Por Davis Sena Filho — Blog
Palavra Livre
Vamos lá. Luiz Inácio Lula da Silva concedeu
recentemente entrevista à Rádio e Televisão de Portugal (RTP) porque está
convencido, tal qual a milhões de brasileiros que não votam nos candidatos da
direita partidária e da imprensa mercantil e alienígena, que suas palavras
jamais vão ser repercutidas fidedignamente pelos jornalistas empregados das
mídias tradicionais, que, por conta própria ou a mando de seus patrões magnatas
bilionários de imprensa, deturpam e manipulam o que foi dito, a fim de,
evidentemente, colocá-lo em xeque, bem como impedi-lo de se fazer entendido
pelo público ouvinte, leitor ou telespectador.
O negócio é o seguinte: a imprensa burguesa,
as seis famílias que a controla e seus empregados de confiança, que agem como
feitores da Casa Grande, “lutam” e “defendem” ferozmente as liberdades de
imprensa e de expressão, mas somente as liberdades deles, porque a verdade é
que esses grupos econômicos e financeiros querem falar sozinhos.
Por isto e por causa disto é necessária a
efetivação urgente do marco regulatório para as mídias, pois, do contrário,
esses poderosos conglomerados, vinculados a interesses internacionais, vão continuar
a trilhar por veredas tortuosas, que visam, primordialmente, desestabilizar governantes
eleitos, principalmente se eles forem chefes de estado e de governos populares,
a exemplo de Getúlio Vargas, João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff.
A imprensa de negócios privados é a favor da
liberdade de expressão dela. Só isto, e nada mais. Lula, o maior e mais
importante político da América Latina, além de ser incrivelmente conhecidíssimo
no mundo, bem como premiadíssimo por seu profícuo trabalho à frente da
Presidência da República durante oito anos, não pode falar no Brasil e muito
menos aparecer nas televisões abertas e fechadas, notadamente os inúmeros
canais pertencentes às Organizações(?) Globo, um dos maiores e mais poderosos
oligopólios de comunicação do mundo.
Isto mesmo, meus camaradas! Lula não pode falar e ser ouvido no Brasil. Ponto! E quando o líder petista e trabalhista fala, por
mais que ele seja democrático, sensato e lógico, quase que instantaneamente os
porta-vozes da Casa Grande tratam de rebatê-lo com intolerância e veemência,
pois para essa gente herdeira da escravidão já foi de mais que um nordestino de
origem pobre e depois operário de fábrica, que chegou ao Estado de São Paulo em
um pau-de-arara tivesse tido a ousadia e a petulância de subir a rampa do
Palácio do Planalto, caminhado por seus tapetes e sentado na cadeira da
Presidência da República.
Ainda mais quando se trata de um político de
esquerda que nunca abaixou a cabeça para essa burguesia perversa, violenta e
preconceituosa, que acha que sua suposta e ridícula “superioridade” retrata a
realidade dos fatos quando todo mundo sabe, aqui e no exterior, que o
ex-presidente Lula teve uma performance administrativa infinitamente superior à
dos ex-presidentes “doutores”, cujos governos se atolaram na areia movediça da
inflação, desempregaram, não criaram programas sociais que sustentassem as
economias das diferentes regiões deste País, sucatearam as estatais e a infraestrutura
brasileiras e, terrivelmente, venderam o Brasil, como se vendessem qualquer
bugiganga em simples feiras. Verdadeira privataria e traição à pátria, que em
muitos países acabaria em processos e cadeia.
A privataria tucana foi, de longe, o maior
caso de desmantelamento do Estado brasileiro, bem como de corrupção da história
deste País. O tucano Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — conseguiu
superar em traição o traidor da Inconfidência Mineira, Joaquim Silvério dos
Reis, um coronel de Cavalaria que delatou seus companheiros inconfidentes para
ter suas dívidas perdoadas pela coroa portuguesa, bem como angariar benefícios,
como ganhar 30 moedas de ouro, pensão vitalícia, título de fidalgo da Casa
Real, uma mansão para morar, além de ter sido recebido pelo príncipe regente
Dom João, na corte de Lisboa, entre outras coisas. Deu no que deu: os
inconfidentes foram presos e exilados. Tiradentes, porém, foi enforcado,
esquartejado e suas partes espalhadas por vários pontos da cidade do Rio de
Janeiro.
Obviamente que FHC, aquele que foi ao FMI três
vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque o gênio tucano e seus
economistas mequetrefes quebraram o País três vezes, não recebeu as vantagens,
digamos pecuniárias, de Joaquim Silvério dos Reis, mas vendeu o País e o
administrou como se fosse um caixeiro viajante.
Incompetente, mas caixeiro viajante, pois
jamais quis ser um estadista, porque ser um estadista não é uma questão mera de
querer sê-lo ou não. Ser um estadista é nato; e apenas poucas lideranças em todo
o mundo e em todos os tempos possuem a vocação e a compreensão de que o ofício
de governar é intrinsecamente ligado ao conhecimento daquele que se fez
estadista, no que concerne a conhecer os anseios do povo e defender os
interesses da sociedade, bem como do estado quando este se submete ao direito e
à democracia. Definitivamente, Lula compreendeu essas questões, o que,
evidentemente, não aconteceu com FHC, que optou por governar para os ricos, ou
seja, para poucos, pois homem das elites, que sempre lutaram por um País VIP.
Um acinte completo, bem como,
inquestionavelmente, traição ao povo brasileiro. E eles estão aí... Livres,
leves e soltos, a fazerem caras e bocas, além de cinicamente se arvorarem como “nacionalistas”,
interessados que são pelo destino da Petrobras e de outras empresas públicas,
que a direita, os tucanos e seus aliados trataram quando no poder de
sucateá-las para vendê-las bem barato para os gringos, que até hoje deitam e
rolam com as remessas de lucros bilionárias provenientes, por exemplo, da
Telebras, megaempresa de comunicação, que foi fatiada em partes e que hoje gera
lucros incontáveis para que europeus possam, inclusive, por intermédio dessa
derrama, combater suas crises econômicas, que desde 2008 afligem quase todos os
países europeus. Ponto!
Lula tem de ficar calado. Mas ele não fica, e
concede entrevista a uma empresa de comunicação europeia, de língua portuguesa,
como se desse um aviso ao sistema midiático monopolizado que não vai ficar
quieto e vai falar quando quiser e na hora que desejar. Lula é a personalidade
política mais internacional do Brasil, sem sombra de dúvida, e pretende falar
muito mais quando se der o início do horário político gratuito nas televisões e
rádios.
E aí, meus camaradas, o governo trabalhista
vai mostrar as milhares de obras e programas e projetos que não têm
visibilidade, porque os magnatas bilionários donos da imprensa-empresa boicotam,
sabotam e censuram, de todas as formas e maneiras, as conquistas sociais e
econômicas do povo brasileiro acontecidas nos últimos 12 anos. São muitas e vão
ser mostradas na televisão. Somente nesse interregno eleitoral é que a grande
mídia conservadora e reacionária deixa de falar sozinha.
É no decorrer desse curto espaço de tempo que
as liberdades de expressão e de imprensa tão decantadas falsamente e
cinicamente pelos barões da imprensa realmente funcionam. De quatro em quatro
anos, mas o suficiente para os trabalhistas, os socialistas, o PT e seus
aliados se comunicarem com a população brasileira e mostrar o que foi feito e o
que poderá ser realizado. E essa realidade incomoda de mais a Casa Grande.
Venhamos e convenhamos, duvido que o povo
abra mão de suas conquistas para colocar, no lugar dos presidentes trabalhistas,
políticos privatistas, colonizados, complexados e subservientes aos interesses
internacionais, como o são geralmente os políticos do espectro ideológico à
direita, a exemplo de Aécio Neves, José Serra e, evidentemente, Fernando Henrique
Cardoso — o Neoliberal I. Lula não se cala, pois fala, e causa ódio aos
inquilinos da Casa Grande. É isso aí.
6 comentários:
Lula tem direito de falar, tanto como político quanto como cidadão. Jornalista de emissoras de TV (concessões públicas) é que tem que medir as palavras. Esses devem informar e não fazer política.
Lula deu um show de inteligência. Demonstrou profundo conhecimento sobre política externa e realidade brasileira.
Por nada não, não ouvi nem assisti a entrevista, que deve ser boa pra caramba.
Mas o frame selecionado e publicado aqui está muito bom, muito bom mesmo.
Nele, Lula parece realmente ser um homem do mundo, um estatisda de marca maior, um visionário, um poeta da democracia.
Muito bom, muito bom...
Não achamos que o título de "estadista"seja adequado num governo popular trabalhista."Estadistas" são comissários dos interesses do capital em governos de estados sob controle da burguesia.Em governos compromissados com o mundo do trabalho e seus trabalhadores(economia real) e com a construção de um estado de bem estar social temos líderes.Abraço, Davis Ribeiro de Sena Filho. Sempre contigo, companheiro.
Seguindo,seguimos unidos pela democracia mais ampla com os partidos políticos e todas as formas de representação popular à esquerda, Davis.Abraço fraterno
Brilhante texto, como sempre! Então que o líder Lula, fale, fale e fale.
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