Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
“O planejamento familiar é uma das soluções para que a sociedade possa proteger seus filhos, que são o futuro da nação e a força do trabalho quando adultos”.
O planejamento
familiar, mais que um programa governamental ou um projeto de
parlamentar ou dos governos federal, estaduais e municipais, é um
direito que a família brasileira tem para que possa se organizar, com o
objetivo de poder planejar uma vida de melhor qualidade, bem como dispor
de dados no que concerne, até mesmo, quantos filhos o casal quer ter.
Todos
os países considerados desenvolvidos implementaram, há muito tempo, o
planejamento familiar, que, para quem não sabe, está previsto em nossa
Constituição. Muita gente que é contra o planejamento familiar afirma
que o Estado ou o Parlamento querem controlar a família, o que é um
absurdo, uma insensatez. Na verdade, o planejamento familiar é um
instrumento para que as famílias possam planejar suas vidas e organizar melhor seus interesses, inclusive os financeiros.
Para tanto, a Comissão de Seguridade
Social e Família da Câmara dos Deputados realizou, no decorrer da última
década, audiências públicas sobre planejamento familiar, com o
propósito de discutir e debater as diretrizes que norteiam tal
planejamento para que possamos implementá-lo, definitivamente, de forma
democrática e organizada junto à sociedade brasileira.
Após
as discussões e determinadas as metas para a implementação do
planejamento familiar no País, os governos municipais, estaduais e
federal têm de dar celeridade a esse processo, porque muitas famílias
não têm acesso
à informação e com isso se tornam vítimas de uma condição penosa que é
ter de criar filhos sem haver condições para lhes dar o mínimo
necessário para sua sobrevivência, bem como para educá-los no seio da
família e nas escolas, que muitas vezes, equivocadamente, têm de
responder também pela formação dos estudantes no que concerne à educação
familiar, que é insubstituível.
A
Frente Parlamentar em Defesa do Planejamento Familiar, que foi criada
em abril de 2007, está a lutar para que homens e mulheres tenham acesso
aos métodos contraceptivos, junto à rede pública de saúde. Conforme a
Lei 9263/96, que regulamenta as políticas públicas de planejamento
familiar, cidadãos, a partir dos 25 anos, têm o direito, inclusive, de
fazer a opção de se submeter a métodos contraceptivos definitivos.
Por
isso, sou contrário que a idade mínima seja diminuída para que a mulher
ou o homem possam usar métodos definitivos. A Lei, ao meu modo, atende
às necessidades dos casais e as discussões com a sociedade civil vão
continuar, até porque o planejamento familiar é considerado um direito
básico à vida digna, além de estar disposto em estatutos comuns de
cooperação mútua e mecanismos de controle que compõem os direitos
humanos.
Existem pessoas ou
grupos que afirmam que o Estado quer fazer controle demográfico e com
isso se meter na vida do cidadão, o que é uma inverdade. A Conferência
Internacional da ONU sobre População e Desenvolvimento (CIPD) conferiu,
em 1994, papel de importância à saúde e aos direitos sexuais e
reprodutivos, o que vai além da questão meramente demográfica, porque o
que preocupa é o desenvolvimento do ser humano, que necessita de
cuidados médicos, ter acesso à educação, ter emprego e casa para morar.
Por sua vez, urge implementar-se no Brasil o planejamento familiar, que vai
ajudar, sobremaneira, as pessoas a planejar a quantidade de filhos que
querem ter e, conseqüentemente, protegê-los, com maior eficiência, das
drogas, da violência, da fome e da ignorância, por exemplo. As
sociedades avançadas efetivaram esse processo, e em um contexto
democrático e não imposto de cima para baixo. O planejamento familiar é
uma das soluções para que a sociedade possa proteger seus filhos, que
são o futuro da nação e a força do trabalho quando adultos.
Alguns
contrários ao planejamento familiar também usam o argumento que a
população carente não vai ter acesso sobre o assunto, porque o estado
não tem ferramentas que proporcionem o conhecimento desse processo. Eu
até concordo, em tese. Porque na prática o País tem sim condições de
implementar o planejamento familiar, basta ter determinação e capacidade
de organização.
E como os
governos fariam para que as pessoas, principalmente aquelas menos
informadas, soubessem sobre planejamento familiar? Respondo: por
intermédio da INFORMAÇÃO. Todos métodos e técnicas para concepção e
anticoncepção, todo apoio aos casais no que concerne ao conhecimento
para planejar suas vidas e de suas famílias têm de ser veiculados nos
órgãos de comunicação, de forma obrigatória e gratuita, em horários a
ser definidos pelos governos e pelos executivos das diversas modalidades
de mídias em atividade no Brasil.
Além
disso, o Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a rede hospitalar
particular, deverão tornar público, por meio de cartazes, folders,
panfletos etc., toda informação sobre planejamento familiar nos
hospitais, clínicas e postos de saúde, para que a população saiba que
planejar o tamanho da família democratiza a sociedade, porque é um
direito humano, social e econômico, que dá alicerce às famílias, no
sentido de elas terem acesso a uma vida de melhor qualidade, bem como
ter condições de criar os filhos sem tanto trabalho, sofrimento e
preocupação.
A Lei n° 9.263,
sancionada em 12 de janeiro de 1996, regulamenta o planejamento familiar
no Brasil e estabelece o seguinte em seu artigo segundo: “Para fins
desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de
regulamentação da fecundidade que garanta direito igual de constituição,
limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal”.
Para concluir, quero deixar claro que planejar a vida é avanço social,
da humanidade, da família, dos nossos filhos e do País. Pelo
planejamento familiar já!
2 comentários:
Uma pequena amostra do que , lucidamente, disse o Dráuzio Varella:a
"Não dar acesso ao planejamento familiar é a mais odiosa de todas as violências que a sociedade brasileira comete contra a mulher.
A falta de acesso aos métodos de controle da fertilidade é uma das raízes da violência urbana, enfermidade que atinge todas as classes, mas se torna epidemia quando se dissemina entre os mais desfavorecidos. Presidiárias com 30 anos, geralmente com 6 ou 7 filhos, dizem que o tráfico foi a alternativa para sustentar os filhos. A outra seria a prostituição.
Enquanto uma mulher de nível universitário tem em média 1,1 filho, as com pouca instrução tem mais de 4. Ou seja: renda, instrução e cultura determinam a quantidade de filhos.
Convido os sociólogos e demógrafos a sair do ar condicionado e visitar um bairro da periferia para ver quantos adolescentes sem ocupação perambulam pelas ruas. Que futuro terão?
Não se combate a miséria com a proliferação irresponsável, sem sentido e descontrolada dos miseráveis. Idem para a pobreza. Penso que uma boa propaganda seria: Tenham como modelo as classes: média, alta e ricas que, com boa formação cultural e boas condições financeiras (até ótimas no caso dos ricos), possuem no máximo dois filhos. Bons exemplos, de bons resultados, devem ser seguidos.
Abraço
Marcos Lúcio
Há muito tempo que eu penso como o articulsta, mas eu me pergunto por que não se discute isso seriamente ?
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