Por
Davis Sena Filho — Palavra Livre
"A Justiça tardia nada mais é do que a injustiça institucionalizada". (Rui Barbosa)
A Justiça perdeu realmente a vergonha na cara, a
isenção e a imparcialidade, mesmo a usar uma venda nos olhos. Para julgar as
pessoas, o juiz jamais poderia se permitir perder a modéstia e a simplicidade,
se algum dia a teve, bem como não deveria se mostrar tão distante das
realidades do povo, além de jamais ficar à margem dos autos, que deveriam ser
tratados como suas "bíblias" ou a luz que ilumina o julgamento de quem
tem o ofício de juiz e a responsabilidade de julgar seu semelhante.
Do contrário, seria melhor e mais lógico que
retirassem da Justiça a venda de sua cara desavergonhada para dizer o mínimo,
de forma que os senhores magistrados ficassem com os olhos bem abertos para que
pudessem enfim ver, com nitidez e desvelo, as condutas questionáveis de muitos
de seus membros togados, que, inacreditavelmente e lamentavelmente, tornaram-se
há muito tempo os capatazes da grande burguesia, que garantem o status quo aos
oligarcas, a primazia sobre os inúmeros segmentos e setores da sociedade em
forma de benefícios e privilégios. Trata-se da Justiça dos ricos e muito ricos.
A Justiça burguesa, envolvida com o establishment até a medula.
"Reizinhos" de capas pretas e togas, a
exemplo do personagem tragicômico e antigo de Jô Soares, que mandava por
mandar, como se fosse entretenimento e diversão, realidade que levava o
prepotente e arrogante "monarca" a fazer o que queria, porque
simplesmente se valia do poder para satisfazer seus interesses e desejos, assim
como massagear seu gigantesco ego, a despeito de ter estatura moral e política
muito pequena.
Juízes que se comportam como príncipes herdeiros de
um País de povo pobre e simples, em sua maioria até hoje abandonado pelo
estado, como demonstram, sem sombra de dúvidas, os milhares e milhares de
bairros das periferias e as favelas, verdadeiros guetos de violência, tráfico
de drogas e de armas, que retiram a fórceps a paz de espírito de seus
moradores, com sérios reflexos nos bairros de classe média.
A verdade é que há séculos o povo brasileiro é alvo
e vítima contumaz e sistemática de um Judiciário que a cada dia fica menor ou
minúsculo, pois se transformou em apenas ferramenta e instrumento do status
quo. Pobre do País e do povo cujos Ministérios Públicos, Justiça e polícias
fazem apenas os papéis de protocoladores dos interesses da alta burocracia e da
grande burguesia, que tomaram de assalto o poder juntamente com os partidos de
direita derrotados pelo PT de Lula e Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
Chega a ser surreal o que ocorre neste País após o
golpe terceiro-mundista de 17 de abril de 2016. Trata-se de acinte e
provocação, pois os membros do Judiciário (Justiça, PF e MPF) estão a tentar
colocar tarjas pretas nos olhos da Nação, a exemplo da proteção ou da blindagem
do senador megadelato Aécio Neves (PSDB), acusado de corrupção por receber
propinas de inúmeras fontes, como o Banco Rural, o complexo de Furnas, a
Andrade Gutierrez, a UTC, a Odebrecht, o Mensalão Tucano, a Cidade Administrativa
de Belo Horizonte, os aeroportos em terras de parentes, a publicidade em rádio
de sua família etc. e tal.
Só acontecendo para acreditar. Parece história de
literatura fantástica de Marion Zimmer Bradley ou o surrealismo de Salvador
Dali ou um filme de Quentin Tarantino. E não é, "acredite se quiser",
que o juiz do TSE, Herman Benjamin, determinou que os depoimentos do
ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e do ex-executivo do Grupo
Odebrecht, Benedicto Júnior, que quaisquer trechos dos depoimentos de delatores
ao citar o senador Aécio Neves teriam que ser cobertos por tarjas. Como sempre
digo em meus artigos, os políticos do PSDB e do DEM são i-nim-pu-tá-veis!
A blindagem ao político tucano chega a ser um
escárnio com a sociedade, um verdadeiro deboche, bem como o magistrado, do alto
de sua autoridade digna de um semideus comprova, mais uma vez, que o povo
brasileiro é tratado pelos poderosos no poder como idiota. Só que não é. Ponto.
A trabalheira para cobrir o nome do "reizinho" mimado das Alterosas e
do playboy do eixo Rio-BH foi gigantesca, conforme disseram alguns servidores
do almoxarifado do TSE.
"Só nas primeiras páginas impressas já
começaram a nos chatear aqui pedindo mais cartuchos, mais cartuchos... Foi um
inferno" — afirmou Edna Abdala, funcionária do setor, para logo
complementar: "A gente via as páginas impressas e mais parecia um código
de barras! O rombo no orçamento foi de 500%" - concluiu. É assim que a
banda toca neste País de tradição golpista e escravocrata.
Enquanto isso, Lula mais uma vez foi depor na
terça-feira, agora no Distrito Federal, com direito a ouvir perguntas
caprichosas, repetitivas, cansativas e muitas delas levianas e com tons
provocativos por parte de juiz de primeira instância e promotores ignorantes sobre
o processo político brasileiro. Um juiz que está careca de saber que o Lula não
é ladrão e não roubou o dinheiro público, como comprovam os três anos que o
político trabalhista é duramente e desrespeitosamente investigado no âmbito da
Lava Jato, além dos quarenta anos que o fundador do PT e da CUT é investigado e
atacado, desde quando surgiu no cenário sindical e político no fim da década de
1970, em plena ditadura civil-militar.
O ex-executivo da Odebrecht, Benedicto Júnior,
asseverou que repassou R$ 9 milhões à campanha eleitoral de 2014 para os
políticos do PSDB e do PP. O problema para o juiz e relator do processo que
pede a cassação da chapa Dilma-Temer é que não tem como separar o joio do
trigo. O juiz Herman finge não entender que as empreiteiras que financiaram as
campanhas do PT e de seus aliados são as mesmas que financiaram as campanhas
eleitorais do PSDB, do PMDB, do DEM, do PPS, do PP, do SD, do PSB e de todos os
partidos, seja pelo caixa 1 ou pelo caixa 2. Ponto.
O
que existe de fato é que não tem como separar o joio do trigo, porque a verdade
é que não tem como separar o joio do joio. Simples assim. O nome que se dá a
esse processo pode também ser chamado de "sinuca de bico". Lula, seus
inimigos querendo ou não, está a caminho de sua absolvição e remição, mesmo a
contrariar o sistema político, midiático e estatal jurídico que o persegue.
Percebe-se, nitidamente, que até este momento nada
foi comprovado contra o ex-presidente de esquerda, tanto na esfera da Lava Jato
quanto em questões mesquinhas e visivelmente de conotações persecutórias, a
exemplo do triplex, do aluguel de apartamento, do prédio do Instituto Lula, do
sítio, do acervo presidencial e de outras acusações perversas, levianas e
mentirosas, que têm por propósito fundamental desconstruir e desqualificar sua
imagem, assim como destruir sua moral e condição humana. Demonizam o Lula para
que ele não seja candidato e não vença as eleições presidenciais de 2018.
Quem tem que se preocupar com a polícia, com o MP e
o STF são os canalhas que estão aboletados iguais a lobos em covis. A matilha
hidrófoba que tomou de assalto o Palácio do Planalto e pensa que tudo vai ficar
numa boa. Só que não. A verdade pode demorar a aparecer, como tentaram também
colocar tarjas pretas em cima do nome do senador tucano e até agora o
inimputável José Serra — o ex-ministro golpista esvaziado politicamente e
incompetente do Itamaraty, que foi blindado pela Polícia Federal do Paraná, em
relatório chamado de "Código Odebrecht".
O relatório da PF identificava ligações telefônicas
e mensagens entre Marcelo Odebrecht e José Serra, o Careca, bem como também
participavam dessa farra golpista e ilegal o deplorável e na época
vice-presidente da República, *mi-shell temer, o MT, além do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin — o Santo. Contudo, os delegados aecistas da PF
determinaram que o nome do Careca, que é o José Serra, deveria receber tarja
preta.
O azar desses varões de Plutarco e defensores das
causas nobres e das famílias batedoras de panelas é que o "Estadão",
jornal que está em regime de falência e que recentemente fechou a rádio
Estadão, apesar da "competência" da iniciativa privada de pendores
patrimonialistas, vazou o "Código Odebrecht" e o nome de José Serra
apareceu com uma tarja preta igualzinha às que são usadas em menores de idade
que cometem crimes.
Então é assim: tarjas pretas para os tucanos e
linchamento em praça pública para os petistas, mesmo aos que não cometeram
malfeitos, como Dilma e Lula. Os juízes e o Judiciário em geral perderam o
caminho de volta. Se meteram em um campo cheio de cactos ou minado de
explosivos. Efetivaram, a seus bel-prazeres, a justiça dos dois pesos e duas
medidas e perderam o respeito e a credibilidade que já era pouca há muito
tempo.
Os togados optaram por fazer política e a expor
ideologia, diga-se de passagem à direita do espectro ideológico, bem como
cooperaram para o golpe de terceiro mundo da "Banânia das
Oligarquias", o outro nome do "Brasil da Casa Grande". Quem faz
e se intromete na política, mesmo a ser juiz, policial e procurador (promotor),
tem de aceitar a luta política, o embate, o contraditório, os questionamentos e
as palavras duras.
Querer mandar no País sem ter votos e a autoridade
das urnas por parte do povo é inaceitável. Então é melhor que se assuma que o
Brasil vive em uma ditadura. A ditadura do Judiciário. A Justiça tarja preta é
muito menor do que o Brasil e o povo brasileiro. A política é a derrocada dos
togados. É isso aí.
Professora pergunta;
ResponderExcluir- Na frase; "Eu sou Petista.", qual o tipo de sujeito ?
Joãozinho respondeu:
- Depende, professora.
Se for sujeito simples, é LADRÃO. Se for composto, é QUADRILHA. Se for oculto, é LARANJA. Mas se for indeterminado, é ONG beneficiada.
- E se for inexistente Joãozinho ?
- Aí é o patrimônio do Lula, professora.