe um ou outro bundão que acredita nas bobagens que você escreve. Pelo menos são só meia dúzia, já que os seus blogs estão sempre às moscas.
Davis, como sempre mais um texto maravilhoso e com conhecimento de causa. Você fez um raio x dessa classe média mesquinha, despolitizada e completamente colonizada e sem noção do tamanho do nosso país. Te considero um intelectual e uma pessoa que ama seu país e seu povo. Parabéns.
Ao ler os textos do Davis Sena Filho e as mensagens do Jorge Marcelo dá pra perceber e diferenciar a generosidade e o imenso talento do articulista e a mediocridade, a miserabilidade humana e a mesquinhez intelectual e moral de seu leitor.
Grande Davis, le-lo é uma satisfação e um exercício de cidadania. Este teu artigo faz os coxinhas estrebucharem e babarem como vira-latas com raiva.
JM, você não deveria comentar este post, já que o próprio Davis classe média abriu o texto com a seguinte frase, se dirigindo a seus(dele) leitores:
O negócio é o seguinte, caros coxinhas de classe média e escribas da imprensa familiar e alienígena: a presidenta Dilma Rousseff.
Como nós não fazemos parte deste universo, o certo é não abrir comentários, deixar isto para quem ele se dirige. Eu por exemplo, não abri, apenas debati sobre os postados, os daquele que o caro Davis ( caro nos dois sentidos) se dirigiu.
babalu
Aplausos, Fátima...falou e disse
Com esta classe MÉRDIA e/ou coxinhas reacionários de plantão, mais esta empresa/imprensa privada(nos dois sentidos, mais no fétido)de mercado, é preciso muita reza, paciência, e esperança...para que os cães sarnentos latam e a caravavana dilmista passe sem grandes entraves. Seu texto é de um realismo avassalador, como sempre.Parabéns pelo grande talento cheio de conhecimento e lucidez.
Muito bom, Fátima. Seu argumento e sua percepção dizem tudo sobre certos leitores com idiotice aguda.
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