Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O gaúcho de Ijuí, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga,
ex-craque de futebol não reconhecido como tal por grande parte da imprensa de
mercado reassumiu o cargo de treinador da Seleção Brasileira, o time mais
famoso e importante do mundo. Dunga é campeão mundial de 1994 pela Seleção e
conhece seus bastidores como poucos, porque desde muito novo participou de
diversas categorias de base do escrete brasileiro até chegar ao profissional.
Capitão da
Seleção, Dunga levantou o caneco, como diziam os antigos, e mostrou, como
jogador e treinador nos vinte anos que defendeu a Amarelinha, um
comprometimento e amor às cores do Brasil muito maiores, por exemplo, do que
quase a totalidade dos jornalistas e parte da sociedade brasileira, que, por
motivos diferentes e também iguais, tratam de desconstruir a autoestima dos
brasileiros, por razões políticas e ideológicas, bem como, evidentemente, por
interesses comerciais.
Um exemplo é a
tentativa frustrada da Rede Globo e da imprensa de negócios privados, em geral,
de fazer com que a torcida brasileira parasse de cantar um de seus cânticos
mais populares e tradicionais, no qual reafirma sua brasilidade ao proferir o
hino: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor!” Canto de “guerra”
composto, em 1949, pelo professor e compositor, Nelson Biasoli, de 83 anos, e
que jamais imaginou, segundo seu filho, Nelson Júnior, que a canção se
transformaria em parte intrínseca da cultura brasileira, pois cantada há 65
anos, não somente nos estádios de futebol, mas em todas as competições e
modalidades esportivas em que o Brasil esteja competindo.
A verdade é que
certa “elite” portadora de complexo de vira-lata e provinciana é
antinacionalista, porque para ela nacionalismo “bom” é o da Inglaterra e o dos
Estados Unidos. Países admirados por alguns grupos sociais brasileiros
colonizados e que se acostumaram, no decorrer de gerações, a ver nos cinemas,
livros e jornais atores artísticos e sociais a cantar seus hinos nacionais,
suas lógicas ufanas e de carácteres nacionalistas, além de admirar suas
bandeiras a ser desfraldadas ou cravadas em solos quando suas forças militares
conquistavam territórios dos inimigos.
Aí vale e tem
graça para os coxinhas de classe média e os ricos colonizados, que pensam ser o
eixo Nova Iorque, Miami, Londres e Paris o centro do universo quando,
indubitavelmente, não o é. O mundo é muito maior e tem muito mais coisas que a
ignorância e o preconceito dessas pessoas quando pensam ou deixam de pensar,
pois sabemos que a humanidade é diversificada em todos os sentidos e que as
hegemonias são passageiras mesmo se demorarem muito em termos históricos, pois,
irrefragavelmente, submetidas ao tempo, que é realmente e inapelavelmente o
senhor da razão.
Dunga reflete por
enquanto esse contexto e surge das cinzas para assumir novamente o posto de
treinador da Seleção Brasileira. Combatido duramente pela imprensa corporativa,
o treinador passou quatro anos praticamente “congelado”, com um curto interregno
quando treinou o Internacional, time de sua infância e do seu coração. No
Colorado, foi campeão gaúcho e logo depois deixou o clube e foi cuidar de seus
negócios e de sua vida particular.
Contudo, existe
uma realidade que não pode ser questionada: Dunga é mais íntimo da Seleção
Brasileira do que qualquer clube em que ele jogou e treinou, pois desde garoto
até a vida adulta sempre freqüentou a CBF, seja como atleta ou treinador.
Conhecer os bastidores políticos da Confederação, ser disciplinado, determinado
e corajoso para enfrentar interesses contrariados são virtudes que não passam
despercebidas pelos políticos, dirigentes esportivos, imprensa e sociedade.
Engana-se aquele
que acredita ser o Dunga apenas um treinador. Ele foi reconduzido a cargo e
função tão importantes por se tratar de um profissional que não vai tergiversar
quanto a seus objetivos, de sua comissão técnica, da CBF e principalmente no
que tange à relação com a imprensa burguesa, que, tal qual acontece no que é
relativo à política nacional, insiste em pautar a Seleção Brasileira, porque a
finalidade é apenas fazer dela um produto vendável e que gere lucros
bilionários, como os que as Organizações(?) Globo obtiveram, agora, na Copa do
Mundo de 2014.
Creio que o Dunga
amadureceu com o linchamento profissional e moral do qual foi vítima, no
decorrer da Copa de 2010, na África do Sul, ao ponto de os profissionais da
Globo e de suas congêneres se voltarem contra o treinador, de forma virulenta,
bem como torcerem nitidamente contra a Seleção, porque o gaúcho quis pôr ordem
na casa, no que diz respeito a não seguir as pautas programadas pela imprensa
alienígena, que queria tratá-lo como um de seus empregados, a obedecer as
redações e certos jornalistas autoritários e arrogantes que desejavam “furos”
jornalísticos, entrevistas exclusivas e cobrir treinos para se aproximar dos
jogadores na hora que quisessem e conforme os interesses dos editores de seus
órgãos de jornalismo.
Nesses dias
percebo ao assistir e ouvir os programas esportivos de rádios e televisões
(abertas e fechadas) o sentimento de amargura e inconformismo de muitos
jornalistas, sendo que a maioria participou, na maior insensatez, perversidade
e complexo de vira-lata da tentativa de desconstrução e desqualificação da Copa
realizada este ano no Brasil. Profissionais de imprensa que se dispuseram e se
dedicaram a diminuir o Brasil, pois o propósito era propositalmente negativar a
autoestima do povo brasileiro e fazer com que ele tivesse o falso sentimento de
que o País não conseguiria realizar um evento de qualidade por ser incompetente
e desleixado.
Ledo engano! A
Copa do Mundo foi um retumbante sucesso, e, inequivocadamente, admirada e
aplaudida por todas as nações que participaram do evento mundial ou o
acompanharam pelas televisões. Os números e os índices da Copa são fantásticos,
porque o Brasil foi visto por quase dois bilhões de pessoas, os estrangeiros e
brasileiros gastaram R$ 30 bilhões no País, o que vai influenciar, inclusive,
no PIB, e quase um milhão de pessoas transitaram como turistas.
O número de
turistas estrangeiros poderia ser maior, se não fosse a campanha insidiosa, de
conotação mentirosa e propositalmente alarmista efetivada pela imprensa
burguesa, direitista e tão ideológica e provinciana que sabotou e boicotou um
evento internacional que, obviamente, apenas lhe trouxe altos lucros, pois se
tem uma coisa que os magnatas bilionários da imprensa familiar não fizeram foi
pegar a carteira ou enfiar a mão no bolso para investir na Copa. São tão
reacionários e contra o Brasil que não se importaram em mentir e manipular
fatos e realidades, porque apostaram no fracasso do campeonato mundial por
causa de questões político-eleitorais. São de uma mediocridade política e
social que não há sol que os aqueça ou os ilumine. Ponto!
Todavia, creio que
a imprensa mercantilista e por isso meramente comercial vai perder seu “passe
livre” para fazer o que quer ou bem entender, a ter os senhores Galvão Bueno e
William Bonner e seus patrões Marinho como “diretores” ou “tutores” da Seleção
Brasileira, que não pertence à Globo, às suas congêneres e, sim, ao povo
brasileiro, que a ama e veste sua camisa amarela com orgulho e paixão. A
Seleção é parte importante da cultura deste País e representa a grandeza do
Brasil, a sua força, talento e competência, sem sombra de dúvida.
Dunga volta à
Seleção e deixa a imprensa-empresa com a boca amarga pelo fel. Sua posse como
treinador da Seleção Brasileira é, antes de tudo, uma ação política e o resgate
de sua cidadania como um brasileiro que sempre defendeu as cores deste País com
respeito e dignidade. Dunga não é apenas corajoso por ter enfrentado interesses
de empresários, da imprensa comercial e privada, bem como dos políticos. O
ex-jogador e treinador se tornou um homem respeitado por ser leal, justo e
coerente, de acordo com seus comandados. Dunga é corajoso porque é digno. É
isso aí.
10 comentários:
Esse Davis Sena Filho realmente é um poeta. Quando está calado, é claro. Além de mentir descaradamente em seus textos de política, demonstrou agora que não entende absolutamente nada de futebol. Já chutou uma bola, Davis?
Leitura chata e cansativa, pensava q veria uma materia esportiva mas me enganei kkkkk
Davis, você colocou o dedo na ferida. Realmente, a Globo manipula suas matérias para ter o controle político, pois, o tendo, tem também o controle publicitário e financeiro. Parabéns, te considero um homem culto e um dos mais completos jornalistas deste país.
Matou a charada, Davis, tanto na questão da intromissão da imprensa até na música que a torcida quer cartar quanto na questão da perseguição da Globo a Dunga na Copa de 2010. Foi uma aberração e uma arrogância como vi pouco na minha vida. Seu artigo é irretocável e aponta sem dúvida que a imprensa é feroz quando quer ter seus interesses realizados.
A escolha de Dunga é a pior que podia acontecer por seu passado frente á Seleção, mas que pouco é comentado.
1 - Dunga declarou e mostrou contra qualquer lance que vise o futuro. Ele não convocou Neymar e Ganso sob a alegação de que sua preocupação era o hoje e não a seleção de 2014 e o resultado foi o que foi: fracasso e nenhum legado para as seleções futura.
2 - Dunga, como ele se mostrou, não merece confiança dos jogadores. Enquanto a seleção era vencendora - embora sem convencer - após os jogos ele entrava em campo e cumprimentava os jogadores, porém na derrota, embora honrosa, para Holanda, alguns jogadores chorando em campo ele (Dunga) e Jorginho viraram as costas e se recolheu para os vestiários, numa atitude questionável, que beira a falta de caráter
3 - Isso sem falar o fato de ser mau educado como ficou demonstrado ao recusar cumprimentar o então presidente Lula.
Sua desavença com a Rede Globo não compensa o que foi e provavelmente será.
João Bosquo, Dunga foi o melhor treinador que o Brasil teve desde 2002. A meu ver, sua análise é por demais equivocada. O treinador ganhou dois campeonatos internacionais, conhece a CBF e seus bastidores, é corajoso o suficiente para não sofrer pressão da imprensa e de qualquer força externa, além de ter vencido quase 80% dos jogos da Seleção quando era treinador, o que é algo a pelo menos ponderar, coisa que você não fez.. Além disso, sugiro que você leia novamente o belo artigo do Davis Sena Filho, que vai muito mais fundo do que suas palavras. Não me leve a mal, mas é isso que eu penso. Abraço.
Davis era o melhor centroavante da UFRJ entre 83 e 86. Artilheiro nato. Eu vi, ninguém me contou. Em relação ao futebol, ele só errou na hora de escolher o time: é Flamengo... rss
Sei não, mas pelo papo, é um tucaninho; estou enganado?
Acertou Emanoel, esse reaça de cores fascistas do Jorge Marcelo é um tremendo tucaninho de asa quebrada, rancor na alma e que gosta de defender o que é injusto. Resumindo: além de babaca é um direitista da pior qualidade.
Grande Davis, mais um artigo de sua talentosa lavra. Um grande abraço.
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