Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Marinho... Civita... Frias... e Miro: porta-voz de coronéis |
Eles
gostam de bater, manipular, acusar, denunciar, distorcer, julgar e condenar.
São os patrões mais atrasados de todos os segmentos de atividade econômica,
política e social. Quando se associam ao crime e são descobertos ameaçam até o
Governo Federal e os poderes constituídos. Eles são golpistas e detestam
governantes trabalhistas. Cadê o projeto do jornalista Franklin Martins que regulamenta
o setor econômico midiático e que está previsto na Constituição? Com a palavra,
a presidenta Dilma e o ministro Paulo Bernardo.
Os barões da imprensa, proprietários e chefes dos
oligopólios midiáticos, enviaram aviso ao Palácio do Planalto, ao Congresso e
não duvidem se o STF também não o recebeu: vão retaliar os poderes republicanos
se algum coronel de mídia ou quaisquer um de seus sabujos forem convocados para
depor na CPI do Cachoeira-Demóstenes-Veja, que deveria ser chamada de CPI das
Mídias, porque, na realidade, é disso que se trata, afinal está explícito que
esses empresários se constituíram na verdadeira oposição aos governos
trabalhistas de Lula e Dilma, pois perceberam, e há muito tempo, que os
partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) estão fragilizados, sem propostas, sem
alternativas e sem programa de governo, o que levou a jornalista Judith Britto,
presidenta da ANJ, reconhecer que os barões da imprensa oligopolizada são,
realmente, a oposição no Brasil.
Acontece que esses senhores, cujos pais apoiaram
golpes e tentativas de golpes de estado no decorrer do século XX, com o
objetivo de manter os privilégios das classes que representam e as quais
pertencem — as ricas e as muito ricas — são, na realidade, cúmplices do crime
organizado no que diz respeito ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, porque não há
condições de uma quadrilha como a do Cachoeira ser tão ousada e chegar tão
longe ao ponto de atingir tantos setores do poder público sem a conveniência, a
conivência, a cumplicidade e até mesmo o financiamento, por intermédio de uma
sucessão, durante anos, de "matérias jornalísticas" que visavam “sangrar”
partidos, governos, personalidades públicas e até mesmo empresariais, de forma
que suas reputações fossem moídas e jogadas à lama onde chafurdam, seguramente,
inúmeros jornalistas que envergonham a classe em que a maioria trabalha
honestamente e se recusa a fazer um jornalismo de esgoto, cuja finalidade é a
ascensão profissional e social. Tem gente que realmente vende a alma ao diabo.
Enquanto isso, noticia-se que o senhor Fábio
Barbosa, executivo ligado à Febraban e que atualmente preside a Editora Abril
(Veja), tem agido como interlocutor dos empresários da mídia corporativa e
hegemônica. A missão dele é impedir que tais coronéis midiáticos e seus sabujos
de confiança sentem nos bancos da CPI do Cachoeira, que deveria se chamar CPI
da Mídia, para depor e explicar o porquê, por exemplo, de o jornalista Policarpo
Jr. ter sido gravado mais de 200 vezes pela Polícia Federal a “armar”
matérias com o chefe de quadrilha, segundo a PF, Carlinhos Cachoeira, banqueiro do bicho
poderoso que está a deixar em péssimos lençóis o governador tucano de Goiás,
Marconi Perillo, que reconheceu, de viva-voz, uma "certa influência" do bicheiro
preso em setores do seu governo.
Há muito tempo eu afirmava que não era normal e
compatível com o processo jornalístico a atuação da imprensa comercial e
privada (privada nos dois sentidos, tá?) nesses últimos dez anos. Desde 2001,
quando o candidato do PT, Lula, era considerado favorito para vencer as
eleições presidenciais de 2002 que eu passei a observar com mais atenção a
atuação da imprensa e de seus principais comentaristas, colunistas e analistas
convidados no que e relativo ao combate a políticos considerados por eles
socialistas, nacionalistas, esquerdistas ou trabalhistas.
De 2004 a 2009, eu trabalhei na Câmara dos Deputados. Em 2006, escrevi o artigo “O Partido da Imprensa” http://www.davissenafilho.blogspot.com.br/2012/03/o-partido-da-imprensa_13.html e o enviei para todos os parlamentares, além de repercuti-lo por incontáveis endereços da blogosfera. O texto é uma análise do que é a imprensa e como ela funciona, a ter sempre como objetivo manter o controle da informação ao tempo que influenciar e aliciar a população para sua causa e combater governos e governantes que não rezam por sua cartilha. Logo depois, o deputado Fernando Ferro (PT/PE) fez um discurso em que chamou a imprensa de “Partido da Imprensa”. Após trabalhar como redator de Política e de Economia no “Correio Braziliense” nos idos de 1988-1990, percebi, no decorrer do processo eleitoral de 1989 (Lula X Collor) que a imprensa não disfarçava suas opções políticas e partidárias. Até então, os burgueses da velha imprensa atuavam de forma dissimulada, não tão bem unificada como hoje, e seus “opinadores” de confiança analisavam a realidade política de uma maneira quase isenta, ou seja, mais técnica.
Como cidadão, leitor e jornalista percebia esse
contexto, apesar de não ter espaço para opinar e escrever. Os chefes de
redação, os editores e os seus patrões sabem a qual perfil de profissional dar
espaço e a quem “confiar” a linha editorial do jornal, do seu negócio. Por incrível que pareça, muitos jornalistas
não compreendem a dimensão das coisas que estão em jogo. Podem acreditar. A maioria
desses profissionais é oriunda da classe média, convicta em seus preconceitos,
de valores ocidentais hegemônicos e voltada para o “deus consumo” e com o
pensamento em Miami ou Paris, Londres ou Nova York, pois colonizada e com um
gigantesco complexo de vira-lata, o que não lhe causa vergonha ou pequenez e,
sim, um orgulho subserviente e pueril.
Não conhecem o Brasil e não tem a compreensão do
seu povo e da sua luta para sobreviver, porque esses jornalistas que povoam as
redações da velha imprensa golpista são urbanos despidos de urbanidade e de
conhecimento do que é justo ou injusto. E é por isso que a imprensa empresarial
se torna perigosa à democracia, ao direito, aos poderes constituídos e à rotina
de vida da sociedade, pois seus interesses e os dos trustes empresariais os
quais a mídia defende e representa estão acima dos interesses da coletividade,
da Nação, do País. Não há, e isto é real, como pensar na “grande” imprensa sem
pensar nos bancos. São setores ligados umbilicalmente. Um é a imagem do outro
em um mesmo espelho. Depois, em um segundo plano, vem os outros ricos.
Não sei se foi por causa do artigo “O Partido da
Imprensa” ou do deputado Fernando Ferro que as pessoas passaram a chamar a
união das empresas midiáticas de “Partido da Imprensa Golpista”, o famigerado
PIG, nome e sigla adequados e corretos para um segmento que não tem compromisso
algum com o Brasil e os interesses da Nação. Contudo, sei que a blogosfera é
democrática e não permite, por intermédio dos “Blogs Sujos”, que a imprensa
hegemônica fale sozinha sem ser, entretanto, questionada e contestada em sua (má)
conduta, apesar de o Brasil, absurdamente, não ter ainda estabelecido o marco
regulatório das comunicações, como reza a nossa Constituição. Cadê o projeto do
Franklin Martins, ministro Paulo Bernardo?
Volto ao assunto. Não tem cabimento a CPI do
Cachoeira-Demóstenes-Veja, que deveria se chamar CPI das Mídias, não investigar
todos os envolvidos. Evidentemente, no decorrer do processo de investigação,
denúncias e acusações, muita coisa vai à tona, porque existem áudios com voz e
som (e não áudios que derrubaram delegados da PF sem voz e sem som) e provas
contundentes contra personagens que militam na imprensa comercial e privada. Otávio
Frias Filho, da Folha de S. Paulo, João Roberto Marinho, das Organizações(?)
Globo, e Roberto Civita, do Grupo Abril (Veja) formalizaram aliança e tentaram,
em vão, dar notoriedade à Construtora Delta como protagonista do escândalo.
Acontece que o Governo Federal publicou online
os contratos da Delta e matou a cobra no ninho. A Delta certamente esta
envolvida, mas o protagonismo do escândalo, mais do que o Demóstenes e o
Cachoeira, pertence à velha, tradicional, empresarial e golpista mídia — à
imprensa burguesa brasileira.
Miro
Teixeira, deputado do PDT do Rio e que neste momento deveria questionar sua
postura e sair do partido trabalhista antes que o digno estadista gaúcho Leonel
Brizola venha povoar seus sonhos ou pesadelos, já avisou à CPI: “o artigo 207
do Código de Processo Penal veda o depoimento de testemunha que por ofício
tenha de manter sigilo, como jornalistas”. Não é inspiradora, caro leitor, a intenção
de Miro Teixeira, cria do ex-governador Rio, o udenista e “ademarista” Chagas
Freitas, proprietário do jornal “O Dia”, que depois ele vendeu para o
empresário Ary de Carvalho?
Como é
que pode? Jornalista no Brasil se tornou intocável. Não há categoria
profissional com mais poder neste País do que a de jornalista. Nada a atinge.
No Brasil, não existe a regulamentação das mídias, a Lei de Imprensa foi
revogada, extinta e o direito de resposta não é garantido, porque simplesmente
as empresas midiáticas não dão espaço igual em suas publicações e veículos aos caluniados, injuriados e difamados. A
verdade é esta, e é por isto que a sociedade brasileira e os poderes
constituídos estão à mercê da ditadura da imprensa, do pensamento único imposto
por meia dúzia de famílias, que pensam que um País de 200 milhões de
habitantes, além de ser a sexta mais importante economia do mundo é o seu
quintal.
O PT, seus
aliados e a sociedade civil organizada, como, por exemplo, a ABI e a OAB, além
dos sindicatos dos jornalistas, a Fenaj, a UNE e os sindicatos de
trabalhadores, deveriam exigir a investigação completa desse caso, que, tal
qual um câncer, espalhou-se pelo corpo de setores do Estado. O deputado Miro
Teixeira não está a ser republicano, pois se transformou em um rábula dos
interesses de empresários golpistas e que há cerca de dez anos, no mínimo, não
deixam a Nação viver em paz.
Miro
Teixeira diz ainda que jornalistas não podem ser forçados a quebrar sigilos de
suas fontes. O parlamentar é jornalista e advogado, e sabe muito bem que se
basear em garantia constitucional para camuflar crimes e proteger criminosos
acaba quando a sociedade se torna vítima de malfeitos. Além disso, o sigilo foi
quebrado pela Policia Federal e por isso que o jornalista Policarpo Jr, da
revista “Veja”, a revista porcaria, o verdadeiro jornalismo de esgoto, foi
gravado mais de 200 vezes. Tais gravações são de conhecimento público, e o que
é público se torna notório. Então, cara-pálida, por que os jornalistas e os
patrões envolvidos com “supostos” crimes não podem ser convocados para depor na
CPI das Mídias? Com a palavra, a sociedade brasileira. É isso aí.
Em tempo:
Rupert Murdoch, poderoso empresário midiático, proprietário da Fox e do extinto
jornal “News of the World”, foi obrigado a depor no parlamento inglês esta
semana. Se um patrão desse fosse chamado a depor na Venezuela de Hugo Chavez, a
imprensa ficaria histérica e falaria grosso durante quinhentos dias. Como é na
Inglaterra, a imprensa nativa e colonizada se cala e não critica o parlamento
inglês. Imprensa colonizada é outra coisa, não é? É o tal do complexo de
vira-lata, que eles não tem vergonha, e, sim, orgulho submisso. A imprensa não
pode controlar a CPI e jamais pautar o Brasil.
5 comentários:
O Mino Pedrosa trabalhou durante város anos na Revista IstoÉ. Será que nesse período ele já trabalhava para o Cachoeira?
Você, mais uma vez, foi direto ao ponto. Parabéns
Esta matéria é arrepoiante,pois nos deixa a sensação de impotência. Dá mais medo termos uma imprensa bandida do que saber que existem bandidos em nossa volta, pois uma imprensa que presta esse desserviço ao país e a população é o pior inimigo que uma sociedade pode ter. Parabéns pela matéria e pela coragem de expor este pensamento.
problema do brasil continua ser os eleitores....
A sensação de uma aula de lucidez ou de colocação de pingos no is e nos jotas, é o que ocorre ao término da leitura do brilhante post. Só resta aplaudir. Bravo Davis!!!
Abraço
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