A direita é insensata e perversa, além de egoísta e violenta. Todo mundo sabe disso, até um menino matriculado em uma creche. Contudo, apesar de também ser manipuladora e dissimulada, ela não é burra. E nunca o será. Dou um exemplo: o presidente recém-eleito da Câmara quando supostamente disse que o responsável pela cassação de mandatos era o Legislativo, a imprensa de negócios privados caiu de pau, e sua figura foi repercutida como se fosse o filho de inferno, que ousa peitar o STF conservador, que faz oposição aos governos trabalhistas e se alia a direita partidária fracassada, pois foi derrotada em três eleições pelo PT e seus aliados, bem como poderá ser derrotada pela quarta vez em 2014.
Após visitar o juiz condestável e presidente do STF, Joaquim Barbosa, e deixar claro a ele que a Câmara não quer entrar em conflito com o Supremo dominado por juízes direitistas, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) instantaneamente se tornou um herói ou, quiçá, uma pessoa simpática para imprensa, a mesma que em 1969 atacou seu pai, Aluísio Alves, e apoiou sua cassação por intermédio do AI 5 da ditadura militar, sem que, no entanto, provas contundentes sobre corrupção nunca foram, de fato, comprovadas. Aluísio Alves respondeu a processo até 1973, quando, enfim, as acusações foram arquivadas.
Para quem não sabe, a imprensa de mercado tem duas características fundamentais: o oportunismo e a contradição. Tal segmento econômico não se preocupa com sua credibilidade, porque, na verdade, nunca a teve, pois o que importa para ele é concretizar seus negócios e derrotar politicamente aqueles que são considerados seus inimigos ideológicos e de classe social, porque os donos da imprensa comercial e privada respiram ideologia e intolerância, porque vivem ainda em um mundo bipolar, alicerçado na Guerra Fria, que, simbolicamente, em 1989, acabou com a derrubada do Muro de Berlim. É o que esses patrões “espertos’’, por meio de seus capachos ferozes e ressentidos com a ascensão de 30 milhões de brasileiros que ingressaram na classe média e 1,3 milhão que ingressou nas universidades públicas até então um clube restrito para os branquinhos bem nascidos da riqueza e da classe média considerada tradicional e, por causa disso, reacionária e preconceituosa dos pés até a cabeça.
Como se percebe, o oportunismo é considerar, agora, Henrique Alves ótima pessoa e um político realmente sensato e que quer o bem do Brasil, o Brasil deles e para eles, lógico. Lembro, ainda, que a imprensa considerava o presidente condestável do STF, Joaquim Barbosa, um diabo de capa porque ele discutia asperamente com o senhor juiz de direita e partidário da oposição, Gilmar Mendes. Após o processo político e midiático do “mentirão’’, Joaquim Barbosa virou, de repente, o “maior brasileiro de todos os tempos’’, o que sedimenta ainda mais a minha convicção de que a imprensa alienígena é como um tigre de circo supostamente adestrado, que obedece aos comandos do domador, mas a intenção verdadeira é morder seu pescoço. E a contradição são os exemplos de Henrique Alves e principalmente Joaquim Barbosa, que era, realmente, odiado pela imprensa, aliada desde sempre do juiz Gilmar Mendes.
Não creio que o deputado Henrique Alves permitirá que a Câmara dos Deputados, constitucionalmente a Casa do Povo, fique à mercê dos ditames e das vontades de juízes a exemplo de Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello e Luiz Fux, somente para ficar nesses. Seria uma temeridade, ainda mais que esses senhores de capas pretas trabalham em harmonia com o oposicionista conservador Roberto Gurgel, que vem a ser o procurador-geral da República, que senta em cima de processos referentes à direita partidária, e, de forma antagônica, sempre abre a boca ou ameaça personagens que não confortam seu espírito ideológico.
O STF, a PGR, o Partido da Imprensa e o PSDB e seus aliados, DEM e PPS, compõem a direita brasileira e como tal combatem os governantes trabalhistas e suas bases políticas e sociais, por intermédio da judicialização do processo político, da criminalização de figuras proeminentes do PT e da tentativa de paralisar no STF as ações e atos do Governo, que visam desenvolver o programa e projetos de governantes trabalhistas que venceram as eleições e, consequentemente, têm autoridade para governar e concretizar suas propostas apresentadas ao povo nas campanhas eleitorais. A verdade é uma só: a imprensa comercial e privada é a oposição no Brasil, e os oligarcas que a controlam em forma de cartel não têm compromisso com o Brasil.
Agora, a pergunta que não quer calar: Quem tem autoridade constitucional para cassar parlamentares? A resposta que também não quer calar: Artigo 55 – VI – inciso 2º da Constituição: Quem cassa é o Parlamento. “… a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, POR VOTO SECRETO E MAIORIA ABSOLUTA, mediante provocação da respectiva Mesa’’...
Então, qual é a dúvida da direita midiática e partidária, de alguns juízes do STF e do procurador-geral? Enfim, qual é a dúvida da oposição? Resposta: Não há dúvida. O que há é a luta política em forma de golpe, dissimulada e manipulada pela imprensa para tentar enganar setores importantes da população, principalmente a classe média. Quem cassa deputado e senador é o Congresso. Assim determina a Constituição e o estado democrático de direito. É isso aí.
3 comentários:
Brilhante texto, como sempre.
Se - porém - o problema concentra-se na classe média principalmente, o Congresso continua soberano, ora pois.
Pra que o drama? Aécio é carta marcada, se caírem deputados como Genoíno e João Paulo, a história sempre será maior que tudo.
Se porém a nebulosa conjunção de mídia de esgoto com direita corrupta se alavancarem na classe C - a maioria - o povo estrá louco.
Anônimo
Davis, ótimo post. Vou replicá-lo.
Excelente, para poupar palavras...pois todas as linhas foram bem traçadíssimas e muito bem ditas, como o oportuno encerramento com chave de ouro: o Artigo 55 etc., da Constituição.
Afinal, de quem é a autoria brilhante do "mentirão"?! Sei que a Hildegard Angel utiliza , também. Só senti falta da Imprensa Privada nos dois sentidos, tá? (mais naquele sentido coprológico rs, diria eu ).
Abraço,
Marcos Lúcio
Postar um comentário