quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Otavinho e Dudu: fome e vontade de comer

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

Otavinho se alia a qualquer um, contanto que mantenha privilégios e que derrote o PT em 2014.

Lula disse que a imprensa é um partido e não assume esta condição. O que o político trabalhista afirmou é verdade, mas uma verdade que todo mundo sabe e que toma uma dimensão maior quando quem fala é um ex-presidente da República, com altos índices de aprovação da população deste País, bem como se trata do político brasileiro mais famoso e com prestígio em âmbito internacional.

Há muitos anos — ainda jornalista novo na profissão — percebi que a imprensa, os profissionais de “confiança” que repercutem o pensamento do patronato e os próprios donos dos meios de comunicação privados tem lado, cor ideológica e partido. Dissimulam e tergiversam quanto às suas ações, mas interferem no processo político brasileiro desde o final do século XIX.

E é exatamente no campo da direita que os megaempresários controladores da imprensa de mercado efetivam suas ações e apoiam quaisquer grupos conservadores que provem que podem conquistar o poder, principalmente se for a Presidência da República.

Não importa, inclusive, se o candidato conservador tenha origem na esquerda, como nos casos de Marina Silva, que, incompetente, não conseguiu legalizar a Rede Sustentabilidade no TSE, e de Eduardo Campos, cujo partido, o PSB, é aliado histórico do PT e que participou, de forma profícua, do projeto de País que está a ser edificado pelos presidentes trabalhistas Lula e Dilma Rousseff.

A verdade é que os barões da imprensa de negócios privados, a exemplo de Otávio Frias Filho, têm linhagem política, que remonta o Império. Eram aliados do Partido Conservador e que formaram definitivamente seus DNA políticos com o surgimento da UDN e todos os partidos que, posteriormente, ocuparam o seu lugar, em forma de siglas, exemplificadas em Arena, PDS, PFL e, finalmente, DEM.

Acontece que a direita no Brasil não ganha eleições majoritárias, como as de presidente da República. A direita não tem votos suficientes, mas tem dinheiro, os meios de produção e principalmente o controle do sistema midiático empresarial, que se tornou um partido político oficioso e que atua como porta-voz do establishment, que luta, incansavelmente, pela manutenção do status quo das classes sociais ricas e dos países que controlam os sistemas de capitais, como os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, o Japão e a Alemanha.

Quando um político aparentemente compromissado com as reformas se bandeia para o outro lado, é sinal que seus interesses pessoais estão acima dos interesses do povo. Eduardo Campos foi picado pela mosca azul e não mede consequências para atingir seus objetivos. Oportunistas como as hienas e vorazes, a exemplo dos tubarões, os barões da imprensa de tradição golpista não se fazem de rogados, pois animais políticos calculistas se aproximam quase que instantaneamente daqueles que, porventura, possam chegar ao poder e derrotar o governante e o partido que eles consideram como adversários e até mesmo inimigos.

Eduardo Campos, no momento, é a aposta deles, mesmo com a opção de Aécio Neves, senador mineiro, que na verdade nunca empolgou o baronato midiático e bilionário que pensa que o Brasil de mais de 200 milhões de habitantes e a ser a sexta economia do mundo é o quintal da casa dele. Mas não é; como provaram as duas vitórias de Lula e o triunfo de Dilma Roussef, que candidata novamente a presidenta da República é considerada pelos institutos de pesquisas, alguns deles pertencentes aos magnatas midiáticos, a favorita para vencer o pleito eleitoral, apesar da oposição sistemática e incontáveis vezes desleal da imprensa de negócios privados. Sempre foi essa a atitude desses empresários bilionários.

E não é que o Otavinho Frias vai a Recife se encontrar com o Dudu Campos, aquele que recebeu bilhões de investimentos para Pernambuco ser um canteiro de obras e depois se transformou em um quinta-coluna que deixaria o Joaquim Silvério dos Reis constrangido. Ao chegar a Pernambuco, o magnata paulista e sua trupe de “gênios” e “estrategistas” de mídia e política se encontram com o Dudu, pré-candidato a presidente à Presidência, para logo depois visitar o Porto de Suape, dentre outros investimentos, que tiveram como parceiro principal o Governo Federal administrado pelos presidentes trabalhistas há 11 anos. Otavinho e Dudu: a fome com a vontade de comer.

O Otavinho certamente vai ficar surpreso com o Porto de Suape e as outras obras que vai visitar, porque apesar de ele ser o dono da Folha de S. Paulo e do Datafolha, o barão “desconhece” a existência de milhares de obras espalhadas por este País. Afinal, o jornal que ele comanda não dá publicidade sobre nada o que é realizado no Brasil pelos governos do PT, porque a intenção é fazer com que o povo brasileiro não tenha acesso à informação sobre suas conquistas.

Essa conduta acontece porque o magnata tem a compreensão que está em jogo a derrota dos petistas, e, consequentemente, concretizar seu desejo, que é o de ter no poder o político que ele considere de sua confiança, e, por sua vez, possa atender os interesses dessa burguesia de passado escravocrata, que ficou quase 500 anos no poder e por causa disso sente muito ódio por ter deixado de roer o osso e perceber que está a haver distribuição de renda e ascensão social das classes mais pobres.

Esses caras são de amargar, porque é muito diferente você fazer aliança e manter seu projeto de Governo apresentado e prometido ao povo, como o fez o PT, do que as alianças firmadas por Eduardo Campos e Marina Silva que, nitidamente, desmentem seus discursos ao tempo em que dão transparência ao que eles pretendem, que é desacelerar o projeto trabalhista de distribuição de renda e riqueza e de reformas em setores importantes como o político e o tributário.

Dudu continua a dar pedradas na pomba socialista e a cooptar barões da imprensa como o Otavinho.

O dono da Folha — jornal que emprestou seus carros de reportagem aos agentes da repressão da ditadura militar, que chamou tal regime de ditabranda e publicou uma ficha falsa da Dilma, dentre muitas outras leviandades e mentiras — está, na verdade, a sondar as intenções políticas e o projeto de poder do “socialista” Dudu e aproveita para dar sugestões, de preferência nas áreas econômicas e de relações exteriores, os setores mais criticados pela direita brasileira, pois no Governo Lula as relações internacionais deram uma guinada à esquerda, bem como o Brasil buscou novos parceiros, rejeitou a Alca e efetivou a criação e o fortalecimento de blocos políticos e econômicos, exemplificados em Mercosul, G-20, Unasul, Brics e Celac.

Em âmbito interno, Lula e Dilma não vacilaram em proteger, fortalecer e fomentar a economia interna e dessa forma combater com competência a crise internacional iniciada em 2008 e que até hoje aflige duramente os europeus e os segmentos mais frágeis da sociedade estadunidense, realidades essas que não são mostradas como deveriam ser repercutidas, por exemplo, pelo jornal do Otavinho. O jornalismo da Folha de S. Paulo é sectário, provinciano, preconceituoso, conservador e tem lado, ou melhor, lados, pois o barão da imprensa ainda não deve ter batido o martelo para escolher entre Eduardo Campos e o Aécio Neves, do PSDB, partido aliado há 20 anos do partido político Folha de S. Paulo.

Talvez o magnata considerasse mais prático e palatável a união entre Aécio Neves e Marina Silva, chapa de preferência dos irmãos Marinho, outra família midiática, que detesta o Brasil, mas não abre mão de ganhar muito dinheiro nessas querências e de também ter um representante da Casa Grande na Presidência da República. Mas não deu, a começar pela incompetência da tucana de bico verde, Marina Silva, pessoa que quando abre a boca ninguém entende nada, bem como teve que se filiar ao PSB porque não conseguiu legalizar a Rede Sustentabilidade. Ela é um gênio, não?

Contudo, Otavinho Frias é realmente um homem sem “simancol”. Pensa que sua importância é maior do que propriamente o é. O “escriba” patrão se reúne com um governador “socialista”, aliado do PT durante 20 anos e que se beneficiou com a disposição de o ex-presidente Lula fazer de Pernambuco alvo de investimentos bilionários e, por sua vez, gigantescos. A verdade é que Lula “governou” Pernambuco e o Dudu foi e ainda continua a ser um gerente de luxo, que rompeu uma aliança histórica e ainda se dá o direito de ir à televisão pedir respeito, o mesmo respeito que ele não teve com seus aliados de lutas e conquistas, com o apoio da maioria do povo brasileiro.

Antes de o senhor Otávio Frias Filho ir sondar o que pensa e o que quer fazer o Dudu, no dia anterior o seu jornal publicou que a presidenta Dilma Rousseff entrega casas do PAC sem água e luz. Evidentemente que tal matéria não é séria e que visa desqualificar o programa ao tempo em que coloca a mandatária em uma posição de política inconsequente, irresponsável e oportunista, coisa que Dilma não é.

Talvez o Otavinho e seus empregados jornalistas se considerem mais sérios e compromissados que a presidenta no que diz respeito a cuidar dos interesses do povo brasileiro. E como saber quem tem esta preocupação? Dou uma sugestão, e respondo com uma indagação: Que tal pesquisar-se a biografia, a história de ambos e assim verificar-se em que lado cada um está e sempre esteve? Aposto que o filho e herdeiro do magnata Frias seria, inapelavelmente, desmascarado.

O PSB quer entrar em São Paulo. Otavinho é dono do jornal mais poderoso do País, a superar O Globo. Eduardo Campos talvez queira garantir o apoio do megaempresário se passar para o segundo turno das eleições. Entretanto, sabe-se que se o tucano Aécio Neves não decolar como se espera, a direita brasileira vai desembarcar com mala e cuia na candidatura do “socialista” quinta-coluna, que não mede esforços para concretizar seus interesses pessoais e dessa maneira afagar sua incomensurável vaidade.

Otavinho, esperto como seu pai, fareja a oportunidade de longe, e prepara seu bote, que tem a intenção de fazer com que o Dudu seja conhecido nos rincões provincianos, mas ricos do Estado de São Paulo e sul e sudeste do País. Só que o magnata Otávio Frias, como “constitucionalista”, foi derrotado em 1932, pelo estadista trabalhista Getúlio Vargas, o político responsável pela edificação do Brasil moderno e da efetivação das leis trabalhistas, e que essa gente até hoje o odeia exatamente por causa disso.

Agora, uma coisa reconheço: Eduardo Campos sabe como agradar a imprensa de negócios privados, porque a de Pernambuco está nas suas mãos há muito tempo. Dudu fez com a imprensa burguesa o que os tucanos de São Paulo fizeram com a imprensa paulista, cujo um dos mais poderosos representantes é o Otavinho. Como se percebe, tais magnatas da imprensa empresarial defendem o liberalismo econômico com unhas dentes, mas na prática adoram receber agrados do estado, especialmente quando se trata de abertura de crédito bilionária e de publicidade oficial milionária. O Otavinho é o que é, porque seu pai foi o que foi; bem como a Folha é o que é, porque quem a controla é o Otavinho. É isso aí.

7 comentários:

Henrique disse...

A DITABRANDA vai ver como o dudu consegue, em sua propaganda política, dizer que hospital particular é público e escola particular é publica. O verdadeiro jornalismo não passa pela DITABRANDA. Lembram a ficha falsa da DILMA!?

Henrique disse...

Eles devem acertar os valores para o apoio ao enganador/dudu.

Henrique disse...

Será que querem o apoio de Itaú e Natura!?

Henrique disse...

Como A DITABRANDA gosta de pouca coisa em seu jornalão!

Henrique disse...

A DITABRANDA nunca conseguiu(?) enxergar os desmandos tucanos. Ela só enxerga os milhões que recebe dos tucanos em nome da educação(?)

E o dudu?

Henrique disse...

A DITABRANDA ajudou a ditadura, ops, ditabranda, nada mais justo do que apoiar o dudu e a blá-blá!

Henrique disse...

Seria essa "estranhissima" diferença de tratamento, DA DITABRANDA, ops, folha, somente ideológica?

Ou seria um jornalismo imparcial da DITABRANDA?
Ou seria um jornalismo opiniático da DITABRANDA?
Ou, então, seria aquilo que a DITABRANDA faz de melhor - o jornalismo declaratório, muito bem assimilado na ditadura, ops, ditabranda!?