Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O cearense Roberto Monteiro
Gurgel Santos, o Roberto Gurgel, é o chefe do Ministério Público da União e do
Ministério Público Federal. O procurador-geral da República é ainda o
procurador-geral eleitoral. É muito poder para apenas um homem. Um cidadão,
sobretudo, preocupado com o destino da Nação e da República, principalmente com
o que deriva dela: o republicanismo.
Gurgel e a mídia de direita formam uma parceria poderosa mas que não tem voto. |
Afinal, ele é um “estadista”, com
um profundo sentimento de classe social — a que habita a Casa Grande —, além de
compreender perfeitamente o jogo de xadrez político e ideológico. E, por saber
disso, aliou-se aos partidos, ao sistema midiático de negócios privados e à
maioria dos juízes do STF que age e atua no campo da direita e que atualmente é
requisitada por partidos conservadores, a exemplo do PSDB, do DEM e do PPS,
para concorrerem como candidatos às eleições de 2014.
Por isso e por causa disso,
cônscio de suas responsabilidades republicanas, Gurgel avisou que entregará ao
STF, até o dia 20 de dezembro, o pedido de prisão imediata dos condenados do
“mensalão”, que ainda está para ser provado. O chefe dos procuradores de perfil
ideológico conservador e o que mais fez política abertamente e ordinariamente
na história da PGR afirmou que a prisão automática é necessária porque, de
acordo com ele, “o esforço magnífico que foi feito pelo Supremo no sentido de
prestigiar de forma importantíssima os valores republicanos, que não pode agora
ser relegado aos porões da ineficiência”. Lindo, né? Sua fala é quase um
poema...
Depois de se mostrar tão
republicano, Gurgel disse ainda que no decorrer desses dias ele vai “analisar
com mais calma” os depoimentos do gerente do “mensalão”, o publicitário Marcos
Valério, que se tornou um X-9 para se beneficiar e com isso diminuir seu tempo
de cadeia. Um delator. Para o condestável procurador-geral, homem da direita e
de direita e de caráter totalmente republicano, “serão tomadas as providências
que são cabíveis para completar a investigação de tudo que demande a apuração”.
A principal autoridade da PGR
estava a falar do presidente Lula, que há cerca de um mês é atacado
violentamente, de forma organizada e unificada, pelos barões da imprensa
corporativa e de mercado, que em coro uníssono lutam para desconstruir sua
imagem enquanto o político mais importante e popular do Brasil recebe
sucessivos prêmios e homenagens no exterior.
É dessa forma que a banda toca
nesses pagos, onde quem tem nas mãos os meios de produção e o sistema midiático
se aproveita para fazer uso de seus instrumentos de coerção e de judicialização
e criminalização da política, a exemplo do STF e da PGR, que se transformaram,
na verdade, em capitães-do-mato dos interesses empresariais, ou seja, dos
inquilinos da Casa Grande, porque os partidos políticos que apoiam são parte de
uma oposição derrotada e destituída de programa de governo e projeto de País.
O PGR Gurgel é um homem dotado de boas intenções, sobremaneira. Quem duvida? Qual o mortal que ousaria ou se atreveria a questioná-lo, pois que ele defende os interesses do povo brasileiro? Afinal, Gurgel é o chefe dos procuradores e teve sua nomeação assinada pelo presidente Lula, além de ser avalizada pelo Senado, que, constitucionalmente, é a instituição que julga erros, equívocos e crimes praticados pelo chefe da PGR. Como se vê, o cargo de tal autoridade é muito importante e por isso considero ser uma temeridade partidarizar e ideologizar uma instituição típica de Estado, conforme reza a Constituição de 1988.
Lula recebeu o desagravo de oito governadores, e avisou: "Não é o STF que fará o último capítulo da minha biografia". |
O PGR Gurgel é um homem dotado de boas intenções, sobremaneira. Quem duvida? Qual o mortal que ousaria ou se atreveria a questioná-lo, pois que ele defende os interesses do povo brasileiro? Afinal, Gurgel é o chefe dos procuradores e teve sua nomeação assinada pelo presidente Lula, além de ser avalizada pelo Senado, que, constitucionalmente, é a instituição que julga erros, equívocos e crimes praticados pelo chefe da PGR. Como se vê, o cargo de tal autoridade é muito importante e por isso considero ser uma temeridade partidarizar e ideologizar uma instituição típica de Estado, conforme reza a Constituição de 1988.
A PGR, o STF, o Exército, a PF e
Executivo Federal são o próprio Estado nacional e, consequentemente, têm de
agir e atuar de forma republicana e isenta, a seguir e a obedecer aos ditames
constitucionais. É o que, sem sombra de dúvida, o que não faz o
procurador-geral e cerca de seis ou sete ministros dos 11 do STF. E sabem por
quê? Porque as duas mais poderosas instituições judiciárias deste País se
partidarizaram, escolheram lado e, por conseguinte, atuam como contraponto
conservador às forças políticas progressistas, que há dez anos assumiram a cadeira
da Presidência da República.
A esquerda chegou ao poder, mas
não controla totalmente o estado, porque parte das instituições federais cujos
membros não são eleitos pelo voto popular é intrinsecamente comprometida com as
classes sociais economicamente e financeiramente hegemônicas. A grande imprensa
de caráter golpista percebeu essa realidade e passou a pautar o julgamento do
“mensalão” para o País e apoiar os atos e ações do procurador Gurgel e de
certos ministros do Supremo que tomaram uma overdose midiática e fizeram do
julgamento do “mensalão” uma novela de péssimo roteiro em que os principais
atores condenaram a cadeia seres humanos que não tiveram a culpabilidade
comprovada. É um acinte à cidadania e ao direito de não ser condenado por falta
de provas.
Gurgel quer até sexta-feira
prender os réus do “mensalão”. Ponto. De acordo com juristas e advogados que
escrevem ou falam para a imprensa e “blogs sujos”, somente poderá acontecer
prisões imediatas quando existirem agravantes em desfavor dos réus — os
requisitos do artigo 312, do Código de Processo Penal. No caso dos réus do
“mensalão”, não existem tais hipóteses, então somente cabe prisão depois de
transitadas em julgado as decisões condenatórias.
Contudo, para o procurador nada
importa. Como afirmou um leitor do Brasil 247: “Outrossim, o doutor
procurador-geral da República, permissa vênia, está indo contra a Constituição
Federal. Parece que ele conta com a decisão isolada do ministro doutor Joaquim
Babosa, que, data vênia, não costuma respeitar a Lei, a Constituição e sequer o
regimento interno do STF”. A resumir: a Lei é clara! Alguém somente pode ser
preso após a publicação da sentença. O que, indubitavelmente, ainda não
aconteceu no que tange aos réus do “mensalão.
Agora, as perguntas que não querem calar: “Sentença antes de ser efetivada deve ser publicada?” Óbvio. “Alguma sentença foi publicada?” Não. “Então, como os advogados de defesa dos réus farão para entrar com os recursos se eles ainda não conhecem o teor da sentença que deveria ser publicada?” Com as respostas, o procurador Gurgel, o juiz Joaquim Barbosa, que poderá julgar sozinho os pedidos de prisão — o que é o fim da picada — e os “especialistas” de prateleiras da imprensa historicamente golpista.
Agora, as perguntas que não querem calar: “Sentença antes de ser efetivada deve ser publicada?” Óbvio. “Alguma sentença foi publicada?” Não. “Então, como os advogados de defesa dos réus farão para entrar com os recursos se eles ainda não conhecem o teor da sentença que deveria ser publicada?” Com as respostas, o procurador Gurgel, o juiz Joaquim Barbosa, que poderá julgar sozinho os pedidos de prisão — o que é o fim da picada — e os “especialistas” de prateleiras da imprensa historicamente golpista.
Todo mundo sabe que o senhor
Roberto Gurgel esperou chegar o recesso do STF e com isso evitar que seus
pedidos de prisão fossem votados em plenário. Com isso, o procurador aumentou
suas chances de prender pessoas que, inclusive, fazem parte da história recente
do Brasil. É a política na veia. É a PGR instrumentalizada pela direita e usada
como ferramenta política pelas oligarquias brasileiras, que foram derrotadas em
três eleições para presidente e se possível gostariam, e muito, de ver petistas
e políticos históricos algemados e de preferência filmados pelas câmeras do
Jornal Nacional, da Globo News e depois veiculados no Fantástico.
É o show da vida
global e midiático, a ter como associados a PGR, o STF, setores da PF, além do
derrotado e incompetente PSDB, juntamente com seus apêndices, DEM e PPS. Eis
que o senhor Gurgel, chamado de prevaricador e chantagista pelo senador
Fernando Collor (PTB/AL) por se recusar a atender convite para depor no
Congresso, atitude essa considerada pelo parlamentar como “manobra para aqui
não comparecer é uma confissão de culpa; culpa de quem chantageia, de quem faz
pressão e prevarica”. E completou: “Ele demonstra sua fragilidade moral e
funcional”.
Como não é uma CPI, Gurgel pode
se negar a ir, mas, entretanto, o procurador sabe que Collor perguntaria a ele
sobre as operações da PF, Vegas e Monte Carlo, além da CPMI do Cachoeira,
eventos em que foram investigados e acusados dezenas de membros do PSDB, DEM,
empresários, jornalistas de revistas fracamente de oposição aos governos
trabalhistas, a exemplo de Veja e Época.
A colocar os pontos nos is: são
os partidos de oposição e a mídia de direita que supostamente se associaram ao
crime, bem como acusados pela base do governo e pela blogosfera progressista de
terem o apoio da maioria dos juízes do STF e dos procuradores da PGR,
notadamente Roberto Gurgel, Claudia Sampaio e Raquel Branquinho, que
supostamente vazaram para o jornal Estadão o depoimento de
Marcos Valério em que ele acusa o ex-presidente Lula de ter autorizado o PT a
contrair empréstimos junto aos bancos Rural e BMG.
Notícia requentada, não
fundamentada e jamais comprovada. Informações meramente declaratórias, base do
jornalismo elaborado hoje pela velha imprensa privada, que já há algum tempo pratica
o verdadeiro e autêntico jornalismo de esgoto. Lula avisou: “Vou retomar as
caravanas da cidadania”. E completou: “O STF não vai escrever o último capítulo
da minha biografia”. Oito governadores se reuniram na terça-feira com o único
líder político de dimensão internacional do Brasil. O encontro aconteceu no
Instituto Lula, em São Paulo. Os mandatários fizeram um desagravo ao fundador
da CUT e do PT, que saiu do poder com mais de 80% de aprovação popular.
Os governadores afirmaram que há
uma clara tentativa de estender a Lula a investigação sobre o “mensalão”, que,
repito, ainda está para ser provado. O encontro teve o propósito de levar
solidariedade ao ex-mandatário. Participaram da reunião, os governadores Jaques
Wagner (PT/BA), Tião Viana (PT/AC), Camilo Capibaribe (PSB/AP), Cid Gomes
(PSB/CE), Sérgio Cabral (PMDB/RJ), Silval Barbosa (PMDB/MT), Agnelo Queiroz
(PT/DF), além do tucano Teotônio Vilela (PSDB/AL), que não deve estar muito
satisfeito com os tucanos de São Paulo.
Alguns desses juízes rasgaram a Constituição e criaram crise institucional com o Congresso. |
Teotônio disse que é amigo
pessoal de Lula e que o Estado de Alagoas é muito grato à postura republicana
do ex-presidente, que formatou parcerias no que concerne a obras sociais e de
infraestrutura. “Não é uma denúncia de Marcos Valério que vai desmanchar o trabalho
que foi feito” — concluiu. Logo após o movimento de solidariedade dos
governantes, Lula foi alvo de similar apoio, dessa vez dos sindicalizados do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Lula foi à posse do novo
presidente da entidade e recebeu apoio dos metalúrgicos que se comprometeram em
defendê-lo dos ataques da imprensa de negócios privados, dos políticos oposição
e de setores da PGR e do STF. Participaram do evento, além de políticos do PT e
do PCdoB, o presidente da UNE e diretoria, bem como os representantes do MST e
da CUT. Antes, deputados fizeram um desagravo ao líder político na Câmara dos
Deputados. Como se percebe, Lula é um político orgânico, pois sua pessoa
política é inerente aos movimentos sociais.
Os limites entre a legalidade
constitucional e jurídica e a barbárie daqueles que rasgam as leis, os
regimentos internos e as normas são estreitos. Após 27 anos da posse e morte de
Tancredo Neves, o Brasil solidificou a sua democracia no decorrer desse tempo,
mas autoridades togadas, nomeadas e sem um único voto apostam na ilegalidade,
porque atuam de maneira despótica, pois inconformadas com os resultados das
urnas, que derrotaram seus aliados do PSDB.
São autores de ações que visam a
atender interesses inconfessáveis, mas que mesmo assim não são segredos para a
sociedade organizada de essência democrática e forjada na luta política,
sindical e civil, que tem a finalidade de construir um País para todos e não
apenas para uma oligarquia cruel e perversa, alienígena e sectária, violenta e
preconceituosa, que quer manter o status quo a qualquer custo,
sem reconhecer, de forma alguma, os avanços econômicos e sociais do povo
brasileiro nos últimos dez anos.
A atuação do procurador-geral Roberto Gurgel e de juízes, a exemplo de Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Celso de Mello, Cézar Peluso (aposentado), Ayres Britto (aposentado), Joaquim Barbosa, entre outros, ultrapassou a fronteira do bom senso e das normas constitucionais, como ocorreu agora com o juiz Celso de Mello, que ameaçou o presidente da Câmara dos Deputados, magistrado maior da Casa do Povo, de colocá-lo na cadeia se ele não atendesse a resolução do STF de cassar os mandatos de parlamentares.
A atuação do procurador-geral Roberto Gurgel e de juízes, a exemplo de Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Celso de Mello, Cézar Peluso (aposentado), Ayres Britto (aposentado), Joaquim Barbosa, entre outros, ultrapassou a fronteira do bom senso e das normas constitucionais, como ocorreu agora com o juiz Celso de Mello, que ameaçou o presidente da Câmara dos Deputados, magistrado maior da Casa do Povo, de colocá-lo na cadeia se ele não atendesse a resolução do STF de cassar os mandatos de parlamentares.
Uma afronta à legalidade e, por
seu turno, à Constituição Federal. Celso de Mello é um déspota? Há de se
duvidar, afinal seu colega, Marco Aurélio Mello, afirmou, recentemente, que a
ditadura militar foi um mal necessário. Pobre do Brasil a ter juízes da Alta
Corte como esses, bem como ter um procurador como o Roberto Gurgel. A
presidenta Dilma Rousseff deveria apresentar um projeto de lei para que os
juízes do STF e o procurador chefe da PGR sejam eleitos pela população. Por sua
vez, o Brasil já deveria, e há muito tempo, ter efetivado um marco regulatório
para os meios de comunicação. A esquerda tem de reagir. O País não é uma
capitania hereditária da oligarquia brasileira que não esquece o seu passado de
proprietária de escravos. O republicanismo da direita é seletivo. É isso aí.
3 comentários:
Davis, você é um intelectual. Só não sei se você sabe disso. Texto primoroso, analítico e que me dá um grande prazer de ter acesso a uma leitura de alto nível. Parabéns. Vou divulgar o artigo na blogosfera.
Tem que recolher os passaportes desse sujeito e de sua espos
Há pessoas que passaram do do mau caratismo e me recuso a analisar seu comportamento, me refiro ao abominavel procurador Gurgel, ao min Fux, se tornaram piores que Gilmar Dantas e Celso Melo, perdero o zelo pela compostura com que se apresentam a opinião publica.
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