Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
“As virtudes que apreciamos já estão
enraizadas em nós”. (Goethe)
Existem quatro principais setores que navegam
pelo espectro político conservador e que ainda, percebemos, inconformados com a
derrota eleitoral do candidato de direita e do PSDB, o senador Aécio Neves. Os
recalcitrantes são os seguintes: 1- a imprensa de negócios privados; 2- os coxinhas
de classe média lacerdistas; 3- o PSDB; e 4- os setores atucanados da Polícia
Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal, com canais abertos com o
STF, a exemplo do juiz político e de direita, Gilmar Mendes.
A revolta e a frustração pela derrota do
candidato desses grupos sociais e institucionalizados é tão grande que, após 22
dias das eleições presidenciais, a insanidade tomou conta dessas pessoas,
principalmente em São Paulo — o mega bolsão do reacionarismo brasileiro desde
os tempos dos bandeirantes. Considero incrível e quase inacreditável que o
histerismo político-partidário faz com que indivíduos saiam da realidade e
protestem contra a “cubanização”, a “venezuelização” do País, bem como a
marcarem territórios como se fossem cães hidrofóbicos e, consequentemente, sem
condições psíquicas para avaliar de forma ponderada, pontual e lúcida a
conjuntura brasileira e suas realidades.
Chegam a ser ridículos e muitas vezes “cômicos”
tais protestos de características conservadoras e golpistas, mas a verdade é
que não o são. Esses movimentos têm objetivos nada ingênuos, e um deles é abrir
um processo de impeachment contra uma presidenta constitucional, recém-eleita,
legalmente, pelos votos de mais da metade do povo brasileiro, e que está a lutar pela reforma política, além de exigir, no momento, o
afastamento e a punição dos envolvidos em corrupção, no caso Lava Jato.
Além disso, Dilma Rousseff tem afirmado à
sociedade brasileira que vai realizar o marco regulatório para as mídias, a fim
de efetivar regras para tão importante setor da economia, sem, no entanto, o
Estado interferir no que diz respeito ao conteúdo que essas empresas, no caso
as privadas, repercutem à vontade, porque, sem sombra de dúvida, os magnatas
bilionários de todas as mídias cruzadas e seus empregados publicam, mostram e
falam o que querem, até mesmo, como ocorreu nas eleições, tentar influenciar os
eleitores, como o fez a revista Veja — a Última Flor do Fáscio.
Contudo, o visível histerismo e a total
rejeição dos fundamentalistas, dos desinformados, dos histéricos de direita,
que cooperam para que os interesses do sistema de capitais sejam concretizados
se tornaram uma questão preocupante para o Governo Trabalhista, bem como para
parte importante e populosa da sociedade brasileira, que acredita no jogo
democrático, nos ditames da Constituição e no estado de direito.
A questão primordial é o Governo Trabalhista
se fazer ouvir e ser entendido pelo povo brasileiro. Existem meios para se
preencher essa lacuna aberta desde os tempos do Governo Lula. E, como assim?
Respondo: fortalecer o sistema de comunicação estatal, de forma que ele abranja
todo o Brasil, por intermédio de novas sedes regionais e cobrar que a
Secretaria de Comunicação (Secom) repercuta sistematicamente suas obras de infraestrutura,
além de mostrar os avanços sociais conseguidos com os programas de inclusão do
Governo Federal.
Todavia, somente essa estratégia não adianta.
Não dá resultado. A Secom tem de rebater, diuturnamente, a imprensa comercial e
privada de essência privatista e elitista. Quando há acusações e denúncias,
todas elas têm de ser investigadas ou apuradas pelo Palácio do Planalto, por
meio do Ministério da Justiça, com o apoio da base do Governo no Congresso,
principalmente de suas lideranças, sempre prontas para informar e explicar os
acontecimentos, mas nunca deixar de rebater, sistematicamente, as acusações
infundadas e as denúncias vazias. Ponto!
Por sua vez, as ilações artificiais e os
ataques nada republicanos, criados pela imprensa empresarial e familiar,
pinçadas de um contexto mais amplo e complexo, têm de ser rebatidos duramente
pelas Secom, Casa Civil e por autoridades de órgãos e instituições que
respondem pela segurança do Estado e pela estabilidade da democracia brasileira.
É dessa forma que tem de agir as autoridades
e os profissionais de comunicação, a evitar ruídos no que tange à compreensão
dos fatos e dos acontecimentos por parte do povo brasileiro, merecedor de
respeito, consideração, bem como de receber satisfações de quem é pago e
sustentado pelo contribuinte. Agora, vamos à pergunta que não quer calar: “Quando
os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas vão ser também investigados,
julgados e punidos pelos seus crimes?”
A imprensa alienígena tem de ser colocada em
seu devido lugar, pois, talvez assim, tal sistema midiático corporativo resolva
fazer jornalismo, desça do palanque político-eleitoral e pare de proceder como
uma agremiação política de direita, desregulada, para seu deleite, e que
inúmeras vezes agiu fora da lei, como nos casos do bicheiro Carlinhos Cachoeira
e da edição criminosa do debate entre Lula e Collor, em 1989, dentre muitos
outros maus exemplos.
Sou sabedor que no Brasil existem muitos
grupos de direita e de extrema direita na sociedade civil — no mundo
empresarial, político, acadêmico e estatal. Compreendo o porquê de os coxinhas,
falo daqueles que são educados, gentis e instruídos quando se trata das relações
pessoais e profissionais, mas que, de repente, surpreendem pela intolerância
expressada em uma variedade de preconceitos e cóleras que deixariam um fascista
estudioso e ideológico com o queixo caído.
Trato da classe média que vai às ruas e brada,
em catarse mesclada com ódio, por um impeachment, sendo que grupos ainda mais radicais
reivindicam, “simplesmente”, um golpe militar. Surreal. Um histerismo coletivo
de tal monta que deveria ser estudado por psiquiatras experientes, porque, sem
exagero, considero que se trata de um surto pós-eleitoral, que atingiu muitas
pessoas, que até agora não conseguiram sair desse círculo viciado, bem como não
compreenderam os fatos e por causa disso não conseguem digerir as realidades
apresentadas a elas, pois que lhes causam frustrações e, consequentemente, dores.
Há poucos dias conversava em um bar e
restaurante, no bairro do Flamengo, com pessoas da minha geração, entre 50 e 60
anos. A conversa fluía e os temas eram sobre política, eleições, países,
futebol etc. Lá pelas tantas, um dos caras, com 58 anos (ele disse a idade
dele), estourou e começou a xingar seu interlocutor, porque ele discordou de
suas considerações relativas aos EUA.
O homem ofendido apenas disse que os “Esteites”
também tinham problemas sociais graves, como pobreza, falta de um sistema de
saúde público de boa qualidade, racismo histórico, maior população carcerária
do mundo, desemprego, crise financeira internacional, além de ser alvo de
inimigos em quase todo o planeta. Pra quê? O cidadão de 58 anos, que até então
se mostrava um coxinha gentil e educado, transformou-se no Mr. Hyde, de o
Médico e o Monstro.
Testemunhei uma saraivada de insultos e
impropérios que deixariam um biltre espantado ou a infâmia com vontade de pedir
socorro. Impressionante a boca suja do sujeito. O coxinha bramia; e sua língua
parecia um chicote para açoitar escravos. Incrível. O cidadão atacado pela
verve absurda e injuriosa do indivíduo que, em um passe de mágica, tornou-se
seu inimigo, primeiro ficou com os olhos arregalados, seus lábios ficaram
brancos-acinzentados, depois suas faces ficaram vermelhas, para logo esboçar alguma reação...
A discussão ficou feia, mas o sujeito classe
média arrogante e desaforado gritava mais alto e conhecia um conjunto de
palavrões e insultos mil, que deixou todo mundo atônito e com vontade de ir
embora. O homem rugia: “Não fale mal da América”! “Eu morei lá, porra”! “Eu amo
a América”! “Eles são os xerifes do mundo”! “O Brasil é uma merda; uma
verdadeira bosta”! “Odeio este País”! “Eu quero mais é que o Brasil e esse
povinho mulambo, de merda, se foda”! “Não fale mal da América, seu merda”! “Bata
na boca pra falar dos americanos”! E por aí vai, porque os palavrões e demais
ultrajes não valem à pena relatar.
O mister Hyde brasileiro e carioca revelou seu
lado demoníaco e... coxinha. Com ele, o doutor Jekyll não tem a mínima chance
de recuperar seu corpo, pois sua alma já pertence ao monstro. Quero dizer que o
Brasil vive tempos difíceis, no que concerne à convivência entre os diferentes e
à tolerância quando os antagonismos são expressados e considerados como se as pessoas
estivessem em uma guerra, quando, na verdade, são apenas posições quanto ao que
certo cidadão acredita, pelo menos naquele momento, porque os seres viventes
mudam de opinião quando, não, passam para o outro lado da cerca.
Foi o que aconteceu com o dono do bar onde
ocorreu a contenda. O comerciante falava mal à beça do PT, e, por fim, votou em
Dilma Rousseff, porque a filha dele foi beneficiada pelo programa Ciência sem
Fronteiras. C’est la vie, como dizem os franceses. Depois desse bate boca
passei a compreender melhor os meus detratores, que enviam desaforos e esculhambações
por intermédio de mensagens ao meu blog, o “Palavra Livre”, bem como aos sites “Blog
da Dilma” e “Brasil 247”, dentre muitos outros veículos da internet onde meus
artigos são publicados e repercutidos.
O Brasil vive um momento psicológico, cívico e
político singular. Porém, o Governo Trabalhista de Dilma de Rousseff, as
instituições republicanas, a grande parte do povo brasileiro que preza as
liberdades civis têm de ficar atenta às tentativas de golpes, ainda mais quando
tais crimes se voltam contra a democracia, conquistada com muita luta, suor e
sangue, no decorrer de 21 anos. Os grupos radicais de direita estão a brincar com
fogo, porque as condições políticas de hoje não são as mesmas que se apresentavam em
1964. Vivemos em outro Brasil, e este fato é inquestionável.
Inúmeras pessoas, a exemplo do cidadão de
classe média e com 58 anos, que ofendeu seu semelhante, porque ele apenas teceu
comentários sobre os Estados Unidos estão “possuídas” por um despertar de
emoções incontidas e omitidas durante muito tempo de suas vidas. De repente,
elas explodiram, porque esses indivíduos não aceitam a ascensão social de
brasileiros pobres, somadas às crenças ideológicas e opções partidárias, que se
transformaram em amarras de suas existências, ao tempo que pontas de lanças de
suas verborragias agressivas, esnobes e preconceituosas.
São valores e princípios enraizados em
gerações, e que, em certo momento, vieram à tona de forma incontrolável, ao
ponto de a intolerância e o preconceito se tornarem os combustíveis dos que não se
conformam com a democracia e o estado de direito, que estão a viabilizar a
igualdade de oportunidades para que todos os brasileiros possam ter uma vida de
melhor qualidade.
No fundo das almas dos senhores classes médias tão
gentis e por isso bons anfitriões moram os monstros Hydes, pois, do contrário,
não diriam tantas barbaridades e não mostrariam seus preconceitos e intolerâncias
de conotações dantescas, quase pornográficas, nas televisões e redes sociais,
nas ruas e praças públicas. O Governo Trabalhista tem de ficar atento para enfrentar golpes, fazer o
plebiscito da reforma política, além de efetivar o marco regulatório para as mídias. O
tempo urge. É isso aí.
10 comentários:
O excelente post já começa irretocável pelo título e chega ao final, com brilhantismo.Como desconheço motivações racionais, ideológicas, científicas, emocionais, políticas, etc debalde, verificar na Bíblia -uma vez que esta imprensa perigosa é fundamentalista/fanática e viciada em Jesus -, se existe a mínima possibilidade/condição de ser impostura.. Nem a Bíblia a quer senão vejamos:
"Eclesiástico 25, 24: Foi pela mulher que começou o pecado, e é por culpa dela que todos morremos.
Eclesiástico 42, 14: É melhor a maldade do homem do que a bondade da mulher: a mulher cobre de vergonha e chega a expor ao insulto.
Eclesiástico 9, 2: Não se entregue a uma mulher, para que ela não o domine.
Coríntios 11,9: O homem não foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem.
Coríntios 14, 34-35: Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa;Pedro 3,1: As mulheres tem de ser submissas aos vossos maridos.
Pedro 3,7: Os maridos devem permitir que as suas mulheres, que são de um sexo mais frágil, possam orar.
Timóteo 2,11-13: A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
Eclesiástico 25, 24: Foi pela mulher que começou o pecado, e é por culpa dela que todos morremos.
Eclesiástico 42, 14: É melhor a maldade do homem do que a bondade da mulher: a mulher cobre de vergonha e chega a expor ao insulto.
Eclesiástico 9, 2: Não se entregue a uma mulher, para que ela não o domine.
Coríntios 11,9: O homem não foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem.
Coríntios 14, 34-35: Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa;Pedro 3,1: As mulheres tem de ser submissas aos vossos maridos.
Pedro 3,7: Os maridos devem permitir que as suas mulheres, que são de um sexo mais frágil, possam orar.
Timóteo 2,11-13: A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva".
Olha, articulista Davis Sena Filho, o senhor me emocionou.
A CPI mista da Petrobras aprovou nesta terça-feira um requerimento de quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele é suspeito de ser operador do partido em um esquema de corrupção dentro da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Segundo afirmações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que falou aos investigadores em troca de redução de pena, Vaccari seria intermediário do PT no esquema de pagamento de propinas.
De acordo com as investigações, as empreiteiras formavam um cartel e repassavam um percentual dos contratos superfaturados ao PT, PP e PMDB, que controlavam diferentes diretorias na estatal.
Davis, terminou há pouco o amistoso Brasil x Áustria, e a Globo segue deitando e rolando na cobertura da seleção, tomando espaço dos concorrentes e faturando alto com as transmissões dos jogos do time canarinho. Como escrevi outra vez, você é o Mick Jagger do jornalismo, isto é, tudo o que você escreve acontece o contrário. Lembrando da asneira que você escreveu no dia 21 de julho:
Lembrando da asneira que você escreveu no último dia 21 de julho:
Engana-se aquele que acredita ser o Dunga apenas um treinador. Ele foi reconduzido a cargo e função tão importantes por se tratar de um profissional que não vai tergiversar quanto a seus objetivos, de sua comissão técnica, da CBF e principalmente no que tange à relação com a imprensa burguesa, que, tal qual acontece no que é relativo à política nacional, insiste em pautar a Seleção Brasileira, porque a finalidade é apenas fazer dela um produto vendável e que gere lucros bilionários, como os que as Organizações(?) Globo obtiveram, agora, na Copa do Mundo de 2014.
O artigo é irretocavel. Muito bem escrito e as ponderações apontam de forma correta a nossa realidade. As passeatas pró golpes envergonham os verdadeiros democratas e fomentam a violência e a intolerância. A direita tem que ser sempre denunciada.
Esse Jorge Marcelo só agride e nunca argumenta. Se acha muita coisa. Mas, quem o lê, qual é a sua importância? Nenhuma. Agora mesmo escreveu um monte de bobagens, pois o objetivo é desqualificar o talentoso articulista. Menos, Jorge Marcelo. Se quer aparecer, apareça por seus méritos ou pendure uma melancia no pescoço. Você é mesquinho, medíocre e desrespeitoso.
Cala a boca Madga!
Executivos das principais empreiteiras do pais, presos como corruptores da Petrobras, e, tudo indica, doutras empresas mais, ligadas ao Governo, definiram a estrategia de defesa para minimizar – ou justificar – a própria corrupção: foram “extorquidos”.
Trata-se, evidentemente, de uma meia verdade.
É fato que os bandidos do PT, quadrilha comandada por um ex-vendedor de greves e delator da Ditadura, atuam no Governo e nas empresas que estão em poder do grupo com hábitos semelhantes às piores máfias existentes no planeta.
Extorquem, matam, roubam, desviam, ameaçam, mentem e garantem, com o cabresto do assistencialismo, a continuidade de suas práticas, assim como faziam, décadas atrás, Al Capone, nos EUA, e a Mafia Siciliana.
Porém, é inverossímil que poderosos proprietários de empreiteiras não estimulem também a prática, sabedores de que obterão lucro desproporcional, em todos os negócios, às custas do suor do povo e de muita corrupção.
Todos fazem parte do mesmo esquema.
Ninguém sequer demonstrou arrependimento ou ímpeto de denunciar.
cala a boca magda kkkkkkkk
Irretocáveis e achincalhados:
Já que chamuscados, pensemos. O Brasil pelo que se le aqui é fantásticamente melhor que o melhor do melhor há pelo menos 12 anos.
É um uisque.
Pelos debochados, inteligentes que são, pois não se faz deboche sem intelecto, o Brasil não é nem metade do que se propala aqui.
Ou todos estão certos, ou errados, ou apenas defendem a própria sardinha ou sou obrigado a pensar que os debochados são os críticos.
E por mais que não leia, creio.
babalu
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